Hoje digo-vos que podemos amar uma pessoa que
não existe. Ou o amor é exatamente isso, amamos virtualmente e projetamos tudo
que nos falta em alguém, a partir daí, vamos moldando nossa metade em outra
metade!!! Somos doentes ao reconstruir os cacos que nos moldam? Não. Será que
nossa vida deveria ser feita como um painel, juntando pedacinhos de pedras sem
formas, formando belas imagens? Como ilustraria a minha vida, se assim pudesse?
Quais cores usaria? Como perceber a matemática do amor? Dois mais dois ou dois
para lá, dois para cá? É metafísico ou é altamente químico? Existe medida?
Tantas perguntas mas agora pergunto como duas almas diferentes se encontram em
meio do caos que vivemos? E, o mais ilógico, como almas diferentes convivem
superando egoísmos e caprichos? acreditem uma pessoa pode amar alguém que nunca
viu!!! Digo-o porque o amor é algo maior que os cinco sentidos... Banalizamos
tudo que realmente é importante, caminhamos muitas vezes com os pés no chão,
mas sempre com a cabeça no mundo da lua. Eu, que sempre tive tantas perguntas,
me calei quando percebi a resposta...Hoje eu sei que há dias em que não nos
conhecemos, outros que esquecemos que vimos pela primeira vez... É ai que
deixamos de nos ver pela primeira vez para sempre...
terça-feira, 23 de julho de 2019
segunda-feira, 22 de julho de 2019
Hoje confesso que há muito que não moro nos livros, não escondo que tenho saudades de ler , mas recuso-me ler-me , sinto-me envelhecido pelo tempo.. Perdi a infância, esta já é longínqua do meu destino…Escrevo muitas vezes sobre o perfume da nostalgia, vou esculpindo nas palavras as horas vazias, o afecto forjado nas noites serenas e frias, onde propago silêncios e desejos que transponho do papel para as lágrimas que me beijam o olhar nas asas desta face vazia. Sou o mesmo de muitos outros textos, moro neste livro onde o amor é o oficio dos sonhos, não escrevo versos mas, partilho palavras que se colam ao corpo, no pequeno fascínio da nudez da luz indecisa no caminho que as estrelas traçaram para mim…Já escrevi sobre enganos, já dedilhei o medo nas águas da minha praia, já parei inerte subjugado ao frio de uma manha a tentar descobrir as coordenadas dos meus sonhos , mas!!! Hoje sou apenas um fascínio de palavras teimosamente procurando um espaço meu dentro da vida…
quarta-feira, 17 de julho de 2019
Hoje é nos gestos imperfeitos que suavizo curvas, destranco portas,
afasto cortinas e instalo-me encima de tudo o que simplifico… Atropelamos em
rascunhos traduzidos a química inesperada. Comparamos cores antagónicas na
tentativa de arrebatar a vivência de outro alguém. Continuaremos a achar que o
conforto está do nosso lado enquanto nos alheamos de protocolos que teimam
diariamente em nos fazer representantes de uma inquilina a que chamamos de
solidão…vamos desta forma fermentando o mosto que nasce em nós, enquanto
sóbrios, aguardamos o vinho maduro dessa paciência…Eu sei que se beber dessa luz que apaga a noite em mim, tudo
acontece no sonho! Tenho em mim esse enorme
defeito, mas eficaz, de defender o meu espaço concreto, se não conseguir manter-me
inteiro , jamais serei integro e serei certamente algo a mais no espaço e no
tempo…Se eu beber dessa luz que me persegue, manter-me-ei na busca da realidade
e estarei sempre prestes a um novo recomeço, um novo sonho... Hoje sei que esta embriaguez é só
a indiferença que nos abandona no fim de tudo, por isso antes de ser mosto
deixem-me ser as uvas frescas na videira da vida!
terça-feira, 16 de julho de 2019
Hoje se me
tocassem nos sonhos, eles beijar-se-iam como a luz dos olhos que me persegue no
ar sereno das rimas, rimas que as
palavras escondidas revoltam no desejo escondido do refugio do meu olhar… É no
mar que corre pela praia que desaguam os barcos aprisionados , segurando os
seus pertences nas redes que anos a fio resguardaram a sua luta para uma outra
maré! Há gaivotas amedrontadas que circulam descalças pelo areal, carregam voos picados nas suas asas
feridas pelo horizonte, escondem nas
penas as amarras que pelo tempo se multiplicaram nas vagas que o oceano
protagonizou. Há gaivotas descalças fugindo das ondas desejosas de chegar a
terra …elevam-se para os céus, levantam-se desfazem desejos na
praia que alcançam, morrem na areia e retomam o seu destino com a mesma força que
lhes dá vida e de novo a praia para se perderem ….A vida constrói-se através dos confrontos, lutas
constantes para alcançar sempre mais, cabe-nos a nós, saber que passo dar, para
esses confrontos ultrapassar, como as ondas do mar... Nós temos obstáculos uns mais íngremes que outros, mas todos nos
fazem escalar, elevar, mas isso, não nos dá o direito de ser cruéis , nem magoar
nem ofender quem quer que seja! Hoje eu conheço-me melhor que ninguém, sou eu quem
diariamente veste a minha pele! Posso ser e sei que sou, um enigma, mas sou o
que fazem de mim, e o que faço de mim! Se aquilo que aqui escrevo parece estar assente num paradigma de um
tecido grosseiro ou banal , do ponto de vista psicológico é , no entanto,
apenas um ponto de vista da humanidade , um fragmento de um ser . Eu mesmo nada mais...
sexta-feira, 12 de julho de 2019
Hoje gostava de viver com o pé na primavera, esta sempre me ofereceu a ilusão da grandeza
humana, quando o trágico e o cruel nunca
me serviram de consolação. Hoje sinto que estou com uma pitada de ironia nas
mãos , ela consegue brutalmente revelar-nos a insignificância de tudo, tudo o que é construído
pelo risível, pelo irónico faz-nos viver na condição ingrata e egocêntrica,
como se os outros não interessassem e só nós devamos opinar…Entre tantos ofícios
que posso ter, hoje exerço este que não me pertence… Como um patrão que tudo
julga, ignorando que nas suas mãos
também leva as rédeas do infortúnio … Gosto de escrever na obscuridade , mas
não me confundam , apenas para ser dono das minhas cinzas , como quem dispara
contra a morte! Hoje posso estar um pouco irónico, descrente mas eu já
acreditei que eram os muros que separavam os Homens, as terras de outras terras
, mas!! Tudo os pode unir, não há muros somos nós a eleva-los nos nossos olhos, essas muralhas da vida…Posso estar irónico mas gostava de falar era de amor, daquele sentimento que não mente, que não é rico nem pobre , apenas nobre...Era desse sentimento que queria falar, que ninguém vê, mas que anda por ai...Era do amor que queria falar-vos, desse que só um olhar sente, gera e prolonga as palavras, vagueando pelos cabelos e desaguando nas veias ! Percebem onde esta a primavera?! Esta está no sentindo que viaja pelo espaço , rasgando desejos adormecidos, libertando todos os que de amor padecem, a cada silêncio que nos aconchega na voz, fazendo sair sons de lábios fechados em direcção ao infinito..
terça-feira, 9 de julho de 2019
domingo, 7 de julho de 2019
Hoje , bem hoje , sinto o desejo de um beijo,
Verdade …Como uma semente plantada num chão ao acaso...E enquanto
consciencializo esse desejo, estranho a agonia de uma fome, sinto um sentimento
que se torna enorme e impreciso, preso entre a dor e um sorriso… Eu uma vez
amei, eu uma vez beijei, e sempre o fiz com a verdade que trazia na alma. Era
doce, lembro-me eu, até arrebatado como um som de paixão, mas nele levava
servido, numa salva, o meu coração. Recordo-me assim agora, quando tudo para e
se agiganta à minha volta o pensamento e a minha cabeça fica à nora… sinto
saudade sim !!! E sinto-o por ter sido verdadeiro, que num beijo cabia o mundo
inteiro. Sinto a falta desse momento, dessa pequena eternidade
na minha Vida… Faz-me silenciar porque mais parece que todas as
palavras saem roucas…Não se reproduz, não se iguala, esta vontade que não se
sacia nas palavras. E infelizmente esta fome não se cala. Mas que tempo este!!
Passa por nós, indelével , não é?. Cruel a forma crua como por nós passa…Ainda
agora estava cativo nos teus olhos de praia, e já danço no balanço da ondulação
que me apartou para outra margem. As minhas pernas tornaram-se caminho e os
meus olhos, em mistérios da alma .Mas!!! em qualquer bocado de gente, o passado
cresce constantemente, enquanto mirra a expectativa do futuro indulgente. O
passado está a nós colado, o que fizemos dele fez-nos a nós, o que
somos e deu-nos voz. Receio que deseje baixinho o que o futuro já não traz…
quarta-feira, 3 de julho de 2019
Hoje
até seria suficiente um toque. Um leve aperto em grito de tempestade, para um
abraço ter a força da saudade...Tem dias que basta uma palavra, um olhar colorido deste lado da
grade que gera saudade…Hoje
bastava um desejo, para incendiar o fogo que não se apaga pela idade, nem pelo
abraço em forma de saudade... Toda a Gargalhada é nervosa na sua
fragilidade porque o sonho nunca morre!
Não há ecos de nomes no elevar dos ventos da eternidade , basta olhar este mar
, repleto de águas que perfaz o todo e a metade nos dias em que um simples
passo gera uma pintura ! Não há rastos…Há caminhos que percorremos, cerramos o
rosto, fechamos os olhos , sem casa acolhemos a dor, a cor, que geometricamente fazem marés na
alma…Se os ventos me levassem à frente do Mar, e em cada onda um beijo se desenhasse, eu me
vestiria de novo , mas com o mesmo nome, mesmo que o silêncio se fizesse no parapeito
da minha pequenez…Os meus afluentes não secaram, apenas não há rio para desaguar
esse mar, selvagem, que me separa , que me reduz em pequenos cânticos
fazendo-me ficar, por isso fico-me em compasso de sonho lento onde metade de mim é pó e a outra vento...
terça-feira, 2 de julho de 2019
Hoje foi um dia difícil senti a saudade e a
morte lenta dos sentidos que a ausência trás . Senti-me flutuar junto do meu
espaço momentos antes sem acordar. Sabia que se abrisse os meus olhos a
vibração do meu sorriso se esfumaria na pressa do tempo real. Por isso,
mantive-me estático, com os olhos afogados nas teclas. Só a sentir-me. As
palavras escorriam-me pelos dedos e sorria pacientemente, com olhos doces de
saudade, enquanto senti uma mão fantasma nos meus cabelos com a paixão de
outrora. Sopro um beijo de despedida mas saem apenas palavras com vida. Fico
inerte, ainda de olhos cerrados, com um arrepio permanente que ainda percorre
todos os nervos do meu corpo e me impede de deixar de pensar.Trago em mim em
cada lágrima que cai vagarosa uma voz escrita nas linhas do passado, sinto no
silêncio que tanto se agarra em mim, a luz que me desperta para a vida e por
trás dos meus olhos a imagem que me alimenta a força de ser forte. Mas!!! São
apenas palavras que revisitei em minha vida nos lugares, sem sorrisos, sem
abraços, sem ternura e cumplicidade, construídas nos laços que a vida nos oferece. As cores de uma presença preenchem a dor que hoje é profunda e
apaziguam este choro ferido de me sentir distante do amanha , que dorme em mim
e não me deixa acordar !!
quinta-feira, 27 de junho de 2019
Hoje cessa-se a inspiração quando se esgota os
sentidos!!! Parece um sintoma de uma vida em transformação!!! Gastam-se todos
os suspiros de uma só vez, por não se ter mais nada a observar no futuro longínquo.
É a vida que funciona a priori, intensa, até que nos expõe. Somos máquinas de
colher solidão como aquelas que se usam para desbastar os campos!!! Deitado nas
nuvens, vejo o homem que há em mim, dilui-se como água da chuva em terreno
árido. Finda-se a ideia, em mim, de uma apnéia em seco !! O que aqui há dentro
destas palavras não é leitura de se abrir os olhos, nem leitura de fechá-los à
noite. Não é tortura de alimentar o ódio, nem saúde de curar os vícios. O que
há dentro das minhas palavras , não é capricho de um corpo afoito nem sossego
de um talento lírico. Não é rabisco de um papel marcado, nem um evento narrado
em vida. O que há dentro das palavras não é sólido, nem líquido, nem gasoso,
nem frutífero. Não é definido por sua natureza de estado, nem supostamente um
estado de espírito. O que aqui escrevo é o que há em qualquer espaço, mas nada tem de química, nem física. O que há dentro das minhas palavras não é a
métrica do quadrado, nem a convergência de um círculo. O que
transpiro aqui são palavras inteiramente densas que de mim ver-to! São elas que me habitam, neste tempo imemorável , escondidas no mais intimo espaço da minha alma que embriagam a essência de mim , transformando letras em palavras...
terça-feira, 25 de junho de 2019
Hoje
no olho do sonho vejo tudo, sinto que do
outro lado da montanha existe um mar cheio de nós. Nós encruzilhados, amarrados que cantam e desenlaçam os sonhos. As marés, essas, são as respirações
que os deuses colocaram nos desejos das ondas, onde se espuma a sua caminhada.
Do outro lado da montanha ecoam as vozes, cantam-se as viagens, sussurram-se os
abraços. Sei que no outro lado das montanhas há um labirinto aberto de cores e
cheiros por onde o meu sangue percorre as memórias e entre cada nova
respiração deixa os olhos mais perto do mar… Pergunto qual é a parte de
mim que anda por ai nas palavras, é que
ouvimos dos outros apenas o que conseguimos entender, sim tal e qual um jogo
infantil, onde é preciso colocar blocos
de formas variadas em orifícios correspondentes, para que estes encaixem, assim
é nosso espírito assim é nosso entendimento… Como se no nosso “jogo” não existe uma
determinada forma, ou a dispensasse-mos, ou tentássemos coloca-la no jogo em outro
local, onde este “bloco” se encaixaria à força, distorcendo sua forma
original. Só assim, passamos a espelhar no outro aquilo que nós
somos, porque no olho do sonho vê-se
tudo, cada pequeno pedaço da nossa
imensidão é um mar aberto
de tamanho sem fim, de sabores que se inventam num impulso quase hereditário
dos sonhos em que me procuro…Hoje no olho do sonho vejo tudo, pego em mim,
faço-me vento, embrulho-me na nuvens, elevo-me aos céus …Tenho lá uma saudade à
minha espera!
sexta-feira, 21 de junho de 2019
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Hoje reflito com o pensamento de como juntar, aproximar quem se afasta, sinceramente não sei. Apenas sei que é o amor aproxima, que as div...
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