Hoje
descrevo o peso do silêncio como uma grande pedra que invade o nosso espaço ,
restringindo-nos ao que resta dele … O mais triste é que sabemos que essa pedra é talvez o que está
mais próximo de nós, em alguns momentos , como uma extensão daquilo que somos! Há dias
assim em que todos os barulhos, vozes, músicas nos agridem mas há outros dias que é bom recordar esse silêncio, como uma dádiva, esses
dias em que o respirar nos une a qualquer coisa maior, e os sons fluem em nós…
A pedra continua ali, desejo recuperar lhe algum espaço mas lá fora estamos em guerra…Eu sei que
todos querem viver um amor sem tempo e sem lugar definidos, eu sei, um amor sem
passado nem futuro, onde cada momento de encontro transborde vida, e sensações.
Será que ainda existe um amor assim? Será que existe algum sentimento que não pergunte, nem responda, que seja apenas
um breve voo, a inconstância das dunas, e
á suavidade de um fim de tarde. É possível que nesse lugar indefinido se cumpra
apenas a essência das coisas, ou seja não as rosas em si, mas a ideia e o perfume das rosas… Não os
oceanos, mas a força e a espuma do mar. O mais difícil é aceitar que essa
exuberância poderá viver-se como quem
vive uma estação do ano e não mais do que isso, senão tudo se concretiza e
perde! O amor , feito para isso, para ser vivido e ser lembrado, para chorar e
fazer chorar, para cuidar dos que cá ficam e velar pelos que vão…
quinta-feira, 28 de maio de 2020
segunda-feira, 25 de maio de 2020
Hoje há Muito sol, o dia acordou cheio de luz, mas na minha Rua as pessoas andam estranhas, de costas viradas para o caminho. Tropeçam, caem e levantam-se, sem nunca tirar os olhos da imagem desfocada e incandescente deste dia, que lhes atraiçoa o percurso…Que profunda cegueira, não se distinguem os passos que dão, mas cada vez estão mais longe uns dos outros, separados por mais muros de betão. Coleccionam mentiras e desapego, as suas únicas verdade penduram-nas nas janelas, como se fossem cortinas!!! Não há flores...Tudo secou, ainda mais lá dentro do que cá fora. Há cegueira e secura na minha rua. Só os gatos dizem bom dia. Ainda há pouco um enroscou-se nas minhas pernas. Trazia uma chapa pendurada ao pescoço que dizia quero o meu dono…Há em muitos de nós uma alma que chamo , alma dos “diferentes” que é feita de luz, onde estrelas sem morada , deslumbrantes , vivem guardadas para aqueles poucos capazes de sentir e entender!! Nessas moradas há tesouros de ternura humana dos quais só os “diferentes” são capazes de valorizar… Meus amigos não mexam com o amor de um “diferente” a não ser que sejam suficientemente fortes para o viver…
quarta-feira, 20 de maio de 2020
Hoje deixo cair o meu
olhar na paz do repouso silenciado, onde
a única luz é a plenitude vivenciada do
amor perfeito e incondicional! É na suavidade de um poema que espreita os diversos aspectos da brisa divagante que ficam entre o nascer e o por do sol…Conjugar a
poesia em palavras é ver o mundo a meia luz , é limitar a busca dos viveres na
obscuridade da nossa existência resumindo a mossa historia em simples atos
tristes de fantasia… Há timbres sonoros que resvalam nas mãos que movimentam o
contorne das letras ao fluir a ternura da paz indescritível ; há sons apenas que
fazem os compassos na alquimia nostálgica da dor adormecida a cada oração … Escrever,
desabafar, poetizar torna-se viral ; é como abrir uma janela a cada dia e deslumbrar-nos
com o nascer e o pôr do sol ; é deixar os olhos com rastos de água desmaiando
para o mar; é ver os pingos de chuva a
transformarem-se festivamente em meras gotas de cristal! Não me arrependo de
ter iniciado esta odisseia, vou-me reconstruindo como humano, sou apenas mais
um desafortunado que vislumbra a serenidade nos céus porque o relógio não para
mesmo quando o coração aflito segreda as angustias suspensas, o tempo é interrupto , fica-nos o som ferido
do simples tic-tac!
quinta-feira, 14 de maio de 2020
Hoje assisto de longe a este manto do
anoitecer que abraça a terra, escuto os sons e os tons das pessoas
que se passeiam pelo luar…As tristezas sentidas, tem de dar lugar a
devaneios que fazem, ali bem longe no
horizonte, a magia diluir-se no infinito das estrelas espelhando a luz que
parece ser gotículas de prata que choram e pairam sobre o mar inquieto…Queria que estas gotas de
luz que descem dos céus , alegrassem as profundezas do meu leito e soltassem as
espécies marinhas que no meu pensamento se inquietam! O mar já não me agiganta
as ondas, que se revoltam em mim,
fintando as estrelas neste olhar que se magnetiza na distancia que se adensa…O
vértice das lágrimas contornam as nuvens, na ternura do amanhecer, circundando
o arco-íris que abre seus braços numa acrobacia que precipita as lamurias da
minha existência, vão dando o adeus aos meus lamentos .Os ventos trazem uivos brandos que trespassam o meu jardim , levando
o perfume derradeiro da vida, sorrateiramente deixando para trás as décadas da
complexidade de pessoas da minha existência
, ao longo dos tempos absorvido neste ângulo de visão que o meu silêncio foi estabelecendo
…Fico acordado até ao nascer do novo dia, contemplado a suavidade cristalina
das águas, que se misturam com os meus sentidos na esperança que se ilumine
como um raiar de um novo dia! Olho para leste , suplicando que o dia não me
deixe cair a oeste…
terça-feira, 12 de maio de 2020
quarta-feira, 6 de maio de 2020
Hoje palavra a palavra vou construindo um mundo, eu sei que curvei a cabeça, que desisti do meu olhar, optei por transpor num livro as folhas de uma vida. Ergui um castelo, desenhei uma utopia registei cada suspiro, cada momento como um sonho de cristal! Será um heroi quem o conseguir transpor, já que ele é feito de sentimentos. Vou recriando estrofes e palavras que a minha vida rasgou em cada pensamento que escrevi …Muita gente lê este sonho de cristal que aqui vou colorindo, mas poucos o entendem , limitam-se a desfolhar as palavras que escrevo …Fica a sensação que as palavras não chegam! Então, não sendo suficientes as palavras ditas, os sorrisos esboçados, as mãos dadas, eu sento-me e escrevo. Escrevo apenas. Escrevo sem ter para quê ou para quem! Escrevo mas as palavras não são suficientes. Nunca são suficientes para descrever o rosto perfeito, o sorriso perfeito, as mãos perfeitas, a alma perfeita... As minhas palavras não conhecem a perfeição, por isso, também não chegam, não bastam, não são suficientes para vos explicar como é o meu mundo. Não são suficientes para dizer o que sou, por isso Choro…. É mesmo assim. Choro por medo de não ser, também eu, suficiente…Não ser suficiente para o tanto que há para viver e que não me é suficiente ...
sábado, 2 de maio de 2020
Hoje
falo apenas em sentimentos e pergunto, até que ponto alguém pode medir o que
nós sentimos ? Há pessoas ficam nos julgando, mas elas nem se quer sabem o que
realmente sentimos, as vezes nem nós sabemos ao certo. Os sentimentos são muito
complexos e confusos, precisamos de tempo para poder descobrir o que eles
representam... Penso que fica complicado fazer isso com influencias de um e de
outro. Nos deixarem pensar é muito
melhor, afinal as nossas escolhas vão-nos
levar onde devemos ir, não onde nossos amigos querem que consigamos chegar! É que há
sentimentos que parecem ser uma doença , que a ciência ainda não descobriu a
cura, a doença mais poderosa do universo, dessa doença todos sofrem, crianças,
adultos, idosos, os altos ou os baixos, os fortes e os fracos, mulheres , homens, até mesmo os homens que dizem não ter sentimentos esses também amam … Uma doença estranha, sem
muitos sintomas, de repente um suspiro pode ser a dose exata pra se contrair a
doença do amor, um olhar que se encaixa, um abraço apertado, um sorriso
sincero. Ninguém gosta de estar doente de amor, embora soframos
quase sempre, sempre estamos dispostos a contrair novamente essa doença, ela
nos faz sorrir e faz chorar, faz pensar e escrever, faz de nós poetas,
escritores, faz de nós reféns. O amor certamente é uma das coisas mais extremas
do mundo, que nos faz os mais felizes, mas também nos pode fazer sentir o pior do mundo, enfim para falar de amor, palavras não são o suficiente, para
entender o amor não basta apenas escrever, temos que o viver, ou ja o ter vivido.... Escrever o que sentimos nem sempre é fácil, colocar sentimentos em
palavras é uma tarefa muito complicada, porque geralmente é á noite, quando
estamos sozinhos em nossos quartos, que surgem pensamentos, frutos de amoções, e é
verdade, quando estamos rodeados por amigos , não conseguimos, mas quando
estamos sozinhos, pensamos em coisas até antes pouco inimagináveis, que nunca
seriam ditas por nós, acredito que todos nós temos um lado poético escondido,
somos, afinal, autores de nossa própria historia, e essa cabe somente a nós
designarmos um final feliz, somente a nós !
sexta-feira, 24 de abril de 2020
Hoje estou assim como
meio perdido, falta-me a destreza dos sentidos, não sei bem como procurar o caminho de
regresso a casa... Esta noite desci dos céus e ainda carrego nas asas a humidade
do ar. A Noite foi fria imaginei-me como um anjo que deixou em mim a vontade de
ser pássaro, e carregar nas assas os desejos de ser vento… Não sei porque para
aqui vim, arrastado pela corrente, deste corpo ausente, seguindo o curso deste trajeto
infinito. Não sei porque sou, o que sou, e porque ainda persisto , soa a vazio, mas quem escreveu o silencio de palavras que eu não disse ? De quem é a obra deste destino que em mim se vai traçando? Sei que atravesso os espaços, como um raio que
antecipa o trovão, aguardando pelo som que estilhaçará o silêncio, dos
pensamentos que se vão. Ainda assim prego aos céus como quem vela o sono, como quem
desenha a sua sombra, que a todos os lados me segue e conduz. Sei que esta luz encandeia o olhar,
mas ao mesmo tempo, também faz sonhar. Estou aqui, sentado no canto da esquina
onde debrucei o meu corpo, esperando apenas por um olhar, um eco... Hoje vou ficar na luz para ser visto como sou , mas ninguém
aqui está, todos dormem profundamente,
envoltos na própria vida… Hoje escrevo e sou apenas o suporte que transporta as
letras, elas são o sentido que o lhes ofereci, do que senti, não consigo conferir ou
administrar outro uso e por pequena que seja a mensagem, eu limito-me ao êxodo dos instantes
que o mar provoca ao esbarrar na terra,
aceitando e provocando a respiração das suas pedras na ilha do tempo que há
tanto tempo foi um instante ...
terça-feira, 21 de abril de 2020
Hoje
vejo que nos tentam ensinar a viver "tapados", é assim que nos ensinam, é assim a
doutrina a todo o momento, e é assim que acreditamos que o mundo é e terá que
ser, embriagado de um fundamentalismo de senso comum em que vivemos… Já pensaram nisso? É
como se durante o nosso crescimento
perdêssemos a capacidade de nos surpreendermos com este mundo em que estamos
inseridos. Como se tivéssemos perdido
algo essencial, algo que os filósofos tentam despertar em
nós, a indignação e a critica.. Porque há algo dentro de nós que nos diz que a própria vida é um
grande enigma, e sentimos muito antes de aprendermos a pensar
sobre isso. Em breve as plantas taparão por completo esta ponte da indignação e
critica, que outrora estava limpa e ladeada de vegetação…Os passeios dos que gostam de caminhar deixaram
de se fazer. A natureza aproveita para se fazer notada, o verde ficará mais
verde e as folhas deixarão de estar espezinhadas...O que era uma ponte por
onde passei, ficará escondida, até ao dia em que possamos novamente descobri-la
por entre arbustos que se fizeram muralhas. Agora é tempo de ficar em casa, dizem! Pensando no ontem e sonhando com dias melhores. Uma coisa que me sufoca, é saber que todas as pessoas que eu
amo, um dia vão me deixar, embora façamos juras intermináveis de amor eterno e
tudo mais, um dia o tempo vai nos separar, pode levar anos, pode levar
segundos, pode ser neste agora, ou daqui 10 anos, mas o fato é que um dia, não os teremos mais a nosso lado, essas pessoas que tantos amamos, que fizemos sorrir, e
fizemos chorar, pessoas que nos fizeram tão felizes, pessoas
que fizeram do nosso dia a dia realmente ser um presente, ajudaram a construir
um passado cheio de muitas historias para contar, mas é lamentável saber que um
dia isso vai ter fim, ficarão somente as historias para nossos sucessores.
Acredito que a partir do dia em que compreendemos a vida, tememos a morte, a
morte que é tão fria, chega de repente, e sem mais delongas, leva embora as
pessoas que mais amamos, e deixa apenas a saudade para os que ficam,
esperando sua vez ! Nenhum rio discute os seus obstáculos , eu sei! Até porque
os rios não tem obstáculos, tem circunstancias de curso que contornam por um lado ou por outro… Como seria bom nos
tornarmos um rio. Imponentes que acumulam águas suficientes para não esperar e
passar por cima, ou encontra modo de passar por baixo. Os rios não discutem ,
lutam ou reclamam com lamentações, o rio
aceita o que encontra e segue o seu caminho….
sexta-feira, 17 de abril de 2020
Hoje as matas estão virgens, rodeadas de
colinas verdejantes, o mundo transformou se num habitat de aves com multi-cores que voam sem limitações
humanas…É este o fluir da natureza em seu rito gradual, de constante
transmutação, este resplendente santuário que
vai formando à medida que o ser humano se enclausura mais…Será isto um
progresso ou retrocesso?! Sinais de progresso anulam o meio ambiente, porque não transformamos o
progresso em florestas exuberantes e o céu turvo em azul fundo… Outrora o asfalto , empedrado repleto de pessoas , dá
lugar a vida de seres confinados a gaiolas, se conseguidos proezas destas
em estado de emergência , não o
poderemos proporcionar ao mundo em vida normal?! Tanta coisa para reflectirmos ao abrir a janela da nossa inspiração, para este desprendido cansaço desumano
abrir das suas mãos e traçar destinos,
sincronizar sentimentos agraciando a alma da magia das cores a rasgar a
devastação humana… Não pensem com isto, que acho que o ser humano tem feito
tudo mal, não…Mas!! Está na altura perceber que o amparo do colhimento não é só
para o ser humano, é sim para todas as demais espécies que tem sido subjugadas à nossa conduta egoísta, arrogante, abusiva! As nossas mãos podem mesmo em tempo de
“guerra” ser elas a transportar o cálice da paz.
terça-feira, 14 de abril de 2020
Nada mais posso dizer aqui diante de todos a não ser que mais um pedaço de mim desapareceu, este homem a que o meu Pai se igualava ...Jamais esquecerei os meus momentos de infância contigo, quando nos visitávamos, jamais esquecerei o ultimo dia que te vi vivo e me obrigaste a levar uma couve no tejadilho do carro que suplantava o tamanho do meu carro, jamais irei esquecer o teu ultimo abraço, e jamais esquecerei as tardes que passamos sentados na secretaria que tinhas no Palheiro, que chamavas escritório...Amo-te daqui até onde os céus te levarem.
sexta-feira, 10 de abril de 2020
Hoje o mundo, está prestes a ruir e eu apenas penso em descrever cada
tijolo que vejo cair da forma mais singela. Sim sou imperfeito e são estes
gestos delicados que me dilaceram a alma e me completam. Lentamente, como
bolhas de sabão a subir aos céus, vou tecendo o tapete da minha vida. O resto é
ruído. Dentro de mim repousa outra vida, e esta é a minha verdade, e a prova de
ter existido num outro tempo ...Vivo a vida ausente, na lacuna das letras
mortas, vencidas pelo presente que começa a ser triste ... Sou a sombra do
futuro e o fantasma da vida que deveria viver!!! Hoje aqui sou a ausência ,
deserto de uma alma, esquecida numa escrita fértil onde as letras são sonhos
...Mas !!! a Minha memória furta-me do presente e vivo ausente , olho-me e
imagino-me no reflexo do mar ao luar e pareço noturno e imperfeito. Meu Deus!!!
Ergo as mãos ao céu e suplico-lhe a voz da água que não soa nas pedras do meu
riacho , peço-lhe que me olhe de novo porque esta noite olhei-me e não me
vi....O mar está ausente não podem dizer que veio e destruiu os
castelos de areia que se fez com os sonhos inacabados...Neste mundo as
oportunidades são infindáveis , talvez seja o mais gratificante que se
pode ter na mão nos dias de hoje. Temos a possibilidade de recomeçar e iniciar
novos projetos de vida que por motivos mais diversos , muitas vezes são
interrompidos , desviando-nos dos rumos traçados e sonhados ao longo da nossa
existência…Hoje acredito piamente que esta
anormalidade que se vive, vai deixar patenteada a certeza que as oportunidades
para seguir um outro caminho ai estarão para todos, sem descriminações e a luz da
esperança que brilha incandescente nos
corações de cada um, espera por nós para nos alumiar na passagem das trevas e
mostrar a sublimidade de que temos de seguir em frente e continuar a esculpir um novo
dia de luz…
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Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

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Hoje fechei a porta que em círculos e cercos, fechou as margens e estancou num pântano o silêncio, consumado na pálpebra cerrada que tranco...
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Hoje até podiam sentar-se na minha cama e contar-me mentiras... Que o amor tem a forma da minha mão ou que os meus beijos são perguntas qu...