Hoje há lágrimas que se soltam, deslizam, silenciosamente, ninguém as ouve, ninguém as vê, são um sufoco que aperta a alma onde tudo parece muito e pouco ao mesmo tempo, neste mundo louco cheio de pensamentos tristes que se desenham no céu e no meu jardim de flores que não brotam … As palavras não se desejam, caem no cansaço da coragem que dá voz ao coração tremulo e desgastado! Olho para trás, e não vejo nada que me conforte o rosto molhado, deste tempo tão curto onde se fecham as portas e se perde o caminho feito pelas estrelas…Quem sabe se ao padecer deste compasso me disperso e me afasto das escolhas que foram minhas, de cânticos que desfrisam a alma e o coração, que renasce numa tela sem cor os versos eruditos que os adultos choram tantas vezes sem saber porquê, como crianças . Dizem que os sentidos e o romantismo é apenas ilusão, que as chagas que deixam não passam de censura dum poeta que reabre brechas fechadas pelo amor e ternura. Eu ainda consigo sentir o cheiro do amor, esse cheiro insólito que raramente se espalha pelo mundo como um incendio ou uma intriga. Receamos a alternância dos dias, como uma foice negra, que a cada segundo pode desferir um golpe no peito, mesmo daqueles que nos acenam o coração! Ainda assim, o céu parece renascer a cada hora, mesmo quando o poder das sombras nos sobressalta. Quero o alento da vida, deixar o luto na frágil redenção de um abraço, gritar palavras sem nexo, como quem ergue uma bandeira na fronteira do olhar vazio, neste núcleo das insónias, que entoam a voz dos sentimentos como um chicote . Que se ergam as palavras não as sombras, na infinita simplicidade dos instantes em que a noite se inunda de estrelas. Que as estrelas tenham nomes de pessoas que amam a luz no rumor dos anjos nesta nossa frágil humanidade! Eu sei que um dia tudo se resolverá, e milhares de ansiedades serão atendidas , mas apenas restará talvez uma estátua ou uma lápide à espreita , a macerar a memória desse vulto dos despojos da noite, que verteram da gruta do meu olhar, a advertência das casas antigas, cheias de traves e poeira que as raízes dos instantes soltam na nudez dos sonhos que morreram no meu peito!
segunda-feira, 29 de março de 2021
quarta-feira, 24 de março de 2021
Hoje o tempo seca o amor nas palavras, deixando
tudo solto, leve, desunido para sempre como as areias nas
águas turvas do Sado...O tempo seca na saudade, as lembranças e as
lágrimas, pintadas no retrato, seco e vazio que as conchas deixam na
orla das praias...Em mim o tempo já secou o Desejo, deixando em seu lugar
o musgo das densas conquistas áridas que travei no amor perfeito da minha Alma!
Os meu olhos ainda me amparam a fé nas estrelas, os meu olhos ainda me
guiam em alguns desafios onde peço perdão por não deixar as lágrimas caírem
nesta escuridão...Ainda assim vou caminhando sem dobrar os joelhos nas cavernas
do coração! Hoje os meus olhos resvalaram na penumbra do limite do abismo nas
palavras que já não teço, elas, arremessaram-se contra as paredes do meu
coração, sem razão, apenas buscando os poros da insensatez das manhas frias
...Eu sei que doí reverter o medo de chorar para os pedaços de quem
sobreviveu, deixando o seu corpo à beira do paraíso fazendo de escravo
nas conquistas inúteis e irreais de meros ideais...Mas!!! Hoje vou
usar este lápis de cor , rasurar de vez a dor deixada em
mim, pintar a harmonia dos sonhos , esquecendo a bagagem
que deixei para trás do coração no limite da inocência do amor que já entoou em
mim!
terça-feira, 23 de março de 2021
Hoje eu queria amar com alegria e devoção, não viver a intempérie da vil ilusão nem sentir um amor irreal, deficiente…Queria oferecer todo o meu afeto, e este é infinito o suficiente para tornar o amor em um sentimento correto e não uma frágil e inconsciente devoção! Gostava que a ternura fosse o sentimento base, como um poema redigido de amor e soubéssemos os versos de cor …Como sacudir o desconforto e a dor, para prevalecer a felicidade e que nesse sentimento se resista , ao grito já cansado que mais parece um dia nebulado , um grito que já não consegue acompanhar o som , deixando um eco que cada vez fica mais diminuído ... No meu destino, ui, nem sei bem se ao menos o meu grito chega ao além , mas ainda assim não me sinto nada culpado, eu sei que a honestidade e a sinceridade nos retiram muitos proveitos mas sou assim, prefiro morrer na praia … O coração não vai para onde queremos, nem fica onde decidimos, mas ele está aí, não está é como querem! Até posso dizer que tem vontade própria, elabora a sua agenda …Podemos segui-lo ou ignora-lo, mas e não vale apena tentar mudar-lhe a vontade, comporta-se como um País soberano que usa a sua moeda e só se deixa invadir se quiser…Tentar domina-lo bem, acho que é como tentar conquistar a Grã-Bretanha, nunca pensaram nisso? Algum de vocês sabe qual é o dia que os ingleses festejam a independência? Pois é, eles nunca foram invadidos por isso não precisam de ter uma data consecrativa da independência. Podemos tentar amordaçar o coração, é uma tarefa quase perpétua e impossível, pois ele acorda todos os dias no ponto de retrocesso em que o deixamos no dia anterior! Todos temos algo para dar , e temos o direito de dar apenas a quem queremos e a quem nos merece, para alguns o que damos é insuficiente mas quando damos sem medo , continuamos a ser nossos , estamos apenas a partilhar-nos …Se nos respeitarmos assim, vivermos com os pés assentes na terra, sem nunca deixar de olhar para o céu então conseguiremos alcançar um dos maiores desafios do amor... Assumir que o sentimos , isso hoje sinto que é um dos maiores desafios , fico confuso com tudo, mas continuo aqui!
sexta-feira, 19 de março de 2021
Hoje toquei-me com o olhar , como se fosse um cristal, usei as pontas do olhar como se fosse dedos viáveis, ao invés da pressão que a aragem sacode sobre a redoma do meu corpo! Tenho um corpo em declínio, mas uma alma com portas largas, que deixa entrar o rugido , que esmaga o sopro dos deuses, este ora me alenta ora me atenta… Percorro a margem deste rio onde o nevoeiro esconde as pessoas , como se desenhasse um deserto e eu ficasse ali só…A minha alma caminha sobre as águas que passam, e eis que surge um vulto, que reconheço pois conheço todas as suas formas…Caminha na minha direção como se me conhecesse a mim mesmo, mas!! O nevoeiro, não me deixa ver o seu rosto, e , não temo nem me surpreendo …No meu intimo sempre soube que estava ali alguém, à distancia de um simples olhar , ou dum sonho! Continuo caminhado á distancia da minha alma , capaz de abraçar esse alguém, sei que me olham, por entre os laivos da neblina e é ai que vislumbro um sorriso rasgado que segue os meus passos certeiros, desejando chegar a meu encontro , ao aproximar reparei que iria reencontrar aquela parte de mim que perdi , num derradeiro suspiro …A minha mão estende-se e tento alcançar o teu lindo rosto, aconchegar-me num abraço teu, sentir-me de novo a criança que já fui, que guiaste até aqui! Como é Brilhante as águas deste rio, igual ao azul dos teus olhos que se refletem em mim nesse sorriso mágico que tinhas…Paro e olho-te como tantas vezes fiz no meu silêncio , suplicando que me voltes a pegar ao colo e me acolhas no teu forte abraço. Guardo-te em mim com esses lábios ternos que me beijaram, esses olhos sorridentes, e o abraço que me enlaçava ainda hoje na vida …É com o sorriso que te recordo mas é entre lágrimas que me humedecem o rosto que te homenageio, embora saiba que me breve virás até mim, porque estás sempre aqui e vais permanecer ..sempre… no âmago da minha mais perfeita criação… as Tuas Netas , as minhas filhas! Amo-te Pai , neste mundo que é só meu…
segunda-feira, 15 de março de 2021
Hoje deixo cair linguagens presas às arestas do destino, aquelas palavras que deixamos impressas na calçada da vida, que testemunham as nossas quedas, e memórias ! Eu sei que são linguagem sem margens, a nossa existência contaminou os degraus , que já fatigados, tentamos galgar neste nosso voo em busca do Sonho que é Enorme…O sonho é Enorme mas procuramos a sua verdade em lugares incertos, onde nem sempre as flores brotam e nem sempre tem uma cor definida … Este silêncio ensurdecedor que se vai instalando parece ser grito contra grito, faz-nos estremecer o chão, gerando vertigens que assombra as palavras no duelo dum simples poema… Há nevoeiro que se adensa na doce chegada, há vidros embaciados apenas pela fixação do olhar, tenso, pela demora que extasia o coração sem regras….Comecei a habituar-me à espera , ela faz companhia, aprofunda a ilusão, move o amanhecer fazendo da noite dia...Deixem-me ficar então aqui , a olhar para o infinito, esperando que chegue o meu futuro e que ele me leve de novo à estrada...Lentamente vou apenas sendo mais um rosto na multidão, quem se importa que me sinta só...
sexta-feira, 12 de março de 2021
Hoje estamos todos no mesmo degrau, giramos o rosto e não conseguimos mensurar a clareza de um mundo que lentamente, adormece, adoece, quando procuramos rostos difusos, mas, nas paisagens abstratas, apenas vislumbramos seres carentes derramados pelos becos das ruas desertas, Mas!! Ainda há situações que caem no nosso colo, mostrando que há ainda encantos, porém, por escombros pouco aparentes. São raros os momentos em que não nos sentimos distantes, desconectados dessa trilha em que a vida, calidamente, nos coloca. Os passos anseiam terra firme, clareza nas emoções, a alma mira um encaixe, abraços repletos de apelos francos. Os olhos caminham vazios, em uma vã tentativa de esmiuçar sentimentos concretos, de desentrelaçar os nós que surgem enquanto nos vamos perdendo. Falta consistência, elementos que conduzam energia ao nosso coração e não ficção, assim não haverá consonância. Trilhamos os dias à espreita, vítimas de rompimentos que nos desligam do essencial; que nos jogam paralelo às curvas do mundo. Mal distinguimos um passo à frente. Tudo anda muito desfocado e fora do lugar, com cores desbotando e melodias calando. Vivemos de esporádicas alegrias, denotando a fraqueza que se resume por corpos cansados. Os mecanismos vitais parecem desunidos. É esta sensação que preenche o íntimo, que nos cerca em profunda sonolência, como se quase tudo tivesse perdido a vivacidade e o brilho. Não há mais aquele sonhar aquela emoção que sorri discreta dentro de nós. Porque, as calçadas andam vazias por demais, os corações repletos de nada, apenas. a essência que dá vida...Hoje visualizo-me nesta rua silenciosa no meio de uma multidão que não se encontra por estarem tão desligadas de si mesmas, eu sou um desses indivíduos suplicando por ser resgatado...Desculpem hoje estou assim!
segunda-feira, 8 de março de 2021
Hoje ia gostar de escrever algo que soa-se a poesia, poesia despida de memórias, vestida de vida. Neste afogar das águas... Neste desmaiar de sentimentos perante a dor...Destas mãos cheias de nada...De todas as casas desabitadas...Da soma de todos os medos... Da pétala de flor perdida. Serio, gostava muito de escrever na sombra e vestir de luz esta minha madrugada pelos corredores da minha alma....As estradas da vida fizeram-se escuras, mas vem ai a primavera, podemos ter perdido os céus, seus raios de sol, suas nuvens , mas!! Fica o brilho das estrelas, a fé dos sorrisos na maré e a proteção dos Deuses…Iá sem duvida adorava fazer poesia com a dança do meu corpo até a alma desmaiar, mas!!! As folhagens das arvores começaram a desabrochar, mesmo com o sol escondido num denso nevoeiro! Olho os bancos de jardim e vejo-os abandonados , esperando-me enquanto eu deambulo apenas no meu imaginário pelos belos jardins sozinho…Coisa que nunca faria só! Mas! É só, que elevo os meus pensamentos ate caminhos nunca percorridos, neste meu mais atrevido imaginário, o banco continua abandonado, embora os dias também tenham ficado mais cinzentos, eu limito-me a esperar pelo despir das arvores , limito-me a ver o crescimento dessa folhagem , até estas se cansarem e se espalharem pelos caminhos vazios onde o banco de jardim continua abandonado…A verdade é que a eternidade só pode existir para aqueles que creem que o tempo pode ser enganado, que o espaço pode ser contornado, e que o corpo pode suspender-se no ar, sem ter asas, e mesmo assim voar. De outra forma a eternidade é o vazio da espera, da ausência, da carência que os quotidianos não podem mais suportar…Acho que já ninguém espera um milagre, já ninguém consegue dizer que esta bem, eu sei é tão difícil ser-se assim tão grande quando nos sentimos muito pequenos perante a vida e apercebemo-nos que ela é uma luta longa , tudo fica confuso, vê-mos as árvores mas não vê-mos a floresta ! Será que alguém me pode mostrar onde está a luz? Porque, eu sem querer costurei o meu coração e o banco de jardim continua abandonado!
sexta-feira, 5 de março de 2021
Hoje o silêncio ecoa nos cantos, como gritos, apenas audíveis pelo meu coração sedento por respostas, por algum misterioso sinal vindo dos Deuses. Paro e olho para as estrelas, numa tentativa inocente de me sentir mais focado, um gesto de concordância com o que tenho, que investigo, nos rumos escondidos por onde as palavras anseiam-se expressar. O meu raciocínio, obscuro dos dias, neste mundo longínquo pelo qual me atrevo a trilhar., faz-me passageiro desse sopro, dessa morna carícia que ainda me extrai o senso de humanidade. É o apelo sincero que me instrui, é o amor pelo verdadeiro, que me impõe a rebuscar o que se destoa. Reflito na esperança de validar as crenças que me preenchem, o espírito avesso do meu sentir. Entre sonhos, padeço o meu olhar fraco e resoluto. É na consistência de dias legítimos que me busco, é disso que sou feito , duma textura que ainda desconheço … Sou imperfeito, como todos os demais, feito de muitas tentativas , e são delas que me atrevo a ir além do que sou, do que vislumbro e vivencio ao redor. Sou refém de uma prova dura, da qual sou incapaz de me abandonar. Enquanto houver vida , estou disposto a persistir, mesmo que cada experiência seja só um ensaio, sem limites para testes; um teste que não me reprova, mas me prepara e me condiciona a suportar, outra vez, algumas quedas. Não é uma vitória que almejo, tampouco um troféu ou um pódio , nenhum prêmio que me qualifique na vida., quero sim aquele amor que me enobreça como humano ou um simples abraço. A vida não passa de um empenho árduo e são os detalhes que trazem discernimento ao meu coração. Talvez não seja tão importante encontrar o que se busca, não sei afinal. Essencial mesmo é estar decidido a nunca desistir….
quarta-feira, 3 de março de 2021
Hoje é tarde, sim já é tarde porque quando nos percebemos do calor das inquietações, desvendamos mistérios. Olha -mos céus com o intuito de apenas desembaraçá-lo…Os erros ficam salientes. na nossa pele, é preciso, muitas vezes retocar o equilíbrio. Para tentar esconder os embaraços em meio a tantas reflexões, acabam por nos fazer deixar cair verdadeira índole ! O mundo não precisa de um alinhamento. Quem precisa somos nós mesmos. Uma mudança de olhar, um retocar o passo, porque qualquer gesto muda tudo ao redor, não sabiam? Se não sabiam deviam pensar nisso! Uma atitude precipita um mundo inteiro…Como podemos retomar o caminho, agora tão turvos. Hoje é um dia daqueles que me sinto inflexivo, remodelo angústias interiorizadas que ressaem causando derradeiras afetações em mim... Eu gesticulo para me soltar e descolar dessa névoa, . este distanciamento, não apenas físico, tem realçado meus sentimentos e minhas prioridades. É possível atravessar fronteiras, exceder os limites da nossa capacidade para concretizar os desejos mais íntimos., sim é claro que é! Viver é uma constante surpresa quando nos condicionamos a galgar os degraus com afinco e determinação; quando cada dia é vivido na totalidade, pelo anseio de ser feliz, em alcançar as realizações que aprimoram, com sorrisos e orgulho, o ser dentro de nós. Não sabemos o que nos aguarda, porém podemos lutar para nos tornar e realizar no que queremos. Há possibilidades, chances de superarmos os desvios e obstáculos para alcançar os prêmios por se viver. Hoje é assim os dias confluem sem certezas, sem cor, sem textura… O vazio decora a margem da alma e todas as nuances se extirpam sob o véu do abraçado medo dos dias confusos! Tudo se torna leve apenas por conta do esvaziamento do findar de sonhos engavetados. E difícil rechear as palavras com sentimento e emoção quando tudo é levado pelos dias incomuns …
segunda-feira, 1 de março de 2021
Hoje até posso ter a sensação de ter uma vida de rotas incertas e incompletas e sentir a cada hora, uma nova história. Mas acho que isso é a pura perceção de tímidos devaneios da alma em ebulição. Os extremos sempre cicatrizaram meus dias em aventuras não vividas. Por vezes sinto que o recomeço e o fim se encontram no escuro abstrato das palavras. Será uma luta vã a minha, tecer em palavras os horizontes perdidos do amor? Este grito no escuro soa a chaga tatuada no espírito, tempestade e calmaria que não cessam...Que contrassenso este , viver de peito aberto para engolir o mundo onde o imaginário e o real habita em polos opostos iluminados por luzes da solidão nuclear...Que o absurdo, nesta vida por um segundo faça-me sonhar ou, quem sabe, calar-me a voz engasgada e encher a face com gosto de lágrimas. Ai então saberei que não foi apenas um sonho abstrato, pois as palavras que teço como mudas, é melhor serem mudas para não magoar ninguém, são visíveis em meus olhos , incompreendidos... O silêncio da noite é interminável , mas, faz renovar-me para um outro amanhecer!!! É improvável perder a esperança e contrassenso seria não mais ter a presença de uma voz suave para me silenciar a boca, a mente, coração e os dedos que vertem nestas teclas mudas o silêncio de uma vida esquecida!!!É assim amigos, há muitos dias que eu apenas verso e me inverto, mas há outros quer ver-to e me torno inverso... Há dias que certas pessoas pensam que nos podem atropelar como quem estaciona um carro mal, mas !!!! Acabam mesmo por fazê-lo! No entanto não posso deixar que tentem engavetar-me em jogos e sensações que não alieno para mim nos meus silêncios, assim prefiro resvalar para as profundezas e recriar em mim a incerteza , esta, eu sei bem que é a sombra do esforço à luz da pouca sabedoria que me resta.
domingo, 28 de fevereiro de 2021
Hoje recuo para dentro de mim mesmo, num mero deslize de vida, escorregamos, tombamos desta tênue corda onde nossa diminuta alma caminha, suspensa , nessa corda bamba que a cada choque com o chão, estilhaça-nos como fugitivos amedrontados. São tombos que se fazem diante de tantas testemunhas e o impacto com o solo não é só doloroso, também chega a ser vergonhoso. Não há meios de nos erguermos sem sequelas, sem afetação, sem que sintamos desconforto. O retorno só se chega a dar com treino adequado e intenso. Apenas com muita disciplina encontramos o ritmo e a sintonia do equilíbrio, jamais o encontraremos se formos uma mera opção entre outras a ser equacionada! Quando assim é acaba-se então o espetáculo que deveria ser interrupto porque a plateia não suporta pausas, é preciso não nos esquecermos que estamos apenas na corda bamba sobre apenas as nossas próprias forças...Sinto que sou apenas mais um na corda bamba, e recuso-me a estar nesse trapézio! Eu já ai estive e sei que as dores resultantes das quedas inúmeras resultam em graves lesões que ecoam profundo nos tecidos da minha alma, prefiro viver da engenharia intima dos meus sonhos que apenas sofrem fissuras... Antecipo assim muitas reflexões, muitas meditações onde serei avaliado como um objeto, onde serei rotulado sem uma justa prova. Hoje sei que tombei, neste choro cristalino, aprendo a olhar para dentro e extrair dos olhos o alcance que cada espetáculo nos exige para crescer neste confinamento onde desenho nas paredes do céu as aprimoradas nuvens que me assolam diante dos desafios e do mundo que me faz desistir de ser humano , porque sem honestidade a tensão da corda bamba é muito maior e não conheço quem se consiga equilibrar nela... Aquilo que me seduz mais nesta vida, está muito acima da tensão de estar sobre a corda bamba, e muito abaixo do chão cômodo onde ficarei..
Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

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Hoje reflito com o pensamento de como juntar, aproximar quem se afasta, sinceramente não sei. Apenas sei que é o amor aproxima, que as div...
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Hoje fechei a porta que em círculos e cercos, fechou as margens e estancou num pântano o silêncio, consumado na pálpebra cerrada que tranco...
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Hoje até podiam sentar-se na minha cama e contar-me mentiras... Que o amor tem a forma da minha mão ou que os meus beijos são perguntas qu...