quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Hoje os pensamentos são assim mesmo…Parecem um muro feito de pedras todas encaixadas umas nas outras… Umas são escondidas pelas memorias esquecidas num tempo tão antigo que quase já não lembramos…Mas!! Outras, com tamanhos muito variados, cada qual com seu peso em nossa vida… Estão todas empilhadas ao acaso das lembranças, das lágrimas e dos sorrisos… Não são apenas pedras que o tempo vai enfeitando de nostalgia  no decorrer longo dos anos…São muito mais que isso, e talvez o amor seja parte desse processo em que nós levamos, suavemente o outro de volta para esse muro.  A construção desse muro é uma corrida de linhas imperfeitas do nosso ser, inventado sorrisos nas pontas dos nossos dedos, quando tentamos encaixar pedra sobre pedra… Muitas vezes encontramos o que não queríamos encontrar, o que não queríamos ver ! Todos temos muitas historias , pintadas com palavras coloridas,  telas de emoções que sentimos e  que sonhamos …Com as cores do arco-íris para disfarçar e esconder feridas…Mas!! O sonho acordou-me e com toda a clareza pude enfim ver…Que há historias nascidas em mim, que são desejos apenas meus… Tatuados na imperfeição do meu ser… É como caminhar descalço num caminho de conhas, por muito que os pés se desviem é inevitável pisá-las, convertendo o caminho num precipício até á outra margem . Podemos até escutar  sussurros na outra margem, mas é tão fácil cair e ser engolido pela areia, queremos parar, estacionar , mas o amor é dinâmico, queremos pedalar e somos arrastados pelas algas que envolvem o coração nas suas mil definições.  Ele perde-se em pensamentos quase sempre enigmas do próprio sentir! Eu , já muitas vezes tentei estudar suas batidas e sempre que estive quase a desvendar seu mistério, ele encheu meu peito e mudou o ritmo como que empurrado por uma ventania qualquer. Há dias que bate mais para um lado do que o outro. Para a esquerda, deixa-me  perdido em emoções que se atropelam e toldam o raciocino, fazendo cada tentativa de interpretação uma teia de aranha impossível de penetrar. Depois há aqueles dias que bate a direita do peito e que se torna um coração disciplinado e muito controlado em que a única emoção a descobrir é a paz sentida...Falar do meu coração é quase entrar na biografia do sentimento , serio! Que complicado é conhecer o sentimento. Nasceu algures num ano qualquer, viveu no tempo sem perder tempo, descobriu muitos sentidos, esqueceu alguns, aprendeu outros e quer descobrir mais... Abriu portas à vida e deixou que a vida o fizesse bater... Bateu rápido em sorrisos e quase parou em lagrimas vertidas... Um dia há-de parar e não querendo o esforço que é de novo lutar, há-de adormecer e para sempre repousar...

 

sábado, 19 de fevereiro de 2022

Hoje as palavras até podem ser incentivos que encham a alma e a confortem, podem ser sorrisos até chorar de alegria, ser de sedução, magia na etapa da superação, ou simplesmente e meramente palavras vãs… Mas!! Um abraço pode ser um laço, um elo entre o corpo e a alma, um toque, um fluir com eco no sentir mais além! O abraço conecta-nos , eleva-nos, eterniza, energiza, o coração e nos faz escutar a mais linda canção de sentimento. O abraço trás a alegria para nós, faz-nos sentir mágicos, fazendo o mundo  girar em suaves movimentos que ilumina o nosso silêncio mais profundo nas águas mais revoltas da nossa praia.  Por muito que as águas ondulem, a serenidade passa de mãos para mãos, para quem abraça  com emoção, partilha-se a energia de qualidade que o silêncio  grita , a cada salpico que piamente se derrama na espuma que o mar devolve aos céus… É nessa inquietude que o coração se satisfaz  ao partilhar-mos o abraço ,  mas quem prescindiu de viver com ele pode continuar a viver sem ele...O abraço é um ato de amor mas pode ser partilhado mesmo sem uma ligação mais longínqua e uma coisa vos digo, é como um balsamo da  liberdade… Eu não sou tão forte como previa, nem tão fraco como temia, não caminho rápido como me agradaria, mas também não paraliso como deveria. É esta dialética de equilíbrio de extremos , que nos retiram o direito a escolher todos os acontecimentos e a posição onde nos posicionamos em muitos acontecimentos das nossas vidas.  Final de contas, posso dizer apenas que o que nos move, não é  forte o suficiente para nos derrubar, mas é  intenso quanto baste para nos fazer ir muito mais além . É assim que os dias se adensam, com esta brisa que hoje se move em tom de euforia, nas folhas em branco que vou colorindo de mãos tremulas ondem as palavras apuradas da mente não saem ... Escorre de mim a saudade nos olhos molhados,  colorindo de gestos o lápis que desenha em liberdade a inquietude do silencio que o sol  fez acompanhar  da brisa  nos dedos gelados que o tempo ergueu e não deixam a minha mente fechar! Hoje é nesta folha em branco que quero preencher a ilusão de vaguear em outras mentes  e nelas rabiscar o meu amor.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Hoje é apenas aqui que olho o meu céu particular, onde me permito voar através das palavras! Sei que sou só um humano desajeitadamente intenso que escuta o silêncio, mas acreditem que escutá-lo nem sempre, é tarefa fácil… Muitas vezes sinto um esvoaçar de asas trémulas e cintilantes no meu rosto. Talvez seja apenas o respirar, compassado com a batida do meu peito. Mas!!! Ergo o rosto e uma brisa harmoniosa invade-me a pele... Talvez sejam apenas umas  mãos que me estejam a tocar de novo, num toque macio e arrebatador, com o carinho e proteção que nos conforta. Levanto-me e sigo na direção do luar. A sua luz preenche-me e aquece-me a alma. Talvez  seja a ilusão de quem me lê por inteiro, e me despe de rodeios e me namora às escondidas…Talvez seja apenas um sorriso , que esboça-se pela última vez na forma de uma estrela cadente a passar , para me embelezar a noite e colorir o rosto, que se tornou cinzento desde a vida vivida outrora… Hoje se eu voltar a sonhar serei a tinta, outro alguém , inevitavelmente a tela; hoje se eu for a chuva , outro alguém, inevitavelmente  será a minha aguarela; hoje se eu sonhar serei apenas o sal, outro alguém, inevitavelmente a areia branca, onde eu me transformo em mar numa longa maré cheia... Hoje se escrevo na voz do coração, numa carta aberta ao mundo, então é porque sou o espelho da `emoção num olhar profundo, onde nascem as palavras que vivem dentro de mim bem , escondidas ,em florestas de silêncio, permanecendo assim, presas no meu corpo e na alma...Tenho palavras em mim mas não as sabem ler ... Palavras que não tem coragem de se auto pronunciar no tempo e no espaço próprio...Era ai que elas fariam a diferença abismal entre o som e o silêncio...Eu sei, mas hoje tenho em mim palavras cansadas de não acontecerem, palavras agitando-se num grito inaudível... palavras que o tempo vai calar ..Há uma singularidade nos seres humanos, nos seres inteligentes , na sua integridade,  num determinado Momento das suas vidas...Quando desejam alguém não há nada nem ninguém que supere a elegância e ternura com que tratam e pensam a pessoa que é "objeto! do seu afeto,  desejo. Por isso, quero também ser alvo de um momento desses...Recuso-me a menos que isso!

 

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Hoje estamos todos cegos,  cegos de emoções, deixamos  as palavras perderem-se nas margens da vida, como se as tapássemos com os véus das pálpebras que se as escondem do olhar. Não é que os sonhos tivessem perdido a essência do caminho, apenas ousamos suspender o fôlego enquanto não quisemos ouvir nem respirar, no silêncio tudo cabe até o que não é proferido. Opto pelo silêncio , as palavras são meros sons , pálidos reflexos de sentimentos, muitas vezes desnecessárias, tantas vezes o são…Quando dois seres não se sabem falar em silêncio, então nem as palavras conseguirão trazer a expectante proximidade. Uma parte de todos, representa para mim o mundo, uma parte que não é de ninguém para mim é apenas um fundo sem fundo, sou parte desta multidão que é parte da grandeza da solidão, esta não passa também uma parte de mim, que pesa, pondera, e se espanta por se tornar permanente nesta vertigem que se converte em linguagem… Traduzi-la de um ponto para o outro deixou de ser uma arte, passou  ser uma forma de vida ! O silencio é  um momento marcante no ser humano, fazemos a “besta” em nós calar, e projetamos para o espirito a verbalização, dizem que calar é um ato de covardia, mas não vejo assim, chega a ser caridade silenciar, ou até mesmo delicadeza . Calar é não falar palavras inúteis é prudência, chego á conclusão que diante dos “mistérios” que não entendemos , é mesmo sabedoria! Se me arrependo de muitas vezes falar, sim arrependo mas também me arrependo de muitas vezes ter silenciado, esta disciplina de espirito já me fez sofrer demasiado,  quando o amor e só o amor deveria ser o nosso limite…O amor sim, é mais que um sentimento arbitrário onde nem as regras nem os motivos nos obrigam a obedecer ao silencio …Quando ele só deveria ser um laço de ternura que desliza na nossa pele, projetando a doçura  nas nossas mãos,  mas não é!! Também pode ser algo mais, um livro, feito de capítulos. O risco dele se tornar em capítulos nocivos, dolorosos que ferem a alma está sempre patente, nem sei o que fazer, talvez virar a pagina seja o sensato, ou então deixar de escrever, porque as palavras ás vezes saem tortas, trémulas, grosseiras, e leva-nos a fechar o livro de vez!  Chego á conclusão que perdemos a destreza e a arte, na forma como escrevemos os sentimentos,  ou a forma como interpretamos os capítulos anteriores não inspirou a escrever de forma diferente…Mas!!! Tem dias que ficamos com a perceção que, afinal, não foram assim tão nocivos!  Fica a sensação de gratidão, de termos tido a possibilidade de escrever, mais uma pagina , mais um capitulo no nosso livro,  mesmo que não tenhamos usado as palavras mais delicadas , firmes, caridosas… Haveria certamente mais capítulos por escrever, mas o livro fecha-se sempre na ultima pagina, porque esta fica em branco, porque haverá quem continue , por nós a escrever o nosso livro… Verdade seja dita, não saberia terminar, a virgula já me custa o ponto final , simplesmente não faz parte de mim…Como poderia eu colocar um ponto final numa frase inacabada?! Vocês sabem? Pois é, o pior é que eu também não sei…Ás vezes, o meu "mundo" não dá voltas...não  gira...simplesmente...capota e eu entro em declínio com ele!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

 Hoje na suave  permanência do tempo apenas recito de  quando em quando, meros fragmentos das frações mínimas que realçam-se com à nossa passagem pelas multidões  no cesto das notícias espessas convertidas em comentários eruditos que não nos emociona. Todos os dias sobram poemas que talvez não escrevamos e nunca emerjam à nossa claridade.  É esta mão clandestina que acaricia os dedos de amor, cobertos em palavras onde as fogueiras dos dias cristalizam em pequenas doses a quimera da dor ausente. A vida é uma avalanche onde se joga e perde a liberdade, somos todos frágeis , vulneráveis , apressados sem tempo porque este é alienado nas miragens da saudade que  se desmancha nos dedos da solidão! Há que ser racional, porque a eternidade não existe, nada esta destinado a ser eterno, a efetividade de não permanência das coisas e sentimentos é apenas uma regra que implicitamente conhecemos e nos leva a recear arrastando-nos para fora da nossa zona de conforto. Apenas pergunto para quê e porquê? Tudo acaba …Todos os dias acabamos por espalhar palavras à nossa volta, até pode ser de mera circunstância, amizade, carinho, respeito,  amor, paixão! Será que todos temos a consciência do potencial de força de uma simples palavra se não tivermos alguém para nos ouvir? É que o sentido do que falamos ou escrevemos está sempre sujeito a interpretações diversas, mesmos nas pessoas mais próximas. As palavras quando são proferidas , são só um som que se traduz num significado, quando as escrevemos, são mais que símbolos são como flores,  que arrastam o seu perfume. Há vários dias que isso não me perturba de todo, mas hoje, até gostava que as minhas palavras fizessem sentido, que tivesse cor, aroma , sabor , que se refletissem nas paredes do céu,  como as estrelas que brilham em noite de céu estrelado… Hoje coleciono sentimentos , porque não!! Há quem colecione, moedas, viagens, obras de arte… Mas eu não, a minha coleção não exige investimentos, mas muito treino de memoria  seletiva. Colecionar sentimentos é como guardar o livro da própria vida, precisamos depurar muita coisa para não recordar o que não desejamos… No entanto, por vezes deparamos com algo que ficará em nós para sempre, ainda que a crua realidade não fique! Não vale apena pensar que a só a qualidade gera eternidade, podemos sim dizer que só a qualidade nos é reconhecida e aceite. Hoje agradeço aquilo que em mim gerou qualidade de eterno, não sei porque o digo hoje,  os dias não tem em si, qualidades diferentes , apenas nós o podemos fazer diferente e hoje apenas peço a paz porque não uso tempo, nem agendas ou outros instrumentos que meçam os pedaços do meu existir. O caminho será o mesmo , com o tempo de cada dia, porque cada dia tem um tempo próprio e não deixo que ele comande os meus passos enquanto vivo o sonho. Abro aqui mais uma pagina do meu livro, onde me gostaria de metamorfosear em cada sentir que nasce nas folhas que escrevo, a cada palavra e a cada olhar, que cada um finge na historia que não chega a germinar ...

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

 Hoje eu sei do que precisava…Acho que não terei o que preciso mas!! Era capaz de beber um poema de amor de um só trago como quem bebe o universo de uma só vez á luz das estrelas!  Já algum tempo que ando por ai, acalcando o chão já pisado, de forma lenta , de olhar posto sem sentido, de forma desfocada , não é que não queria ver os outros e as cores que me envolvem tenham perdido a importância , nada disso mesmo,  até porque era vital saber as cores que pinto, por muito sonhador que seja preciso de me acreditar e jamais me trair , chamem-me egoísta, mas não o sou de todo… Talvez seja apenas uma tentativa de equilíbrio, porque a corda balançou de mais e o corpo, os gestos e o olhar foram obrigados a concentrar-se num único ponto,   e esse ponto é o que estabiliza e equilibra , essa corda e o meu corpo. É na Noite que os vazios se arrastam , pensam-nos no que sentimos, moldando-nos o caminho sem fantasia e sem esboço. Um dia eu sei que irei pintar a noite , preenchendo-a até transbordar , com as cores de um sonho que se desenhou de dia , no entanto tenho dificuldade em desenhar uma linha direita , perco-me no inicio e desencontro-me no fim…Mas posso desenha-la , livre,  umas vezes torta,  outras curva com pontos que se iniciam e acabam, onde cada um deles é um instante, onde um, cabe no outro, e é nesse caber que me desenho torto com os passos que dou! Sempre gostei de entender os outros e a mim mesmo, porque sei que quanto maior for o entendimento , menor será a sombra. Sou um homem de cores, de luz,  sempre achei que essa clareza poderia ser representada pelas cores das estrelas , translúcidas …Mas não são as palavras que se agarram aos seus significados, estas não carecem de explicação, quando precisam elas acentuam o escuro da sombra …Suei todas as palavras sempre pelos meus poros, de forma sentida , vivida, correta, sincera e isso levou-me ao deserto! Hoje converso com o sonho, como quem escorrega num funil de ventos noturnos , escoando os ecos que a vida apagou…Porque!! É preciso ter tato quando falta o olhar, e não deixar de sentir... É preciso ter íris quando faltam as pálpebras e não deixar de sentir...É preciso ter os dedos quando faltarem as palavras e sentir... É preciso ter horizonte quando faltar o destino e sentir...É preciso ser forte quando em tudo faltar no sentido e ainda assim , sentir...Já não peço muito acreditem, só peço para conseguir alinhavar as palavras , antes dos silêncios sem ousadias sem endereços ! Alinhavar as palavras de umas para as outras, mesmo que isso não me traga os sonhos que me esvoaçaram das mãos!

 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Hoje tenho esta  sensação estranha, como se não pertencesse a lado algum. É estranha, porque é suposto sabermos qual o nosso lugar. Onde nós nos sentimos bem, onde queremos ficar, de onde não queremos partir e onde queremos regressar. Por alguma razão, não tenho esse sentimento de pertença é como se estivesse incompleto. É certo que essa pertença pode ser a um lugar físico, ou a alguém. Agora se não temos nem um nem outro, como nos podemos sentir completos? Isso parece-me impossível! Bastava mesmo um abraço, acreditem , a ausência desse abraço tolhe-me. Faz-me, vagabundo, desde que acordo até que adormeço. A distância física tornou-se também afetiva. E dói, qual ferida aberta não fecha. Dói no corpo e dói no coração. Dói na alma. A saudade desse abraço deixa-me exaurido, extenua-me. É um vazio que não se esvazia. É a nuvem num dia de sol. O abraço não é só uns braços que nos acolhem, nos apertam e nos levantam do chão. Abraço é vida. Quero voltar à vida. Quando tomamos decisões, as certezas estão lá. Porque se não estiverem... Se não estiverem, somos incapazes de decidir o que quer que seja conscientemente. E isso assusta-me. A inconsciência das decisões é uma coisa que me assusta, porque não consigo entendê-la. Por esta ordem de pensamento, talvez aquilo que me assusta é o que me escapa ao entendimento. A razão faz parte do ser humano, porque é que os Homens tendem a esquecer-se disso? Não sei. Essa é uma pergunta que me irá perseguir para sempre... Considerações sobre a responsabilidade da Humanidade à parte, a verdade é que quando me deixam a pensar sobre as minhas certezas, sou capaz de me alhear de tudo. Parece que começo a sentir o chão a fugir dos meus pés. E eu tenho muito medo de ficar sem ele, confesso por muitas razões mas quem me conhece devia saber quais são…É o deficiente escrutínio das pessoas à nossa volta que coloca as nossas certezas em dúvida permanentemente... O que é que é justo? O que é que honorável? O que é que é uma atitude corajosa? O que é que é a mentira? O que é que é a omissão? O que é que é a verdade? O que é,  são valores. O respeito, é medo. Ou o medo faz parte do respeito? Serão coisas completamente distintas ou não? Quais são as nossas raízes? Elas existem? O que é que a identidade? Qual é a nossa identidade? O que é que defendemos? Porque o fazemos? Ou, porque é que não o fazemos?  Quando somos de ideias fixas, por vezes, podemos cair no erro de sermos idealistas... Mas será que ser idealista é um erro? Eu acredito que não. Acho que é bom ter ideais e defendê-los. Do que é que se faz a vida se não defendermos algo em que acreditamos? Se não fizermos o que estiver ao nosso alcance para que aquilo que amamos não desapareça? O que é a nossa vida se não agarrarmos com unhas e dentes a oportunidade de fazer alguma coisa pelos outros e por nós mesmos? Nada. Sem isto a vida não tem sentido. Aí está uma certeza. Sem nada disto a vida não tem sentido. Quanto ao resto o desafio está no bom senso. No bom senso de chegar a um ponto e, através da reflexão consciente, perceber se continuarmos ou não no caminho que escolhemos. No bom senso de conseguirmos entender até onde podemos ir. E, no final de contas, a dúvida vai fazer sempre parte desse processo. Só temos de arranjar uma forma de ela não nos engolir. Deixa-me triste perceber que existem pessoas que não me conhecem, mesmo que tenham passado a vida comigo. É estranha esta sensação de confiarmos tanto em alguém, nas suas ações, naquilo que pode ou não fazer em determinado tipo de situação e depois chegamos à conclusão de que não há retorno... Ou seja, o outro não consegue adivinhar em nós a forma como pensamos ou como podemos agir... E isso é, no mínimo, estranho. É como se estivéssemos, constantemente, a guiar para chegar a um local, mas nunca o chegamos a encontrar. Estamos, constantemente, a viajar pela vida e não chegamos ao lugar que traçamos no mapa... E quando pensamos que, finalmente, chegámos, percebemos que estamos enganados. Quando temos a sorte de estar com alguém que nos conhece da mesma forma que nós o conhecemos, essa é a sincronia perfeita daquilo que é o amor e a amizade. E, agora, chego à conclusão de que também isso é raro. É muito raro.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

 Hoje assisto à vida, que vai correndo,  a lua está linda  mas decidiu-se assim, ter de aprender a viver sem a ternura de um olhar e sem o toque de umas mãos…Sem um corpo onde me perca, assim como o perfume que escolhi! Estou aprender a viver sem o abraço,  sem as sensações que este me transmitia, sem o brilho do olhar que me inundava, sem o conforto de uma simples palavra como a de um bom dia! Não é fácil aprender a viver sem o colo do amor,  sem o calor da  pele que abraçava a minha…. Alguém me pode ensinar a seguir sem o mel dos sonhos, sem o  sorriso estampado, sem o destino final dos meus desejos? Quando pensávamos que havíamos esquecido a alegria dos sentimentos , eis que a dor regressa sem que peça licença . Quantos de vocês já tiveram esta sensação, como eu,  em que a ausência e a saudade é imensa. Às vezes parece que passaram séculos desde o último beijo, parece que tenho espetadas facas no coração . Às vezes a memória atraiçoa-me e outras vezes parece que basta fechar os olhos e que aqui ao pé de mim está mesmo alguém a pulsar dentro de mim. Tem dias que não acredito que isto aconteceu, tem horas que não acredito na perda,  às vezes por segundos não quero acreditar, e a mim continuo a mentir-me que nada disso aconteceu... Procuro que a minha vida vá tendo alguma musicalidade, ignorando o desfecho paralisante duma conclusão. Estou absolutamente certo de que nem eu nem ninguém anda com a verdade no bolso, mas estou certo também de que dela irremediavelmente nos aproximamos pelas coisas que descobrimos e pelas resistências que vencemos…Todos somos feitos de sentimentos, de que vale o sol nas nossas vidas, quando estas se embrulham num vestido de saudade que nos silencia, nos derruba entre o cemitério e a vala do tempo parado…Deixamos amputar a nossa alma porque? Se os gritos ficam retidos haja guerra ou haja paz! De que vale o sopro das palavras se a cada paço trememos e fazemos vibrar as pedras das calçadas que de tanto desgastadas, se calaram a escutar apenas os passos…  As palavras caem frouxas, neste calçadão perturbado , sento-me na estrada amarrado aos ventos que viajam em contramão, levando-me esta pagina vazia para a alma que abriu os braços e me deixou cair no vácuo dissipado da coragem. Hoje se tivesse que me descrever, diria que sou uma pessoa à procura de palavras e que às vezes,  acaba por as encontrarA vida é um resumo do acabar,  acabamos por sentir todo o dia a necessidade de o acabar! Talvez assim possamos acabar com a tristeza, com a dúvida, com o desejo, com o sonho… Todos os dias somos conotados com um novo ser, cada sujeito que nos aborda que nos vive nos classifica de uma forma , como se fosse possível nos renovarmos para melhor ou para pior , dependendo do sentir do outro! Se assim for, então seremos sempre o outro. Mas se te achas sempre o mesmo, então a sociedade te fará morrer por imensas idades! que não viveste ... Fará isso de nós um eterno? Talvez então não devamos amar com amor, devamos amar sem querer , sem sentir como se fossemos um outro e não nós mesmos. Talvez devamos amar sem esperar, separando o que sentimos apenas dentro de nós, porque o resto levaram tudo até as folhas das memorias! 

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Hoje as  palavras podem até não ter, em si, qualquer mérito  já! Mas !!! Se forem convenientemente utilizadas, têm todos os méritos possíveis . Hoje se escrevo , é apenas para iluminar o corredor da minha alma que muitas vezes , escolhe o pôr-do-sol como refúgio ficando apenas  ali, ao pé do mar, a ver os barcos passarem enquanto o poente avança, e vão aparecendo novas cores no céu outrora apenas azul. ao ver o sol, já quase mergulhado no horizonte, invade me um silêncio, que me revira dos pés à cabeça, para então, levar me para longe, tão longe...é aí que me apercebo que já não faço parte do meu próprio mundo e acabo por sentir um imenso vazio – um vazio de mim. Nesses momentos, não há poesia. Estou só, afogado por uma solidão faminta, atenciosa, paciente, meticulosa e fiel. Dói a alma, a respiração concentra-se num só ponto, os ossos estalam em desespero, é penoso estar desnudado de mim mesmo quando falhamos em tudo até na comunicação, sim comunicação falha quando alguém fica com ideia que somos algo que não somos de todo... É como se  entregassem os livros ao sepulcro das estantes, ao amor, desse-mos um colo de horas certas, e deixássemos de abrir as janelas para cheirar a noite! Já nada soletra as palavras, se ao menos a dor servisse para atirar às  paredes e abrisse as portas até estas falariam, o grito que se fechou na garganta…Se ao menos a dor sangrasse o sal do abismo criado,  as mentiras repousariam apenas nas vidas vazias que o tempo coloriu nos jardins do sonho que caiu sem dono e sem morada. Tudo se perdeu no caos de uma praia cega que não teve a capacidade de sentir o que se sentia, deixou-se levar pelo vento arrastando-me de novo para o palácio do mendigo  ! Lugar onde os sonhos  são inquietação,  pintada,  pelas manchas interditas deixadas nos lençóis onde o amor se inventou e se fez olhar….Eu sei que a morte dos sonhos é apenas mais uma pura mentira , não existem sonhos assim que se desfaçam  como marés, a morte dos sonhos entranha-se pela pele sem jamais morrerem , ficam na sombra a queimar o futuro  entre o cais que serve de chagada e partida . Na hora de tudo se converter em dor, lagrima e escuridão perde-se o tempo do regresso , ficamos sem nada possuir com o amor na palma de uma das mãos aberta e na outra o que se inventou para o amor não ter… Hoje a morte dos sonhos rasga-me as palmas das mãos que de tanto abertas ficarem os ventos tudo levaram , porque a magia é sempre incerta e eu, no amor inventado, apenas mais um vagabundo…

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Hoje a verdade dos dias está na latência do tempo. Geram-se  na esquina do desejo do amanhã,  olhares límpidos da alma , vontades,  que desenvolvem-se no projetar do novo ano,   parido no primeiro segundo entre o último badalar de 31 e  o acordar do primeiro minuto do ano vigente . Este novo ano será um novo silencio aberto ao mundo,  cruzando balões de oxigénio, em rostos de fome, que esse seja o alimento, de esperança. Deixá-lo aberto, livre e sonhador. Deixá-lo sorrir na madrugada desse amanhã que ainda se entreabre. Há no poema de cada ano a esperança de cada dia, há neste ano poemas de amor sem tempo, mas o tempo vive sem nós… Nós é que vivemos no amor durante um tempo, num movimento do amor. O amor, esse vai continuar, não tem maneira de acabar! Que  ele nunca perca a vontade de viver, mesmo sabendo que a vida é, em muitos momentos, dolorosa, mesmo sabendo que as pessoas que amamos podem  nunca ter o mesmo sentimento por nós…A Única coisa que peço é para ser sempre grande perante as adversidades , tenho escutado muito, nestes últimos tempos, até falando mesmo com o tempo, dessa bolha  que foi e já não volta,  enfim do passado. O passado é aquele muro a que subimos, onde nos sentamos e que depois descemos ora cambaleando, ora graciosamente . Assim, não se me afigura nada mais memorável, saudoso ou ainda percetível nos suspiros de memória, pois que não sendo mais do que o caminho dos nossos dias torna-se o resultado dos nossos passos. Há quem se lave de memória e na memória, quem se vista dela e há todos os que se adornam da mesma por chegarem á conclusão que o mundo onde vivemos muitas vezes é muito pequenino! Mais um ano que passou e mais um ano que começa, muitos laços desfeitos, muitos apegos difíceis de soltar…Agora que o silencio é um mar sem ondas, eu então tentarei navegar dentro das perguntas que há muito fiz, porque isso me faz lembra um grito, um sorriso daqueles que poucas vezes se repetem em nós…Hoje lembro-me como se faz amor na pele da amizade, dos copos cheios e vazios, do olhar , da praceta do labirinto da noite, da voz de luta, do toque, do acorde do adeus, dos versos repetidos para nunca serem esquecidos, das mãos as escavar ternura como se esta fosse terra, lembro-me das estradas, falésias precipícios onde retemos a respiração…Hoje lembro-me do canto lírico em tom de medo, lembro-me que não estás, lembro-me da queda forçada pela vertigem dos olhares de terceiros, lembro-me das rugas da minha memoria, lembro-me do cheiro de cada beijo , lembro-me da embriagues das vozes na selagem dum simples abraço, lembro-me do desejo calado, do falado, lembro-me das roupas, da ausência das mesmas, lembro-me do corpo antes e depois de ter sido esculpido, do rasgo de poeta que aclarava,  lembro-me do tic-tac do coração que tão bem guardava dentro de mim, lembro-me até de tudo o resto…Lembro-me de tudo, porque esquecer é perder, perder, é não ser, não ser é deixar de estar, deixar de estar é apagar tudo, apagar tudo é recomeçar , recomeçar é lembrar! Meus amigos não saiam de mim, porque por onde passo fica tudo o que sou, vocês também se irão lembrar de tudo e do resto…Feliz 2022

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

 Hoje  sinto o silencio correr-me nas veias, e sei,  que não há controle possível para não o sentir...Por muito que me mantenha firme , estes cigarros que vou apagando não me fazem perceber onde estou, embora olhe para o horizonte, nada consigo vislumbrar, mas se ao menos alguém gritasse desse horizonte e  me perguntasse , perdeste o sentido e o caminho? Eu diria , sim por favor deixa uma luz acesa para eu retomar o caminho, por favor deixem uma luz acesa , estou farto de procurar o lugar mais escuro para me esconder... Estou farto deste sentido, que faço eu neste bordel  de lágrimas, na orla de tantos véus, fabricando palavras nas morgues dos céus...Sinto-me um artesão de sangue rezando de punhos cerrados palavras brancas de medo, neste coração humano de tesouros ocultos… É no silêncio que vou selando os meus pensamentos de esperança de sonhos , cujo charme se romperia de fosse revelado…Sinto-me cúmplice  das fronteiras que em mim delineei, vivo rodeado deste mar deste  deserto onde a essência das primeiras flores não brota, o perfume do caminho que despido percorro nas areias que vou deixando tombar das minhas mãos vazias… Tento contrariar a erosão ao escrever palavras que emergem na noite como se flores se abrissem no romper do dia. Vou edificando o oásis imperfeito como um verbo que é proferido no desassossego da noite, recuso-me a ser pouco, a criar menos que a velocidade da luz, a silenciar as minhas duvidas, a desamparar a minha sensibilidade, a viajar numa corrente magnética sem conexão ao oásis que sonhei …Recuso-me, a não me desvendar e mesmo que a paixão seja uma palavra antiga, eu recuso-me a deixar de pensar nela , RECUSO-ME , a ignorar as cicatrizes que o tempo desenhou em mim, recuso-me a deixar o coração adormecido, a ser uma casa saqueada, a não aparecer no mapa a ser uma fronteira invadida por gente e lugares mal situados…

sábado, 18 de dezembro de 2021

Hoje agudizam-se em mim todas as marcas que o tempo me presenteou. Sim, tenho todas elas como presentes,  somente com elas sou capaz de reler minha vida, rever minha história, reviver meus momentos, já me chegam os presentes , as marcas já me tatuaram todo! Tenho marcas profundas que não podem ser vistas ou tocadas, não porque eu não queira, mas por serem marcas tão sentimentais, tão pessoais, que não se permitem exibições ou amostras ao escrutínio de pessoas abusivas. Essas são marcas carregadas no meu mais profundo sentimento, no meu mais reservado porto seguro. Estão nos sonhos que pude sonhar e naqueles que realizei. Estão nas memórias de um tempo bom que só eu conheço. Trazem consigo cores boas, muito vivas e coloridas, de tempos áureos e memoráveis. Trazem para mim o conforto de abraços sensíveis à minha jornada e desafios. Trago minhas histórias, tão verdadeiras que nem os melhores contos poderiam descrever. Estou em paz e isso  é aceitar serenamente que não possuo  todas as armas para conquistar o que desejo, não tenho munições suficientes,  para levar todos os seus planos adiante,  não possuo um exército que me apoie em todos os meus delírios. Estou só muito só mas isso não faz de mim um sujeito heroico. Eu já fui á luta por muitos sonhos meus , por um amor, por mais dinheiro por objetivos, mas  razoáveis, nunca fui ambicioso, porque  quando não dá certo, não dá, e quando se erra, paciência, e quando acerta, fico encantado… Mas! Quando me  canso,  recolho-me, e quando estou triste, choro… Primeiro passo para a PAZ é reconciliar-me comigo próprio, se é que é possível , porque posso fazer muita coisa concretamente, por mais abstratas que pareçam. Por eu me respeitar aprendi a querer do meu lado somente o que me faz bem, o que não me suga, o que não me fere, o que não me cansa e o que não me desequilibra. Aprendi também que o "não" e o "sim" faz parte do meu vocabulário e das minhas decisões, e usá-los vez em quando em tempos devidos faz bem demais para o coração. As vezes por medo de rejeição ou críticas de alguns deixamos de ser quem somos para ser o que o outro quer, nos abandonamos para dar abrigo ao ego alheio e isto não nos traz benefício algum a não ser frustrações e sofrimentos. Isso eu não faço , porque, não adianta querer agradar a todos ,  afirmo que nunca vamos conseguir, e este é o erro que muitos cometem , o de querer ser quem não são o tempo todo. Não faço rodeios quando tenho de dizer o penso, digo-o, e quem me conhece sabe bem disto, quem convive comigo sabe bem , que o que não me agrada não recebe meu sorriso. Cansei de criar relações insustentáveis, cheias de não me toques, cheias de superficialidades, cheias de falsidades . Cansei de sorrisinhos maliciosos ou palmadas nas costas. Já tenho tantas dores, que quando a coisas nos sufocam e nos ferem o coração , eu faço como o brasileiro “caio fora”. 

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...