quinta-feira, 28 de abril de 2016

Todos fingimos ou não? Sim, fingi para alguém, para mim mesmo também! E são vazias e ocas de emoções, as palavras largadas na folha de papel branco, como a neve, na qual as frases se constroem, se amontoam como pilhas de tijolos encastelados prontos a serem derrubados, ou derretidos pelos raios quentes do verão. Finji nos intervalos dos silêncios que preencheram as escassas lágrimas que me lavaram o rosto, e me tingiram de cor da paixão, aquela que se perdeu nas entrelinhas da distância. Finjamos que tudo está bem, sempre! Para ti, para mim! Finjamos, como uma forma de fuga à realidade translúcida do nosso olhar amargurado. Troquemos palavras por murmúrios silenciosos nesta canção da vida como o desabrochar da primavera, ao leve som do sibilar das aves migratórias. Finjamos! E passamos a vida a fingir que as ruas do nosso entendimento são belas, largas, plenas de sentimentos, e as palavras não são como as pedras da calçada, frias, cinzentas e estáticas, num presente imóvel da imaginação. Finjamos! Sempre! Para um espelho de reflexos imperceptíveis da vulgaridade que nos povoa a mente, ou quiçá, vagueia por estradas empoeiradas do tempo. Finjam e eu finjo para vocês! Para o mundo! Para a imagem reflectida no espelho dobrado que existe na minha mão, fechada, encerrada de sentimentos, acções e emoções. Finjo... apenas e só! Um fingimento sem inicio nem fim... Hoje finjo que a roupa que visto é a que me assenta melhor, quando já está gasta pela corrosão das intempéries internas, sim, aquelas que provocam embolias na alma, e dores crónicas no coração. Finjam! E eu Finjo! Que somos nós que puxamos e governamos os cordéis das marionetas que actuam no nosso palco, onde todas as cenas já foram encenadas, e as falas decorados num passado longínquo e áspero como a terra do deserto ressequida e gretada pelo sol intenso. Vá! Vamos continuar a fingir! Sempre e para sempre!...

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...