Hoje
acordei muito cedo mesmo, ainda era noite fui ao quintal, sentei-me no chão com a cabeça entre os
joelhos. Precisava de ar. Sentia a garganta apertada como quem tem um desejo
demasiado profundo de se enterrar na própria dor para a transformar
noutra coisa qualquer , pois ela queimava-me a pele… Meus olhos gritavam mesmo
fechados sem que uma lágrima os preenchesse. E foi então que a senti entrar.
Sorrateiramente, como se tivesse medo de acordar os meus sentidos dormentes ou
de atiçar simplesmente a minha fúria. Entrou lentamente, pé ante pé, demorando
dois segundos a compreender que eu sabia que ela estava ali…Meu Deus a minha
pequenina dizendo que estás a fazer pai!!? Bem apenas lhe disse que estava a
ver as estrelas …Ela não se conteve e disse Pai hoje não há estrelas o avô zé
ainda não acordou…Sem contestar as suas
palavras. O vazio da minha resposta era
o silêncio de sempre a percorrer-me as veias, como se pudesse chegar a todo o
lado e preencher cada célula do meu corpo….Como vi que ela não me compreendia
aproveitei para lhe explicar que tinha saudades do Avô Zé, ela exclamou só
agora tens saudade dele?! Fiquei de olhos secos que contrastavam com a minha cara pálida
da minha dor que não parava nem abrandava um pouco. A saudade, no entanto, já
se tinha alojado em mim, tomado de assalto o meu corpo… e ela queria que eu
chorasse. Abanei a cabeça a custo, respondendo aos seus desejos. Peguei na
minha Marianita e entrei de novo para dentro, a porta bateu violentamente
quando o vento soprou mais intenso. Por mais forte que seja a saudade ela não
era mais forte que o meu amor por ela. Não era mais forte que as minhas
promessas e não era mais forte que as minhas palavras quando um dia, há muito
tempo atrás, o meu Pai partiu eu prometi
não chorar e cuidar dos que ficaram…Sei que não é fácil compreender este tempo dilatado , este espaço que diverge entre dois mundos, nem sempre há resistência anímica de te ter apenas durante o sono, sonhos, por isso guardo-te como um anjo...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

-
Hoje reflito com o pensamento de como juntar, aproximar quem se afasta, sinceramente não sei. Apenas sei que é o amor aproxima, que as div...
-
Hoje fechei a porta que em círculos e cercos, fechou as margens e estancou num pântano o silêncio, consumado na pálpebra cerrada que tranco...
-
Hoje até podiam sentar-se na minha cama e contar-me mentiras... Que o amor tem a forma da minha mão ou que os meus beijos são perguntas qu...
Paulo, apenas quero dizer-te e para não sensibilizar-te mais quando estas " saudades " nos invadem a alma, que fica aqui um ABRAÇO de quem te quer muito bem...
ResponderEliminarPelos nossos filhos fazemos tudo, lutamos sem barreiras nem obstáculos, por ele vamos ao fim do mundo! Abdicamos de nós próprios e da nossa própria vida, por mais cruel que seja!! Pelos que partiram deixaram nos a missão de cuidar dos que ficam!
ResponderEliminarSomos fortes resistentes soldados sem fronteiras! Apenas em poucos momentos seremos nós e o nosso espaço, pois vivemos sem tréguas, a vida não permite o descanso! Muitas vezes são eles que nos limpam as lágrimas obrigando nos a não baixar a cabeça! Pois marchamos pelos nossos!
Lindo!
ResponderEliminarSem palavras......... ❤❤❤❤❤
ResponderEliminarOlá Paulo, que lindo o que partilhas, sem duvida, que chega o momento em que pelo menos eu penso que tens algo de divino em ti. Como nos fazes viajar ... Sentir saudades assim de alguém é duro mas por outro lado é um sinal de vida , ou melhor, que ao sentirmos e pensarmos os nossos ente queridos ,estamos desta forma a fazê-los viver nem que seja apenas dentro de nós. Esse tempo "dilatado que em ti e em todos nós diverge" é a via láctea dos nossos sonhos , tu atravessas a minha via láctea . Beijinho com carinho
ResponderEliminar