Hoje estou suspenso nesse oásis da eternidade onde a nossa miragem visionária desenha o deserto arenoso onde ao longe a felicidade se precipita nas areias movediças e precárias . Avisto nos caminhos muralhas erguidas que aos poucos os silêncios vão mostrando… É duro amar e saltar muros tão grandes , por muito que gritemos o eco fica retido pelas paredes das muralhas, chega a ser inútil escalar uma a uma, a exaustão faz-nos perder o ímpeto e a frescura das luas… Tentamos drenar o amor em nós em compassos sussurrantes que nos fazem tombar as formas imaginarias do rasto que abalámos , enfebrecidos nas buscas imaginarias das jornadas que a dormência multiplicou em arrogantes sombras , nas profundezas das paisagens que aterrorizaram os líricos do amor como se estes fossem promotores da sabedoria dos jogos gratuitos da verdade …Há muito tempo que o passado perdeu o cheiro das memórias , de todo o brilho que nos guia , hoje gosto do sopro do vento, da respiração, que me torna ofegante, fazendo-me quebrar e ficar por ai , tremendo, extinguindo-me onde me deixaram e quiseram encerrar! Mais do que palavras novas, vagabundas como um sem abrigo, o que escrevo são flores, que tem cheiro, cor, nome… Por onde vá as levarei comigo, prostituindo o cheiro das outras terras , galáxias, pessoas, é esta ilha que desenhei e é nela que desejo habitar, perdendo a conta aos dias , ás capas dos livros, aos ensinamentos, e apenas recordar-me que antigamente eu também lia, , não só escrevia! Hoje faço , poesia de mendigo, a sério! Curvo-me sobre o meu ser , esperando a esmola cair, neste charco seco entre pedras, muralhas desertas… Poesia de cinema, a sério! Enquanto se escuta os corpos a abandonarem-se, poesia de vagabundo que vai aos poucos emborcando goles de tinto , enquanto se estica na escadaria da vida, poesia de apenas uma das mãos quando a outra se curva perante o teclado da vida num poema que não cabe no ecrã da vida! Este é o lado da vida onde tudo parece pior, ainda assim há sempre quem ouse escrever mesmo que o tempo já não deixe qualquer gosto nos lábios e quando já nem os sons nos trazem algo que nos desenvolva o olhar! O meu sentir é cada vez mais transparente, não consigo rever as fronteiras, são apenas pedaços de tinta resvalando no papel que fumo á sombra dos anjos entre cochichos de quem tenta recordar , ou inventar o que na escadaria da vida se escreve…Há dias assim amigos, em que o coração parece triste, chora, sangra, devagar, desenvolvendo uma ferida de saudade que automatiza as rotinas e deixa o tempo passar, mas passar pelas mãos dadas no tempo já ido! Quando aqui não estás eu desmorono, só o amor consegue doer assim!
sábado, 25 de junho de 2022
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