sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Hoje falo da intimidade, sendo que a palavra implica, uma habilidade pessoal para ter coisas em comum...Mas, não confundamos entre “íntimos” e “próximos”, que são conceitos muito diferentes. De facto, tenho vários próximos, por educação, gosto, admiração... Mas íntimos tenho muito poucos. Talvez mesmo só tenha dois e com um tipo de intimidade diferente com cada um deles! A intimidade é um sentimento que se cultiva, que se aprofunda e que em certos momentos quase, se torna como uma espécie de extensão de nós próprios...É complexo definir intimidade! Ela varia de relação para relação e pode, inclusive, num mesmo relacionamento, amizade, ir tomando aspectos diversos ao longo do tempo. As minhas filhas foram e são os meus mais próximos, mas não são os meus mais íntimos. E, pensando bem, creio que a intimidade, no sentido que lhe atribuo, que está na nudez da alma de um face a outro, não deve ser a tónica mais importante do sentimento que une pais e descendentes. Todavia muitos acreditam que esse sentimento comporta uma forma de intimidade emocional. Mesmo que assim seja, a própria natureza da relação pais/filhos impõe certos limites, que levam a que nenhum dos membros se desnude inteiramente face ao outro. No entanto, aqui, a diferença geracional também pode ser factor inibitório. A maior parte das vezes, julga-se que a intimidade está ligada ao sexo, pelo que o desejo mutuamente satisfeito e os eventuais sentimentos de afecto daí decorrentes, podem ser confundidos com ela. Noutros casos a intimidade manifesta-se sob a forma de momentos partilhados. Porém este tipo de partilha é comum também aos que nos estão próximos. Assim, parece-me que a intimidade nasce em primeiro lugar daquilo que nós estamos dispostos a partilhar com os outros e depois da escolha desses outros. Ora é na diferenciação deste sentido que irão colocar-se aqueles que são íntimos e aqueles que são próximos. Por tudo isso eu digo que o amor não é de todo um ornamento, é sim um impulso divino que irrompe pelo interior de nós mesmos , surpreendendo toda a nossa humanidade, recriando-nos, ampliando-nos, expandindo-nos em gestos que nos melhor definem...Talvez seja essa a razão para o amor ser para mim o estado em que somos nós mesmos com mais satisfação.

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