quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Hoje recordo-me do que uma amiga me perguntava, há dias, o que fazer quando alguém desistia de nós. Conhecendo eu bem o seu pragmatismo, a questão surpreendeu-me. Disse-lhe que sabia pouco e cada vez menos da alma humana, portanto nada lhe podia adiantar. Com efeito, nunca desistira de ninguém, bem pelo contrário, o que talvez também não fosse de recomendar...O que sabia, isso sim, era como desencantar-me de alguém, o que não era bem a mesma coisa... Podemos levar anos a guardar um amor, a conserva-lo, a alimenta-lo e, de súbito, sem esperarmos, a vida colocar-nos na posição de vermos esse amor noutro ângulo, que sempre lá esteve, mas nós nunca quisemos descortinar. Numa comparação demasiado fácil, era como guardar durante bastante tempo uma flor que simbolizasse algo de muito importante e não dar pela passagem dos anos sobre ela e, sobretudo, também sobre nós. Um dia, sabe-se lá porquê, é necessário abrir a caixa e a flor está lá, mas quase reduzida a pó... E só nesse momento é que percebemos que o que guardáramos já não existia. Invade-nos, então, um misto de tristeza e de alívio, com o qual iremos fazer o resto do nosso percurso. E, eventualmente até, rescrever o passado e dar um novo valor ao presente. Disso, felizmente para mim, eu podia falar, porque fora uma utilíssima aprendizagem, que, no fundo, me tornara mais realista, mas me não azedara, porque fora resultado de uma escolha minha. Ao invés, quando alguém desiste de nós, não sendo nossa a escolha, deve doer bastante mais. Curiosamente, a minha amiga acabou por me dizer que, de modo indirecto, eu lhe havia respondido à pergunta!Com isto posso dizer que há pessoas amáveis, admiráveis, viciantes, são assim: expressivas, expansias, esplêndidas e por essa razão, ficam a navegar no nosso sangue, porque se cravaram além dos olhos e da pele, na alma. E lá, vivem para sempre. Até nos reencontrarmos... A vida contém infindas surpresas e o amor é a maior energia do universo, para as experênciar, vivam-na!

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