terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Hoje nesta noite gélida,  tenho vontade de exclamar aos céus e trocar a minha vida de assim assim por um minuto fora de mim, hoje precisava expelir-me de fora de mim para  lá, do além…Trocava a minha vida inteira  pelo momento que ninguém tem. Parece um contra-senso mas parece-me que todas as pessoas são do tamanho do que não são… E  todas as pessoas valem os momentos em que nada lhes vale!! Precisava volatilizar-me, deixar-me ir e ser a imagem que ninguém infere , o fútil  folião em que ninguém crê. Quero ficar do tamanho do luar, quero rir sobre a tristeza, ensinar a vida à própria morte.  Todas as pessoas são do tamanho das lágrimas que choram, da distância da loucura que decoram. E decoram a loucura como se decora a dor, e decoram a razão como se fosse indolor. Mas não, não é a loucura que dói;  não é a razão que constrói;  não é o demente o doente; não é o que sofre o carente;  não é quem se contém que é gente… Nem pensar !!! Não é continuar que é viver;  não é aguentar que é saber;  Não... Não sou demente nem sou carente, não sou o que sabe nem o que quer saber. Sou o feliz ignorante, o mestre do obstinado. Ainda assim trocava esta vida de faz de conta por um minuto de felicidade  porque nesta vida não há medo maior que morrer desta sede 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Sinto-me desiludido comigo, desiludido principalmente comigo, pois  lanço-me  de corpo e alma, de cabeça e  rejo-me pelo coração. Porque deixamos nós de pensar e avançamos, porque não temos medos, o que nos leva a ousar? Tudo é  tão forte que nem olhamos para trás, mas deixamos um caminho  para trás,  olhamos  em frente cegos pela  felicidade, pelo desejo, pela busca da vida, que tentamos e queremos viver... Tem momentos em que pensamos ter conseguido mas tem  alturas em que não, é ai que o sonho inverte o seu sentido... Sentimos que nada mais importa ...Vivemos o cair de um sonho, que levava o brilho nos olhos mas era apenas um sonho!!! Mas no final  pelo menos vivemos algo  e o único passo entre o sonho e a realidade é a atitude!!!  Resta-nos  a desilusão do infinito momento em que nada mais habita em nós que o silêncio. Mas dentro de mim habita uma voz, que me lê na intensidade dos parágrafos que escrevo,  e me deixa a mensagem que não estou só,  que será sempre a minha pele a minha voz porque habita em mim... Hoje estou assim...
Hoje tranco-me nas palavras elas, me encerram para o mundo agitando a minha alma nas trevas nocturnas da solidão… Pressinto que lá moras… Sei que se te afogaste , foi porque não fiz silêncio para te escutar… Fico suspenso vagueando no que me dispersa, esbarrando nas muralhas que invento, nesta fome de sentir…As palavras não nascem de encontros, de ideias, de desafios, de inesperados, de premeditados. Elas crescem quase sem eu dar por isso, com as palavras não finjo, não minto, apenas sinto com a imaginação. Sinto com a força de todas as pessoas que vivem comigo aqui dentro, ou sinto em cada dia com cada uma delas, já não sei...Primeiro sou só eu que me sento em frente ao computador para escrever, depois já não estou só e tenho à minha volta muitas histórias que voam pelo quarto. devagar, pairam e ficam à espera que as faça minhas!! Hoje já escrevo sem conseguir parar e já não sou eu, mas sou ainda consciência e carne. A mesma carne que sangra quando cravo as unhas no braço para saber se sonho. Estou acordado e escrevo, a vida que ouço, a vida que vejo, a vida que sinto, a vida que cheiro, a vida que quero, porque o querer também é um sentido. Uma vida a várias sentidos, às voltas, como as histórias que pairam à espera que eu as faça minhas e as aprisione nas paginas que organizo de uma história que por mim foi sentida…

domingo, 15 de janeiro de 2017

Hoje fiquei com um gosto amargo na boca, perdi-me de ti na chegada... Mas que sonho este... Cheguei a um vazio revestido de pele, a isto a que chamam de vida...Que crueldade construir casas que não habitamos, plantar flores em jardins onde não nos passeámos!  Há dias que precisamos vestir  de ausências e de silêncios, desde onde me chegam os ecos da angústia de outras vidas. Há muito que não estava tão perto de alguém,  sonhei  escutar  passos a caminhar para mim , mas que idade  terão as almas? Quantos regressos somam na procura? Quantas vezes se cruzam e reconhecem,  os olhares vazios que se perdem nos ponteiros do tempo, neste mar profundo que separa a honestidade da hostilidade... Deixo a ilusão de ainda ser cedo...sempre cedo... E é tão tarde para tudo menos  para a noite, onde sempre te sonho...Nas dobras da pele , passearei o teu nome nos meandros de todos os poemas onde te irei fazer matéria para te poder tocar e sentir num único lugar que te tenho... Mas tenho de confessar que não quero confiar em alguém e depois descobrir que não mereciam a minha confiança, odeio a mentira, e o que mais odeio é sonhar e acordar a meio do sonho!
Hoje falo do caminho ruidoso que descarrila sobre os nossos sentidos e que nos leva a lado nenhum é um artifício criado por uma necessidade de disfarçar o vazio permanente. Assim, no decorrer de dias cinzentos e frios, escondemos-nos em calendarizações rigorosas, em dias e horas planeadas, numa ansiedade medonha. Fingimos sorrisos e abraçamos o nada, aquele que nos une a uma vida que esquecemos um dia numa qualquer esquina labiríntica do passado. Perdemos a autenticidade e vivemos por entre o ruído e a pressa, esquecendo que a paz pode haver no silêncio...Só essa paz, tranquilidade interior, nos pode alimentar o espírito, devolver aquele sorriso náufrago de verdade e fazer de nós pessoas melhores a cada novo amanhecer. Nesta acrobacia veloz, em que se procura um equilíbrio saudável entre o ser e o estar, somos forçados a estabelecer prioridades, a destronar o superficial e o momentâneo. Coloca-se-nos o desafio de sermos maiores do que a própria existência e levitarmos acima de tudo o que é circunstancial. O desafio de não nos deixarmos corromper pelo tempo e pelo desgaste da escuridão que por vezes se instala. O desafio de conseguir sentir a felicidade nas secas migalhas dos dias. Nesse momento seremos muralhas superiores ao próprio tempo e espaço. São breves os momentos que nos anexam à vida que tantas vezes rasuramos sem pensar que o amanhã pode nem sequer existir mais...

sábado, 14 de janeiro de 2017

Hoje ouvi os deuses, choraram ao nascer do dia, senti uma voz entoar nas águas desse choro um canto um poema de pássaros imaginários de mágoas que deslizam e escorrem para o papel ...Hoje sou um trovador e nas sombras senti anjos a verter lágrimas de uma alma lavada , purificada em palavras coloridas de sangue embriagado que escrevo ao rasgar os céus!!! Recebo este mar que me banha de angustias, que me rodeia de velas , mastros que a chuva e o vento agitam no silêncio!! Retoco os meus silêncios, desvendo mistérios ocultos da alma, fico nu, desnudo-me ao expor-me em palavras que fluem em linhas direitas, alheias, ao meu próprio ser que transpõe fronteiras, que desliza em sentimentos, na força de um encontro em silêncio! As palavras vibram, estremecem, ganham vida, formam-se verbos e metáforas num pálido papel que ganha vida , não o julgues não sei se é belo mas sinto a sensibilidade expressa nele... Por favor não tentem decifrar-me! Sintam apenas  as palavras e deixem-nas envolver-vos como se de um abraço se tratasse!!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Hoje acordei abri  um olho e o dia mostrou-se um longo caminho, sonhei-te num percurso bem iluminado, mas!!! Quando abri o outro já o caminho ia a meio.  Hoje sinto frio, nesta berma por onde avanço, para que o dia não me atropele… Não queria escrever-te. As palavras permanecem mortas nesta folha de papel, sem haver quem as declame ou as cante aos quatro ventos.  É estranho mas nunca admitimos a chegada das estações , sabes porque  não admitimos que exista apenas uma… Somos sensíveis, a solidão enfraquece-nos, o mundo pesa mais para quem está só! O mundo...  perdi-me dele há tantos caminhos atrás,  Olha! De repente sou pequeno, tão pequeno que já não me sei. Mergulho no dia, como quem mergulha num poema. Num mundo habitado só por Falsos, oiço declamar nas ruas sentimentos, que nem os sabem sentir! Não queria hoje escrever-te , sabia que estas palavras iriam deixar-me a sós mais uma vez no silencio das estações…Fala-se de amor em todas as esquinas e de cada boca se liberta um sorriso, que fica a pairar no ar, como um pássaro vistoso. Ah!!! Não me digam que ainda sonham. Tenho a certeza que o queriam fazer … Acho que hoje prefiro caminhar deste lado e encharcar-me de vida, aos olhos da inocência. Eu sei que dirás , ainda que mintas ,   que foi o meu nome, até hoje,  que guiou todos os teus passos.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Hoje entro na noite como quem entra em casa. Atrás de mim deixo aberta a porta escancarada. Adianta-se de mim a sombra fugidia que persigo. Vejo como se dilui na penumbra onde estendo o manto de estrelas gasto dos dias remendado com os sonhos que piso. Antes que me encontrem do tanto que sou meu,  ali me escondo como um animal assustado. Encolho-me com medo que um dia aprendam a ver-me no escuro e me vejam assim …de alma nua…Na minha infância nunca me disseram que no asfalto nasciam garrotes de estrangular a vida! Nunca me disseram que as janelas para a rua, teriam grades e cortinas pesadas, por onde o sol pouco passaria... Ainda me iludi, por instantes, com a maciez do chão desta sala que piso e  com os fatos de casaco e gravata que vi... Mas esta manhã reparei que pisava  penas, na sua suavidade de, em tempos já terem sido  asas…Este ultimo fim de semana a minha Mariana,  perguntou-me porque caíram  as folhas das árvores no nosso quintal…E eu deitei-me ao seu lado  e inventei-lhe um conto, daqueles que fazem o mundo bonito…Cada vez que a olhava, podia ver-me, através dos seus olhos de encanto. Lembrei-me do meu Pai, que tantas vezes se deve ter visto nos meus, quando eu acreditava que o mundo era feito à medida das suas histórias.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Hoje chego até ao meu silêncio e pergunto-me, se ainda me conheces?  Vejo-te perdida  num labirinto secreto...A  cada passo teu, irrompe outros que te afastam!  Nos teus olhos trazes todos os desejos do mundo! Sei que procuras o caminho que te traga de volta. Talvez seja ainda a minha voz, esse sussurro, que te guia na penumbra da noite...Desconheces-me tanto agora! As tuas palavras tornam-se sílabas, amordaçadas, neste tempo de solidão acompanhada... E bebo desse teu olhar perdido, sem de vista te perder. Esta noite disfarço-me de sombra e quando a luz do luar atravessar a janela do quarto teu quarto irei apresentar-me a ti, dizendo o meu nome, uma e outra vez... Irei repeti-lo até ficar gravado nas tuas lembranças , Irei repeti-lo até que me reconheças e me abraces novamente, como quem abraça a vida! De ti não quero o brilho das pedras cravadas no ouro, não quero a sombra do corpo maior que a alma … de ti quero muito mais que riquezas mundanas quero este fogo que ateias num pequeno sopro,  quero o arrebato do primeiro abraço, o cheiro que inalo junto ao teu pescoço,  a correria do peito e o tremor das pernas.. de ti quero a liquidez desse sorriso que bebo sempre que me olhas quero as perguntas que te assolam a mente, de ti, não preciso  dos sóis que  plantaste no interior dos teus olhos...De ti quero apenas o que as mãos não tocam e o que por dentro me agarra com a ternura que sobre mim derramas-te um dia...De ti quero muito mais que riquezas mundanas quero as coisas pequenas que me enchem por dentro,  quero a vida,  quero o sonho esse mesmo!!! Onde tu entras e onde por fim ganho asas...

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Há pessoas que se amarram a nós envoltas em maresia para que não saibamos distinguir as linhas do seu nome…Deixam na praia um búzio para que as oiçamos nos ecos das marés antes de sumirem mar dentro! Há passos delicados na areia e sereias ao longe a quem pergunto,  quem são, apenas o mar me responde! Sou feito de terra,  diluíra-me nestas  águas antes de poder encontrar-te… Hoje dorme o teu nome na boca dos peixes…Eu , trago o sopro de uma noite nos cabelos e todas as vozes, que não quis ouvir, seguram os botões quase soltos deste manto em forma de neblina que me envolve… Vivo dentro da janela, que pintámos à rebeldia, no muro que atravessa o virtual do real…Aqui as noites são claras e consigo tocar a lua com a palma da minha mão…Aqui sou  um homem que não existe, escrevo em todos os muros invisíveis, uma frase dedicada à cegueira do Ser."Talvez seja esta janela, o paradigma que vos falta"  Apesar das poeiras e da lama onde as almas se arrastam, amanhece a vida dentro da janela, que pintámos à rebeldia, no muro que atravessa a neblina . Aqui as noites são claras, consigo tocar a lua com a palma da minha mão … Todas as noites espero a visita das estrelas. Talvez haja quem de longe perceba, que em todos os muros se pode abrir uma janela…


segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Hoje olhem para mim e deixem voar os sonhos , deixem acalmar as tormentas e sentem-se um pouco aí a ver o Inverno da vida nas sombras anunciadas da noite numa estrela que o tempo vai apagar…Olhem para mim fiquem neste meu abrigo onde vos abraço com palavras que me fazem pernoitar aqui!!! Olhem para mim pois hoje não há batalhas, nem tristezas deixei cair o sol, enquanto anoitecia, escrevi enquanto escurecia ao ritmo do brilho do mundo que cintilam em mim, enquanto vocês como eu se sentem apenas sós…A vida é um mero poema onde as palavras ingénuas , maduras, servem a raiva ou a ternura prematura ou tardia dos actos dos nossos pensamentos através dos sentimentos…São as palavras o dicionário da pureza e o contraste da verdade e da mentira , onde lutamos, combatemos a sinceridade ou a falsidade do belo e do horrendo…Vou gerindo o poema da minha vida, luta desesperada com o indivisível onde prefiro que escutem os meus silêncios pois escuta-los e trocar as palavras é fácil difícil é interpreta-los...

domingo, 8 de janeiro de 2017

Hoje tive um sonho mas no meu sonho não havia noite, caminhava em passos lentos, com medo do caminho a seguir, mas! Olhava curioso para as mãos cheias de estrelas, que resolvi passear em mim...Escuto-as, e como elas segredam ao meu ouvido palavras desmaiadas que se elevam nos céus...Mas eu sou uma delas! Sinto o sabor das gotas negras que me rolam no rosto. Pequenos fragmentos da noite, aprisionados em mim. Neste meu sonho não há noite e, as estrelas, são estes pedaços de rocha, que tento guardar nos bolsos. Sinto o calor de um sol que queima as entranhas e um cansaço, deste peso que carrego, por não ter céu, onde as soltar.  Reparo, que neste meu sonho, há um outro sonho, que sonhas "tu". Onde as estrelas embelezam um céu noturno, a fazer as delicias dos cometas... Quisera eu, despertar deste meu sonho sem noite e arrastar-te comigo para fora do teu. E ao invés desse brilho que me emprestas, pudesses tocar... nas sombras, que se escapam da minha voz. E talvez se houvesse, ainda que por breves instantes, um momento da mais pura lucidez, onde me visses longe desse firmamento, onde me sonhas, com os pés tão sujos como a terra por onde caminham, me devolvesses assim a existência que me roubas, sempre que de mim falas. Hoje o céu desaba na rua indefesa, chora o céu e em mim chove neste sonho sem noite, onde os meus dedos  vão dando cor e vida as estas linhas que partilho...

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...