domingo, 21 de maio de 2017

Hoje conto a minha maior fortuna, e ela está, nos gestos que vão morrendo a cada olhar descalçado na partida… Esta noite enchi os olhos de água e na madrugada carreguei  os espelhos impenetráveis da noite, sonhei na embriaguez do meu peito o compasso do êxodo dos Deuses do meu caminho. Hoje escrevo palavras que povoam o meu peito literário como picadas de abelhas…Escrevo palavras que posam no papel soando a mel, quinando vazios do desejo colado à carne …Agarro nos pincéis e transcrevo o vazio das palavras, este desabitado meio-termo, sem chave, sem relógio onde fecho o meu tempo e onde completo o que ficou incompleto. É nesse baú que guardo a alma e me torno livre de viver outras virtudes e pecados Mas! A chave desse baú está guardada na saudade a desenhar o futuro …

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Hoje gostava de escutar paraísos quando a voz me arde e me assaltam os sentidos, queimando-me as pestanas com o brilho da lua no perder de vista das estrelas...Hoje amava de olhos fechados escondendo a luz presa na mente ás portas do silêncio que recrio constantemente... Há quem sobreviva ao amor, outros enfeitiçam-se, engrandecem-se , nas promessas, é nos presentes envenenados que a ausência de sol na noite carrega o relógio de bolso ! É neste degrau que chamo a nau que partiu do meu mar, é nesse porto que procuro o porão da minha voz, entretanto vou desenhando barcos de papel para abordar o cais da minha espera sem dor ...Há quem ame de olhos fechados uma fortaleza nas areias de silêncios que as águas transparentes da minha praia encerram...Hoje levanto ancoras do meu peito, sigo sobre faróis cegos, transpondo nevoeiros onde os mares se cruzam sem terra à vista!

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Hoje acordei o monstro a meio da noite e senti que esse monstro não dormiu…Ficou à espera anos pelo amor, esperar mais umas horas por um sonho, não podia ser difícil…Os sonhos agitam-se a dor ameaça-o apenas fazendo-o entoar um uivo, que podia ser uma lágrima ou um grito, percorrendo as esquinas, ecoando pelas ruelas vazias e assustando os seres encantados que, tal como o Monstro, estavam agora condenados à solidão… Ouviu um barulho lá fora no quintal, seria imperceptível a qualquer outro  ser mas!! Ouvi claramente o som doce da humidade a cair no solo, formando uma camada húmida sobre a relva seca do jardim…  Agora que a solidão impera é fácil amar tudo em redor…Olho-me ao espelho, esse mágico, que tudo reflecte e nada pergunta limita-se a fixar o  reflexo, procurando nele qualquer réstia de humanidade. Não vislumbro o que anseio… Tenho voz de feiticeiro, curvo-me em tom de serventia à vida que um dia sonhei ….Ainda me recordo quando o que sonhava era só meu, mas!!! Aos poucos vi o mundo a mudar, nada posso fazer Já não consigo descongelar o gelo com o meu olhar...Sinto uma fome obscena, grito mas sigo na procissão dos homens calados velando o coro cego dos Deuses...

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Sabem como é viver num caminho rodeado pelo fogo, onde queimo o olhar e este crava na minha carne, e penetra, sem preencher mas deixa pegadas baças na superfície ondulada da minha vida??!!!!Os meus olhos bebem o fogo da vontade, e é neles que me deixo cair em cascata, derramo-me por todo o precipício . Agito-me, numa dança sem sentidos, como se quisesses segurar a vontade, guardá-la, mais um instante antes de me dignar a agir , levanto as minhas mãos que afagam incessantemente o horizonte queimado, faço ondular desejos de uma vida contidos nesse fogo perdido que assola o meu caminho…Sinto o calor da saliva na minha boca, a perder a força, até para uma mera palavra ….Fui inundado pelo maremoto de meras vontades que em mim não desaguam ..Num certo momento da vida tive dois caminhos …Escolhi percorrer o menos percorrido e isso fez-me esbarrar com o meu destino embora tenha escolhido fugir dele…

terça-feira, 16 de maio de 2017

Hoje vou tentar relembrar-me dos elos que nos ligam  à vida, irei recria-los um a um ...Nesta noite, irei procurar nos céus a constelação onde os sonhos se afogam nas imagens que combatem os retractos que em nós não mais queremos algemar. Trago cor comigo e imagens que uso para decorar o meu sorriso, trago a minha voz presa nos lábios secos pelos raios de sol, sinto o aroma do mar nas entrelinhas cadentes deste sabor cortiçado bordado em silêncio nas palavras que rompo na ausência de um rosto.... Tenho vontade de abrir o hotel das minhas memorias, varrer o sopro do vento, adormecer no sonho, voar perante o abismo, esculpir a pedra fria em palavras, abraçar em lágrimas o caminho que descuidado corrompi na ditadura da minha revolta! Hoje vou continuar a passar fome das minha palavras interditas que democraticamente a sombra da lua incendeia em mim. Vou desenhar o sorriso, salvando-me deste livro, sou pagina em branco à espera que me preencham! Pintem-me o coração, façam arte em mim, que eu apenas prossigo olhando para trás vendo as minhas pegadas na areia. Hoje sei que me abandonaram, não preciso de lutar mais as únicas pegadas que vejo nas minhas costas são as minhas….

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Hoje no palco da vida, vejo espectadores que nada entendem !! Não vivem, fintam a voz da razão, insistem em ignorar os espinhos que pisaram . Viver por constantes ataques súbitos parece ser a melhor opção ...É difícil mesmo é entender o porquê!!! Ignorar as coisas mais singelas, que tem verdadeiros sentidos para se agarrarem entre si ao que nada tem valor. Caminham nos trilhos escondidos, onde esperam ser achados... Vivem na mais profunda solidão, cobertas por angustias que parece não ter mais fim, mas que são arbitrariamente escolhidos por nós. Hoje vejo espectadores no palco da vida e a minha maior tristeza é sentir saudades de pessoas que nem imaginam a falta que me fazem...

domingo, 14 de maio de 2017

Hoje é em segredo que digito a minha primeira palavra. Sabem, eu já tive uma vida para viver, mil desgostos à minha espera, muitos textos para me afogar… Foi em segredo que me apaixonei e foi num segredo ainda maior que dei por mim a quebrar a minha caixinha de pandora para  oferecer a minha felicidade como se conhecer bastasse e já não precisasse de mais nada para poder sorrir.  Foi em segredo que virei costas e transformei o meu mundo num mundo que já não me pertencia, e foi o maior dos segredos que não voltaria aos mesmos lugares…Imerso no silêncio dos murmúrios de um pensamento, foi sozinho e em segredo que compreendi e aceitei o que não tinha como ser compreendido ou aceite, e foi em segredo que limpei as lágrimas e ergui a cabeça. Foi em segredo que rezei por vocês , desejando que a minha felicidade ainda estivesse guardada no  bolso e que nunca dele saísse. Foi em segredo que agradeci aos céus pelo meu espelho da vida...hoje este foi o meu primeiro poema,  adormeci sem vontade de acordar e foi em segredo que me entreguei a sonhos proibidos. Hoje sou  uma pessoa de dentro para fora,  vejo que a minha  beleza está na minha essência e no meu carácter. Acredito em sonhos, não em utopia.  Mas quando sonho, sonho… Sei bem que  viver é  cair, aprender, levantar e seguir em frente. Sou isso hoje...Amanhã, já me reinventei. Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim.Sou complexo, sou mistura, sou um homem que consegue pensar como um deus e como um mendigo..E vice-versa. Me perco, me procuro e me acho. Não me dou pela metade, nunca serei teu meio amigo, nem teu quase amor.  Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos.

sábado, 13 de maio de 2017

Hoje nasci à deriva, em caminhos perdidos nos tempos, deixei fluir os sentidos em penas duma ave que esvoaça na brisa que vem dos mares. Sinto uma força mágica que vem das profundezas e que me chama, que me atrai para o fundo rochoso dos seus pensamentos. O céu azul é um lago pleno de sentidos onde quero mergulhar. Há muito que sinto as minhas asas cansadas a estenderem-se em todas as direções do infinito, e num ínfimo espaço de tempo continuo pássaro sem destino! Sinto a leveza da alma que no ténue equilíbrio deste vento me afaga o corpo gelado, a pele arrepiada pelos sentimentos que lavram fundo a terra de que sou feito... Esperei por esta Primavera, só ela me trará o abraço cálido, o afago terno, o brilho imaculado da madrugada que acorda a minha Noite. Vou germinar-me de novo em flor, no resplandecente fulgor, a imensa beleza do vazio, no perfume inebriante das pétalas que são gotas de luz que resplandecem aos poucos em mim. Olhem-me numa noite estrelada, só ai, as minhas mãos se enlaçam noutras e se fecham até ao próximo tórrido Verão, para fazerem nascer a semente que guardo no meu incandescente...É nesse momento que irão perceber que eu nunca parti, apenas vivi, dentro da minha alma.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Hoje eu consigo ler a alma num simples olhar. Com esse olhar consigo  corromper o coração!!! levo todas as minhas certezas para um reino onde não nos podemos completar com fama, com carinho, com realização pessoal sonhos ou felicidade! Nesse reino nada é certo, tudo perturba,  perco-me  nesse espacinho que fica vazio no coração , ando ás voltas nessa utopia  …Quero tanto preenche-lo!! Algures no tempo perdi a minha verdade,  por isso ando ás voltas nesse pedacinho que está vazio no coração , há quem chame solidão, para mim é apenas uma liberdade de ainda procurar e tentar  escolher no labirinto os olhos que me irão guiar, por isso , pouso as armas para o meu  exército não me tenta roubar a vida…Se eu morresse amanha o que me diriam hoje? Não  pensem que desisto de lutar pelos meus sonhos, e não desisto de tentar ser feliz. Apenas desisto e abdico daquilo em que não acredito. Acredito no olhar , dispo-vos a alma, sinto-vos nus perante o criador …não se importam!? Hoje ando ás voltas neste pedacinho vazio do coração, nesta sala de estar sem sofá onde sinto esvair a vida na minha desistência, onde me roubam o mais intimo suspiro…Ainda me questiono se vale a pena deixar a mente como uma folha estendida na brisa, se vale a pena encher o escuro de luz, escrever no negro da noite com os traços de fogo na ausência forçada desse espacinho que está vazio no coração….

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Hoje parece que vai chover. Mas quem é que controla a chuva? Que se atreve nos dias de hoje a deixar cair  gotas do tempo sobre a vida sobre o dogma da Natureza ! Caem pingos, gotas de saudade  nas árvores nos arbustos nas rochas nos  rios, caem  gotas de poesia sobre as cabeças dos Deuses. Todos eles, seja qual for a sua estrada , carregam  sobre os seus ombros divinos,  os sangramentos das tempestades, mas nada fazem para a travar  não podem travá-la. Apenas retocam o eco do trovão…Que soa, ressoa, invade nas raízes que nos sustem alicerçados à densa floresta de cimento e betão que o nosso mundo faz germinar…Escorre pelas ruas uma cascata fina, feita de lágrimas, de todos nós...Homens e Mulheres, sem morada que assentes em vales e montanhas, contribuímos para cascata de lágrimas …Involuntariamente  também fazemos chover. Lançamos o trovão  nos pensamentos enclausurados e perguntamos  por que razão é que vai chover, a quem o devemos ? Porque nem a chuva esse dito Deus consegue, sequer, travar ? Quem é este Deus, tão imperfeito  e susceptível às tempestades ? Será que um Deus também chora ? Terá já essa cascata de chuva dono? Antes que nasça o sol vou aproveitar e chorar também com esse Deus as lágrimas que tenho evitado chorar !

quarta-feira, 10 de maio de 2017

 Eu hoje sou o medo mas também sou objectividade …Andei por entre flores sem ver mais do que ruelas e becos. E já nadei em águas e correntes sem sentir mais do que frio. Já caminhei junto ao mar, desejando que o céu desabasse, já andei por entre a desgraça de uma vida sem a sentir, já conheci terras que se amontoaram num sem fim de montanhas, já passeia por ruas que ficaram gastas dos meus passos vazios, já fui abordado pela calçada das ruas, que me perguntavam para onde ia…Mas eu!!! Sorrindo-lhes,  respondo que nem sei onde estou…Quanto mais para onde vou! Por tudo isso hoje peço-vos  que não me amem…Mas!! se quiserem correr esse risco, façam-no pelos meus olhos, pelos meus lábios, pelas minhas palavras, ditas ou pensadas, pelos meus segredos, pelo meu corpo, pelo meu modo de agir, pela minha personalidade. Não me amem por pena. Não me magoem!!  Não o façam pelo que os outros dizem de mim ou pelo que escrevo , nem ousem tomar textos meus que julgam-nos vossos …Vejo o mundo ruir em profecias apocalípticas, vejo festejar glorias fúteis de corpos endeusados em frágeis vaidades…Eu nunca serei o teu, o vosso livro das inibições literárias, eu nunca serei dado aos anseios gramaticais apenas serei a voz de sentimentos na cadência viva dos meus pequenos, surdos dias. Hoje sinto-me um verme no cio! Ataco as minhas defesas, as minhas ruínas, remexo desejos íntimos em erupção para converter em palavras a covardia dos sentidos.   

terça-feira, 9 de maio de 2017

Considerar momentos e sonhos, acaba por ser realizar proezas com magia. O que nos dorme no pensamentos nos assegura destemperos vãos de olhares vazios...Olhos vazios e sem cores,  sem vozes, são o tempo  inimigo da felicidade...Geram dores em quantidade... Representam  mãos e pés cansados,  mente e corações dilacerados. Somos simplesmente...reféns da angústia ocasionada pelos  sons constantes dos olhares dispersos no horizonte da luz...Sinto essa indiferença, numa presença...Sem olhares, beijos e toques sem nada além de um querer, esmerado em retoques desta noite a cair, que se traduz Incompleta...Nas minhas verdades, busco  momentos longínquos nesta ausência infinita... Lamento este tempo perdido que teima em persistir sem verdades vividas, sinto toques inocentes, sedentos de paixão calores indiferentes que me roçam os lábios ...Viver em nós a este  ritmo de cores imaginadas é viver a essência que nos eterniza!!

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...