Hoje deixo cair
linguagens presas às arestas do destino,
aquelas palavras que deixamos impressas na calçada da vida, que
testemunham as nossas quedas, e memórias ! Eu sei que são linguagem sem margens, que
inflamam a nossa existência contaminando os degraus , que já fatigados,
tentamos galgar neste nosso voo em busca
do Sonho que é Enorme…O sonho é Enorme mas procuramos a sua verdade
em lugares incertos, onde nem sempre as flores brotam e nem sempre tem uma cor
definida … Este silêncio ensurdecedor que parece ser grito contra grito, faz-nos estremecer o chão, gerando vertigens que assombra as palavras no
duelo dum poema… Há nevoeiro que se adensa na doce chegada, há vidros
embaciados apenas pela fixação do olhar, tenso, pela demora que extasia o
coração sem regras….Começo a gostar desta espera , ela faz companhia, aprofunda
a ilusão, move o amanhecer fazendo da noite dia...Deixem-me ficar então aqui , a olhar para o infinito, esperando que chegue o meu futuro e que ele me leve de novo à estrada...
sexta-feira, 11 de maio de 2018
quarta-feira, 9 de maio de 2018
Hoje, sem mascaras, sem capas, sem
mentiras, olhem para mim e vejam tudo, amanha estarei aqui e não
serei esta pessoa, certamente... Amanhã tentarão entrar na minha alma e o meu corpo estará
deserto. Amanhã podem procurar o meu sorriso , mas, apenas as lágrimas
estarão tatuadas. Amanhã não vou reconhecer ninguém o meu olhar será vazio.
Quem eu sou hoje, nunca se esqueçam! Se algo disserem de mim, não se sintam na
obrigação de ripostar... Posso atravessar as noites como um fantasma
triste, vagueando sem destino, não me sinto melhor nem pior do que um dia
fui... estou simplesmente vazio, despido de vida, despido de amor, despido de
todos os sonhos, mesmo dos que já realizei…Quando caminho ao tocar no chão, as
minha pegadas fazem ressurgir o passado. Renascem vozes dos meus
passos, ouço-as vibrando dentro de todo o meu vazio… Por muito que
caminhe não projecto sombras , não há luz para que as tenha... há apenas
a noite da noite que atravesso neste corredor que não me leva a lado algum…
Sinto-me um mero fantasma deambulando pelos sonhos alheios, imóvel, sei o que
procuro e o que certifico de que não vejo. Vazio, sempre este vazio...Não
foi assim que imaginei os sonhos! Imaginei que, em algum momento algo iria chegar
e eu já não ia ser apenas e somente um fantasma vagueando nas noites de
tristeza; aquelas noites que não amanhecem e que ficam dentro da alma,
acorrentando-a ao chão frio de não saber o que vem amanhã. Imaginei que ia
sorrir mas fazê-lo com todo o sentido. Sorrir de verdade, com aqueles sorrisos
que não esmorecem e que ninguém rouba.Mas hoje apenas vejo-me atravessar a
noite fria, passando pelos mais ingremes penhascos como um fantasma, saltando
sem medos para o precipício… Eis que acordo dos meus sonhos. Não sou nem nunca
serei um fantasma! Posso até avistar o penhasco neste corredor de vida, que
este velho amigo de todas as horas, continua comigo, jamais me
deixará … Hoje acordei de um sonho que não era meu e apenas abdico daquilo que
não acredito
terça-feira, 8 de maio de 2018
Hoje
eu sei que as palavras nem sempre são palavras apenas, nem sempre
conseguem mostrar o que o coração sente, nem sempre os nossos sorrisos
transmitem as nossas virtudes, nem sempre conseguimos palavras amenas, porque o
coração não mente… Há em nós , humanos, palavras arrojadas, enlaçadas,
emudecidas que o coração não cala, que guiam caminhos...Desejos que a boca não
fala! Sem ternura, sem união, as adversidades que a vida nos concede,
deixam-nos retidos como que em censura , procurando reflexão! Tantas vezes
caminho por esse corredor, sem cores, vazio, procurando pelo menos , cruzar
olhares sem o meu corpo desnudar por essa porta …Porta envidraçada onde os
gritos retidos, são asfixiantes, são utopia do embaraço deste sorriso traído pelo desdém da solidão que a vida
contém…
segunda-feira, 7 de maio de 2018
Hoje
dentro de si mesma, a noite não revela contornos , serve-se de sombras…Abro
janelas de afectos, caminho sobre as horas, que exibem o desejo que o vértice
das pernas esconde ! Imagino
um corpo sobre mim, debruçando-se pelo meu lado selvagem , outrora adormecido
num bosque imaginário, de prazeres sem
grades! Sonhamos que em algum lugar
estarão sempre dois braços, dispostos em
forma de casa, para receber o nosso corpo quando cai. Eu já cai e muito….
Mas!!! E imaginei que havia um corpo com dois braços capazes de segurar-me firmemente na queda…Mas não …Tive de
recriar-me num estranho abrigo ao longo dos abraços imaginários no limiar do percurso
da vida ...Aproximei os olhos da vertigem dos céus, fiz das estrelas barcos,
para sulcarem os mares do meu coração em desordem, criei gestos para contrariar
as palavras, exilei-me do tempo pelo medo que enrouqueceu o cansaço nos rostos
desenhados em silêncios, nas noites adiadas. Como se sentisse alguma perversão,
a minha boca desenha gestos poéticos, excêntricos, que corrompem qualquer palavra que a luz da
manha enrola nos meus olhos , em mais um dia que acordo com um som estranho
dento do meu peito… Como se dum eco se tratasse, de uma palavra tatuada em mim, que eu não reconheço mas, mesmo assim, atravessa a fronteira como um fantasma
apavorado pela luz que asfixia…
sexta-feira, 4 de maio de 2018
Antigamente escrevia textos elaborados , mas hoje tenho poucas palavras
para os elaborar… Antigamente quando os deuses eram grandes eu respirava
silabas e transpirava sonetos, hoje,
ando humildemente nos arredores dos verbos, naqueles degraus invisíveis onde as
árvores dão frutos mesmo rodeadas por incêndios…Estou como muitos, no interior
do que arde, esmagando o coração contra o peito, apagando-me devagar com sede!
Há quem diga que é preciso viver uma vida inteira para entender o que é encontrar
a serenidade neste mundo, mas nem a vida
nem o mundo se encontram… Tenho duvidas deste futuro, luto apenas pelo presente
, o presente é de todos, construir uma
casa e existir dentro dela… Perdi a
esperança, esperança é o consolo dos frágeis , mas!!! Eu não me sinto frágil!!!
Por dentro o meu coração não renuncia à esperança …Que dilema este, com apenas uma casa como testemunha…Oh!!! Mas as
casas morrem não só na sua demolição, elas morrem com a morte das pessoas…Hoje
estou assim, com a minha luz percorrendo, extinta, mundos nesta cinza onde não
consigo decifrar porque o meu sonho é gigante !
quarta-feira, 2 de maio de 2018
Hoje tento saber como
me vestir por dentro, quando este
desgaste, grita bem alto…sinto a
minha sombra sozinha a manter letras em chamas a flutuar
dentro de mais um sonho! Há coisas que passam
por nós , somente deixando rastos, outras ficam e nos fazem tombar pela falta
de incapacidade em detê-las, podemos até disfarçar a melancolia das trevas ,
sem revelar o nosso nome… Como se fossemos um vulto olhando o horizonte, desta
margem , sem revelar quantos barcos avistados pela proa do nosso olhar! Hoje percorro
então, uma a uma , as horas por viver, mas não avisto arco-íris para colorir
esta minha insónia! Há em todos nós este , lado sem luz, de sombras, onde se desenha na memoria as nossas mãos
vazias …Há anjos nesse labirinto, que desejavam perseguir os ângulos nítidos do
olhar, há angústias no azul do céu que vela a brisa das manhas e deixa as asas
na textura da vertigem a encher os pressentimentos !Hoje estou assim, de rosto tatuado pela invisibilidade dos sentidos ...E lá fora, a chuva cai , tão suave que até me faz sede!
domingo, 29 de abril de 2018
Sei que já houve um tempo, em que as minhas asas foram vento, em que os meus silêncios foram canto de embalar e que vos elevaram a alma e vos fizeram sonhar. Nesse momento, a minha essência libertou-se, abandonou o corpo à sua sorte e ergueu-se no infinito céu onde busco uma estrela nesta noite profunda sem fim. Lembrem-se dos mundos distantes que percorremos nessas viagens deambulantes onde misturamos as cores do arco-íris para pintar as histórias acabadas de sonhar, em tintas frescas que repousavam sobre as telas deste mundo de encantar que tanto sonhamos... Esses eram tempos em que a vida tinha as suas ambiguidades, em que entre nós não haviam saudades porque sempre nos fundíamos num só corpo, numa só brisa, nesse instante dilacerante que nos unia. É deste alimento que vivo, neste vácuo constante onde me fecho, onde oro, e choro o sal das minhas lágrimas em poemas dessincronizados, desprovidos de fragrâncias. Um dia hei-de voar de novo, por entre os destroços do meu corpo, feito sopro de vida que se ergue do abismo sobre uma praia sem espírito.Estou farto de ser ilusão, apenas esperança e mensagem que invada corações , quero alimentar alma com a vontade de seguir a diante, de ser gente e viver o que vida me deixou para os últimos dias ...Não podia por aqui passar sem rasto deixar... olhem para trás e vejam o que eu deixei !!!
terça-feira, 24 de abril de 2018
Hoje viajei dentro da madrugada, sonâmbulo,
deambulando entre dois mundos, sim!!! Aqueles mundos que enquanto dormes, invadem
o nosso corpo, deslizam pelos lugares recônditos como quem os quer iluminar na madrugada...talvez
seja apenas um eco de loucura sem contornos... Mas!! A escuridão é assim,
alimenta as fantasias mais inconfessáveis...tudo acontece numa dimensão onde a
razão está entorpecida...Escutamos palavras que ninguém disse, como quem
atravessa uma fronteira em clandestinidade, cheios de pensamentos
disformes, como um traço no horizonte de infortúnio atravessa a distância que nos
separa do absurdo. Há quem enlouqueça a olhar o mar, vendo os barcos sangrando
sobre as costas, há que encha a boca de silêncios, na míngua de alegria, como se uma
noite inquieta ardesse nos ossos deixando as aves segredarem
ausências sem recuo. Não há silêncios legítimos, para calar os medos, apenas
há dias que se tornam intrusos de vida, nada é gratuito, a não ser a
espera, de mãos entreabertas …deixem-me estar, recuso-me a ceder por dentro do
sonho. Recuso-me ancorar o meu rosto num lugar comum, neste contrabando de
afetos…
segunda-feira, 23 de abril de 2018
Hoje irei fazer-me
nómada da noite, entrando dentro do coração deste texto, com todos os amores que sonhei… Entro dentro deste
texto, como quem entra num corpo carente , que estremece no meio de beijos que deslizam pelo corpo imóvel…Dispo-me
perante os olhares que incitam os meus desejos... Só, escrevendo, perco-me em lábios
que inebriam os meus arrepios na doce magia que deixa o meu corpo como uma
praxe de amor perante o imprevisto completamente abandonado… Perdi os filtros,
do que escrevo hoje… Escrevo de alma, fazendo as palavras voarem como pássaros
sem rumo, mas assumo!! Assumo, que tudo o que me acalma é derreter este suor, é sorrir
sem deixar escapar emoção, é dividir as entrelinhas pelos desejos, é sentir
sensualidade sem deixar ela turvar os meus sentidos e a razão…Gostava de
conseguir, deixar de procurar, num corpo a sensualidade que não lhe pertence,
queria saber o que me faria sentir se não a procurasse, e apenas sentisse no
meu silêncio as obscenidades que alimentam os meus sonhos… Hoje apenas queria amar
sem fantasiar , sem “penetrar” nas
palavras a inocência da descoberta! Queria que os orgasmos não tivessem nome, nem objectivo, queria abraçar, emocionar-me e arrepiar-me sentido apenas as saudades
do futuro… Queria apenas palavras como
dantes, que o tempo apagou-me das mãos!
sexta-feira, 20 de abril de 2018
Hoje escrevo no silêncio com o olhar e com a
arte de quem sabe o que procurar, mas, com a volatilidade de quem não se deixa
encontrar... Hoje sou apenas um homem e o meu caminho, ficou invertido nas asas
de um anjo!!! Hoje fui ao baú das minhas energias, esgotei-as e deixei-me
deambular por labirintos míticos, onde os meus passos ficam desenhados na capa
do livro que escrevo! Tenho dias que chego a acreditar que a minha alma exerce
um magnetismo que atraía a mim outros espíritos...É essa força da natureza que
se manifestava na capacidade de por nas palavras os sentidos certos, que,
fecham e saram as feridas. Poderão até vocês dizer que tudo isso é uma utopia,
que nessa vaga de mim, tudo o que não tem chama apaga-se, deixando apenas o
fumo pelo espaço vazio viajar… Enganam-se se assim pensam!! Quando falo de
sentimentos não falo em quantidades, quando falo de sentimentos, simplesmente
transcrevo aquilo que me mete medo! Ou porque seja um reflexo de mim mesmo, ou,
porque temo que sentimentos não passem de uma utopia da minha demência…
Pergunto-me, como podemos tocar o ar se não o vemos? Será que tocá-lo é colher
a brisa quando esta se desloca para um outro lugar? Bem, eu até sei a resposta
mas fiquem descansados eu sei bem que construo castelos no ar, que crio ilhas
de inverno nas primaveras dos Outonos tardios… Sei bem que, se agora colocar os
pés no chão, era admitir que perdi a razão, que agora que entrei dentro dum
sonho, não quero acordar… Então vocês amigos me dirão , que um cadáver não pode
ser salvado pelo menos neste mundo factual onde a realidade é o cutelo que
retalha os sentidos e os formata em padrões predefinidos...
terça-feira, 17 de abril de 2018
Hoje
sinto que muitas vezes fazemos com que a vida acerte passo com a corrente constante , só assim o
tempo parece parar , só assim parece o silêncio poder ouvir-se …Flutuamos à velocidade com que nos movemos e desprendemos das margens , sincronizando o
nosso céu com o deslizar lento do cair da noite ao relento…sentimo-nos sós e
não o digo de uma forma triste, não sou uma pessoa que acumula amigos ou
aprecia multidões, acho que tenho mais jeito para palavras, muitas vezes penso
como seria maravilhoso conduzir relações no papel! Hoje não cabem no tempo,
todos os verbos que já aqui conjuguei, neles, retive cativa a pressa que o
mundo tem! O que me resta , é a voz rouca repetindo palavras gastas, olhar desgastado, envelhecido, opaco, que
tanto tempo insistido em não ver...
Resta este homem cansado, este sinuoso caminho e um destino distante demais. Do
sonho, nada resta, afinal!
segunda-feira, 16 de abril de 2018
Hoje
trago nas mãos a nudez das palavras que não se formam em mim! Como um sabor proibido, recuso meras definições, românticas ou entoações a pautar o ritmo
das minhas palavras. Fiquei
retido, cativo, de outras falas, onde as letras perturbadas descem a
montanha na vertigem da lua que se esconde, em plena ausência do céu…Há
desertos a criar feitiços de desejo, há sombras Iluminadas
pelo lume dos lábios, que revelam desordem do ângulo raso côncavo em redor dos
olhos! Deixo o olhar despenhar-se na
alucinação das estrelas em cio, percorro o labirinto dos contrastes, partilho com os deuses o vinho dos desejos,
como se uma dança ou movimento me assaltasse a idade nas noites sempre adiadas…Eu já
coloquei a minha boca num manifesto poético,
gesto indizível, com excêntricos suores nas palavras que geraram a
perversão do maior desafio que o silêncio me poderia provocar…Mas!!! A encenação
desse mito apenas me deixou entre o fogo dos corpos que a noite vai reacendendo
na sombra ….Vou voltar todos os dias a esse sonho apenas para colher meros indícios
que o silêncio vai repetindo no meu pensamento…
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Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

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Hoje até podiam sentar-se na minha cama e contar-me mentiras... Que o amor tem a forma da minha mão ou que os meus beijos são perguntas qu...