domingo, 10 de fevereiro de 2019

Hoje em dia eu cultivo a palavra, a mensagem, de todos os que me trouxeram até este lugar onde fiquei inerte. Sou o mensageiro, aquele que fala em nome de outros e em nome dos seus silêncios, sou aquele que pronuncia o que lhe foi dito, que escreve o que já foi sentido e ainda é... Mas, meus amigos, nada sou mais que uma folha de papel, pedaço em branco sem existência que apenas carrega a cor da tinta que alguém em mim imprimiu. Sou o silêncio, porque não falo com a minha voz, sou o anjo porque não sou salvador, apenas protector, apenas o que fala em nome de outro!!! Este não é o meu caminho, mas o trilho que percorro, algures no tempo, alguém me instigou pelo objectivo de atingir o meu… O meu lugar! A minha eternidade. Estes não são destinos, são momentos que em vão percorro, e enquanto o faço, vou arrastando aqueles que me escutam, que me seguem, que me lêem. Das palavras faço os sentidos que se propagam por tantos destinos, por tantas almas que, como a minha, são gotas de luz … Não temo a noite porque ela dá as estrelas que me hão-de conduzir ao destino, não temo a luz porque ela é a porta, não nego em falar sobre as imagens que guardo em meu coração! Se carrego alguma dor ela provem do inicio e não do fim das palavras…

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

 Hoje Estou longe mas em pensamento , consigo estar perto demais da minha pequena caverna escura onde me sento , agacho e me acho! É onde me perco nas vozes das silabas das palavras, onde me sento junto a um fogo,  já que do meu,  me canso por tanto me acender nas lágrimas narradas de histórias sem fim…Mas hoje calo-me. Estou longe, apenas me apetece o grito, do vazio, esse infindável e tremendo ronco de dentro que ecoa por toda a parte de nós! Resvalam  avalanches na pele gerando  inquietude nos passos… Mas sinto saudades, daquele manto no areal construído pelas brisas que outrora me iluminaram o sorriso. Aqui não  há areal , nem marés, nem brisas…Ainda agora cheguei e já estou impaciente por voltar, encontrar a estrada de retorno deste caminho que me fiz na estrada …Estou longe ! Calo-me para deixar o silencio ferir , sei que ele comunica muito mais, nem olho, os olhos caem de mim como punhais  que deslizam sem fim sem saberem para onde ir…Tudo é falso na tribuna de honra , a pele fica seca como um andor que serviu para promessas de honra esquecida . Enquanto aqui estiver, vou apenas varrer a memória , tingir a fome com os versos do passado entre penedos e enredos,  onde as palavras não podem unir nem deixar o amor existir…

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Hoje deixei cair na terra a vigília  da noite. Escutei a cor do choro, perante  sonhos vãos. Nem no perfume resiste  ao cansaço da voz que me ferve nos poemas feitos de trovões. O  estrondo das ondas nas rochas pintam de espuma a atmosfera assim como o caminho no horizonte que deixei! Para quem acredita na eternidade, ela não tem morada…Ora esta no peito, ora na agenda, escondida num rascunho, onde os gritos soltos ganham vida, fechando os olhos ganham cor, mas!! O que fazer, o que pensar, o que sentir, o que encontrar, o que libertar, o que aprisionar , o que cuidar, o que inventar, o que perder, onde ficar, onde existir..?? Meus lábios derretem paredes , num pedaço de pele,  o calor se desfaz na acendalha que alumia os meus passos neste silêncio que serve-se de résteas de sonhos , magia, de versos deitados ao acaso como cinza na minha identidade perdida na eternidade…

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Hoje deixo na foz deste meu olhar, as sementes de ternura e prazer,  porque só existo nesta essência de ser jardim quando o tempo me faz voltar a nascer, sempre que regresso de novo a mim desta viagem pela retina que a córnea esconde da íris dos meus dias… Todas as vidas podem ser um poema eterno que se canta  entre os sonhos e a estrada que os liga ao real! Há cores que a pupila deixa passar nestes labirintos, que desfolham as cores da  paisagem na inquietação dos passos interditos que o amor inventa e deles faz uma canção…Na vida não há morte de sonhos, isso é uma mentira, existem sim sonhos que se desfazem nas mares,  mas ressuscitam na espuma dos dias a cada recuo entre os tempos da praia mar…O meu nome desfaz-se nos ventos, no enlaço e cada momento, o meu destino inquieta a procura, na deriva entre a dor e o vazio! Desenho nos meus dias a canção dos silêncios, que, afogam o embriagado sabor dos roucos, na tatuada pele de todas as historias que escrevo… Forte em mim é apenas os rumos seguros mas incertos de uma ceia que se sirva pela noite fora…Não pensem que escrevo para mim, a todos os que pensam que sabem , e aqueles que tentam adivinhar, apenas digo que escrevo como alguém um dia disse: "escrevo para fora de mim"...

domingo, 27 de janeiro de 2019

Sabem!!! Eu hoje sei que todos trazemos escondidos na alma, pontos obscuros , inconfessáveis , que o sorriso de ocasião tenta camuflar . Todos Vocês são como eu , carregam um sorriso numa lágrima e escondida bem no fundo da gargalhada uma vontade dissimulada de chorar . Fiquem sabendo que todos escondemos na nossa alma pedaços de fantasias mortas, bocados de sonhos jamais confessados esperanças mortas , vestidas de branco . É no olhar escondido brilhante que temos as lágrimas retidas de um pranto que não ousamos deixar correr … Nada nesta vida é preto ou branco nem sequer o cinza ou mistura das duas cores, cada pedaço da alma , encerra tormentos , tristezas e desamores. Temos um sorriso perpétuo tão perfeito e social que enterra no seio da alma os medos que carregamos as dores que não mudamos e toda esta bagagem de sentimentos que nos fazem na vida calar e deixar o silêncio falar ao coração com uma linguagem que não se expressa pois há emoções que não sabemos traduzir assim como as insónias não nos deixam dormir!!!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Hoje assisti ao desmaiar da força do mar, quando uma onda se desfez contra o areal… Esta, abraçou, a terra e os restos da areia, que a arriba deixou cair no abraço eterno das horas…Os ventos  passados deixaram  poemas espalhados na ternura imensa que a espuma dissolveu no cansaço da maré em semente!  Ao assistir ao seu declínio , senti-me um vagabundo por não conseguir transformar o tempo em algo ainda mais profundo e penetrante que fizesse essa onda vingar…Senti que o desmaiar dessa onda, era o abraço de uma amante da arriba  que ao fazer-se noite, se fez mar em mim… Mas os deuses deixam-me confuso,  sim  deixam… trocam as marés fortes em mim, recuando sonhos interditos,  levando as vagas que amararam no meu olhar, deixando-me refletindo grãos de areia que jamais passarão a algo mais… Escrevo aqui agora nesta noite, os cheiros dessa erosão, que sobem com a maré , neste rio sem margens, na ternura de todos os passos que me levam mais até à sua foz neste poema eterno,  que cobre o meu rendilhado olhar, nos labirintos desmaiados que estão para nascer!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Hoje vou bater a porta, como quem atira um suspiro para o ar...É no peito, que esse,  arde em cada segundo que, mesmo chorando se conforma e fica retido!  O que resta de cada segundo,  gritos, que toldam os  sonhos, cacos de aflitos que rasgam os sorrisos medonhos no desassossego registado em gestos que se movem no ato de fechar as portas! Há quem morra de vez e outros teimam em morrer lentamente  pintando telas que os sonhos as desfez. Guardo passos, que sustem esse manto da vida, poemas dos estilhaços, que vou fazendo navegar entre o horizonte perdido e o olhar à deriva para de novo existir... Sei do tempo que me escapa , a cada silêncio,  isso me inquieta em cada etapa que me contam como sonho…A vida escorre por entre suspiros e respirações que nada nos socorrem,  há caminhos que nos cruzam  há labirintos de gente perdida que nos acenam, já não me espantam nas mentiras que escondem da hesitação …Não peço que me contem as vossas realidades, deixem apenas de prostituir as minhas  … Prefiro  a eternidade que os sonhos me deram, nela,  vagabundeando pelos céus , serei sempre um grito que entoará no espaço onde jamais me deixarei dormir sobre a terra a sorrir , jamais… Prefiro fazer de cada estrela uma tela, e nela vestir mundos  na respiração dos sonhos e desejos, deixar de vez todas as palavras ficarem vazias…Sei que nem sempre é possível , mas enquanto os meus dedos se molharem no silêncio do meu grito eu irei reflectir na minha Alma os cheiros dos meus sonhos…

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Hoje regressei ao cais de pés molhados,  de olhar despido, Comecei a escrever uma história que rompe-se a cada tempestade, como um eco na eternidade…Deixo o meu sorriso cheio de tempo e verdade, que cultivo em canteiros secretos onde brota terra de jardim,  germinando as flores  onde descansa o meu coração cansado…Semeio verdade, nunca me esqueço das janelas e dos laços,   espero que o mundo me aconchegue na ternura do meu cansaço e os sorrisos sejam punhos  na alegria de lutar… Neste meu caderno que aqui partilho, existo mais do que em pensamento e rascunhos, mas é na ponta da caneta que os meus dedos se tornam corrente que me transportam para longe , longe demais, onde as palavras gritam silêncio, nesta caminhada que se tornou prudente , instigando-me de maresia como se esta,  fosse parte integrante das correntes que descansam no areal de todas as marés … Fico por aqui, nessa maré entre o refugio e o abraço  como se  fosse um cais …

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Hoje Lembro-me como se faz amor na pele da amizade. Lembro-me dos dias a passar e o tempo que temos. Lembro-me do copo cheio e do copo vazio depois do silêncio que se estende como um manto... Mas!!! Lembro-vos que o labirinto da noite pode ser de luta de descoberta de toques do acorde preciso em cada verso novo ou repetido! Sei que há caminhos que nos fazem  escavar a ternura como se fosse terra, sei que há estradas nas falésias e curvas, paragens precipícios que levantam a pedra e o pó do caminho. Há quedas na vertigem, há rugas nas nossas memórias, sossego, que geram inquietações nas letras que tem cheiro como flores na embriaguez das vozes deixando fotografias em livros… Só eu sei hoje como passa a família ao perder as vozes do desejo calado. Hoje há  veias de sangue  no rio de outras fundações, mistérios do mar dentro do peito como uma autentica arca de segredos no adro da Igreja sem cruz …  Nasce a Lua põe-se Sol desenhado no corpo do pintor que se pinta como poeta de textos tão seus como projectos no muro na liberdade. É essa liberdade que me faz colorir esta pagina, deixo a minha pincelada com o coração, que não esquece porque esquecer é perder e perder é não ser, é deixar de estar diante dos silêncios onde surgem as palavras, que se eternizam na parede como tijolos de cimento num edifício que fica lado a lado com a escuridão dum mundo de gente a passar… Hoje o céu cobre-nos no germinar de sensações, onde ninguém dança , ninguém canta , ninguém pinta , ninguém escreve deixando os gritos dos aflitos perderem-se no terrível choro da solidão onde o silêncio se desenha palavra por palavra…

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Hoje olhei para o Horizonte , que se apresentava orvalhado, branco , calmo como o lugar que me tem feito tanto silenciar, é esse silêncio que tem sido a manta do meu cansaço. Como um canteiro de trilhos, planto a minha voz no som do correr dos rios, fico assim expectante, que o rio possa reflecti em mim o seu reflexo, posso talvez assim  deixar de silenciar a busca da foz mais alem do olhar…Não quero adormecer… Não quero fechar os olhos no sorriso dos traços de um verso, prefiro ficar numa historia que nunca vai ter um fim, posso voltar de novo a ser uma lágrima ou semente mas quero ser eu o meu grito, quero ser eu a sentar-me na noite como um pedaço de chão e receber o frio que acolhe cada suspiro de inquietação neste mundo feroz que sente cada silêncio de paz , como um mero atentado…Hoje vou esperar , que as sombras tragam a luz dos sonhos através desta corrente que o rio leva contra as minhas mãos e as aperta,  fazendo lágrimas delas verter ...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Hoje escrevo  na saudade do espelho desta luz que me sorri , sinto a corrente na minha pele em todos os olhares, percorro as palavras, plantadas pelos sonhos e pelos lugares, onde a voz ecoa,  no dia que hoje abri! Escrevo nu, como um rio solto no cimo da colina, escrevo como a água fresca da fonte, escrevo tudo porque só assim sei ser… Há dias que a ausência é mais forte que as palavras que nos correm pelas mãos…Pergunto-me em silêncio pelos meus medos, do frio, do mundo, de mim mesmo, mas não sei responder… Acho que as respostas estavam nas pessoas que amei e nas que  amo, porém ninguém pode dizer que foi inteiramente feliz,  mas fui feliz quanto baste para desejar o futuro … Hoje tinha um sonho, como todos vocês, esse sonho fez-me lembrar dos beijos que desaguam em mim de cada vez que uma lágrima da vida me envolve…Desculpem , mas tem dias que as palavras são beijos e outros um punhal…

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Hoje começa um novo ano e talvez seja  um pouco tarde para começar a revolver os meus pedaços ou até mesmo cedo para os deixar partir! Quando o ano novo serve de saída para mais um ano que nos desgastou,  danificou e fez com que a nossa face deixasse resvalar a dor no olhar, então, não podemos ignorar que aos poucos nos fomos afogando, em falta de noites bem dormidas, e repletas de sonhos inquietos...Desculpem se pareço assustado, mas fico assim quando deixo as minhas filhas irem... Como se as perdesse e não fosse digno de as continuar acompanhar...Ainda assim prefiro ficar me sufocando com as minhas más decisões do que ter de as carregar para o meu túmulo ... Meus amores vocês estão sempre na minha cabeça , sempre...Não é que o ano novo venha concertar as minhas cicatrizes, ou que o espaço vazio do lado esquerdo da minha cama , volte a ser ocupado, não não é por ai! Alguns conhecidos passam apenas a ser estranhos, então digam-me qual vai ser a diferença este ano, será que ficarei apenas com mais uma sensação de afogamento?! Parece que caminho no oceano que agora aqui desnudo, não  remédio para lembranças vou continuar a ser o mesmo,  passando depressa por onde começa a razão do meu viver, escondendo o passado como um forte condenado, tentando viver com o que sobrou da festa deste eterno querer que arrepia e me faz  sonhar pelos cantos.... Continuarei a recusar-me ser um "assassino", serei antes a cura , para sempre eu serei aquilo que vocês quiserem acreditar : posso ser a chama, a sirene , a porta o vilão, a metáfora , aquilo que quiserem desde que vá abrindo pelo menos o caminho, posso ser a dor, o pecador, aliás tudo aquilo que quiserem acreditar ...foi um ano difícil amigos, confiem em mim, pode haver anos sem amor, anos que nos abalem os maiores pilares: Fé, integridade e ambição. Acreditem ou apenas olhem-me nos olhos, digam o que vem , se um autentico paraíso ou apenas um oceano rasgando-me o olhar... Quem me dera isto esconder  , mas eu não quero fingir apenas continuar a acreditar  desejando-vos um 2019 cheio de cor e trajectos concretos.

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...