segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Hoje desafio as sombras no silêncio de mais uma noite onde, há versos nos meus dedos que se diluem no tempo... há o ontem, o hoje e expressões sem rosto de um amanhã… Hoje em mim abre-se uma imprecisa fenda e no sóbrio fulgor do amanhã é o mar que me abraça, e as suas raízes que prendem-me à terra… Elas não falam, mas empurram-me nas sombras. Sustenho os meus gritos, e como uma árvore , crescem-me os braços, onde há dor nesse silêncio de tantas luas, onde o sangue pesa-me no corpo, e , fervilha como a cal ardente, rebentando as folhas que cobrem os meus galhos… Hoje a boca acordou seca com palavras meias loucas que suportam o fogo ardente da mão inundada e listrada de tanto desenhar os sonhos…Mas acordo e a manhã apaga os passos do silêncio únicos da presença de um rosto, uma sombra triste e frágil esboçada na ânsia do sono… Continuo com sede e quebro as palavras que cantam no eco de um tempo sem nomes. Não posso aceitar apenas uma imagem desfocada de um corpo indefeso nem a música que grita no teu peito enquanto neva no inferno da minha alma caminho sobre cal caída das paredes sujas de palavras…É um fascínio sonhar!!

 

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Hoje e agora os meus olhos tremulam na escuridão, desmaiando na noite que cerrou, e embaciou os céus , enquanto a maresia envolveu-se nas águas paradas onde a concha que me encerra , me abandona em troca de grãos de areia que sem alma se vão arrastando pelas margens … Estas águas espelhadas, não refletem em mim as vozes, os risos, os minutos, que o mundo desenha…Meus ouvidos pousam na noite dormente , como uma ave refém, na escuta dos batidos distantes  dos passos que caminham no escuro sem alma, são estes os viajantes que voltam pouco a pouco, num regresso que é um poço onde jazem muitas historias. Uma arvore que tem muitos frutos, um mar de muitas ondas, um silêncio com muitos gritos, um céu de muitas nuvens, um coração de muitas explosões …Um regresso é sempre um poço de solidões! Há que diga que é um dom, ou um talento, mas eu apenas desejo me expressar e quando não escrevo , sinto-me completamente vazio…SE me falta a inspiração , emocionalmente me fragmento , fico sem chão, se falo de amor e paixão é porque isso me preenche o coração! Sinto-me carente quando não escrevo, e o que escrevo é puramente humano, somos emocionais e cada palavra é um puco de paixão que vivo…É nas palavras que vou bordando a magia que o tempo me roubou, é nesse momento que a ampulheta do tempo me faz desfazer os contratempos…Se ao menos eu conseguisse dizer numa só palavras o como pode ser grandioso sussurrar nas asas do vento,  eu então refletir-me-ia na luminescência  do luar não pelas palavras sucintas que muda o tempo  mas antes pelas  que mudem o mundo! Quando escrevo sinto que estou em queda livre, é ai que  me vou segurando a tudo o que acho seguro, rejeitando a estrada que não me leva a lado nenhum ... Vou rejeitando esse caminho , escutando os trovões , gritando com eles como se esse fosse o meu ultimo suspiro, vou colocar a minha armadura e enfrentar esse novo ano que me deixa suspenso! Estas são as palavras amedrontadas que hoje chega até mim, são tão precisas que morrem como estrelas na nudez das minhas mãos...Que o foco do seu final ilumine esta avidez...


segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Hoje é o caminho ruidoso que descarrila sobre os nossos sentidos e que os leva a lado nenhum...Este é um artifício criado por uma necessidade de disfarçar o vazio permanente. Assim, no decorrer de dias cinzentos e frios, escondemo-nos as horas planeadas, numa ansiedade medonha. Fingimos sorrisos e abraçamos o nada, aquele que nos une a uma vida que esquecemos um dia numa qualquer esquina labiríntica do passado. Perdemos a autenticidade e vivemos por entre o ruído e a pressa, esquecendo que a paz pode haver no silêncio...Só essa paz, tranquilidade interior, nos pode alimentar o espírito, devolver aquele sorriso náufrago de verdade e fazer de nós pessoas melhores a cada novo amanhecer. Nesta acrobacia veloz, em que se procura um equilíbrio saudável entre o ser e o estar, somos forçados a estabelecer prioridades, a destronar o superficial e o momentâneo. Coloca-se-nos o  de sermos maiores do que a própria existência e levitarmos acima de tudo o que é circunstancial. O desafio de não nos deixarmos corromper pelo tempo e pelo desgaste da escuridão que por vezes se instala. O desafio de conseguir sentir a felicidade nas secas migalhas dos dias. Nesse momento seremos muralhas superiores ao próprio tempo e espaço. São breves os momentos que nos anexam à vida que tantas vezes rasuramos sem pensar que o amanhã pode nem sequer existir mais...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

 Hoje penso que é quase  impossível definir o amor de uma forma mais precisa, é obvio  que concordarmos de que se trata de um desejo,  ardente de vermos a pessoa que gostamos feliz, independente de circunstâncias que nos são impostas serem ou não as mais favoráveis ! Daí tratar-se do mais sublime sentimento , já que não visamos recompensa alguma. Gostamos e pronto! É ai que a poesia se difunde como uma voz da alma no seu tom mais audível. Gostava que percebessem que um começo afetivo até pode durar uma eternidade, mas para isso acontecer esse amor, essa paixão, essa verdade tem de ser grandiosa para costurar as cicatrizes de uma vivência anterior que se tenha transformado numa mera etapa de um percurso…Acredito que quanto mais honestos sejamos, mais fineza usaremos no trato mutuo e é isso, que une a mais admirável voz do caracter para com o próximo. Há quem diga que sou estranho,  acredito que são os deuses que aproximam os seres uns dos outros, assim como são os rastos de luz que me fazem escrever as brisas que me vão sussurrando nas mãos e me fazem derramar os sentimentos das intenções mais iluminadas ! Amar é um privilégio e um constante  aprendizado indivisível que entra em forma de luz nos corações , gerando a paz e a harmonia…Uma vivência de Luta em todos os sentidos, que esculpe as ações mais justas e peneira a rudez e o egoísmo um feliz Natal 

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

 Hoje os Pés andam ,  nus sobre o asfalto, assolado pelos vendavais, que refletem os cabelos ao vento no silencio agonizante dos mortais. Estende-se ao longe uma luz de sonho, como um manto envolto pela desarmonia …Sacudida a espera lenta pelo sopro da certeza, firma-se os pés na clareza do caminho que se abre retilíneo traçado pelo esquadro do destino em passos descompassados de declínio! Talvez o mundo esteja a fazer o pino e por sua vez corra com a maré-cheia. Isto tudo revela a dança da lua, louca e breve, onde se junta o sol encoberto no meu olhar, abandonado à sua sorte …Quero caminhar de vagar, muito devagar, sem pressa , sem meta, somente andando no ritmo que a escuridão impera! Tenho vontade de andar de vagar, sem  embaraçar, sem pensar na vida, sem pensar na dor, apenas sonhar e voar…Em Janeiro já há saldos, quanto custará a felicidade? Um montão de sacrifícios certamente, e amargura…Quanto custará a felicidade, uma vida? Um Caminho? Um olhar? Apetece caminhar devagar, somente com a minha alma lado a  lado, só esta hoje me escuta enquanto o meu coração bate por fechar os olhos a esta luta…

 

sábado, 12 de dezembro de 2020

 Sei que já houve um tempo, em que as minhas asas foram vento, em que os meus silêncios foram canto de embalar e que vos elevaram a alma e vos fizeram sonhar. Nesse momento, a minha essência libertou-se, abandonou o corpo à sua sorte e ergueu-se no infinito céu onde busco uma estrela nesta noite profunda sem fim. Lembrem-se dos mundos distantes que percorremos nessas viagens deambulantes onde misturamos as cores do arco-íris para pintar as histórias acabadas de sonhar, em tintas frescas que repousavam sobre as telas deste mundo de encantar que tanto sonhamos... Esses eram tempos em que a vida tinha as suas ambiguidades, em que entre muitos de nós não haviam saudades porque sempre nos fundíamos num só corpo, numa só brisa, nesse instante dilacerante que o mundo nos fez passar de noite a dia. É deste alimento que vivo, neste vácuo constante onde me fecho, onde oro, e choro o sal das minhas lágrimas em poemas dessincronizados, desprovidos de fragrâncias. Um dia hei-de voar de novo, por entre os destroços do meu corpo, feito sopro de vida que se ergue do abismo sobre uma praia sem espírito. Estou farto de ser ilusão, esperança e mensagem , deixei de sentir o meu coração, quero alimentar alma com a vontade de seguir a diante, de ser gente e viver o que vida me deixou para os últimos dias ...Não podia por aqui passar sem rasto deixar... olhem parta trás e vejam o que eu deixei !!!

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

 Hoje é nas entrelinhas de um prazer secreto que me reencontro , esta herança que fica da espuma dos dias desdobra-se em rascunhos e letras... Reencontro-me nessas palavras coladas num post remetido a um universo distante sem leitores. Reencontro-te nos sorrisos que não toleramos e nenhuma máquina fotográfica regista na sua essência. Reencontro-me nessas lembranças quentes, quase cópias exatas do ontem que ficaram perdidas  entre mitos de hoje. Reencontro-me nessas pequenas partilhas que cabem numa caixa de papel. Reencontro-me na memória auditiva de uma gargalhada profunda e continuada, nesses reversos do passado de uma noite quase silenciosa, inquieta pelas letras que se derramam de fora para dentro. Sinto-me esvaziado, mais pobre até. Todavia, ultrapasso o impacto dessa primeira perceção, por isso nunca mais paro de escrever, percebo que nesta vida tudo não passa de um texto inacabado num livro branco, como aquele que existia antigamente nas escolas, que passava de mão em mão e cada um rasurava um suspiro ... este foi o meu!

terça-feira, 24 de novembro de 2020

 Hoje o silêncio entre duas pessoas deixa de incomodar quando ambas se conhecem e se amam plenamente! E esse pseudo silêncio que  invade o território escondido de cada um, já que o vazio das palavras assemelha-se a um oceano profundo de segredos. Que  posso pedir? bem!! leiam apenas a minha mente não queiram a minha  voz para saberemcomo me sinto, o que quero, o quanto  desejo. Apenas leiam. Decifrem o silêncio que  desamparo nesta sala negra, sozinho, só o silêncio...os meus olhos desnudam numa esquina o olhar das  confidências silenciadas que as ruas da amargura despertam. Essas ruas onde o silêncio naufragou com a beleza da entrega de um simples olhar...  Fechem os olhos e auscultem o sussurro da respiração, o pular frenético do coração que  acompanha-nos em cada passo. O silêncio, apenas o silêncio. Não o acorde de uma melodia perdida nas malhas do tempo. Não o suspiro desprendido de um corpo feminino abandonado. Nem o bater vitorioso das asas de um pássaro que combate o medo do primeiro voo. O silêncio. Apenas esse e não o sapateado das vidas que nos rodeiam. Nada. Só o vazio. Só o eco dos nossos corações que bombeiam o desejo e segue esse  silêncio, que entre, o que, foi arquitetando uma barreira inultrapassável  sustentando uma ponte, entre dois mundos á deriva do olhar..... o silêncio é um misto de sentimentos que transparece as mais sentidas declarações , os mais puros e inocentes olhares, e é no silêncio que se escuta a voz do outro , o murmúrio do coração alheio...é no silêncio que nos escutamos a nós mesmos no eco da voz da consciência…

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

 Hoje o silêncio acaba por entrelaçar nas mãos a sensação de vazio. Como se fosse uma bagagem espalhada no chão com a armadura a arder deixando as mãos vazias despidas de mim mesmo …Somos feitos de desconstruções, de dias cinzentos…Escrevo sobre a busca de  identidade, uma constante procura de palavras mais especificas,  de pessoas que nos fazem falta, pessoas que não nos façam sofrer. Há vocabulários para quem  não ama , há bibliografias de quem morre por amor, há suspiros paradoxos, há tardes  tão vazias que deixam  no corpo a certeza de uma solidão planeada.  Na calada da noite fica a certeza de não existirem muitos amanhãs, há sempre o tempo que é tempo e uma vida que não é vida…Hoje até não está frio, não sinto calor, mas!!!  transpiro as cores das estações, verto-me  numa prosa fraca, na  poesia de quem não é poeta e música de quem não dança….Não deixo os meus  restos para  ninguém, converto o  abstrato de todos nós enquanto, arrumo os adjetivos fáceis …E omito!!! Faço nascer no estômago a revolta e no coração a  flor que não brota! Desenho jardins sem corpos,  corpos sem amor, uniões sem prazer, quando o único prazer é não existir união...Deixei cair  a bagagem no chão das pessoas que vivem para mim,  afogo-me na fonte desse olhar, onde só existe o cheiro do sonho e nada mais…. Esta  desconstrução pinta-me o olhar  da recordação  do amor em abundância, na ingenuidade de quem nada viu em  mim , de quem passou por cima,  na ansia daquilo que eu não sou!

terça-feira, 17 de novembro de 2020

 Hoje ganhei coragem a meio da noite, com o som da abertura das portas onde passa a alma !!! Senti o universo, o tempo onde fluem os sentidos como quem  invoca os céus ...Desistam eu não sou profeta, nem teria tal pretensão, apenas a energia que emana de mim flui nos  sonhos... Recrio-me numa imagem pálida de luz que habita em muitas dimensões .As minhas letras são vozes que se propagam no vazio inconsciente dos meus dias e a minha voz é uma melodia que se inventa em cada nota tocada...Escutem!!! Mas, não ousem em extrair a essência ao que amam, sob pena de obterem algo insípido, desprovido de sentidos que pode ser tudo, ou será já nada... Parem ! Deixem-me ficar, guardado para sempre nessa caixa secreta, onde guardei os meus escritos mais sagrados, deixem-me ser o perfume que emana da pele quando já nada mais reste de nós a não ser o brilho da aura invisível. Só assim não deixarei de estar presente quando me queiram. O corpo é vago, vive por toda a eternidade está naquilo que guardamos e não naquilo que tocamos. Hoje foi assim a minha noite, esperei sentado a esse portão horas,  cruzei o meu mundo, parei numa jura no local onde não apareceu a minha busca ... lutei com todos os fantasmas, sem poder fazer mais nada...Tenho no peito o tamanho de uma prisão, e foi apenas estas palavras que deixei cair porque sonhava com um anjo com um Anjo, esperei , esperei, olhei o céu e só ai CRUZAMOS OLHARES! Baixei o olhar e fechei a minha porta ...

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

 Hoje de noite vou sentar-me no rebordo da tua cama, e nas mãos irei levar palavras para te sussurrar enquanto ficar ali quieto, a ver-te pairar sobre os sonhos, ficarei enquanto o teu corpo levemente se resguardar do fresco da madrugada no meu manto . Leio-te em silêncio e transcrevo os teus suspiros, em sabias brisas ancestrais que em ti projecto sobre o teu manto. Sinto que neste meu acto de contemplação, não só velarei o teu espírito, como embalarei os teus sonhos. Hoje Sentir-me-ei guardião, protector… Quero sentir que com os meus verbos degolo as ameaças de pesadelos e afaste as criaturas das trevas que sempre tentam os sonhos de quem ousa sonhar!!! Não, eu não sou o exemplo de homem ao qual possam de chamar anjo, muito menos terei laivos de alguma santidade o que me move é esta profunda e sentida fé no Espírito, na Alma e na bondade com que nascemos aos pés de nossas mães. Acredito piamente que a luz que nos habita à nascença pode ser mantida e alimentada ao longo da vida, mesmo que esta perca o foco em alguns períodos… Sem querer fazer profecia ou até mesmo ser pregador ou ilusionista das palavras, defendo que há entre nós laços que falam no silêncio da noite. Creio que eu te protejo mesmo sem estar perto , e tu a mim …. Sei que não sou a sabedoria do poço mais fundo do teu templo mas tenho a certeza que o tempo em que estamos com aqueles que nos querem bem é sempre um tempo ganho nesta vida…

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...