terça-feira, 20 de julho de 2021

 Hoje eu tenho a certeza que cada um de nós é como um livro que desfolhado, conta a própria historia do inicio ao final .  Já o nosso corpo é, apenas  uma casa onde a nossa alma habita nesta passagem pelos vivos, partindo apenas quando  não couber  mais nessa casa, como se quisesse começar uma nova história, um novo livro ,  que não será aqui, será num outro lugar , se esse lugar existir… Já pesaram que cada dia que passa  pode ser tudo que nos resta para viver?  Eu realmente não sou um bom exemplo de vida , desperdiço o tempo como se ele fosse infinito, e digo-o, talvez porque existir para mim seja apenas uma circunstancia que me foi imposta. Eu não pedi nada a ninguém , nem fui inquirido nunca acerca da minha existência! Mas!!! Estou aqui por muito que muitas vezes tenha vontade de rumar para bem longe daqui…Para longe do que sou, para longe de  mim…Seria tão bom , conseguirmos sair sem destino, mas …Não fui inquirido, mas fiquei com obrigações que me seguram a este lugar ! Nem dá para sair um pouco dos escuros das noites,  dos problemas, das angústias... Hoje, gostava de sentar-me á beira mar e olhar o céu contado,  ao mesmo tempo as estrelas, mas humanamente isso também não é possível , nem sei quem as criou para lhe agradecer a beleza criada ! Não há mesmo uma forma possível de eleger a estrela do céu mais bonita, nesta existência ao mesmo tempo tão imensurável como o infinito em que me deixo perder… O mundo está uma rebelião, como posso entender que ao mesmo tempo que este céu lindo que me cobre seja o mesmo que vê um mundo doentio, de valores, afetos, que não dignificam a bravura e a fé dos nossos antepassados …Enfim , estou aqui e adorava ao menos ficar á deriva no meio do oceano apreciando esse momento único onde tanta estrela brilha , não sei se para me iluminar o olhar , ou para se despedir deste mundo que se afunda … Pergunto-me a mim mesmo , invocando os Deuses se as brisas e as estrelas que brilham são ou não uma tela viva pintada por Deus!

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Há pessoas que se amarram a nós envoltas em maresia para que não saibamos distinguir as linhas do seu nome…Deixam na praia um búzio para que as oiçamos nos ecos das marés antes de sumirem mar dentro! Há passos delicados na areia e sereias ao longe a quem pergunto,  quem são, apenas o mar me responde! Sou feito de terra,  diluíra-me nestas  águas antes de poder encontrar-te… Hoje dorme o teu nome na boca dos peixes…Eu , trago o sopro de uma noite nos cabelos e todas as vozes, que não quis ouvir, seguram os botões quase soltos deste manto em forma de neblina que me envolve… Vivo dentro da janela, que pintei à rebeldia, no muro que atravessa o virtual do real…Aqui as noites são claras e consigo tocar a lua com a palma da minha mão…Aqui sou  um homem que não existe, escrevo em todos os muros invisíveis, uma frase dedicada à cegueira do Ser ."Talvez seja esta janela, o paradigma que vos falta"  Apesar das poeiras e da lama onde as almas se arrastam, amanhece a vida dentro da janela, que pintámos à rebeldia, no muro que atravessa a neblina . Sinto que,  em todos os muros se pode abrir uma janela…A janela do amor, é a que mais visibilidade nos dá, aprendemos a amar não as pessoas mas os sentimentos das pessoas, aprendemos a conviver   com os defeitos que temos e perdemos  tempo demais procurando a pessoa perfeita, sendo que ela só existia dentro de nós. É muito estranho quando Idealizamos pessoas incríveis, dispostas mentalmente e fisicamente a se adaptarem a nós,  ao nosso estilo. Mas isso é errado porque assim,  estamos desejando secretamente encontrar alguém compatível com o melhor de nós! Eu falo por mim, as expectativas, essas, já não são mais as mesmas, pois passei a administrá-las e não projetá-las em ninguém. Já  usei os sonhos como uma tela branca, para desenhar os meus desejos. Hoje uso-a como tela pronta, para me equilibrar… Não é que já tenha aprendido tudo, nem tão pouco consiga  controlar todas as minhas emoções , porém separo a raiva da razão, o desgosto da compreensão e a ansiedade de todos os motivos . Deixei de viver o futuro e aprendi a apreciar o presente, impedindo que ele se torne um passado frio e amargo… Aprendi muito. Mas aprendi a me amar antes de buscar qualquer tipo de amor em alguém. O amor só existe quando conseguimos encontrá-lo  dentro de nós ao invés de em alguém… Por vezes o amor é,  representado em coisas tão simples na vida do ser humano, que mais vale fechar os olhos e sonha-lo!

sexta-feira, 9 de julho de 2021

Hoje quando me enfileiro entre os demônios, deixo  guiar a vontade ao centro nervoso do meu interior, acuso o que decididamente me desorienta e ao mesmo tempo acomoda. Não dá para ficar à parte… As maiores mazelas moram dentro de nós, como uma doença adoece o nosso mundo, o olhar esse, fatigado anui a dor que vive à custa da nossa inoperância. Será possível domar o que nos eletrocuta com doses significantes de apatia? Sinceramente não sei, se ao menos a luta fosse abalizada com ternura, colhida com a maciez propícia de quem realmente se propõe a se elevar,  a dar vida às cores desbotadas pelo tempo, e mudar as vestes, os calçados... Esta mudança é interna ornamenta os caminhos com legitimidade, com a essência humana e necessária para dar novos tons ao que se pendura ao redor. Que a luz desacomode e finalmente intervenha pela mudança estritamente imprescindível à minha alma com destreza e delicadeza, sem causar vandalismos na pátria que construímos dentro de nós mesmos ao longo dos anos. Mas!! O mundo é reflexo de nós. Sua manutenção nem sempre é espelho de nossas ações. Esta Pandemia tem sido uma revolução nas nossas vidas mesmo que nem sempre tudo que gira em torno dela seja autêntico, ficamos ancorados, de  coração e sonhos cada vez menos ativos! Hoje o peito devora-me em saudade, alienando o silêncio para as profundezas. Por tanto tempo estive adormecendo minhas memórias para reciclar um pouco de paz. Contudo, hoje exalta a vontade de delirar os versos do que tenho sentido, porque nem sempre é possível, nem sempre há dia para desejar e noites para amar... Nem sempre há estrelas cintilando na arquitetura esplêndida dos céus; nem sempre há olhos para admirá-las. Nem sempre as palavras nascem e se intercalam com doçura. Mas quando elas surgem, surgem, e nem sempre há alguém para quem lê-las. Nem sempre há abraços. Nem sempre falta deles ou de quem os dê. Nem sempre há beijos e dedos entrelaçados. Nem sempre há falta de afeto ou só saudade. Nem sempre há carinho. Nem sempre ...


terça-feira, 6 de julho de 2021

Hoje é  arda a entrega do  passo que nos direciona sem um abraço. É o amor que gira pelo peito,  nasce e frutifica, floresce e nos arquiteta com a estrutura que compõe os nossos sentimentos. O sentimento até lateja intermitente  em nós, reerguendo-nos das quedas, tal como o sangue que potencializa a vida que o coração nos entrega. Padecemos na tentativa de negar, de fugir de uma mão que nos convida a adentrar num navio pronto para navegar no maior dos oceanos. Porque para amar é preciso aceitar o convite de um vento que tremula intermitente sobre o nosso mundo. Hoje eu apenas  me desprendo para dar mãos, novamente, à poesia para esta  me soltar o grito e quem sabe me reencontrar.  Que a luta seja  com ternura, colhida com a maciez propícia de quem realmente se propõe a se regenerar, a dar vida às cores desbotadas pelo tempo, e mudar as vestes que sempre vestiu... Esta mudança é interna ornamenta os caminhos que desbravo com legitimidade, com a essência humana e necessária para dar novos tons ao que se pendura na árvore da vida. Que os Deuses se desacomodem e finalmente intervenham pela mudança estritamente imprescindível à alma. Com destreza e delicadeza., sem causar vandalismos na minha áurea  que construí dentro de mim ao longo dos anos.  Basta um deslize e escorrego, tombo da tênue corda onde a minha diminuta alma caminha. A cada choque com o chão, desmorono como  fugitivos amedrontados. A vida é mesmo assim, uns nos tiram o sonho,  outros nos devolvem os sonhos…É esta dialética que não consigo alcançar com a razão, nem de dia nem envolto no mistério da noite! Sinto-me um simples sopro de existência que rodopia na luz e na escuridão …É este duelo de síntese que não me faz quente nem frio, nem mais nem menos, nem som nem silêncio , nem negro nem branco, apenas um ser que tenta a superação aos seus limites , isso leva-me a olhar e não ver…

quarta-feira, 30 de junho de 2021

Hoje escuto o silêncio .... Leio o tempo e ás vezes fujo, corro de mim!! Mas o mundo não muda ...Eu contínuo aqui, a tentar parar o tempo de tantos momentos sonhos, planos, fantasia promessas , algumas vividas que o tempo levou ...O mundo não mudou os momentos apenas adormeceram nas palavras que se calaram !!! Perderam-se os segredos mas que mude o destino... Por um minuto que seja , nem que seja num jogo de faz de conta ... Por enquanto apenas sinto ilhas de encanto nas rugas provocadas pelo abandono do tempo, que não me souberam eternizar!!! Espalho estas palavras no chão, amontoado de sentidos desconexos , labirintos de emoções que junto em mundos proibidos!!! Que Ousadia esta minha! tentar descontinuar um enigma absorvendo o segredo do ser e assim permanecer... É inquietante o silêncio que habita na solidão dos instantes.... É nesses pedaços de tempo que o coração se invade de uma voz que nos cala, faz-nos  quebrar mesmo que não queiramos! Faz-se poesia com o desmoronar dos castelos, paisagens esquecidas , previsões desta bagagem que transportamos na nudez dos dias longos, dos julgamentos injustos, que acabarei sempre por descrever como quem constrói o som do amor na partilha de quem se ama…Hoje vou verbalizando as quedas, convencendo-me que o chão também é um abrigo, é nesse terminal que desenho as minhas cores, elas se  impõem e me abraçam num carinho de prudência !!! Gosto desta inquietude nesse momento onde o ruído adormece e nos devolve a serenidade que nos faz persistir perante as horas surdas dos dias...Mas !!! por vezes as palavras que escrevemos querem sorrir , elas escondem sorrisos nas rimas misturadas em versos de dor e ausência… Este bailado de palavras inertes muitas vezes jogadas ao chão frio em tons de silabas desalinhadas não é mais que a nossa sombra desaguada no desalento de um papel usado, amarrotado pelo nosso ultimo suspiro...

terça-feira, 22 de junho de 2021

Hoje a noite está a resvalar a escuridão. Os passos dão-se de uma forma frágil , na sombra que ofusca o céu . O ar esse , torna-se irrespirável. Por muito estranho que pareça, sobrevivemos, e não queremos crer nessa simples possibilidade. À nossa volta o cenário da destruição extrema, começa a imperar,  percebe-se que aconteceu uma catástrofe a nível global, social, emocional, porém, os pormenores os detalhes estão á vista de todos mas as verdades escasseiam. As pessoas escondem-se nos recantos cheios de sombras, longe dos cheiros, apenas inalando  o arrepio do medo… Porque é no corpo e nas nossas necessidades que tudo começa e acaba. É o corpo que é real, e, paradoxalmente, só o compreendemos quando o perdemos ou quando ficamos reduzidos a ele, já pensara nisso? Sinto que a cada dia que passa, estamos, lutando pela  sobrevivência da nossa liberdade é assim, passo a passo, segundo a segundo, pulsação a pulsação, vamos dando cor ao que não vemos mas que nos afeta !  É um tempo onde nos movemos sem rumo, sem saber a direção, sem saber nada. E não há ninguém para perguntar o caminho, é um caminho interno e solitário. Uma luta renhida pela lucidez, que começa nos gestos mais banais. E, ao mesmo tempo, o desespero de preservar a memória porque, acreditem, sem ela morremos de facto… Para um sobrevivente, a morte pode ser um consolo, quase um alívio. Para um sobrevivente, cada movimento dói, como uma chaga permanente na vida. Mas, em vez de se render ao abraço da morte, da desistência, o sobrevivente continua em frente  numa obstinação que tem tanto de desespero como de instintivo.  Percebemos, assim, que o mundo está cheio deles. Sobreviventes. A luta começa a estar no rosto do mundo. Podemos então olhá-la de outros prismas, conhecê-la, interpretá-la. Não com raciocínios, mas com as emoções à flor da pele. Não encontramos respostas nos livros, esses apenas contam histórias fazendo a história. O mundo começa a estar invertido o preto transforma-se em branco e o branco em cinzento. Todavia, temos mãos, temos tintas e pincéis, mas não há nesta vida quem saiba pegar neles e pintar… Sinto que estamos num novo começo, começamos a ver o mundo como se fosse a primeira vez, um ponto de partida, onde nem temos como mostrar o passado, o que foi destruído, nem há como trazê-lo para o presente, como oferecê-lo às novas gerações… Hoje percebo que o cenário mudou. Abre-se uma porta, para que surja uma luz, e devolva a crença onde tudo começa a parecer ruinas ,  porém, tudo fica diferente. Seria bom as pessoas  voltarem a trocar sorrisos e palavras,  coisas simples,   alegrias, tristezas, estados de alma, talvez ai descobrissem  o poder da partilha! Não sei se iremos ainda presenciar o renascimento do mundo, da vida, como se a vida fosse uma coisa abstrata, exterior, a nós humanos,  que tanto experimentamos os sentimentos básicos dessa vida, como quem prova pedaços tímidos de sabores desconhecidos,  do amor, da amizade, da mulher, do homem,  da agressividade, da luta, da coragem, da partilha, do egoísmo, da solidão, da solidariedade, da cumplicidade… O medo, esse, é aquele que já conhecemos de cor, de tanto o vestir e levar pelos caminhos. O medo, esse animal que se esconde na toca, encolhido, assustado, e que, ao sentir-se encurralado, se pode tornar comunitário, primeiro por desespero, depois, por não termos como lhe fugir…Hoje estou assim porque o medo de perder me retira a vontade de ganhar!

quinta-feira, 17 de junho de 2021

 Hoje eu já não acho estranho quando alguém coloca em causa algo que outros tem como adquirido. É uma sensação desconfortável quando começamos a duvidar das nossas certezas e dos outros…Mas, é humano! Eu tenho a noção de que sou uma pessoa de certezas, talvez de ideias firmes até,  por vezes fixas e inflexíveis, é verdade... Mas são elas que nos podem guiar na vida! Se não tivermos certezas como podemos sobreviver neste mundo? São elas que nos fazem seguir e estabelecer um percurso para atingir os nossos objetivos….Se este existirem claro! Quando tomamos decisões, as certezas estão lá. Porque se não estiverem... Se não estiverem, somos incapazes de decidir o que quer que seja conscientemente. E isso assusta-me. A inconsciência das decisões é uma coisa que me assusta, porque não consigo entendê-la. Por esta ordem de pensamento, talvez aquilo que me assusta é o que me escapa ao entendimento. A razão faz parte do ser humano, porque é que os Homens tendem a esquecer-se disso? Não sei. Essa é uma pergunta que me irá perseguir para sempre...Considerações sobre a responsabilidade da Humanidade à parte, a verdade é que quando me deixam a pensar sobre as minhas certezas, sou capaz de me alhear de tudo. Parece que começo a sentir o chão a fugir dos meus pés. E eu tenho muito medo de ficar sem ele, confesso. É, muitas vezes, o mundo à nossa volta que coloca as nossas certezas em dúvida permanentemente... O que é que é justo? O que é que honorável? O que é que é uma atitude corajosa? O que é que é a mentira? O que é que é a omissão? O que é que é a verdade? O que é são valores? O respeito é medo? Ou o medo faz parte do respeito? Serão coisas completamente distintas ou não? Quais são as nossas raízes? Elas existem? O que é que a identidade? Qual é a nossa identidade? O que é que defendemos? Porque o fazemos? Ou, porque é que não o fazemos? Quando somos de ideias fixas, por vezes, podemos cair no erro de sermos idealistas... Mas será que ser idealista é um erro? Eu acredito que não. Acho que é bom ter ideais e defendê-los. Do que é que se faz a vida se não defendermos algo em que acreditamos? Se não fizermos o que estiver ao nosso alcance para que aquilo que amamos não desapareça? O que é a nossa vida se não agarrarmos com unhas e dentes a oportunidade de fazer alguma coisa pelos outros e por nós mesmos? Nada. Sem isto a vida não tem sentido. Aí está uma certeza. Sem nada disto a vida não tem sentido.  Quanto ao resto o desafio está no bom senso. No bom senso de chegar a um ponto e, através da reflexão consciente, perceber se continuarmos ou não no caminho que escolhemos. No bom senso de conseguirmos entender até onde podemos ir. E, no final de contas, a dúvida vai fazer sempre parte desse processo. Só temos de arranjar uma forma de ela não nos engolir. Hoje estou assim,  porque  ter um filho é como ter um coração fora do nosso corpo, e escrever está intimamente associado  a essa ideia ...Por isso!! Hoje mordo o meu coração...



segunda-feira, 14 de junho de 2021

 Hoje dentro de si mesma, a noite não revela contornos , serve-se de sombras…Abro janelas de afetos, caminho sobre as horas, que exibem o desejo que o vértice das pernas esconde ! Imagino um corpo sobre mim, debruçando-se pelo meu lado selvagem , outrora adormecido num bosque imaginário,  de prazeres sem grades! Sonhamos que em algum lugar estarão sempre dois braços,  dispostos em forma de casa,  para receber o  nosso corpo quando cai. Eu já cai e muito…. Mas!!! E imaginei que havia um corpo com dois braços capazes de segurar-me  firmemente na queda…Mas não …Tive de recriar-me num estranho abrigo ao longo dos abraços imaginários no limiar do percurso da vida ...Aproximei os olhos da vertigem dos céus, fiz das estrelas barcos, para sulcarem os mares do meu coração em desordem, criei gestos para contrariar as palavras, exilei-me do tempo pelo medo que enrouqueceu o cansaço nos rostos desenhados em silêncios, nas noites adiadas. Como se sentisse alguma perversão, a minha boca desenha gestos poéticos, excêntricos,  que corrompem qualquer palavra que a luz da manha enrola nos meus olhos , em mais um dia que acordo com um som estranho dento do meu peito… Como se dum eco se tratasse,  de uma palavra tatuada em mim,  que eu não reconheço mas, mesmo assim,  atravessa a fronteira como um fantasma apavorado pela luz que asfixia…Eu já escrevi muitas paginas na minha vida, mas tenho queimado todas como quem faz anos e sopra as velas sem olhar para trás!

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quarta-feira, 9 de junho de 2021

Hoje ando costurando pedaços de sonhos rasgados, que sei que dormem dentro de mim.  Agarro-me a  eles, como me agarro ao caminho, para seguir. A vida muitas vezes é-nos servida com uma  dureza gigante, repleta de adversidades que somos obrigados a enfrentar, mas!! Não foi isso que me endureceu o  meu Eu. Tenho como todos vós as minhas andanças internas, em busca de força para construir a colcha da minha vida, me auto defino como um ser  fragilizado, mas com a coragem suficiente para fazer de todos os meus retalhos de um antigo ser,  que pensei não mais existir. Um homem resiliente  que ainda resiste,  e não se deixa ofuscar pela escuridão dos dias menos bons ... Tornei-me um artífice de costurar no escuro,  porém ser assim,  exige de mim  muita habilidade, cautela, para não perder o encanto, a delicadeza, a essência no que me tornei! Quando começamos a bordar a nossa colcha da vida, não é para nos tornarmos melhor que nada nem ninguém , é apenas colocar o amor em cada ponto, cada retalho, das nossas vivências… É ai que ficam os muitos laços para dar, quando outros optam por dar nós… Viver para colorir onde não há cor, é essa a beleza e a leveza desejada entre cada ponto para que mais tarde não seja necessário dar nós em laços difíceis de desatar! Não posso com isto dizer que todos os pontos que costurei na vida tenham sido desencontrados ou apertados, ou, até mesmo que tenham tido a coloração de um dia de cinzento, mas!!! Cinza também é cor, e faz parte de todas as vidas serem preenchidas por todos os tons…Apenas gostava que soubessem, que, viver é fantástico, mas não é verdade que a cor que escolhemos para dar a tonalidade dos nossos dias tenha sido escolhida por nós….Não mesmo!  Hoje olho a lua sem qualquer pudor pela sua cor, ela serve-se como um balsamo para a alma e uma brisa que me acalma .

quarta-feira, 2 de junho de 2021

 Hoje escrevo  como se fosse  passado , porque, os meus dedos viraram estrelas, tocaram no dia de amanha, desenhando o passado, sem presente ! Talvez agora, no futuro, não sinta o frio que a noite  tantas vezes trás, porque no meu corpo vive a luz  de uma lareira recentemente apagada e nem o fumo, que ela teima em fazer crescer, me faz lacrimejar de saudade dum outro futuro… Aquilo que escrevo chama-se imaginação, de ventos e de momentos…Sempre que chove , o Sol espreita para iluminar o céu que rega de luz este meu jardim, descolorido , sem reluzir o azul e cinzento que desaba do céu. Gera-se um sonho, que se deita sobre o meu corpo e faz tempo  que não leio o que escrevo sobre o meu corpo… Uma folha em branco basta, debaixo do olhar, com a caneta ansiosa a descansar de me fazer viajar e levar para todo o lado. São assim os sonhos,  cansam-se de esperar . Até mesmo aqueles nossos sonhos em que o nosso “eu” se desprende de nós próprios, chamando-nos,  rabiscando distâncias e nomes de terras que ainda nem floriram para ninguém… Sinto que já vivi este pensamento, como se o tempo ficasse retido no passado, e hoje voltasse a içar ao mesmo tempo  a noite e os sonhos,  carregando-me por montes e vales,  por portas  onde nunca irei entrar. .. Confesso que me assusto, silencio-me para escutar o coração, deixando-me prostituir por todas as minhas fragilidades  e medos, silenciando o meu intimo apenas mais uma vez ! Este silencio da minha voz , não condiz com o barulho intenso do meu interior, sou muito mais que as minhas palavras escritas, sou muito mais que os emaranhados de nós, que compõem a minha historia, sou antes de mais toda a essência dos meus pedaços, sou inteiro, inquietante, mas também sou leveza, sonhada…Sou um ser em reconstrução que admite que nada  vê e escuta, para além da surdez que abafa os meus dias, quando me carrego de um lado para o outro nesse sonho que outrora sonhei…Neste sonho, chego onde nunca estarei…. Por vezes, em certas noites como esta, acerco-me de um qualquer ideal, e prego aos Deuses,  para que não se esqueçam deixar alguns pedaços de nuvem no meu peito, para que nunca deixe a minha alma só perante os olhares do purgatório final…

sábado, 29 de maio de 2021

Hoje sinto simplesmente falta…Falta  dos sonhos que me embalaram a alma, dos sorrisos tontos que nascem nos lábios, simplesmente porque a memoria tem dias, que trás de volta instantes que nos enchem de magia…Sinto falta da doçura de um beijo trocado em segredo, do toque suave de uma alma na minha, com a força com que me faça sentir de novo vivo… Sinto falta das horas em que o mundo parece não mais existir…porque nada mais interessa no  mundo…Hoje sinto falta das palavras, por isso escrevo-as, nos silêncios do meu coração, que a ausência imposta me rouba da razão…Sinto falta daquela ilusão, que nos faz voar por caminhos desconhecidos, por retalhos de uma vida que poderia ter sido! Sinto falta das fantasias, das historias de encantar , onde eu podia ser quem quisesse…Até aquilo que nunca fui…Dono do meu coração! Sinto falta daquelas horas em que, era capaz de irradiar, palavras de alma aberta  onde me iluminava para que nada fosse escondido, nesta perfeita imperfeição que é ser eu mesmo , no sonho da entrega inconsequente …Sinto falta de tantas coisas que chego á conclusão que nunca foram minhas…Posso até me reconstruir vezes sem conta, porém jamais deixarei de ser o mesmo de sempre...

terça-feira, 25 de maio de 2021

Hoje vejo sombras na vida, uma que se desprende sempre a nós,  outra acompanhando os passos que escolhemos,  uma que termina numa caminhada, outra que se espuma  na expressão sensível de quem nos rodeia,  uma concretizada por nós,  outra assinalada pela alma que se espalha pelo  mundo…Em todas podem até faltar as palavras, mas sobram as emoções, que se fundem nos nossos sentimentos, libertando   um sorriso que seja... Tudo se resume á simplicidade do ser, tudo nos decifra, tudo gera entendimento na vida, apagando  regras impostas, que ofuscam o brilho da alma... É tão simples olhar à volta, e contar as nossas sombras,  nada impede, que as rejeitemos  da imagem que carregamos,  mas a sua  pureza nos nossos sonhos  iguala-se num sentido único...Será que ao sonharmos a nossa sombra também sonha? Será que o nosso silêncio é um grito que não se quer ouvir na sombra? A minha sombra é,  a distancia entre mim e o que me separa de todos os “outros”… Aqui, elaboro palavras que se juntam na vida !!Muitas delas só a mim fazem sentido…Muitas  dizem-me que não desista, que lute, que junte,  que procure nos horizontes que estão para além do que pode ser encontrado. Dizem-me que lá me encontrarei, Mas!! Eu nunca me perdi… Não tenho forma de desistir , mas!! Não seria mais fácil desistir e pronto! Deixaria de olhar para o que passou,  e nada daquilo que vivo ou não, me voltaria a desviar o olhar …Eu sei , eu sei que seria demasiado simples para ser real…Quando se edifica sonhos, desistir não é simples! Não é simples acordar e mudar o chip …. Não é simples despir os olhos da cor do sonho,  resta a sombra, que me desarma nas palavras que visto ! Não é simples apagar nomes que um dia tatuámos no coração nem varrer palavras que foram ditas em silêncios…Eu sei que é impossível  coser o coração partido com linhas do esquecimento… Quantas vezes eu mesmo desisti de tudo… Mas!! Não consigo desistir das  palavras que se lançam em mim…Não sei ignorar a razão dos sentidos , quem sou eu para desistir dos sonhos ou do amor ou até mesmo de sonhar ? Por muito que me rotulem ou que eu me auto rotule jamais os meus olhos serão vazios, jamais desistirei de algo... Mas, se alguém desistiu de mim alguma vez, então foi uma perda vossa e não minha!. Por mais que diga ou que faça ou até que vocês façam , em mim existirá sempre a reste-a de esperança que há-de prender-me aos portais da  vida. Desistir é simples se no nosso coração nada existir…Moral da historia se  desistir não é simples, tal como não é simples lutar, porque razão é que alguém optaria pela desistência em detrimento da  luta que levaria a mais hipóteses de tornar real tudo o que alguma vez sonhámos? Reflitam e se conseguirem reflitam-me no vosso olhar porque sinto a lava arder na minha sombra…Sei que só ser assim não basta, mas são as palavras que me arrastam para longe do precipício sem fim!


Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...