Hoje as palavras podem até não ter, em si, qualquer mérito já! Mas !!! Se forem convenientemente utilizadas, têm todos os méritos possíveis . Hoje se escrevo , é apenas para iluminar o corredor da minha alma que muitas vezes , escolhe o pôr-do-sol como refúgio ficando apenas ali, ao pé do mar, a ver os barcos passarem enquanto o poente avança, e vão aparecendo novas cores no céu outrora apenas azul. ao ver o sol, já quase mergulhado no horizonte, invade me um silêncio, que me revira dos pés à cabeça, para então, levar me para longe, tão longe...é aí que me apercebo que já não faço parte do meu próprio mundo e acabo por sentir um imenso vazio – um vazio de mim. Nesses momentos, não há poesia. Estou só, afogado por uma solidão faminta, atenciosa, paciente, meticulosa e fiel. Dói a alma, a respiração concentra-se num só ponto, os ossos estalam em desespero, é penoso estar desnudado de mim mesmo quando falhamos em tudo até na comunicação, sim comunicação falha quando alguém fica com ideia que somos algo que não somos de todo... É como se entregassem os livros ao sepulcro das estantes, ao amor, desse-mos um colo de horas certas, e deixássemos de abrir as janelas para cheirar a noite! Já nada soletra as palavras, se ao menos a dor servisse para atirar às paredes e abrisse as portas até estas falariam, o grito que se fechou na garganta…Se ao menos a dor sangrasse o sal do abismo criado, as mentiras repousariam apenas nas vidas vazias que o tempo coloriu nos jardins do sonho que caiu sem dono e sem morada. Tudo se perdeu no caos de uma praia cega que não teve a capacidade de sentir o que se sentia, deixou-se levar pelo vento arrastando-me de novo para o palácio do mendigo ! Lugar onde os sonhos são inquietação, pintada, pelas manchas interditas deixadas nos lençóis onde o amor se inventou e se fez olhar….Eu sei que a morte dos sonhos é apenas mais uma pura mentira , não existem sonhos assim que se desfaçam como marés, a morte dos sonhos entranha-se pela pele sem jamais morrerem , ficam na sombra a queimar o futuro entre o cais que serve de chagada e partida . Na hora de tudo se converter em dor, lagrima e escuridão perde-se o tempo do regresso , ficamos sem nada possuir com o amor na palma de uma das mãos aberta e na outra o que se inventou para o amor não ter… Hoje a morte dos sonhos rasga-me as palmas das mãos que de tanto abertas ficarem os ventos tudo levaram , porque a magia é sempre incerta e eu, no amor inventado, apenas mais um vagabundo…
terça-feira, 11 de janeiro de 2022
terça-feira, 4 de janeiro de 2022
Hoje a verdade dos dias está na latência do tempo. Geram-se na esquina do desejo do amanhã, olhares límpidos da alma , vontades, que desenvolvem-se no projetar do novo ano, parido no primeiro segundo entre o último badalar de 31 e o acordar do primeiro minuto do ano vigente . Este novo ano será um novo silencio aberto ao mundo, cruzando balões de oxigénio, em rostos de fome, que esse seja o alimento, de esperança. Deixá-lo aberto, livre e sonhador. Deixá-lo sorrir na madrugada desse amanhã que ainda se entreabre. Há no poema de cada ano a esperança de cada dia, há neste ano poemas de amor sem tempo, mas o tempo vive sem nós… Nós é que vivemos no amor durante um tempo, num movimento do amor. O amor, esse vai continuar, não tem maneira de acabar! Que ele nunca perca a vontade de viver, mesmo sabendo que a vida é, em muitos momentos, dolorosa, mesmo sabendo que as pessoas que amamos podem nunca ter o mesmo sentimento por nós…A Única coisa que peço é para ser sempre grande perante as adversidades , tenho escutado muito, nestes últimos tempos, até falando mesmo com o tempo, dessa bolha que foi e já não volta, enfim do passado. O passado é aquele muro a que subimos, onde nos sentamos e que depois descemos ora cambaleando, ora graciosamente . Assim, não se me afigura nada mais memorável, saudoso ou ainda percetível nos suspiros de memória, pois que não sendo mais do que o caminho dos nossos dias torna-se o resultado dos nossos passos. Há quem se lave de memória e na memória, quem se vista dela e há todos os que se adornam da mesma por chegarem á conclusão que o mundo onde vivemos muitas vezes é muito pequenino! Mais um ano que passou e mais um ano que começa, muitos laços desfeitos, muitos apegos difíceis de soltar…Agora que o silencio é um mar sem ondas, eu então tentarei navegar dentro das perguntas que há muito fiz, porque isso me faz lembra um grito, um sorriso daqueles que poucas vezes se repetem em nós…Hoje lembro-me como se faz amor na pele da amizade, dos copos cheios e vazios, do olhar , da praceta do labirinto da noite, da voz de luta, do toque, do acorde do adeus, dos versos repetidos para nunca serem esquecidos, das mãos as escavar ternura como se esta fosse terra, lembro-me das estradas, falésias precipícios onde retemos a respiração…Hoje lembro-me do canto lírico em tom de medo, lembro-me que não estás, lembro-me da queda forçada pela vertigem dos olhares de terceiros, lembro-me das rugas da minha memoria, lembro-me do cheiro de cada beijo , lembro-me da embriagues das vozes na selagem dum simples abraço, lembro-me do desejo calado, do falado, lembro-me das roupas, da ausência das mesmas, lembro-me do corpo antes e depois de ter sido esculpido, do rasgo de poeta que aclarava, lembro-me do tic-tac do coração que tão bem guardava dentro de mim, lembro-me até de tudo o resto…Lembro-me de tudo, porque esquecer é perder, perder, é não ser, não ser é deixar de estar, deixar de estar é apagar tudo, apagar tudo é recomeçar , recomeçar é lembrar! Meus amigos não saiam de mim, porque por onde passo fica tudo o que sou, vocês também se irão lembrar de tudo e do resto…Feliz 2022
quarta-feira, 29 de dezembro de 2021
Hoje sinto o silencio correr-me nas veias, e sei, que não há controle possível para não o sentir...Por muito que me mantenha firme , estes cigarros que vou apagando não me fazem perceber onde estou, embora olhe para o horizonte, nada consigo vislumbrar, mas se ao menos alguém gritasse desse horizonte e me perguntasse , perdeste o sentido e o caminho? Eu diria , sim por favor deixa uma luz acesa para eu retomar o caminho, por favor deixem uma luz acesa , estou farto de procurar o lugar mais escuro para me esconder... Estou farto deste sentido, que faço eu neste bordel de lágrimas, na orla de tantos véus, fabricando palavras nas morgues dos céus...Sinto-me um artesão de sangue rezando de punhos cerrados palavras brancas de medo, neste coração humano de tesouros ocultos… É no silêncio que vou selando os meus pensamentos de esperança de sonhos , cujo charme se romperia de fosse revelado…Sinto-me cúmplice das fronteiras que em mim delineei, vivo rodeado deste mar deste deserto onde a essência das primeiras flores não brota, o perfume do caminho que despido percorro nas areias que vou deixando tombar das minhas mãos vazias… Tento contrariar a erosão ao escrever palavras que emergem na noite como se flores se abrissem no romper do dia. Vou edificando o oásis imperfeito como um verbo que é proferido no desassossego da noite, recuso-me a ser pouco, a criar menos que a velocidade da luz, a silenciar as minhas duvidas, a desamparar a minha sensibilidade, a viajar numa corrente magnética sem conexão ao oásis que sonhei …Recuso-me, a não me desvendar e mesmo que a paixão seja uma palavra antiga, eu recuso-me a deixar de pensar nela , RECUSO-ME , a ignorar as cicatrizes que o tempo desenhou em mim, recuso-me a deixar o coração adormecido, a ser uma casa saqueada, a não aparecer no mapa a ser uma fronteira invadida por gente e lugares mal situados…
sábado, 18 de dezembro de 2021
Hoje agudizam-se em mim todas as marcas que o tempo me presenteou. Sim, tenho todas elas como presentes, somente com elas sou capaz de reler minha vida, rever minha história, reviver meus momentos, já me chegam os presentes , as marcas já me tatuaram todo! Tenho marcas profundas que não podem ser vistas ou tocadas, não porque eu não queira, mas por serem marcas tão sentimentais, tão pessoais, que não se permitem exibições ou amostras ao escrutínio de pessoas abusivas. Essas são marcas carregadas no meu mais profundo sentimento, no meu mais reservado porto seguro. Estão nos sonhos que pude sonhar e naqueles que realizei. Estão nas memórias de um tempo bom que só eu conheço. Trazem consigo cores boas, muito vivas e coloridas, de tempos áureos e memoráveis. Trazem para mim o conforto de abraços sensíveis à minha jornada e desafios. Trago minhas histórias, tão verdadeiras que nem os melhores contos poderiam descrever. Estou em paz e isso é aceitar serenamente que não possuo todas as armas para conquistar o que desejo, não tenho munições suficientes, para levar todos os seus planos adiante, não possuo um exército que me apoie em todos os meus delírios. Estou só muito só mas isso não faz de mim um sujeito heroico. Eu já fui á luta por muitos sonhos meus , por um amor, por mais dinheiro por objetivos, mas razoáveis, nunca fui ambicioso, porque quando não dá certo, não dá, e quando se erra, paciência, e quando acerta, fico encantado… Mas! Quando me canso, recolho-me, e quando estou triste, choro… Primeiro passo para a PAZ é reconciliar-me comigo próprio, se é que é possível , porque posso fazer muita coisa concretamente, por mais abstratas que pareçam. Por eu me respeitar aprendi a querer do meu lado somente o que me faz bem, o que não me suga, o que não me fere, o que não me cansa e o que não me desequilibra. Aprendi também que o "não" e o "sim" faz parte do meu vocabulário e das minhas decisões, e usá-los vez em quando em tempos devidos faz bem demais para o coração. As vezes por medo de rejeição ou críticas de alguns deixamos de ser quem somos para ser o que o outro quer, nos abandonamos para dar abrigo ao ego alheio e isto não nos traz benefício algum a não ser frustrações e sofrimentos. Isso eu não faço , porque, não adianta querer agradar a todos , afirmo que nunca vamos conseguir, e este é o erro que muitos cometem , o de querer ser quem não são o tempo todo. Não faço rodeios quando tenho de dizer o penso, digo-o, e quem me conhece sabe bem disto, quem convive comigo sabe bem , que o que não me agrada não recebe meu sorriso. Cansei de criar relações insustentáveis, cheias de não me toques, cheias de superficialidades, cheias de falsidades . Cansei de sorrisinhos maliciosos ou palmadas nas costas. Já tenho tantas dores, que quando a coisas nos sufocam e nos ferem o coração , eu faço como o brasileiro “caio fora”.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2021
Hoje amigos, e leitores, venho em especial agradecer a todos a amizade e carinho pelo fato de me seguirem no decorrer de mais um ano que finda . Agradeço aos novos e velhos amigos, aos amigos de perto, os de longe, e a todos que fizeram e fazem deste meu cantinho um local de passagem. Ter um blog onde escrevemos sobretudo sobre nós mesmos é muito gratificante, pois com ele, aprendemos, a partilhar até os temas mais sensíveis das nossas vidas…Nele, dividimos e somamos, e sem ele eu não conseguiria chegar tão perto do ser que sou, mesmo que isso me faça um ser imperfeito, mas! Com a noção de o ser… Desejo imensamente que a paz e harmonia estejam sempre em seus corações. Que a esperança seja um sentimento constante, o amor e a amizade prevaleça acima das coisas materiais, que as tristezas e mágoas, sentimentos que as vezes fazem parte de nossas vidas, sejam banidas dos corações, dando lugar á certeza que tudo ainda pode melhorar. Se as doenças nos atingirem, sejam amenizadas, na confiança de dias mais positivos dando muita força, e alguma resignação também. Que na humildade e acima de tudo o respeito com todos os seres vivos nesse nosso mundinho, seja uma prioridade em nossas vidas e que sejamos sábios , chorar pelo que perdemos mas lutar pelo que temos; chorar pelo que morreu, mas lutar pelo que nasceu em nós; chorar por quem te abandonou mas lutar porque quem está a nosso lado; chorar por quem de odeia, mas lutar por quem te faz sentir feliz; chorar pelo nosso passado; mas lutar pelo nosso futuro; chorar pelo nosso sofrimento, mas lutar pela nossa felicidade…Não é mesmo fácil ser feliz, quando menos esperamos ou abrem mãos de nós ou nós mesmos abrimos as mãos de varias coisas! Fazer escolhas é assumir o ônus e nunca um bônus. Com o tempo vamos aprendendo que temos de seguir em frente, ninguém nos engana quando fazem da riqueza e do status a sua opção opaca de vida …Isso eu não invejo , o que “invejo “é o sorriso fácil, a luz própria, a felicidade simples e sincera sem pressões, essa sim nos brinda a paz interior tão desejada. Com tudo isto já me alonguei… O que quero é desejar-vos a todos vocês e aos que amam , um Santo e Feliz Natal. Que vivam esta quadra mágica e que possa ser aproveitada da melhor Forma. Prometo que no meu pensamento também estarão vocês TODOS . É preciso muita força para controlar todas as emoções , não é fácil pois sei que aquilo que planto no meu coração , cresce demasiado depressa , mas nada é impossível. Um grande obrigado por tudo e Umas Festas Felizes .
segunda-feira, 6 de dezembro de 2021
Hoje eu não queria escrever, mas ao despir os lábios de palavras deixei-as ocultas nas mãos, à espera desse nada que aconteceu…Deixei o silêncio adiar o tempo nos rumores de um sono, promessas que som deu voz no rosto, ao subir a noite nos olhar lacrimante ! Caiu a noite nas palavras perdidas, que semearam a demora, ansiosa da ausência abrindo-me o sorriso nas palavras que não escrevo, durante a sombra que não se escuta…Talvez... Já não haja sonhos roubados à noite, lençóis de queixumes, estendidos sobre murmúrios da lua na anemia do olhar que a luz das estrelas esconde...Já me comovi pelo horizonte das palavras, já escrevi gemidos soprados pelo coração, já afoguei a felicidade na paixão que em mim empalideceu , mas hoje, escondo-me no recanto da cegueira da saudade que se alojou ! Hoje procuro-me quando eu nem sei para onde fujo, estrangulo as veias como um recluso que se insurge contra as grades, como se elas fossem a causa da sua clausura …Muitas vezes a vida deixa-nos num cais , onde não há partidas nem chegadas, sem itinerário fechamo-nos no vácuo do centro de nós, esquecendo que o mar é uma ponte para nós passageiros, de um tempo, de um encontro, desencontro, de uma ilusão , de um amor…Percebem porque não queria escrever? As palavras não resgatam em nós qualquer sublimidade, em relação a ninguém, elas arrastam-nos para esse oceano , para essa imensidão no qual não queremos ser náufragos …Flutuar nessas águas pode ser a maior bênção, ou a maior desilusão que as marés nos podem acrescentar, tudo pode confrontar os nossos instintos de racionalidade como um poema de amor…
quarta-feira, 1 de dezembro de 2021
Hoje converto-me em poesia sem sabê-la, Há pessoas que me chamam poeta, mas eu não me atrevo em um pouco a sê-lo, só sinto tanto por desconhecer toda a rede da poesia…Mas, sou humano, apenas por busca-la corajosamente e tentar escrever…Mesmo que não a saiba definir, o que seria eu sem ela, uma alma apenas que é nas letras que se alivia, e nas letras que dia após dia se esconde! Somos senhores de nossas decisões, só nos deixamos cegar se quisermos, vivemos numa linha de tiro que ricocheteiam inebriantes e lívidas sensações de vários sentidos. Ficamos reféns dos delitos cometidos pela inconsciência, dos pecados vividos na vã mania de sentir e deliberar tudo o que se distingue pelo território que nos circunda. O tremor inconstante do imprevisível pousa dilacerante, estremecendo as bases do peito...Somos frágeis na força, fortes na fraqueza, impávidos no amor. Nossos danos ficam encruzilhados nos semblantes, retratos efusivos do que aperta e se declina, amansando, mantendo, matando, nascendo e padecendo tudo em nós. Somos intensos, guerreiros lançados ao escuro, sem armas, sem defesas, sem roteiros de sobrevivência. Demasiado é o caminho por onde recolhemos, por onde marchamos com o intuito de revelar territórios invadidos, e as doenças penetradas em nosso perímetro tão desconhecido. O encontro interno é um embate que nos afunila. É intenso este foco pelo ajuste cego, em razão da subjetividade presente em nossa inconsciência, retemos a inspiração que debruça nas palavras sem composição, largando as roupas frias de corpos quentes, de desejos da pela que enxaguam a coisa mais ardente do ser humano, ficando apenas as roupas nuas , coladas ao sopro da boca que mais mentiu! Hoje o vento se fez curva , descendo e aquecendo a boca ainda suja do amor que não me pertence…Hoje acordei assim com os olhos alagados pela distancia de tantos mundos, do mundo, que me colheu.
sábado, 27 de novembro de 2021
Hoje assisto ao começo da noite e os cinzeiros já estão repletos de meias palavras, porque será que escolhemos tão pouco aquilo semeamos. O Outono veio como se viesse por outra via, como se viesse de dentro para fora, por isso talvez até consiga ouvir o escuro da noite e escrever apenas numa dobra do tempo, como se essa fosse uma tarefa única e livre de todos os meus pensamentos e recordações. Todos temos dias assim em que vamos buscar imagens que o nosso olhar fotografou de olhares alegres, risos suaves, silêncios de paixão, que nos torna o coração dormente. Há que dar cor á mudança, deixar os ventos soprar e desbotar as tristezas passadas. Há dias que é tão fácil desenhar o silencio no nosso rosto, mas outros que custa…Com isto a noite voou-me das mãos , abriu as cortinas e deixou entrar a luz fazendo esquecer de novo a noite que partiu suavemente sem nunca dizer adeus, pintando as cores apenas da razão… Parece uma roda de vida onde tudo se vive e escreve, uma viagem sem ir nem vir, onde a luz do dia cai-nos das mãos, resvalando para de novo deixar-nos envolver pelo escuro da noite que se avizinha! Ela trás no rosto as coisas que já sei, gotas de trevas a desenharem as rugas mais perfeitas no eco, que deixei na minha vida inflamar,. Solto silabas secas sem brilho das estrelas, ainda assim, ofuscam a lua que perdeu o seu poder sobre as marés ...Hoje apenas falo de pedras paralelas aos rios, portas sem números, ruas sem nomes, vidas desgastadas embrulhadas no fumo amargo do cigarro que deixei a consumir-se ao abandono, no cinzeiro , esta cruz lancinante que engole tantos silêncios e sirenes que o vento desviou - Vou fechar a pagina , não vou mais falar, hoje sinto o corpo gelado, o Universo penetrou-me , sinto o seu peso profundo, na sua dor que me esmaga o cérebro, irrompendo-me um queixume de alma! O que escrevo , é como um esconderijo onde as silabas se inquietam muito antes de qualquer inicio... Nisto há a probabilidade de se unirem e formarem uma palavras, mas!! Há um tempo onde as letras rodopiam e regressam antes de qualquer inicio, a isto chamo Alma, e é esta a magia do despontar do inicio a cruzar-se com o fim, a alma e o corpo transforma-se numa única silaba. Os poemas nascem, e o espaço, está cada vez mais vago, há um tempo no corredor da vida onde há o inicio e o fim.
segunda-feira, 22 de novembro de 2021
Hoje
doí-me ver te assim minha filha, minha Margarida , tenho a esperança que toda a
ciência te possa ajudar e se algo meu precisares para cá continuar , terás o
que precisares, a vida sem ti e sem a tua irmã para mim
não faz sentido de todo. Só quando percebemos no calor das inquietações,
acenamos envolver os mistérios, jogá-los ao céu com o intuito de
desembaraçá-los. Aguçamos o olhar. Os erros ficam salientes. É preciso, muitas
vezes, a retomada do nosso equilíbrio. Em meio a tantas reflexões, caímos em
nós. O mundo não precisa de um alinhamento. Quem precisa somos nós… Quando nos
enfileiramos ante nossos demônios, e guiamos a vontade ao centro nervoso dos
delitos interiores, acusamos o que decididamente nos desorienta e acomoda. Não
dá pra ficar à parte. As maiores mazelas moram dentro de nós. Nossa doença
adoece o mundo. Nosso olhar fatigado anui a doença que vive à custa de nossa
inoperância. Será possível domar o que nos eletrocuta com doses significantes
de apatia? Penso que sim. Viremos a página então. Façamos revolução e manifesto
no mundo que mais nos aprisiona e nos entorpece: o interior. Que a luta
seja abalizada com ternura, colhida com a maciez propícia de quem realmente se
propõe a se curar, a dar vida às cores desbotadas pelo tempo. Minha filha há
noites claras de silêncio, como esta que fiz a teu encontro, uma viagem sem
destino em que todos os metros contam, nos olhares vazios , nos pensamentos sem
sonhos, nas aragens frias onde me dispersei para apenas te viver e te amar na
dor…Eis uma das coisas que nem sei escrever, esta solidão que não sei viver no
percurso ao rumo esquecido! Um grande homem , ao contrario do que muita boa
gente julga, não é apenas um produto dos próprios méritos, não basta para o
formar um conjunto de qualidades, mas também um enorme conjunto de
circunstâncias. Estou aqui meu Anjo, para o que for preciso sem vacilar ,
acredita…. Esta estrada parece não ter fim,
foi tão fácil encontra-la, é tão difícil fingir o sorriso, quando o que
mais quero é chorar…
quarta-feira, 17 de novembro de 2021
Hoje vou-me encostar sobre o olhar das sombras, para vaguear na luz indecisa, para fazer do instante que me tocaram a mão na despedida, retirada da intensidade do olhar. Há segundos e imagens que tem uma duração eterna nos nosso corpos, eles roçam o suficiente no olhar para provocar e fazer-nos explodir para o espaço, num tempo infinito. Qual é a forma menos dolorosa? Quais são as palavras menos amargas? Qual é o tempo menos frágil? Qual é o lugar mais isolado? Qual é o começo menos confuso? Qual é o final menos horrível? Qual é a fórmula menos Injusta? Qual é a pergunta menos estúpida? Qual é a justificação mais banal? Qual é a despedida menos lacrimosa? Qual é o silêncio menos pesado e a marcha com a franquia mais baixa para acabar com estas extravagâncias? Tanta pergunta e eu sem respostas, transponho assim dias em que o tempo pouco importa, carregando sombras nesta bagagem faz de mim um mendigo sem luz, inventado para os lábios um sorriso que tenta disfarçar a dor lapidada por um improviso feito de um juízo…Como posso eu escrever poemas, se as palavras que me cortejam não tem nome, não tem pudor, poem-me ao descoberto, me mordem , me lambem , me beijam numa heresia na estrada que sigo , que, quase sempre é a mesma que volta! Para que, então tanta pressa...Eu sei e assumo que gosto de beijar cicatrizes, eu sei que ai, a pele é mais forte , é onde as lembranças nos mordem os sentidos, e estas, desenvolvem-se de varias formas , tamanhos , logo eu que sempre convivi com cicatrizes. Porque gosto delas? Gosto delas porque é lá que a dor encontra a sua única forma, crescendo de novo na pele onde houve sangue, caminhos que já percorridos tem sido apenas o único lugar da vida. Hoje estou assim como quem se liga de gesso e ligaduras, enrolando-me, tombando-me no tempo, fazendo-me nada ver á minha volta ou então desapareceu mesmo tudo do meu olhar! Bem as questões de hoje são exatamente as mesmas de ontem, o dia dobra-se entre este empoeirado de palavras , talvez enfadonho mas é onde me sento, deixando-me ficar …Na realidade não cabem no tempo todos os verbos que já conjuguei, nem tão pouco a pressa que o mundo tem, assim não cabem no tempo os olhares perdidos nem as vidas vazias, construa-se castelos bem acima das nuvens que nos permita passear neles depois de erguidos, porque só reiniciamos a construção de um castelo quando um dos existentes ruir …Na minha face , derramo o absurdo da sua lembrança, um elmo de imagem que tento arquivar na esperança da sua volta! Para quê querer um céu, se nem os Deuses conseguem viver nele!
domingo, 14 de novembro de 2021
Hoje é daqueles dias que me sinto perdido, resignado até, digo a mim mesmo, que sei como ninguém como vai ser difícil adiante … Ao imprimir a palavra chega, então já sei que vem ai dor porque há coisas que não podemos corta-las das veias não! Então, apagarei simplesmente as luzes e vocês ai limitem-se a trancar as portas…Não sairei deste quarto até, que nada mais sinta, porque amigos tenho medo daquilo que sou, a minha mente parece viver numa terra estrangeira, sinto que gastei todas as reservas no meu amor em quem não o merecia…Tudo o que me resta e que sei é que amar alguém é um puzzle sem resolução Simplesmente já me disseram para partir, e não voltar a olhar para trás , vocês certamente também já caminharam nessa estrada muitas vezes, também já devem conhecer todas essas frases , é como se esperancem encontrar então alguém bem melhor que nos mesmos, e voltar-nos a quebrar de novo! Meu deus, quero muito que exista alguém que quando eu estiver a sucumbir, cuide um pouco de mim, apenas um pouco…quando eu estiver lá! Espero que haja alguém…Oh, estou com medo deste final de caminho, entre a luz e lugar nenhum, eu não quero ser o único deixado ali para trás…Paralisarei aqui ou me afogarei na ausência de luz , será que haverá alguém que me deixe o Coração livre, para me segurar de vez quando eu cair de cansado… Há ao nosso redor algo que nos une que trai os nossos olhos, que alimenta o sorriso com uma fala que grita em silêncio. Movimentamos como que comandados por cordas, feito um fantoche nas mãos da vida. O corpo se acidenta quando sonha com, o amor em curvas que desapontam o coração, arrastando-nos por entre rotas estreitas, contra a vontade da razão dos desejos tão independentes que uniformizam a pele com o calor dos sentimentos. Tenho tanta saudade que confesso, começo a ficar imobilizado a força motriz que sustenta as pálpebras, mesmo diante da dor é quase impossível nos desvencilharmos do olhar que nos toca como se tivessem mãos, esse olhar que me invade por entre frestas ornamentadas do meu coração que se revelam com a elegância da poesia… Nem sempre é possível admitir, que existe um olhar arrematando nossas margens mais seguras, que nos refresca como uma brisa lancinante e intensa, que se demonstra de uma forma ardente, o silêncio pode ser poderoso, mas não nos deixa em paz, pois algo dentro de nós grita fazendo injustiças se revelarem como uma fragância que nem sempre cheira ao que desejávamos …A boca nem sempre revela o que o coração tanto queria dizer , e as palavras tremulas dos dedos imprecisos escondem o amor que se sente... Por isso, limito-me a tentar receber o respeito dos demais que por aqui passam, tendo a ousadia de ser eu mesmo.
quinta-feira, 11 de novembro de 2021
Hoje procuro no interior, da minha existência todos os sentidos remexendo-os , trocando-os de um lado para outro para quem sabe ver algo dentro de mim que ainda não encontrei…Decido retirar tudo dentro de mim , para ver mesmo bem, incluindo os órgãos que se limitam a seguir a batida do dominante coração que bate descompassadamente sem um ritmo definido. Todos os momentos e sentimentos vão se agrupando nesta mesa , onde coloco todos os meus tesouros escondidos, alguns , bem esquecidos já, diga-se de passagem…Não encontro aquele que procuro , desisto, volto a arrumar tudo no respetivo lugar , tento senti-los buscando aquele que realmente me faria falta neste momento , eu que sou tão arrumado, fico incrédulo mas!! O ultimo que tento arrumar agora não entra dentro de mim, e ainda agora todos se agrupavam dentro de mim, o que se passa !? Não sei se a vocês vos acontece o mesmo mas, é a escrever que encontro nestes rabiscos, as palavras que graciosamente ficam no precipício de outras com todos os sentimentos como se fosse uma caixinha de surpresas a que eu chamarei de universo. Hoje falo para quem me lê ou segue, pois são muitos mais os que me leem do que aqueles que revelam que me seguem. Eu nunca tive necessidade de ser ou tentar sequer ser um escritor , aquilo que me move a escrever é a sensação de liberdade que as palavras me dão, assim como a força que eles me transmitem…Escrever torna-se num combustível para chegar ao intimo da minha alma onde está o único refugio dos meus sentimentos, e isto tornou-se num alicerce que me sustem e me mantem de pé. De quê me vale, caminhar , ouvir, liderar , trabalhar se tudo o que faço é sempre pouco e se tudo o que posso é sempre insuficiente, infelizmente posso pouco mesmo…Sigo como posso ! As vezes mais vale desistir do que insistir, esquecer do que querer, arrumar do que cultivar, anular do que desejar. No ar ficará para sempre a dúvida se fizemos bem, mas pelo menos temos a paz de ter feito aquilo que devia ser feito! Às vezes é preciso mudar o que parece não ter solução, deitar tudo abaixo para voltar a construir do zero, bater com a porta e apanhar o último comboio no derradeiro momento e sem olhar para trás, abrir a janela e jogar tudo borda fora, queimar cartas e fotografias, esquecer a voz e o cheiro, as mãos e a cor da pele, apagar a memória sem medo de a perder para sempre, esquecer tudo, cada momento, cada minuto, cada passo e cada palavra, cada promessa e cada desilusão, atirar com tudo para dentro de uma gaveta e deitar a chave fora, ou então pedir a alguém que guarde tudo num cofre e que a seguir esqueça o segredo. Às vezes é preciso saber renunciar, não aceitar, não cooperar, não ouvir nem contemporizar, não pedir nem dar, pedir silêncio e paz e sossego, sem dor, sem tristeza e sem medo de partir. Por isso hoje ajoelho-me no altar das palavras, como se lhes prestasse um culto sagrado de silencio com as mãos e as enchesse dos nadas que tantos dias me oferecem. Em cada silaba converto as interrogações que desfolham os sentidos de dentro para fora de mim, como quem junta peças de sossego nas raízes da alma que os suspiros inventam…
Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

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Hoje reflito com o pensamento de como juntar, aproximar quem se afasta, sinceramente não sei. Apenas sei que é o amor aproxima, que as div...
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Hoje fechei a porta que em círculos e cercos, fechou as margens e estancou num pântano o silêncio, consumado na pálpebra cerrada que tranco...
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Hoje até podiam sentar-se na minha cama e contar-me mentiras... Que o amor tem a forma da minha mão ou que os meus beijos são perguntas qu...