quarta-feira, 30 de junho de 2021

Hoje escuto o silêncio .... Leio o tempo e ás vezes fujo, corro de mim!! Mas o mundo não muda ...Eu contínuo aqui, a tentar parar o tempo de tantos momentos sonhos, planos, fantasia promessas , algumas vividas que o tempo levou ...O mundo não mudou os momentos apenas adormeceram nas palavras que se calaram !!! Perderam-se os segredos mas que mude o destino... Por um minuto que seja , nem que seja num jogo de faz de conta ... Por enquanto apenas sinto ilhas de encanto nas rugas provocadas pelo abandono do tempo, que não me souberam eternizar!!! Espalho estas palavras no chão, amontoado de sentidos desconexos , labirintos de emoções que junto em mundos proibidos!!! Que Ousadia esta minha! tentar descontinuar um enigma absorvendo o segredo do ser e assim permanecer... É inquietante o silêncio que habita na solidão dos instantes.... É nesses pedaços de tempo que o coração se invade de uma voz que nos cala, faz-nos  quebrar mesmo que não queiramos! Faz-se poesia com o desmoronar dos castelos, paisagens esquecidas , previsões desta bagagem que transportamos na nudez dos dias longos, dos julgamentos injustos, que acabarei sempre por descrever como quem constrói o som do amor na partilha de quem se ama…Hoje vou verbalizando as quedas, convencendo-me que o chão também é um abrigo, é nesse terminal que desenho as minhas cores, elas se  impõem e me abraçam num carinho de prudência !!! Gosto desta inquietude nesse momento onde o ruído adormece e nos devolve a serenidade que nos faz persistir perante as horas surdas dos dias...Mas !!! por vezes as palavras que escrevemos querem sorrir , elas escondem sorrisos nas rimas misturadas em versos de dor e ausência… Este bailado de palavras inertes muitas vezes jogadas ao chão frio em tons de silabas desalinhadas não é mais que a nossa sombra desaguada no desalento de um papel usado, amarrotado pelo nosso ultimo suspiro...

terça-feira, 22 de junho de 2021

Hoje a noite está a resvalar a escuridão. Os passos dão-se de uma forma frágil , na sombra que ofusca o céu . O ar esse , torna-se irrespirável. Por muito estranho que pareça, sobrevivemos, e não queremos crer nessa simples possibilidade. À nossa volta o cenário da destruição extrema, começa a imperar,  percebe-se que aconteceu uma catástrofe a nível global, social, emocional, porém, os pormenores os detalhes estão á vista de todos mas as verdades escasseiam. As pessoas escondem-se nos recantos cheios de sombras, longe dos cheiros, apenas inalando  o arrepio do medo… Porque é no corpo e nas nossas necessidades que tudo começa e acaba. É o corpo que é real, e, paradoxalmente, só o compreendemos quando o perdemos ou quando ficamos reduzidos a ele, já pensara nisso? Sinto que a cada dia que passa, estamos, lutando pela  sobrevivência da nossa liberdade é assim, passo a passo, segundo a segundo, pulsação a pulsação, vamos dando cor ao que não vemos mas que nos afeta !  É um tempo onde nos movemos sem rumo, sem saber a direção, sem saber nada. E não há ninguém para perguntar o caminho, é um caminho interno e solitário. Uma luta renhida pela lucidez, que começa nos gestos mais banais. E, ao mesmo tempo, o desespero de preservar a memória porque, acreditem, sem ela morremos de facto… Para um sobrevivente, a morte pode ser um consolo, quase um alívio. Para um sobrevivente, cada movimento dói, como uma chaga permanente na vida. Mas, em vez de se render ao abraço da morte, da desistência, o sobrevivente continua em frente  numa obstinação que tem tanto de desespero como de instintivo.  Percebemos, assim, que o mundo está cheio deles. Sobreviventes. A luta começa a estar no rosto do mundo. Podemos então olhá-la de outros prismas, conhecê-la, interpretá-la. Não com raciocínios, mas com as emoções à flor da pele. Não encontramos respostas nos livros, esses apenas contam histórias fazendo a história. O mundo começa a estar invertido o preto transforma-se em branco e o branco em cinzento. Todavia, temos mãos, temos tintas e pincéis, mas não há nesta vida quem saiba pegar neles e pintar… Sinto que estamos num novo começo, começamos a ver o mundo como se fosse a primeira vez, um ponto de partida, onde nem temos como mostrar o passado, o que foi destruído, nem há como trazê-lo para o presente, como oferecê-lo às novas gerações… Hoje percebo que o cenário mudou. Abre-se uma porta, para que surja uma luz, e devolva a crença onde tudo começa a parecer ruinas ,  porém, tudo fica diferente. Seria bom as pessoas  voltarem a trocar sorrisos e palavras,  coisas simples,   alegrias, tristezas, estados de alma, talvez ai descobrissem  o poder da partilha! Não sei se iremos ainda presenciar o renascimento do mundo, da vida, como se a vida fosse uma coisa abstrata, exterior, a nós humanos,  que tanto experimentamos os sentimentos básicos dessa vida, como quem prova pedaços tímidos de sabores desconhecidos,  do amor, da amizade, da mulher, do homem,  da agressividade, da luta, da coragem, da partilha, do egoísmo, da solidão, da solidariedade, da cumplicidade… O medo, esse, é aquele que já conhecemos de cor, de tanto o vestir e levar pelos caminhos. O medo, esse animal que se esconde na toca, encolhido, assustado, e que, ao sentir-se encurralado, se pode tornar comunitário, primeiro por desespero, depois, por não termos como lhe fugir…Hoje estou assim porque o medo de perder me retira a vontade de ganhar!

quinta-feira, 17 de junho de 2021

 Hoje eu já não acho estranho quando alguém coloca em causa algo que outros tem como adquirido. É uma sensação desconfortável quando começamos a duvidar das nossas certezas e dos outros…Mas, é humano! Eu tenho a noção de que sou uma pessoa de certezas, talvez de ideias firmes até,  por vezes fixas e inflexíveis, é verdade... Mas são elas que nos podem guiar na vida! Se não tivermos certezas como podemos sobreviver neste mundo? São elas que nos fazem seguir e estabelecer um percurso para atingir os nossos objetivos….Se este existirem claro! Quando tomamos decisões, as certezas estão lá. Porque se não estiverem... Se não estiverem, somos incapazes de decidir o que quer que seja conscientemente. E isso assusta-me. A inconsciência das decisões é uma coisa que me assusta, porque não consigo entendê-la. Por esta ordem de pensamento, talvez aquilo que me assusta é o que me escapa ao entendimento. A razão faz parte do ser humano, porque é que os Homens tendem a esquecer-se disso? Não sei. Essa é uma pergunta que me irá perseguir para sempre...Considerações sobre a responsabilidade da Humanidade à parte, a verdade é que quando me deixam a pensar sobre as minhas certezas, sou capaz de me alhear de tudo. Parece que começo a sentir o chão a fugir dos meus pés. E eu tenho muito medo de ficar sem ele, confesso. É, muitas vezes, o mundo à nossa volta que coloca as nossas certezas em dúvida permanentemente... O que é que é justo? O que é que honorável? O que é que é uma atitude corajosa? O que é que é a mentira? O que é que é a omissão? O que é que é a verdade? O que é são valores? O respeito é medo? Ou o medo faz parte do respeito? Serão coisas completamente distintas ou não? Quais são as nossas raízes? Elas existem? O que é que a identidade? Qual é a nossa identidade? O que é que defendemos? Porque o fazemos? Ou, porque é que não o fazemos? Quando somos de ideias fixas, por vezes, podemos cair no erro de sermos idealistas... Mas será que ser idealista é um erro? Eu acredito que não. Acho que é bom ter ideais e defendê-los. Do que é que se faz a vida se não defendermos algo em que acreditamos? Se não fizermos o que estiver ao nosso alcance para que aquilo que amamos não desapareça? O que é a nossa vida se não agarrarmos com unhas e dentes a oportunidade de fazer alguma coisa pelos outros e por nós mesmos? Nada. Sem isto a vida não tem sentido. Aí está uma certeza. Sem nada disto a vida não tem sentido.  Quanto ao resto o desafio está no bom senso. No bom senso de chegar a um ponto e, através da reflexão consciente, perceber se continuarmos ou não no caminho que escolhemos. No bom senso de conseguirmos entender até onde podemos ir. E, no final de contas, a dúvida vai fazer sempre parte desse processo. Só temos de arranjar uma forma de ela não nos engolir. Hoje estou assim,  porque  ter um filho é como ter um coração fora do nosso corpo, e escrever está intimamente associado  a essa ideia ...Por isso!! Hoje mordo o meu coração...



segunda-feira, 14 de junho de 2021

 Hoje dentro de si mesma, a noite não revela contornos , serve-se de sombras…Abro janelas de afetos, caminho sobre as horas, que exibem o desejo que o vértice das pernas esconde ! Imagino um corpo sobre mim, debruçando-se pelo meu lado selvagem , outrora adormecido num bosque imaginário,  de prazeres sem grades! Sonhamos que em algum lugar estarão sempre dois braços,  dispostos em forma de casa,  para receber o  nosso corpo quando cai. Eu já cai e muito…. Mas!!! E imaginei que havia um corpo com dois braços capazes de segurar-me  firmemente na queda…Mas não …Tive de recriar-me num estranho abrigo ao longo dos abraços imaginários no limiar do percurso da vida ...Aproximei os olhos da vertigem dos céus, fiz das estrelas barcos, para sulcarem os mares do meu coração em desordem, criei gestos para contrariar as palavras, exilei-me do tempo pelo medo que enrouqueceu o cansaço nos rostos desenhados em silêncios, nas noites adiadas. Como se sentisse alguma perversão, a minha boca desenha gestos poéticos, excêntricos,  que corrompem qualquer palavra que a luz da manha enrola nos meus olhos , em mais um dia que acordo com um som estranho dento do meu peito… Como se dum eco se tratasse,  de uma palavra tatuada em mim,  que eu não reconheço mas, mesmo assim,  atravessa a fronteira como um fantasma apavorado pela luz que asfixia…Eu já escrevi muitas paginas na minha vida, mas tenho queimado todas como quem faz anos e sopra as velas sem olhar para trás!

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quarta-feira, 9 de junho de 2021

Hoje ando costurando pedaços de sonhos rasgados, que sei que dormem dentro de mim.  Agarro-me a  eles, como me agarro ao caminho, para seguir. A vida muitas vezes é-nos servida com uma  dureza gigante, repleta de adversidades que somos obrigados a enfrentar, mas!! Não foi isso que me endureceu o  meu Eu. Tenho como todos vós as minhas andanças internas, em busca de força para construir a colcha da minha vida, me auto defino como um ser  fragilizado, mas com a coragem suficiente para fazer de todos os meus retalhos de um antigo ser,  que pensei não mais existir. Um homem resiliente  que ainda resiste,  e não se deixa ofuscar pela escuridão dos dias menos bons ... Tornei-me um artífice de costurar no escuro,  porém ser assim,  exige de mim  muita habilidade, cautela, para não perder o encanto, a delicadeza, a essência no que me tornei! Quando começamos a bordar a nossa colcha da vida, não é para nos tornarmos melhor que nada nem ninguém , é apenas colocar o amor em cada ponto, cada retalho, das nossas vivências… É ai que ficam os muitos laços para dar, quando outros optam por dar nós… Viver para colorir onde não há cor, é essa a beleza e a leveza desejada entre cada ponto para que mais tarde não seja necessário dar nós em laços difíceis de desatar! Não posso com isto dizer que todos os pontos que costurei na vida tenham sido desencontrados ou apertados, ou, até mesmo que tenham tido a coloração de um dia de cinzento, mas!!! Cinza também é cor, e faz parte de todas as vidas serem preenchidas por todos os tons…Apenas gostava que soubessem, que, viver é fantástico, mas não é verdade que a cor que escolhemos para dar a tonalidade dos nossos dias tenha sido escolhida por nós….Não mesmo!  Hoje olho a lua sem qualquer pudor pela sua cor, ela serve-se como um balsamo para a alma e uma brisa que me acalma .

quarta-feira, 2 de junho de 2021

 Hoje escrevo  como se fosse  passado , porque, os meus dedos viraram estrelas, tocaram no dia de amanha, desenhando o passado, sem presente ! Talvez agora, no futuro, não sinta o frio que a noite  tantas vezes trás, porque no meu corpo vive a luz  de uma lareira recentemente apagada e nem o fumo, que ela teima em fazer crescer, me faz lacrimejar de saudade dum outro futuro… Aquilo que escrevo chama-se imaginação, de ventos e de momentos…Sempre que chove , o Sol espreita para iluminar o céu que rega de luz este meu jardim, descolorido , sem reluzir o azul e cinzento que desaba do céu. Gera-se um sonho, que se deita sobre o meu corpo e faz tempo  que não leio o que escrevo sobre o meu corpo… Uma folha em branco basta, debaixo do olhar, com a caneta ansiosa a descansar de me fazer viajar e levar para todo o lado. São assim os sonhos,  cansam-se de esperar . Até mesmo aqueles nossos sonhos em que o nosso “eu” se desprende de nós próprios, chamando-nos,  rabiscando distâncias e nomes de terras que ainda nem floriram para ninguém… Sinto que já vivi este pensamento, como se o tempo ficasse retido no passado, e hoje voltasse a içar ao mesmo tempo  a noite e os sonhos,  carregando-me por montes e vales,  por portas  onde nunca irei entrar. .. Confesso que me assusto, silencio-me para escutar o coração, deixando-me prostituir por todas as minhas fragilidades  e medos, silenciando o meu intimo apenas mais uma vez ! Este silencio da minha voz , não condiz com o barulho intenso do meu interior, sou muito mais que as minhas palavras escritas, sou muito mais que os emaranhados de nós, que compõem a minha historia, sou antes de mais toda a essência dos meus pedaços, sou inteiro, inquietante, mas também sou leveza, sonhada…Sou um ser em reconstrução que admite que nada  vê e escuta, para além da surdez que abafa os meus dias, quando me carrego de um lado para o outro nesse sonho que outrora sonhei…Neste sonho, chego onde nunca estarei…. Por vezes, em certas noites como esta, acerco-me de um qualquer ideal, e prego aos Deuses,  para que não se esqueçam deixar alguns pedaços de nuvem no meu peito, para que nunca deixe a minha alma só perante os olhares do purgatório final…

sábado, 29 de maio de 2021

Hoje sinto simplesmente falta…Falta  dos sonhos que me embalaram a alma, dos sorrisos tontos que nascem nos lábios, simplesmente porque a memoria tem dias, que trás de volta instantes que nos enchem de magia…Sinto falta da doçura de um beijo trocado em segredo, do toque suave de uma alma na minha, com a força com que me faça sentir de novo vivo… Sinto falta das horas em que o mundo parece não mais existir…porque nada mais interessa no  mundo…Hoje sinto falta das palavras, por isso escrevo-as, nos silêncios do meu coração, que a ausência imposta me rouba da razão…Sinto falta daquela ilusão, que nos faz voar por caminhos desconhecidos, por retalhos de uma vida que poderia ter sido! Sinto falta das fantasias, das historias de encantar , onde eu podia ser quem quisesse…Até aquilo que nunca fui…Dono do meu coração! Sinto falta daquelas horas em que, era capaz de irradiar, palavras de alma aberta  onde me iluminava para que nada fosse escondido, nesta perfeita imperfeição que é ser eu mesmo , no sonho da entrega inconsequente …Sinto falta de tantas coisas que chego á conclusão que nunca foram minhas…Posso até me reconstruir vezes sem conta, porém jamais deixarei de ser o mesmo de sempre...

terça-feira, 25 de maio de 2021

Hoje vejo sombras na vida, uma que se desprende sempre a nós,  outra acompanhando os passos que escolhemos,  uma que termina numa caminhada, outra que se espuma  na expressão sensível de quem nos rodeia,  uma concretizada por nós,  outra assinalada pela alma que se espalha pelo  mundo…Em todas podem até faltar as palavras, mas sobram as emoções, que se fundem nos nossos sentimentos, libertando   um sorriso que seja... Tudo se resume á simplicidade do ser, tudo nos decifra, tudo gera entendimento na vida, apagando  regras impostas, que ofuscam o brilho da alma... É tão simples olhar à volta, e contar as nossas sombras,  nada impede, que as rejeitemos  da imagem que carregamos,  mas a sua  pureza nos nossos sonhos  iguala-se num sentido único...Será que ao sonharmos a nossa sombra também sonha? Será que o nosso silêncio é um grito que não se quer ouvir na sombra? A minha sombra é,  a distancia entre mim e o que me separa de todos os “outros”… Aqui, elaboro palavras que se juntam na vida !!Muitas delas só a mim fazem sentido…Muitas  dizem-me que não desista, que lute, que junte,  que procure nos horizontes que estão para além do que pode ser encontrado. Dizem-me que lá me encontrarei, Mas!! Eu nunca me perdi… Não tenho forma de desistir , mas!! Não seria mais fácil desistir e pronto! Deixaria de olhar para o que passou,  e nada daquilo que vivo ou não, me voltaria a desviar o olhar …Eu sei , eu sei que seria demasiado simples para ser real…Quando se edifica sonhos, desistir não é simples! Não é simples acordar e mudar o chip …. Não é simples despir os olhos da cor do sonho,  resta a sombra, que me desarma nas palavras que visto ! Não é simples apagar nomes que um dia tatuámos no coração nem varrer palavras que foram ditas em silêncios…Eu sei que é impossível  coser o coração partido com linhas do esquecimento… Quantas vezes eu mesmo desisti de tudo… Mas!! Não consigo desistir das  palavras que se lançam em mim…Não sei ignorar a razão dos sentidos , quem sou eu para desistir dos sonhos ou do amor ou até mesmo de sonhar ? Por muito que me rotulem ou que eu me auto rotule jamais os meus olhos serão vazios, jamais desistirei de algo... Mas, se alguém desistiu de mim alguma vez, então foi uma perda vossa e não minha!. Por mais que diga ou que faça ou até que vocês façam , em mim existirá sempre a reste-a de esperança que há-de prender-me aos portais da  vida. Desistir é simples se no nosso coração nada existir…Moral da historia se  desistir não é simples, tal como não é simples lutar, porque razão é que alguém optaria pela desistência em detrimento da  luta que levaria a mais hipóteses de tornar real tudo o que alguma vez sonhámos? Reflitam e se conseguirem reflitam-me no vosso olhar porque sinto a lava arder na minha sombra…Sei que só ser assim não basta, mas são as palavras que me arrastam para longe do precipício sem fim!


domingo, 16 de maio de 2021

 Hoje há uma mesa que nos separa, que nos divide, não há refeições suficientes para conseguir digerir toda a  comida que se partilha. Mas!!! Há em todos nós engasgadas, algumas das palavras que se usam ao acaso, direcionadas aos estranhos que nos interrompem o caminho. Sabem,  acho que nunca fiz triagem das letras por ser fácil aceitar que as que digo são as que  me pertencem e circulam  nas veias, enquanto os quilómetros  dividem as vidas. Talvez nunca tenha dito que sou muito mais que  fracos adjectivos a que muitos recorrem para me preencher. Certamente muitos ainda não tenham  visto que me desenho de cores minhas em vez, de usar  tons escuros para me esconder,  e projectar bem ao longe a minha sombra…  Lamento o exagero de muitos, e a pouca humildade. A tinta que tenho espalhado na minha vida é uma marca registada numa vida singular… Posso até ser dono das minhas rédeas mas não tenho  trono, tenho sido guerreiro, sem vitorias , tenho a  capacidade de me baixar perante a vida e de me erguer, perante a luta !!! Hoje consigo voar sem sequer me mexer ....

terça-feira, 11 de maio de 2021

Hoje não me recordo onde deixei as certezas . Derramadas no  chão,  não sei , não vejo marcas que contracenem nessa perda…Desfolhando o  alfabeto, como base para as palavras que precisam de construções  assisto a um pouco de nada, do que escrevo , para um céu longínquo onde as  novidades  assentam apenas num ponto de partida. Continuo com caixas por abrir, permanecem intactas  como os biliões de constelações, estrelas  que ditam caminhos. O meu interior é um átrio e o meu exterior revela-se  cada necessidade em meras pausas, nos reconhecimentos de quem é anónimo a outros olhos alheios. Rescrevo muitas conjugações por vezes são, inevitavelmente mal empregues, mas vou reparando nas marcas que deixo no chão…hoje tenho a capacidade  de saber não ficar,  nem de ir mais longe... Porque sinto que continuamos tão longe, para que o tempo nos faça aceitar  que não podemos modificar comportamentos, tão longe,  que temos de aceitar, que o passado é estático e não pode ser diferente , por muito que quiséssemos que o tivesse sido,  tão longe, que aceitamos como somos e paramos de lutar contra nós mesmos,  tão longe, que aceitamos que os outros são como são e paramos de lutar por eles, tão longe, que aceitamos que o mundo invariavelmente não quer saber dos nossos passos, nem abranda o ritmo para que consigamos acompanhá-lo,  tão longe, que aceitamos que temos de abrandar , a fim de conseguirmos acompanhar o que na vida nos sucede, tão longe , para conseguirmos aceitar de que tudo esteve sempre ao nosso alcance só que nunca parámos para o aceitar… Pára !!! Hoje sinto que o mundo se distancia dos seus momentos de origem. As sequências são distantes, cada vez mais  distantes...Mas!! Eu, continuo usando as mesmas palavras... Hoje até não seria o dia ideal que teria escolhido para escrever de novo! O cansaço das noites mal dormidas não perdoa mas!! Desde que pelo menos possamos estar deitados a descansar o corpo já é avançar …Escrever assim,  é perder um pouco o fio condutor á razão,  é colocar ironia nas palavras mas também nunca fiz questão de que o meu fio condutor fosse facilmente entendido, ou sequer óbvio. Muitas vezes é bom , colocar longe o mundo, longe a confusão. A distância, o tempo, a vida e a razão, tudo parece condenar-nos a não ver, não ouvir, assim, não restara nada palpável que justifique o raciocínio . E, no entanto, há algo que suplanta todos esses obstáculos. Não me peçam que explique algo que só eu sei sentir. Não tenho qualquer resposta para as  perguntas racionais e sensatas. O que sei, porque o sinto, é que nada nem ninguém o pode substituir. Será que o que me falta e que me faz caminhar desequilibrado, que me faz sentir incompleto, que me faz procurar e voltar a procurar, é talvez algo que eu sei bem nunca ter encontrado. É por isso que eu resisto à facilidade com que hoje em dia se deixa tudo para trás, esquecer, apagar do coração. Mesmo que tal fosse possível (eu sei que não é), se nos esquecemos de nós próprios, no final daremos com nós próprios a chegar á conclusão que nada temos. Quando tudo o resto se vai, são as coisas em que acreditamos que não nos abandonam... Tantas vezes se usa em vão a palavra Amor. Tantas vezes se comete o sacrilégio de se falar de Amor sem saber do que se fala. Ou do que se sente. Amar é carregar a alegria e a dor por termos a nossa Alma invadida por um ser estranho. Amar é sermos levados pela brisa, rodopiarmos como um remoinho e acabarmos arrastados pelo furacão. Como as simples ondas do mar,  que vão e voltam, sempre no seu ritmo compassado, e que nos fazem imaginar sonhos inconfessáveis, ou esperar pelo milagre que trará aquilo porque esperamos...Talvez nunca aconteça, mas amar é transportarmos a razão do nosso amor dia após dia, após dia, após dia. Isso é que deve ser amor. Por isso não devemos deixar de ter esperança. Não porque o saiba de verdade, mas porque o sinto. Gravado na minha Alma da forma mais  imortal. É esse o amor que eu encontro, sem no entanto o encontrar, todos os dias da minha vida. Não sei se algum dia me completará. Sei que sem ele estarei incompleto...Como hoje!

terça-feira, 4 de maio de 2021

Hoje subo uma escada sem corrimão, uma escada que encaracola e sobe pelos céus mas não passa do chão… Quanto mais subo mais constato que os degraus se degradam à medida que subo, fica-me a sensação que todos estes sobressaltos são uma lição de vida que em lugar algum cheguei a ter…Porque ser testado nesta subida? Há quem possa subir e não o queira, eu que ouso subir sem corrimão sou cronometrado, até á exaustão do lastro do meu coração… É árduo entregar o passo, o degrau conquistado,  que nos direciona ao abraço. Pois o amor que gira pelo peito nasce e frutifica, floresce e nos arquiteta com uma estrutura que pode ser escalada e vívida por aqueles que o sentem.  É triste, mas há quem não saiba que acena-se mais com os olhos, que com as mãos! Os Olhos acenam em distâncias o que nenhum gesto de corpo é capaz. Mesmo assim continua longe de se ver o além por trás da linha do horizonte. O quadro da vida ao redor, classifica-nos e nos limita, impõe-nos feito uma estátua com espaços para poucas escaladas Mas da mesma forma como as paisagens são mutáveis com o tempo, nossa alma se transforma ao mínimo movimento. O olhar pode mirar o verso do horizonte. Com aprendizado nos tornamos capazes de alcançar os sonhos escondidos por cima desta escada que tanto lutamos para escalar…É possível atravessar fronteiras, eu sei! Exceder os limites da nossa capacidade para concretizar os desejos mais íntimos. Viver é uma constante surpresa quando nos condicionamos a galgar os degraus com afinco e determinação; quando cada dia é vivido na totalidade, pelo anseio de ser feliz, em alcançar as realizações que aprimoram, os sorrisos e orgulho, o ser dentro de nós. Não sabemos o que nos aguarda, porém, podemos lutar e chegar onde queremos. Há possibilidades, chances de superarmos os desvios e obstáculos para alcançar os prêmios que desejamos  viver, mas não pode ser a qualquer custo...Hoje subo esta escada sem corrimão, olho para baixo e vejo o meu reflexo no chão de gelo que se instala, e pergunto se vale apena ir tão longe... Volto a tentar subir mais um degrau e a escada treme, pensava eu que escalava a maior fortaleza  e que nada  a podia abalar, mas é quase impossível ficar perto de algo tão distante ....Podemos tentar construir uma dinastia que nem os céus podem abalar, contudo tudo desaba e eu, já estou muito alto para os anjos voarem...

domingo, 2 de maio de 2021

  Hoje as palavras! Fluem  com pressa, sem espera... Na sua indecisão e no congestionamento dos sentidos há sempre algumas engasgadas, para um não uso impróprio. Por isso, escrevo-as de uma forma metaforicamente falando, repletas de intencionalidades… Aqui consigo retoca-las  de uma forma amadora, mas com  sensibilidade para quem as entender! Em mim a sua germinação acontece de uma forma genuína , elas tocam-me, e , se elas falassem, abririam caminhos, na sua missão ao as invocar aos céus, mas!!! Sendo elas apenas palavras,  por muito que não queria,  elas distanciam-se do ato,  ficando apenas a mensagem que não tem morada.  Desenho-as como se de um poema se tratasse, deixo-as nuas à depreciação ou não,  de terceiros e sempre com romantismo teço-as,  onde vou recriando um rosto , sem corpo, sem respostas que me faz viajar em rios de mistérios … Hoje esvaziei este ramo de palavras como se dum ramo de flores se tratasse, desfolhei pétalas nos sonhos bordados entre as minhas mãos vazias e o vazio deste mundo vago…

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...