segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Há em nós palavras que oferecem  ecos de outros tempos… Há coisas vividas que se confundem com este presente… Que não soa a dádiva!!!.A minha vida está como se tivesse saído duma floresta, e o campo que escolhi para ficar fosse agora planície aberta. Trago no bolso sementes que deito ao chão mas não pegam, sei que delas nada vai brotar e não me servirão, mas sem elas tenho duas mãos vazias e um horizonte sem intento! Os amigos quando vêm são como uma brisa na ramagem de outrora… uma sensação de estabilidade num contexto já bem diferente, e a minha diferença ainda não se enquadra nessa paisagem. Depois das palavras, aos poucos os sons vão-se apagando. E eu fico atento, ouvindo, expectante, espectador da minha própria vida, uma mera miragem com que a maresia do Atlântico me brinda. Sinto que tenho que abrir mão das recordações ( mas ninguém o faz, é-nos impossível). Pois sem recordações sinto-me vazio e despersonalizado.. Eu não sou eu, transpus-me para o presente, mas ainda de costas voltadas. E já não me reconheço aí... eu nunca pensei aliás por vezes  a minha vida  seja um pouco um não pensar, que fosse tão difícil abrir mão do sítio que me acolheu e construir casa noutro lugar. Um pouco de nós fica lá e nunca mais volta. E essa parte faz-nos falta.(não sou hipócrita sou realista) Nesta reengenharia da vida, sei que temos que nos destruir para nos reedificar-mos. E enquanto não o fizermos, sentimos-nos sempre a perder. Toda a semente que cair neste chão é uma esperança vã. E eu vou perdendo o tempo que passa. Deito-as fora, sementes e esperança, sinto-me um puzzle inacabado. Peças em falta. Planície aberta, falta saber como reconstruir  esta casa…

1 comentário:

  1. No caminhar da vida existem sempre, 2 caminhos, viveremos sempre inacabados, ao longo da vida juntamos peças de puzzle, e esse apenas termina quando todas as peças se completam, é verdade pode sempre demorar o seu tempo, mas nunca se fica sem a peça que lutamos!!

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