quinta-feira, 8 de setembro de 2022

  Hoje penso neste amor que me avistou através das vidraças da vida, e sem nada fazer prever, entrou como um sopro do vento pelas fissuras de mim e da janela que há muito estava entreaberta! O destino estava traçado, mas essa brisa desarrumou tudo, misturou tudo, remontou tudo , arrancando-me os velhos quadros das paredes do peito, que eu involuntariamente guardei no canto dos tempos…Esta brisa levantou todas as poeiras do chão que os tempos passados deixaram cair pelos passos da minha vida, um amontoado de sentidos que a alma teimava em repelir , ocupando os espaços de forma clandestina! Hoje deixei a janela escancarada,  agradeci aos ventos que entraram e varreram a dor derramada, ergui os meus braços para os céus e num breve suspiro abri as mãos pelas catedrais  dos céus dos deuses onde as águas do teu corpo mergulham no meu! Somos feitos de fogo e mar , somos água que corre no relógio do tempo que pinga os minutos gastos , tantas vezes palavras sem cor , outras contrapondo com a apoteose dos dias onde me derramo, renasço, recomeço nos aros das palavras que se aprisionam á alma fazendo-nos escravos do sonho que a cada dia floresce nas dobras da nossa vida. Guardo-te como quem guarda uma pétala num livro, com cuidado, com a doçura que os veios da água esculpem na terra seca os caminhos que nos fazem  evocar o mar  dos nossos sentidos guardados. Guardo o teu olhar , os teus passos as tuas mãos na clausura dos dias que os corredores do silêncio tecem nos sonhos,  como avenidas, dilato as veias que me percorrem como caravelas , nesse descobrimento que o luar de setembro trespassou na noite que se afunda pelo sol da manha. Tu és o mar , onde a minha onda se desenvolve em maresia , libertando a nevoa das manhas na esperança de uma vaga que te trará até mim… Hoje devolvo a paixão ás palavras , deixo que elas se ocupem de juntar as letras que brotam dos meus dedos escamados que nem a felicidade consegue hidratar , por isso, guardo-te em mim, escrevendo o teu nome na areia do mar e volto a insistir que a arquitetura da maré cheia, deixe ficar gravadas as letras do teu nome, que replicarei em todos os meus sonhos e no amor que por ti permanecera eternamente vivo.

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