Hoje sonho este sonho para dentro , dele não quero acordar , as palavras vão-se amontoando  fazendo uma reunião e aos pouco demonstrando o que o coração pulsa. Tantas palavras diferentes se juntam , dizendo amor, saudade , paixão e outras mais que apenas replicam a verdade . Há palavras que vem com sorrisos outras nem por isso, mas são todas companheiras da mesma trajetória de vida , nenhuma delas encontra outra saída, depois de se reunirem guardam-se no peito. São invisíveis os átomos do amor, mas!! Palpitam e inflamam o nosso mundo, fazendo-nos estremecer perante as harmonias que nos silenciam . Quero pernoitar sempre em teu peito porque a minha vida tem o lastro da medida do teu olhar, na luz pálida deste dia que acorda agora vejo sentires , papeis palavras , números que me envolvem dia após dia para buscar as medidas certas do tempo, medida certa dos teus olhos, essa medida que os mostra a fazer amor, sim, a fazer amor, os nossos olhos fazem amor quando nos desfolhamos em lembranças, quando entramos em estradas que já viajamos, quando nos afundamos em caminhos da promessa das palavras, quando guardamos algo e não nos lembramos onde! Hoje precisava mesmo que me segurasses na mão dentro do meu sono, e me deixasses que durma dentro dos teus olhos silenciosos como a madrugada. Hoje, fica aqui comigo, entra no meu sonho e não percas nada dele, porque é esse olhar de paz que nutres que me guia. Sinto o cheiro a Outono, este odor aromatizado a vinho vinificado com que iremos brindar a nossas vidas, sela o sonho e o desejo que ele se cumpra por toda eternidade …Sabes perco-me ás vezes nas coisas de tanto as querer, trago em mim este misterioso abismo entre os olhos e o peito, que faz pensar e tu,  estás sempre lá, dentro do sonho, das palavras, dos meus beijos , silêncios.. Cheira a Outono, tanto pó seco nas minhas margens, o deserto a morrer de sede neste caminho enorme por percorrer, e eu, olho para ti mesmo quando não te avisto, porque os traços do teu rosto vivem colados no meu olhar como uma estrela que se acende no peito. Pudesse eu roubar-te a vida que me roubas, que eu desfragmentaria todas as paredes em ruinas das nossas estações e encurralaria a tua alma ao meu coração  por toda a eternidade a dentro!  Hoje estas em mim, sinto  na placidez deste outono a saudade que me invade o olhar em estrondos de luz esperando na tua ausência o caminho que nos marca a distância neste Outono de terra Seca onde nenhuma água me sacia a sede do nosso amor.