segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Hoje caminho... descalço...Sinto cada grão de areia por baixo de mim....Caminho... Por esta estrada que deixou de ter fim! Tento apagar os rastos que deixei ao caminhar,onde derramei escritos a sangue e lágrimas, que agora apenas repousam na alma. Não tento ser outra pessoa , até porque acho que nunca precisei de ser outra pessoa, sempre tive orgulho e orgulhei os demais pelo que sou … Posso ser diferente, sei que o sou, ainda assim, limito-me a caminhar ... descalço... de alma, de pensamento, de sentimentos erguidos, ao sol, ao luar, ignorando as ruas estranhas que deixei para trás… Nelas nada me apraz , apenas o peso da vida , que recebi, que dei, que mereci… Sem caminho pensativo? Sim , tenho dias que sim, eu e o peso da vida, do que dou, do que recebo, do que faço, do que mereço… Resta-me a brisa neste rosto , que me abraça, como se eu fosse um cristal, leve, transparente até demai, que me transforma e me ergue com um sopro de vida e me faz prosseguir até quando me fecho e me recuso a faze-lo! Hoje como apenas letras que escrevo, sem rascunho, sem borracha para emendar, com todos os erros que elas tenham e sem querer apaga-las ou reparar o que sou , lanço me ao vento como uma folha de outono que cái, a brisa essa, alisa-me do seu jeito brando sem me retrair , frágil ela quebra o feitiço da minha bagagem que deixei nas margens no inicio desta viagem! É parca a coragem, como simples gotas de orvalho, sorri perante um beijo dado na veemência da luz que incidiu sobre mim mesmo ao despir-me de cores que perderam o seu útero final…Quebro-me no equilíbrio exigido que jaz no chão pintado, ergo os braços aos céus e agradeço a dádiva que me fez ser parte de um circulo que não era o meu…Sinto-me como uma folha de outono, nasci vibrante , abracei os ramos, e como uma pluma me deixei desfalecer ao ritmo desta brisa…Amar completa-nos, sempre foi essa imagem que tive do amor…O amor tem de ser plural, se não assim for não conseguirá nunca completar dois seres diferentes, é dessa forma colorida que espero desenhar o amor! Há muito que tento dar forma aos meus sonhos de forma exaustiva, nas ruas vazias que a vida vai enchendo com retalhos de amor que tenho colhido no meu caminho. Tenho crescido com esse sonho, com certamente essa ilusão pois o amor que tenho assistido nunca foi plural, nunca pode ser plural se amar-mos sozinhos! Aprendi amar sem esperar resposta do outro lado, sempre achei que o que Sentia daria para amar por dois, mas o excesso de sentimentos acabam por nos sufocar … Há pessoas que passam por nós com a promessa de deixar muito mas acabam por partir sem nada deixar! Acho que a maioria das vezes o amor bateu-me à porta apenas para me cumprimentar como um nómada que jamais será capaz de acampar na vida de outro alguém! O amor ás vezes é um vestido muito largo que não assenta muito bem a todos, por isso muitas vezes com apenas dois a três passos em frente o vestido caí, causando um tsunami de tristezas… As ruas estão cheias mas continuamos incompletos pois não há quem se queira encaixar, apenas querem que nos encaixemos…Amar não é mostrar o máximo de nós, é sim mostrar o que somos e temos! Amar não é desviar da nossa vida quem nos ama, é sim estender a mão … O amor não nos prende, faz-nos sentir livres e pertencentes a algo único, a ponto de deixar dúvidas de lado, para sorrir. Sei, que lágrimas, sorrisos, amor e ódio, parecem irmãos, todos estão tão próximos que em segundos mudam a nossas falas e por vezes avaliamos mal os nossos reflexos , dizemos palavras que não nos revemos dentro delas… Mesmo assim não precisamos falar para mostrar quando amamos, nem precisamos que ninguém fale por nós porque o nosso silêncio fala sempre mais que qualquer eco… Envelheceram-se-me as palavras, frazes guardadas em gavetas empoeiradas, da biblioteca de uma alma! Entardeceram-se-me sonhos que me olhavam em sentido contrário, o coração parecia fechado,mas!! abriram-se os olhos, escondidos no meio das flores plantadas no jardim do meu olhar onde parecia que mais ninguém ia pisar...Vivi fazendo-me esquecido, destapei o meu passado, desnudei a minha história, abracei meses que já não conheço, tropecei no tempo deixei me cair dos braços desse sonho, fiquei aqui , tranquilo, revoltado, embrulhado em palavras evelhhecidas que se transformaram em poesia, sonhando-te para toda a vida... Os dias foram feitos de escuridão, uma escuridão tão grande que não me permitia ver que existia o sol lá à minha frente, para lá da linha do futuro...Que hoje chamo de estrela dourada!

sábado, 25 de novembro de 2023

Hoje quando acordei já estavam no cais,  os barcos adormecidos das águas sem vagas… Só ai o olhar ampara o sopro do vento demorado, que arrasta os sussurros primitivos a cada degrau da escarpa navegada! Não há margens aqui onde habito, as calçadas são desertos, íntimos a preto e branco, os candeeiros repousam as mãos famintas na luz  que alumia o artesão a moldar as águas deste mar revolto a baloiçar nas paredes da encosta da minha casa! Não estou a profanar as metáforas, por uma dádiva dos céus, não… Nem tão pouco me agarro à vertigem das sombras que se instalam nas minhas margens, sou fruto de um despiste quase inocente, se for a ver, há tantos como eu,  procurando nas outras pessoas a  felicidade muitas vezes em mentiras e sorrisos falsos rodeados de verdades enganadas de vidas destroçadas em areias movediças que levam e trazem os navios parados nas praias, as barcas vazias de peixe, as redes espalhadas nas margens do areal  dos pescadores por coser…Há miséria e desgraça nas mentiras, vivesse inventando imagens, de sonhos que escutamos em eco nas palavras como se fosse um jogo que quem encontra primeiro vence, mas eu até agora apenas tenho ficado no pódio, encontro sempre em segundo lugar! Posso ate lavar os sonhos, banha-los no pensamento e na espuma perfumada da maresia, que graças à inercia das palavras me acomodo sem partir e sem voar.. Eu sei meus amigos, é preciso soprar na fogueira muitas vezes , mas se ela se apagar não podemos insistir  precisamos novamente de uma acendalha…


Tu és a minha acendalha ...

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Hoje assumo que não sinto poderes mágicos, sim aqueles que nos libertam da desmesura do frio dos novos trechos onde desenhamos as palavras desconexas. Busco frases de algodão onde o sentido se desfie do gume afiado que dilacerou um dia nas minhas palavras o derrame dos sentidos… Não me sinto vencido pela surdez do gotejar de palavras proferidas dentro de água, tudo que existe serve para construirmos a nossa fortaleza, até os frutos das arvores desmaiadas nos dão o que a vida nos pede a nós próprios enquanto humanos … Todos temos queixumes, não podemos todos habitar no Edam, sempre houve o bom e o mau e umas vezes sobrevivemos outras não! Não invento sorrisos de hipocrisia nem de faz de conta, não fabrico o meu ser nem deixo que o confundam com este espectro que alguns cultivam, poro a poro, prefiro ter mais dor mas mais vida de verdade, abomino aqueles que dizem ser o que não são, mentem tanto aos outros como a si próprios … Hoje queria mesmo era escrever uma carta de amor, e nela dizer o quanto te anseio e quanto receio te perder, esse sim é um mal indefinido que persegue os humanos, gerando saudade, lembranças, sentimentos doces dos carinhos, dos beijos selados, da sombra que projetamos na rua … A vida se renova a cada dia, contudo é mais no silencio e na ausência que ela se figura e falsearei se não afirmar que é nas palavras que me escudo, mesmo que vá suspirando pelo embriago de distancias, é na sua continuidade que me deparo sempre, ela me ampara nas noites mal dormidas, nas luas eclipsadas que reluz a luz do meu interior…Hoje há cometas que deixam rastos, e nos vestem apropriadamente para o ritmo que nos embala o foco do pensamento e é nesse invadir, que nos ridicularizamos em escritos que nos espelham e nos fazem expor os sentimentos contidos do descuido das aparências que nos protegem! De ti , jamais esconderei o meu olhar, porque é ele que mostra o que tenho para oferecer, e que desejo viver… Eu sei que tenho tendência a me sentir vulnerável. Medo de me expor à dor. Medo de se sentir desprotegido diante das adversidades. Todos criamos uma concha, com muito esforço e cuidado. Verificamos se não cai, se não quebra e, acima de tudo, acrescentamos camadas dia após dia. Até quando menos esperamos, alguém aparece. Alguém disposto anos separar de todo esse trabalho que tivemos. Uma pessoa que está pronta para remover camada por camada, para te deixar exposto... Exposto a sofrer, exposto a ser magoado. Mas também exposto a ser amado. Exposto a sentir. É um estado de alma estranho porque nos deixa felizes e ao mesmo tempo com muito medo... Medo da possibilidade de destruir os sentimentos novamente... Todos os dias entregamos um pouco...um pouco mais... até arriscar e dar tudo! Abrimos ou coração e de repente.. quase sem perceber... Permimimos não ter o controle dele. Eé ai que nos tornamos vulneraveis por não saber se esse alguém cuidará como nós do nosso coração! Ao arriscar, encontramos pessoas que valem muito, e que te lembram, com detalhes, que você também vale. Pessoas que com um beijo param o tempo por nós. Isso faz-nos esquecer, por alguns segundos, que existe um mundo exterior. Que com um abraço te façam sentir que nada de ruim pode te acontecer. Temos muito a perder mas muito mais a ganhar...É como começar a encarar uma nova página em branco, queê temos que escrever, e não sabemos como, e, realmente não sabemos porquê! Sabemos que essa pagina está ali e em algum momento temos que começar, e cada pagina tem um formato diferente , é sempre um trabalho especial, dificil mas que teremos algum dia de o começar a fazer de novo...Por muito que nos questionemos, há sempre mais perguntas que faremos, para onde vão as palavras que não dizemos, para onde vão os abraços que nunca ousamos dar, para onde vão aqueles beijos que antes negamos por orgulho, para onde vão? As respostas variam de pessoa para pessoa, mas!!! A vida é muito mais fácil quando apenas deixamos o corpo agir, isso acontece quando esquecemos o que os outros vão dizer, e apenas decidimos arriscar... Não escondo nada, nunca ousei, dizer algo que talvez amanhã não consiga voltar a faze-lo ...

sábado, 18 de novembro de 2023

Hoje nesta noite em que te invoco, busco-te ao pensamento, na tua chegada errante, que soa tão distante, mas como uma brisa que me veste a alma e o espirito! Invoco, vestindo-me do teu querer, tu que estás nesse lado, sempre a meu lado, sentido o meu chamado e escutando as minhas batidas cardíacas … Invoco-te fazendo das Estrelas um manto onde se possa sorver os beijos que calam os desejos, embalados pelo céu estrelado! Olho a madrugada, como uma entrega derradeira na noite por mim Sonhada! Há dias de desencontros, e o desencanto é maior! O mar cala a dor, tece-se duro o destino, os gritos que se calam, das palavras que não digo, fazem-me dar passos lentos, seguros para traçar este caminho. O silêncio que emudece, torna o Coração bravio, deixando lutas sem sentido silenciar-se em pequenas memorias que salpicam levemente os brilhos cintilantes das historias que escrevemos… Mas!!! Surges inesperadamente na minha vida, não sei de onde, de que lugar, mas num tom meigo, docemente incorporando o meu mundo sem pedir para entrar! Tenho rasgos de sorrisos que poucos ousariam, conquistar. Vamos crescendo nos afetos, que aumentam ainda mais a partilha… Há sorrisos que valem mil palavras, mesmo quando nos pensamos ausentes, basta um sorriso para nos tornarmos unos… Hoje nesta noite invoquei o teu olhar, sonhei que te passava as mãos no rosto num gesto de ternura com os dedos ávidos desse trajeto que envolve os teus olhos e me fazem desenhar os meus no compasso das esperas que demoradamente se fazem lentas! Sinto este desejo para que me saibas, não me é possível imaginar-me sem o teu olhar, sem o teu sorriso, apenas te beijo e deixo no teu corpo o meu cheiro a espraiar-se em ti…As minhas águas desaguam em ti nesse teu riacho onde os dedos se enrolam em palavras e suspiros consentidos na comunhão do sentir…Solto-me de mim para em tua alma depositar o meu corpo que mo teu olhar se entrega na ternura da incerteza do amanha! Neste mar onde desaguo, existem muitas conchas, umas bonitas e doces outras rugosas e desfeitas pela erosão…Procurei durante uma eternidade as boas, mas não as encontrei…Até que um dia! A Maré me trouxe a mim uma, colorida, transparente, que se abriu e me fez sentar dentro dela para toda a minha eternidade. Hoje apenas reclamo sorrisos de mil cores, sorrisos amplos, abertos e brilhantes, sorrisos que me façam renascer, fuzilando tristezas dentro de diálogos articulados, que, me falem de vida, de cada instante, de amor, do renascer, de sentimentos esculpidos de ternura em alucinante rotação, e nessa volta, sentir a carícia de um sorriso à deriva na ilusão, sem travão, de sonhos que descarrilham no sorriso do coração… Quero sorrisos rasgados, latentes, insanos, desmascarados, queimando-me de desejo num manso crepitar de alma embriagada pelo plasmar do azul celestial que acaba num simples abraço do tamanho do mundo com o fim dos teus olhos…

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Hoje corrompo o meu sangue, destruo a minha mente, nado furiosamente contra a corrente, fico cego com a pressão, emociono-me com a fragilidade do meu coração, finto-me num gesto inconsciente, resolvo reescrever o esboço do meu rosto. Deixo as lágrimas percorrerem os caminhos que sonhei e comovo-me com as minhas carências... E cumpro...cumpro estas linhas, violentando-me, atormentando a minha mente em todo este silêncio, apenas se escuta o meu grito! Nada imploro, nada peço, mas não se assustem com a minha franqueza, sou apenas imperfeito...tenho tanto medo… Estendem-me a mão, quero percorrer com meus dedos os caminhos que elas traçam. Quero tocar, quero segurar e guardar, quero então e apenas, fundir-me na nessa pele… Quero esse cheiro, intensamente em largos sorvos de paixão. Quero provar a pele doce, e embriagar-me com a essência do existir. Olho esses olhos, eles, derramam a sua luz no meu corpo apagado. Quero vida , pode ser apenas aquela que conseguir abarcar e que me consigam dar…Quero-a tanto... Façam-me apenas estremecer com o toque dos lábios. Quero sentir o calor a voltar ao meu corpo… Preciso-te! Fui eu que um dia te sonhei. Aqui. Agora. Para mudar a minha cor cinzenta, e inundar-me de luz. Foste tu que me desenhaste. Para ti. Aqui. Agora. Faz-me viver! Dá-me o alento. Quebro a minha pele efervescente rompendo as amarras que me prendem! Existem momentos em que o beijo parece demorar... Demora-se como uma tempestade que se aproxima, abolindo o tempo e a vida que sem ti, parece parar... Os momentos tornam-se pesados nesse instante e a saudade torna-se cansativa...Consigo esperar...Claro, que consigo suportar a dor da ausência e imagino esse rosto desenhado num muro onde te revejo quando estou a caminhar, pelos corredores vazios que impedem a chegada e dificultam a espera.... Consigo suportar todo este cansaço para te alcançar e não descanso sem te poder tocar... quero tanto o teu regaço, quero tanto o teu calor, o teu corpo preenchido de cor e toda a exaustão que esse embate possa provocar... Acelero os ponteiros do relógio, e continuo a ouvir os teus passos na imensidão ensurdecedora do silêncio... sinto-me extenuado, mas ansioso pela tua chegada...Apenas para te abraçar! Adoro-te nas palavras mais simples e procuro-te nos textos mais complexos... O teu cheiro aproxima-se com a distância que rebenta nas ondas do mar neste final de tarde, enquanto suporto a dor das minhas veias dilatadas e inflamadas foco-me na chegada do brilho das estrelas que se deixam cair nesta noite sem luar! Hoje sou feliz porque para o ser basta-me viver e sentir a dor e a alegria da mesma forma, sorrio da chegada e choro a cada partida…Sou feliz porque sinto em pleno cada compasso que desenha a minha alma e cada lugar que vou preenchendo dentro de mim e de ti! Ser feliz é ter partilhas, ter o mar e o seu horizonte espelhando as estrelas, bebendo água neste horizonte que é o limite da omissão, e a ponte do coração!

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Hoje estou mesmo na fronteira , onde os sonhos se tocam... É aqui , neste local que os sentires se espelham... Onde os sorrisos se invocam, e os medos não imperam... Aqui, onde a vida surge intensa, vivida, sentida, de uma forma desmedida...Aqui, onde ninguém mais se afoita...Em lugares onde apenas, a alma pernoita, sim ai , onde toda a melodia não tem conta, nem medida, onde eu balanço e dou os passos que escolhi para a minha vida. E é dentro do meu ser, que eu grito e me revejo, e coloco no sentires a entrega de do desejo! Aqui, no fundo de mim, onde me encontro e me abraço...sem escolhas, faço traços, marco e desmarco o meu compasso! Sob a claridade pálida do dia, Sinto a chuva que de mim rompe, serena, morna e fugidia, salgada como o mar, como um manto de seda fina, que me acolhe e abraça gota a gota que me na boca se refina como um novo despertar… Abro os braços e deixo-me embalar no meio de umas pinceladas de cores radiantes, dessa doce melodia! Olho o espelho das duas estrelas dos teus olhos, num voo tranquilizante pelos planaltos desse dia que rompe…A vida é uma selva de sentimentos, onde por entre todas as formas de vida que aqui existem, há só uma, que em muitos momentos, me penetra os pensamentos, baralha minhas ideias, torna a minha vida como teias, teias de contos, de sonhos, ocupa-me a alma, rouba-me a calma. Observo as suas formas, como se alimenta, como sobrevive, como me tenta...Como aquelas gotas, gotas de orvalho, que escorrem por esta planta, esta forma de vida, vivida, amada, perdida, achada, desejada rega-nos os sentidos ... Desejo ser sempre a humildade que paira no ar, e na doçura de um olhar , escorregar os meus sentidos nesta selva, que é a vida. Alimentar-te com toda a água, tocar teu caule das raízes mais profundas, conhecer, descobrir esse lado mais obscuro, entender, como que sente prazer ao devorar, sem parar, o seu desejo, que parece não terminar, e é essa forma de vida que continua alimentar a selva perdida, a selva da vida! Hoje pergunto-me se te tenho, se és minha , se já alguma vez te vive e se te amo, eu não te digo… Se não falo, não entendem, se me falam, eu acredito…se me beijam guardo o sabor, se me afagam eu guardo o desejo!! Se me embalam , eu repouso, se me sonham eu desperto, se estão longe , mais imagino, se mostram distancia mais perto sinto! Há magias que não se entendem, e sem dar por isso , outros sentires se tecem com encantos de feitiço…Deixem -me falar apenas de amor, desse núcleo de gestos e cor que nos derramam nos beijos que extinguem a dor! Deixem-me escutar apenas o coração, ele sempre falou tanto comigo que quando se cala sinto que comecei a desfalecer…. Os dias ficam para trás, todas as portas se abrem, diante do homem adormecido que sou, porque o tempo é uma árvore que não pára de crescer, deixando diante de nós uma porta enorme entreaberta que só os astros cegam, tudo termina, e recomeça, como uma ave abro as asas na aurora onde o mar beija a montanha registando a claridade total do sonho...

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Hoje sei que apesar de tudo a vida sempre foi boa comigo, verdade , bastou-me saber que o meu coração, quando carregado de sombras, só precisa de se alimentar de luz, e é essa janela no meu peito para que por ela possam entrar todo o fulgor das estrelas e o invisível arco-íris do amor… Sei bem quem sou e sei que ainda não fiquei pronto, a vida está me fazendo, devagarinho. Os maus momentos criam arestas, e os bons momentos vão aplainando, alisando tudo que ficou rugoso … Pode vir o Inverno pois sei bem que ele não me tingirá de negro, nem de branco como a vela de uma jangada perdida no oceano , sei que ele me tingirá de azul como o céu . Não irei desperdiçar o resto dos meus dias nesta vida, vou vivê-los com a mesma beleza dum pôr do sol que tanto amo… De todos os cantos do mundo, é no que mais amo que assistirei ao por do sol , é nessa praia que me extasia e me despe que me unirei ao mar, ao vento e à lua! A luz desse fim de tarde teima em entrar de novo na minha janela, essa janela nova onde já algum tempo me encontro me impele a escrever e a fazer-me perguntas difíceis… Há coisas que não se explicam, assuntos que não se escrutinam e palavras que não se repetem! Não se repetem não por estar gastas ou velhas, não, apenas porque a ampulheta do tempo é maior que eu, maior que todos nós e maior que todas as palavras que se possam perpetuar nos dias… Hoje da minha janela , vejo uma nova aurora uma luz diferente mas igualmente linda e eu que sempre amei as janelas da vida e a luz que delas advém e nos adentra pelos dias… O livro da minha vida esse não é novo, é apenas o meu livro de vida que, independentemente das janelas novas , das auroras novas, dos crepúsculos novos, das palavras que não se repetem, é apenas o meu lugar comum como tantos outros que não se repetem tal qual a minha nova janela que abro e deixo que os tempos de novas palavras possam arrastar a luz e mesmo que diferentes, traga novas palavras mas igualmente bonitas … Como todos sabem , adoro palavras … Por hora peço apenas o silêncio desta janela onde os dias me acenam e sei bem que ás vezes temos de escutar o nosso silencio para observar as coisas importantes dos nossos dias… Deram-me o silêncio para eu guardar dentro de mim, que não troco por palavras, guardei-o dentro de mim juntamente com as vozes verdadeiras, que sempre promoveram a verdade. Hoje é o dia que me doaram o silêncio como uma palavra impossível, nua e clara como o fulgor duma lâmina invencível na forja da vida, guardei dentro de mim, todas as palavras que serviram de disfarce e que ninguém profere, acabei cansado pelos labirintos da mente que nem tentei desvendar, porque os mistérios do amor formam a alma que me transformou no homem que sou! No dia que não se conseguir trocar sentidos por palavras eu os guardarei dentro de mim e farei do silêncio o meu cais de destino, mas hoje ao silenciar-me irei cobrir-me de um manto e procurarei no firmamento da noite sem nuvens, sem luar entre as estrelas, a mais cintilante e mais bela, e, lá estarás, porque somos talvez o confronto entre o proprio e o improprio, e é isso que escondemos com todas as nossas forças do nosso ser!

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Hoje cessa-se  a inspiração quando se esgota os sentidos!!! Parece um sintoma de uma vida em transformação!!! Gastam-se todos os suspiros de uma só vez, por não se ter mais nada a observar no futuro longínquo. É a vida que funciona a priori, intensa, até que nos expõe. Somos máquinas de colher solidão como aquelas que se usam para desbastar os campos!!! Deitado nas nuvens, vejo o homem que há em mim, dilui-se como água da chuva em terreno árido. Finda-se a ideia, em mim, de uma apnéia em seco !! O que aqui há dentro destas palavras não é leitura de se abrir os olhos, nem leitura de fechá-los à noite. Não é tortura de alimentar o ódio, nem saúde de curar os vícios. O que há dentro das minhas palavras , não é capricho de um corpo afoito nem sossego de um talento lírico. Não é rabisco de um papel marcado, nem um evento narrado em vida. O que há dentro das palavras não é sólido, nem líquido, nem gasoso, nem frutífero. Não é definido por sua natureza de estado, nem supostamente um estado de espírito. O que aqui escrevo é o que há em qualquer espaço, mas nada tem de química, nem física. O que há dentro das minhas palavras não é a métrica do quadrado, nem a convergência de um círculo. O que transpiro aqui são palavras inteiramente densas que de mim ver-to! São elas que me habitam, neste tempo imemorável , escondidas no mais intimo espaço da minha alma que embriagam a essência de mim , transformando letras em palavras...este o dia anunciado, a hora da desesperança Hoje fomos expulsos de um tempo julgado sem fim, onde os corpos se banharam indolentes e incautos, procurando o caminho...há dias sem um fio de luz, sem alento, sem consolo. Os olhos, quase cegos choram, tardiamente, a memória ardida, prostrada perante as cinzas que de nós se apartam…Afastados da vida, num devir atormentado que nos lança as presas onde já não há carne, resta-nos cumprir a pena aceitando-a como um bálsamo. Os meus braços, nos teus braços, geram abraços, esmagados, ameaçados, extintos, de estátuas de pedra que tomam agora o lugar das árvores caídas…São estas as criaturas inumadas em que nos transfigurámos, quando o amor não vence e levianamente nos soterra em sedimentos do nosso desânimo, ora resignados, ora alarmados, seguimos...com a granada dentro do peito, e é isso que nos faz ser poetas, caçadores insaciáveis de emoções, que nos brotam da alma como a nascente do rio que desliza suavemente pelos socalcos da montanha, a perder de vista… O poema nunca está completo, há uma sede de palavras, que não se mitiga em qualquer fonte, as palavras têm asas que buscam, silêncios, sorrisos, alegrias, amor, mergulhados no mais profundo do âmago, do ser… As nossas palavras estão em constante conflito de ideias e ideais, porque o poema nunca está completo. necessita ser cinzelado, afagado, como se fora uma escultura, mas deixa sempre o caminho aberto para uma nova fonte, uma nova sede, uma nova emoção. Nós nunca seremos completos se continuar a existir para além das palavras, o silencio! Arde em mim a sensação dos minutos sem fim como se tudo fosse inspiração doce,como se eu fosse alma e coração e tu pedaço de mim! reclamo a evidência perfeita, dos abraços ancorados, na submissão desfeita, do poder dos corpos suadosem todas as palavras eleitas dos versos já amados. Hoje escondo-me do infinito na escuridão, lanço as mãos na periferia de pequenos gestos em sintonia, na esperança de ver chegar um momento de felicidade de verdade. São os gestos delicados que me fazem sonhar com as melodias escritas nas pautas dos abnraços...Hoje traço um rosto no horizonte que reflita a luz no seu olhar das auroras e manhas, porque há estrelas que não vivem no céu mas brilham para nós como se o seu foco fossemos nós....

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...