sábado, 25 de novembro de 2023

Hoje quando acordei já estavam no cais,  os barcos adormecidos das águas sem vagas… Só ai o olhar ampara o sopro do vento demorado, que arrasta os sussurros primitivos a cada degrau da escarpa navegada! Não há margens aqui onde habito, as calçadas são desertos, íntimos a preto e branco, os candeeiros repousam as mãos famintas na luz  que alumia o artesão a moldar as águas deste mar revolto a baloiçar nas paredes da encosta da minha casa! Não estou a profanar as metáforas, por uma dádiva dos céus, não… Nem tão pouco me agarro à vertigem das sombras que se instalam nas minhas margens, sou fruto de um despiste quase inocente, se for a ver, há tantos como eu,  procurando nas outras pessoas a  felicidade muitas vezes em mentiras e sorrisos falsos rodeados de verdades enganadas de vidas destroçadas em areias movediças que levam e trazem os navios parados nas praias, as barcas vazias de peixe, as redes espalhadas nas margens do areal  dos pescadores por coser…Há miséria e desgraça nas mentiras, vivesse inventando imagens, de sonhos que escutamos em eco nas palavras como se fosse um jogo que quem encontra primeiro vence, mas eu até agora apenas tenho ficado no pódio, encontro sempre em segundo lugar! Posso ate lavar os sonhos, banha-los no pensamento e na espuma perfumada da maresia, que graças à inercia das palavras me acomodo sem partir e sem voar.. Eu sei meus amigos, é preciso soprar na fogueira muitas vezes , mas se ela se apagar não podemos insistir  precisamos novamente de uma acendalha…


Tu és a minha acendalha ...

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