quarta-feira, 1 de junho de 2016
As únicas tiranas que tolero em mim neste mundo são as palavras que me silenciam por isso partilho as que me nascem na ponta dos dedos...Mas há outras que me mordem a língua com vontade de sair...É por isso que digo que são as palavras que me amarram o corpo em devaneios, que me prendem a alma ao chão, que se perdem na solidão da noite, que se enamoram em arrepios ouvidos, que se transformam em carícias, que pintam um arco-íris no olhar, que encantam o olhar inocente, que nos fazem viajar num mundo encantado, que tocam levemente o corpo do ser profundo, que vão do desejo sonhado à ilusão real, que partem muros construídos, que se ouvem em silêncios mudos, que choram de saudade, que cortam o coração em pedaços, que encarceram a alma e que rasgam o vazio dos sonhos...
È nas entrelinhas de um prazer secreto que me reencontro , esta herança que fica da espuma dos dias desdobra-se em rascunhos e letras... Reencontro-me nessas palavras coladas num post remetido a um universo distante sem leitores. Reencontro-te nos sorrisos que não toleramos e nenhuma máquina fotográfica regista na sua essência. Reencontro-me nessas lembranças quentes, quase cópias exactas do ontem que ficou entalado entre muitos hoje. Reencontro-me nessas pequenas partilhas que cabem numa caixa de papel. Reencontro-me na memória auditiva de uma gargalhada profunda e continuada, nesses reversos do passado de uma noite quase silenciosa, inquieta pelas letras que se derramam de fora para dentro. Sinto-me esvaziado, mais pobre até. Todavia, ultrapasso o impacto dessa primeira percepção, por isso nunca mais paro de escrever, percebo que nesta vida tudo não passa de um texto inacabado num livro branco, como aquele que existia antigamente nas escolas, que passava de mão em mão e cada um rasurava um suspiro ... este foi o meu!
Hoje escuto entre abraços pendurados nas palavras vadias, amantes em êxtase de furores ardentes perdidos entre gemidos e gestos provocantes, enrolados, aninhados na fogueira da mente que escondo de mim na sombra virgem dos cúmplices em silêncio, como leves beijos…Escrevo em espasmos que pinto em meus lábios, levemente, com as palavras feridas inocentes, armas de arcanjo, num beijo mortal transformado de um anjo selvagem…Este bailado ancestral em constante devir dos caminhos cruzados na esfera empírica não passa de uma dimensão platónica do ser onde combatemos olhares e trocamos gestos na magia celestial rasgando vestes de muros altos, embrulhados em cetim vermelho … Vivo nesta dança imaginária da saudade onde sinto o fogo incandescente que me veste as profundezas da alma e assim conchego o rosto entre estas mãos de palavras desenhadas…
Segui o sonho mas ele é irreal e impossível… Ele apenas é infindável na minha mente dorida, de ser o espinho retorcido nesta busca incessante de um caminhar errante, sempre mais próximo de ti…Um dia esse olhar me enfeitiçou, me corrompeu, profanou, para todo o sempre…Mas sigo apenas nas constelações celestes, onde a mente corre desenfreada por entre vazios sinuosos de um desejo tardio, almejado pelas cinzas da memória, onde um dia trajou de preto minha mão na tua, incandescente toque doce que me entoa sussurros baixinhos… Palavras trocadas pela língua do desejo; palavras cruzadas no veneno vivo da melodia, palavras desse beijo puro que guardas-te para mim; palavras pela inquietude da alma; palavras suplicando um toque, neste veneno puro dos meus sonhos, desmedidos de pureza guardados no porão do esquecimento… Entrego-me ao silêncio profanado pelos teus olhos, pelos teus actos, pela tua espada impiedosa que me penetra no ser, derramando a minha seiva que me percorre , nesta insanidade , esta escuridão que declamo…Mas!! Podem pousar em mim os vossos dedos neste espectro de ser que sou e não me ousem matar de um só golpe, ao invés façam-me renascer desta vontade voraz de pertencer, ao infinito do ser onde me perco e olho para ti….
quinta-feira, 19 de maio de 2016
Sabem como tento afastar a dor em mim? Bem, olho apenas para o céu até ficar sem fôlego, deixo que o horizonte acelere o meu coração e é neste silêncio que imagino um olhar que me diz mil palavras, é ai que a noite em que eu estou suplica para que o sol nasça num dos dois corpos que geram cio neste céu imenso vazio…Muitas vezes a solidão faz-nos deixar cair as palavras de tristeza , frustração, que nos turvam o pensamento…Palavras que amaciamos nos nossos silêncios e desaguam nos nossos desencontros , mas!!! Eu hoje escrevo nesta folha como se tratasse dum jornal desbotado pelo tempo que jaz morto e embrulhado numa beata de cigarro, perdido no caminho das palavras silenciadas pelas letras que pesam nas nossas asas , nas viagens que idealizamos ao despirmos-mos do amor que nos espreitou nas vidraças da vida duma forma cruel e estranha deixando fissuras na janela do nosso olhar!!! Quando eu partir desta vida que urge a cada segundo, se existir alguém que queira imortalizar a minha existência/biografia digam-lhe apenas a data do meu óbito e da minha nascença pois entre uma e outra fui apenas, sempre e humildemente EU… Até sempre!! Obrigado
sábado, 14 de maio de 2016
Não sei muitas coisas sobre amor, mas sei amar com a infinidade do sentir. Chega-me pouco mas gosto de viver o pouco…. Não posso usar expressões imaculadas, pois posso morrer a meio da frase ou então espalho-me ao comprido na curva de um traço onde me escapa em cada sílaba tónica a fraqueza da realidade. Ainda assim insisto, é de mim sou teimosia ao mais alto nível, arrumo letrinhas pequenas onde se lerá palavrões . Ora, o amor é sempre uma promiscuidade, de um lado o saudável do outro o doentio, de um lado o prazer do outro a dor, daqui a doçura, dali a paixão. Não o sei ler de outra forma, parece-me até impossível!!! O meu amor é muito mais do que uma simples felicidade, para mim o meu amor seria eu reflectido em alguém e esse alguém em mim, mas ainda assim amar é estamos longe da perfeição é como se fosse-mos uma melodia sem compasso que está redondamente desafinada …Moral da historia, hoje eu no amor sou como um pendura amo o ser de dentro de mim e o de fora de mim…Se por ventura o deixar cair no caminho terei de voltar atrás para o buscar uma vez que sou só eu….Não tenho mais ninguém!!
Hoje rabisco nas palavras um risco perpendicular aos meandros do meu corpo, e depois moldo com barro fresco sobre dedos mornos que se aventuram a esculpir ao mundo a doce razão do sentir…. Se Vocês soubessem como me perco nesses contornos, entenderiam melhor a forma de amar que proclamo, essa intensidade desmesurada com que vivo nesta arte de fechar os olhos e fazer amor sem com isto me entregar!!! Não é apenas o fulgor, a sensibilidade ou gemido oculto no olhar... Não é tão só, o sabor agridoce dos lábios que se tocam sofregamente saboreando o arquear dos corpos que se fundem num só... É também o silêncio, o ângulo e o momento em que nos olhamos, medindo a distância entre a vontade e a saudade…. É Preciso que fechemos os olhos, e desliguemos a atmosfera, para que esta não possa interferir entre vontade e o sentir, entre os poros arrepiados e o corpo. Hoje precisava desse vácuo imaculado, em mim, para que tudo fosse sentido. No amor não há desculpas de calor ou frio, de ruído, de luz ou a escuridão apenas há um brotar a imaginação. Bem sei que amar não é apenas arte…Também é acto de sublimação, de loucura , de expansão, de eterna busca da perfeição, que é, afinal, utópica, mas que sem ela, deixaríamos de sonhar, deixaríamos de amar, da forma profunda como devíamos ser amados e não somos…
Hoje sei que todos os dias morremos um pouco, hoje sei que a ampulheta da vida se esvai gota a gota... E o tempo, tique taque, esse ui não pára !!! Morremos quando descobrimos que não conseguimos conquistar o mundo, morremos quando vê-mos que se calhar o emprego de sonho terá de ser trocado pelo emprego que nos sustente. Morremos quando o amor da nossa vida não te considera o amor da sua vida e morres quando és o amor da vida de alguém que nem sequer é a pessoa em quem pensas durante o dia... Morre um pouco de nós quando morre alguém que nos faz parte e morres quando te nascem os filhos e percebes que, de repente, o teu coração ganhou pernas e pode andar por aí, a bolsar, a babar por causa dos dentes e, pior, a viver uma vida que não consegues nem deves controlar. morres todos os dias um pouco, pior, morres e renasces todos os dias um bocadinho. ressuscitas por tão pouco quanto um sorriso, uma amizade nova, uma mensagem simpática, uma música que, ena pah, é a tua cara! um elogio no campo profissional, um abraço ou (mais perigoso) uma alheira com ovo. estrelado e batata frita (ehehehe). voltas a querer viver quando um livro te agarra ao sofá, quando descobres que podes dormir mais uma hora ou quando um filme te deixa um sorriso estranho na cara. Morres e renasces todos os dias, afogas-te e voltas à tona milhares de vezes, tantas as vezes que, depois de algum tempo dás-te conta que a morte não é isso, nada disso é o fim, é só uma pequena coisa no meio de outras tantas. Nada é o fim, ou melhor, isto não é o fim. O fim apenas acontece quando as perdas se tornam insuportáveis , as pedras do caminho se tornam montanhas e os fracassos se transformam em golpes fatais... O fim é quando alguém quer subir um monte e se perde a desviar apenas pedras do caminho, esquecendo o propósito da escalada...
Hoje as lágrimas sulcam caminhos, tecem estradas , descem pela minha face em grupo para me morrerem nos cantos da boca, bailam ao som dos soluços e dos gritos silenciosos da minha alma. Dançam baixinho para que ninguém ouça os seus movimentos, de vez enquanto ainda se deixam pausar nos cantos dos olhos, ficam ali alguns minutos para depois caírem rapidamente rosto abaixo e já nem os soluços lhes servem de ritmo, nessa hora só querem cair com o corpo que fraco se estende neste chão de medos…Soletram silêncios desfigurados de vidas que me rodeiam, dançam no bater acelerado do coração, ignorando o anestesiante tombar do sangue nas veias ... Limito-me a escutar a voz do coração inquietante e depois mais nada resta a não ser a desconfortante sensação de vazio a nascer dentro de mim, a crescer como uma planta, devagar, solta-se à margem do meu corpo o amanhã que floresce e eu adormeço porque me apetece, só porque me apetece porque a vontade de adormecer é nula. Calo-me, calo os outros, fico só a pensar como seria não sentir o coração bater ao ritmo da vida, parece mesmo que tudo desaparece assim do nada, quando tens algo para te aquecer perdes a fogueira dos teus passos e só o frio te resta. Passo tempos infinitos assim a tentar encontrar uma caixa vazia onde permanecer, as caixas tão todas cheias de lamúrios e revoltas interiores que outros inventam. Calo-me outra vez, não vale a pena falar de mais nada porque o momento em que me encontro é assim mesmo. Não me encontro só mas encontro-me sozinho. Contradição? Sim, talvez! Todos têm direito a pensar duas vezes em vez de uma... contradizer-me não mas contradizerem-se sim. Força!!
Nas nossas vidas nem todas as conquistas são boas... Há conquistas que, além de não completarem, como era suposto, desfalcam...deixam-nos... Deixam espaços vazios, que esperava-mos ver inundados de um repleto sem fim. Mas não são. Há conquistas nas quais quase púnhamos a vida, uns, outros não... Outras vezes não colocamos a vida mas, a alma e o coração sim, estão lá. Sempre e por inteiro. Porque, se é para ir, é inteiro que se vai. E depois!!! Depois nada é o que era suposto. O que devia ser. E depois, o nada é pouco. Ou quase nada. E deixa-nos ali à procura de nos lembrarmos do que era tão grande....Ou que supostamente deveria ser. E não é. A única realidade real, é a nossa. Qualquer outra que nos seja apresentada pode ser duvidosa, e deve ser questionada, revirada e auditada!!!Nunca nos conformamos com o fato de que todo o quadro pode ser incrivelmente perfeito e maravilhoso. Por inteiro. Mas todo o quadro tem pormenores. Nem todos perfeitos. Muitos imperfeitos. E pode chegar o dia em que essas imperfeições façam o valor do quadro.Há situações em que cada imperfeição mede mais que o mundo. E descobrimos que não conseguimos viver com elas. Por mais que o quadro seja amor. Não estamos prontos. Não vamos ficar. Nem queremos vir a estar. Nem todas as conquistas são boas. E vai ser sempre duro chegar a essa conclusão, mesmo sabendo que nunca nenhuma luta será em vão será sempre o processo de luta que nos revela e constrói...Há tantos encontros errados, que mesmo sendo juntos, nunca conseguiriam ter o valor de um tropeço acertado
Hoje o dia acordou feio e sombrio, correu em mim um frio húmido, num vento grave que sabe a descontentamento onde a água afoga a terra… Acordei assim nu, agasalhado pelo sonho , com estas palavras beijando o papel branco onde não havia luz para o inicio dos gestos!!! Hoje liberto os sonhos e as distâncias dando braços à ternura fazendo cair as ânsias…Hoje estou como uma criança de mãos vivas cheirando a vida, envolto neste grito de saudade e nostalgia!!! Abro os braços uma ultima vez amputando o adeus do dia… Os sonhos não têm cor, os homens não têm asas, as auroras escondem as estrelas, os segredos sobem o abismos da alma nesta floresta de palavras onde cravo um punhal na tela onde pintei uma mulher …Não encontro um lugar na palavra para o confiar neste enredo que aqui escrevo, duro e rude calei o coração, faço-me mar neste denso e húmido nevoeiro onde lancei a âncora nas correntes de uma paixão….
Hoje acordei de corpo nu sem a tatuagem indelével do desejo!! Hoje neste silêncio que a noite me oferece, olho-te, cobiço-te, desejo tocar-te com a ponta dos dedos, e retocar-te o olhar. Mais uma vez resisto ao contorno que a luz incendeia em mim, eu sei que vem ai o dia, e com ele o despertar dos cabelos amarrotados soltos no sabor dos sonhos. Espero-te, pacientemente, como quem sabe degustar o momento, retendo-me, adiando-me por mais uma vida, segurando a vontade de tomar-me no abraço que te encaixa e toca em desatino numa melodia gemida de ondulações e silêncios musicais que só os corpos em cumplicidade sabem tocar. Um dia vou abrir-te como se possuísse a chave que enclausura o teu ser, um dia haverei de roçar o olhar nas portas dos teus segredos para descobrir nele a janela onde penetrar. Vocês poderão dizer que que vivo de ficção, que em alguém apenas reside a simplicidade duma mulher que quero. Mas para mim, no jeito diverso com que a olho, com todos os filtros de paixão e sedução, amor e perdição percebo o quanto é divina a sua criação que contemplo. Tantas e tantas vezes me questiono porque o Criador não me entregou para cuidar, este precioso tesouro que tanto amo e desejo talvez seja por eu apenas ser um simples mortal que te ama.
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

-
Hoje reflito com o pensamento de como juntar, aproximar quem se afasta, sinceramente não sei. Apenas sei que é o amor aproxima, que as div...
-
Hoje fechei a porta que em círculos e cercos, fechou as margens e estancou num pântano o silêncio, consumado na pálpebra cerrada que tranco...
-
Hoje até podiam sentar-se na minha cama e contar-me mentiras... Que o amor tem a forma da minha mão ou que os meus beijos são perguntas qu...