quarta-feira, 14 de junho de 2017

Hoje se eu dissesse que acredito que o oceano parou,  que o Sol explodiu, e que todas as estrelas que compõem o vosso céu, não passam de um quadro num tecto tão velho como aqueles que  desabam…Então diria que é nas casas imundas pelas chuvas que nascem os rios e é nas madeiras que gemem com os nossos pés descalços que nadam os sonhos num norte confuso…Eu tenho uma bússola, mas partida! Trago-a na mão sem norte mas não são as  memórias  que me adormecem nas noites em que o coração me saí pela boca!  Neste rio que renasce dos escombros de uma casa que foi minha, cresce o solo firme o porto de abrigo, como se fossem vestes quentes que me perseguem, enquanto fujo na neve do frio que me gela e me faz esquecer do quão quente já fui por dentro. Conto-vos todos os dias uma parte da história,  de uma vida que poderia ser vossa!!! Hoje se eu dissesse que o oceano não teve corrente, não acreditem, tentem vocês reconstruir esse universo, sejam vocês o mar e o sol, sejam o céu de alguém, imortalizem as vossas palavras num livro, num rascunho de pedaços de vida de alguém, sejam o orgasmo escrito de um amor mesmo que descubram que as estrelas nunca existiram …

terça-feira, 13 de junho de 2017

Hoje acordei assim, vazio, como se o meu silêncio gritasse e apenas ouvisse o seu eco a  tempo inteiro.  Escuto esse som pelas portas, pelo corredor pelas  roupas que entre si conversam e se combinam esperando o meu corpo para lá se instalarem, os sapatos ensaiam os passos para o caminho , mas não ouso chegar mais perto… Vejo-te,  o meu corpo arde  como se fosse verdade, a lembrança que eu vesti de mentira!! Colori o meu corpo só para mim…Camuflei - me escondi-me. Ninguém me viu mas eu estava lá , sem palavras, sem um tom que me definisse …Sinto que usei as vestes certas,  deixei as cores prostituírem-me mas a minha rota mantém-se ... Eu já formulei  mil teorias, mas o  amor, quando é para chegar, se veste na forma de decepção, de onde menos se espera ele surge e quanto menos se espera mais ele se revela ! Agora vou chacinar as minhas palavras. Outra e outra vez; como se o som desse eco fosse forte o suficiente para depois perder-me, nos colos que me aconchegam de magia em frases construídas ao som de ritmos que me levam a voz, gastam os pés,  roubam a alma em e tornam fogo em folhas que incendeiam os outros…Prefiro ser assim como um átomo cheio de arte, em vez de ser um resto de corpo usado por mil mãos de nostalgia! Antes de juntar-me aos corpos quero partilhar palavras que são minhas , abrir-me e sonhar até ser dia!

segunda-feira, 12 de junho de 2017

 Hoje sei que crescer nos rouba muita coisa…A ingenuidade de acreditar por exemplo num porto-seguro. Mas!!! Não existem portos seguros, não existem sequer oportunidades para descansar, a meio de um caminho!  Criar um trono e descansar… Existem sim momentos,  sentimentos,  oportunidades de partilhar caminhos, ensinar, ser-se ensinado. Amar hoje é sem duvida  perceber-se que afinal, nunca se amou. Há sonhos que  imortalizam-se. Na mente ,  no coração …Seja onde for. Existem em nós  restos , pedaços e não há nada mais, além de restos de pessoas e pedaços de lugares que levamos connosco para onde quer que seja! Viajamos de lugar em lugar de forma  inconstante, enquanto incerteza. Levamos um amor ao jeito de quem já cresceu, nada de coisas felizes e eternas, nada de metáforas. Uma calma e uma tranquilidade associada a esta coisa de querer muito alguém. De  querer muito ser nem que seja um dia só feliz …Há sempre medo de cair e ali ficar, ao abandono. Entretanto viajamos em pensamentos de comidas, que cheiram bem e lugares que não conhecemos tornando-nos também  restos de pessoas, de lugares, alguns que já quisemos partilhar…Vamos crescendo e tornando-nos inteiros. Preenchidos e completos mas, sem precisarmos de portos-seguros, além de nós mesmos! Para que esta coisa dos encontros e desencontros, para que este sentimento de não eternidade, possa ser igualmente boa, mesmo quando se cresce, mesmo quando os sonhos de amores para sempre não passam da idealizações convenientes para o não nos sentirmos sós…Assim nós também somos restos de outras pessoas que por nós passaram…Vamos crescendo dividindo as nossas verdades os nossos  pedaços que apenas são ditos pela metade!

sábado, 10 de junho de 2017

Hoje sou apenas a nota de música, que suavemente se deixa soltar da corda esticada do corpo, sou um violino. E quem me ama um arco, que roça suavemente sobre a minha pele. Juntos podemos e compomos sinfonias, mares de sons e melodias que vibram no ar da minha madrugada. Já é tarde, o meu desejo ainda desperto, clama pelo toque suave, mas!!!, Sinto-me rendido ao prazer do vazio de silencio, mas!! Volto a tocar-te em novo concerto de abraços e apertos, gerando nos teus lábios o gemido perfeito que acorda a Lua e desvanece a névoa nua que me envolve. Invento mil formas para sentir os ecos , onde e como me tocam, aproximo-me vindo do nada e sobre tua pele já molhada descanso, de novo, o meu corpo em arcada, só para ouvir de novo o som encantado, que é o silêncio abafado dum grito inflamado de dor e não de prazer. É assim que o amor devia de ser, louco até insano e conturbado ...Mas!!! perfeito de melodias de encanto, complemento pleno entre a dialéctica do violino que sou eu e o arco que me toca e me faz música.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Todos os seres voariam se fossem anjos e iriam ás nascentes dos rios sagrar nas águas seus sonhos,  lá lapidariam nas pedras os seus nomes... Mas!!! como anjos não somos , voamos , assim, como homens, e de heresia em heresia, toldamos as águas, destruí-mos as matas, matamos sonhos, que sangram na terra ao semearem a tristeza . Voariam os homens como anjos se escalassem ao ponto mais alto da montanha e lá escutassem palavras sagradas de sonho e com elas escrevessem um livro repleto de verdades que nem todos vêm!!! Na realidade, voamos com asas de homens e por vezes buscamos destruir pelo caminho, toda e qualquer evidência da vida que soa nos sonhos que desejava-mos um dia viver. Voariam todos os seres com o som da fragrância de sonhos vividos se fossem anjos ...Somos apenas homens temos que nos reduzir à nossa insignificância ...

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Hoje sinto a pressão constante que é a de escrever, a necessidade de dar palavras ao nada, aquece-me a alma numa contradição protagonista da infinidade daquilo que sou. Ao contrario do verão, o inverno sempre me trouxe a inspiração necessária para escrever. Sem que fosse isso sequer uma escrita criativa, são, apenas pensamentos de fácil colocação em papel…Sabem estou cansado de viver algo que não me é totalmente dado! Viver algo só porque fica bem ou porque está na moda a mim não me agrada de todo! Chega uma altura da vida que nos apercebemos que bebemos o mesmo chá de sempre, e que apenas as mossas mãos mudaram na forma de pegar a chávena…Esse dia acaba sempre por chegar a todos, usamos sempre as mesmas palavras, contamos as cartas que escrevemos e ainda assim foram escassas, para guardar numa cómoda de um coração que nunca te esperou…Quando chegamos à conclusão que não vão existir mais céus a não ser o  que te vai receber na hora da partida,  então olhas para os teus livros, e para os teus retratos na parede de uma vida, e,  fechas os olhos e prometes-te a ti mesmo voltar a visitar os mesmos lugares e a amar as mesmas pessoas que amaste …Então o que faltou nesta vida? Talvez memorias de um amor que não chegaste a dar-te ao trabalho de viver! Vou adormecer agora, ai sim eu tenho asas para poder viajar pelas nuvens e guardar nelas o egoísmo do coração …

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Hoje sentei-me na rocha que se erguia ao longo do céu, do tamanho de um monstro. Tentei-me equilibrar delicadamente, mas, senti o fio de vida que se apresentava entre a rocha e o nada… Eu já senti adrenalina que ultrapassava o gosto de ter um coração nas mãos, eu já quis ser a salvação possível para o presumível pé em falso…Já mandei  calar a água, em silêncio, já supliquei que os mares não se revoltassem e não fossem banda sonora de nenhum desastre,  já pedi para esta rocha me suster, mas hoje apenas ergue-se o céu em forma de um labirinto que se espelha na orla quase óbvia deste mar que envolve a minha rocha…. Descubro-me no virar das esquinas, das escarpas que se cumprimentam, quebro a tensão que imaginei previamente... Os caminhos cruzam-se ainda que em sentidos opostos, na adversidade das marés adivinhadas, de quem já percorreu o mesmo mapa inúmeras vezes. Vou saltar desta rocha e embrulhar-me nesse mar que me banha, este eterno medo, onde mais um naufrágio seria apenas mais uma lenda… Afinal nada vejo, nesta noite não há horizonte… 

terça-feira, 6 de junho de 2017

Hoje venho dizer que  tudo que temos de bom escondemos! A ternura, o encantamento, o agrado em ver, acariciar, em cooperar, a gentileza, a alegria, o romantismo, a poesia, sobretudo os sentimentos. Para mim nem tudo tem de ser sério, respeitável, comedido, fúnebre, chato, restritivo, contido...O sistema sentimental é sem duvida a  máquina mais complexa e neuro-mecânica do Universo conhecido. Eu sinto-me uma metamorfose ambulante, acredito em todas as velas acesas, sei que elas vão derreter enquanto existir cera...A vida nos prepara, nos arma, nos desarma, abre a guarda... Há quem diga que o tempo está sempre a favor das nossas escolhas e do nosso ritmo, mas isso serve apenas como consolo para um coração já cansado.. Desgastado!   tantas vezes o coração sai pela boca, parece ter sido engolido desatando o nó na garganta, dilacerando, cortando, impiedosamente o que nos resta... .Não sei quem inventou que amor, mas ele é baseado na reciprocidade. Mas  muitas vezes essa é a receita da solidão, nunca recebemos o que damos, nem damos o que recebemos….Amar não é retribuir, é entregar sempre! Independente do que tenha sido recebido, amar é devolver só amor e em dobro, em doses imensas, até paralisar , amar é paralisar, Paralisar o medo, a insegurança e ser forte a ponto de não se importar se vai ser retribuído, se vai durar, se vai acabar numa rua qualquer ou vai recomeçar a cada fim de tarde…. Se não é assim, não é amor, é qualquer sentimento que conforta o coração mas não é o amor!  Estar sozinho é, muitas vezes, querer abandonarmos-nos…E eu, fui obrigado abandonar-me...

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Hoje decoro os sons que carrego ao andar,  sons que prevejo na forma desastrada do sentir. Sim a ti sei-te sabendo, das imperfeições, com os medos e fraquezas como quem sabe quem ama!!! quem quer!! Deixei de me focar nas lembranças do passado, de que fugi, não são memórias insignificantes para o erguer de hoje. Faço-me de Anjo,  descrevo e dou o meu  nome aos gestos quase invisíveis que deslizam na pele …Permito-me no silêncio do quarto instalar a forma como os olhos se penetram e fazem amor uma entrega, onde  a respiração serena seja pianos que ocupam os vazios das casas onde vamos ocupando os vazios da vida! Vou desenhando palavras com que muitos limpam as mágoas …Vou verbalizando possibilidades de quedas e convencendo-me de que também o chão é abrigo, e o Céu é para todos , porém apenas  depois! Olho-me neste terminal , vazio onde desenho com cores da expressão do amor …Desvio o cansaço enquanto a armada com escudos do bem querer , me perdem  em batalhas de quem não percebe nada do que quer!!! Acabo fazendo poesia com o desmoronar dos meus castelos, paisagens esquecidas, previsões ingénuas desta bagagem que transporto que se veste de nudez, dos dias longos, dos julgamentos injustos, que acabarei sempre por descrever como quem constrói o som do amor e partilha o dom com quem ama! Não olho para trás mas esse perseguidor , persegue-me !

domingo, 4 de junho de 2017

Não insistam em desvendar a paixão que enlaço em mim!!!!.Não queiram desmascarar nenhuma das minhas expressões... seria um trabalho longo e penoso.Acreditem, porque tudo o que te digo é verdade... E se desperto simpatia de uma forma geral... é porque faço da alma o meu sentir.Além disso, não vejo motivo para que me insultem como alguns já o fizeram gratuitamente ...Se me elevo em nome de uma esfera iluminada e de rara beleza… a lua... é apenas para me sentir mais próximo das estrelas.Por isso volto a insistir...Desistam de tentarem saber mais do que aquilo que eu mostro. De mim nada mais saberão a não ser que… danço na berma do abismo… entre o riso e o enigma... Vivo mais do que momentos… acrescento alegria!!! Vivo mais do que amor… alio sentimentos!!! Vivo mais do que de fascino…Descubro maravilhas!!! Vivo mais de silêncio… revelo-me por gestos!!! Sou mais do que uma luz… sorrio com o olhar!!! Tenho mais do que vontade… desejo!!! Sinto mais do que um universo…Sinto a vida!!! Sou muito mais do que idealizo... Porque? porque sonho!!! Sou mais do que preciso... porque me aproximo dos outros!!!

sábado, 3 de junho de 2017

Hoje não adianta dizerem-me  que um olhar vale mil palavras, que o silêncio diz tudo. Não, não e nem pensar! O olhar fala mas é preciso sentir, tocar, cheirar, provar, morder e ouvir. Ler. Então, por favor, Digam-me , palavras , qualquer coisa que seja, uma frase, qualquer palavra perdida que vos defina que vos projecte. É preciso que as palavras nos eternizem. Palavras foram criadas para fotografar, imprimir o coração,  não poupem o mundo da sua essência, elas são simples mas necessárias, precisas, e insubstituíveis. As palavras são lindas e a pureza de serem ditas, está de não terem de ser de pose ou posse ... Quando a nossa voz perder o sentido então escrevam, ninguém se apaixona só por pessoas, eu me apaixono por frases,  alimento-me de palavras, verdades, incertezas, medos, doçuras e pequenas mentiras...Gosto de provar verbos, gosto de ler, sublinhar, reler por isso escrevam. Hoje são as letras que em encantam, vogais, combinações  escritas entre o que se quer dizer e o que se diz. Não precisa dizer bonito...As palavras viram poesia quando são ditas com a alma. Por isso, rabisco e analiso  palavras,  sentindo-as… Permitam-me dizer que não busco  gramática, dicionário, frases de encantar para preencher vazios. Busco  letras tortas, directas, indirectas,  mas,  verdadeiras, honestas, onde possa brotar o silêncio da alma, que este,  se transforme em palavras que eternizam um amor no coração!

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Hoje estou certo que com este céu que me banha, eu poderia voar apenas com as asas que os meus dedos desenham…Acordei aqui, meio despido de alma nua, nas teias das dores encobertas desenhadas nestas breves palavras em forma de trevo! Procuro um sorriso nas palavras que escrevo, nestas avenidas inundadas pelos sonhos que persigo, na procura e na destruição de lembranças que as flores das minhas sementes deixaram na terra fértil, desmaiadas, na fome das asas dos sonhos insuflados na ternura do bosque dos silêncios…São 7 da manha, e o sol espiga o meu corpo no silêncio de crenças em lenta combustão, embriaguez indecisa em lençóis de estrelas como a pele dum corpo celeste! Fico assim, afogo-me em mel, em lábios molhados, em beijos de fome há muito plantados!

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...