domingo, 18 de junho de 2017

Hoje levo nos bolsos  poesia falada de noticias de sonhos naufragados, remexo a terra  com pedaços de mim, que dão vida aos eternos  silêncios que me compõem…Pedaços  que compõe quem escreve são o eterno quase sinónimo da palavra gasta, das pessoas gastas fustigadas pela solidão. Usadas a troco de nada, largadas nos sete cantos do mundo onde nasce a inspiração. Não sei onde perdi o amor,  se nas ruelas percorridas,  se na água em que me mergulhei da insignificância, do não ser protagonista que não sou! Hoje na minha vida não há mais guerras a travar, nem bocas que gritam pela minha luta. Hoje se a infinita conformidade do amor fosse isto, eu ergueria as armas em forma de letras, relembrava a magia que é ser-se, existir-se, amar-se… Carregaria tudo nas minhas costas, mas as bagagens não chegam ao destino,  sem tempo as concretizar! Mais vale entrar numa corrida rápida, sem muito destino, pois é isso que nos resta do pouco mapa que ainda somos. Roubam-nos a história e calam-nos a voz…Erguemos-nos inconformados, mas cientes de um rasgo de destino não é nada , apenas mais uma reflexo de uma herança de palavras genuínas, de pessoas,  as únicas que algum dia amaram, das únicas que algum dia quero ser…

sábado, 17 de junho de 2017

Hoje escuto as ilusões dos outros e estas cansam-me. É como se ouvisse as palavras carregadas de sonhos e projetos, e me fizesse compreender como superficiais são os meus próprios desejos ao pé dos outros! Há quem queira tanta coisa! Querem uma casa grande no topo da montanha, com vista para um mar ... Querem as viagens e os hotéis e os jantares mais ricos que há na vida. Eu quero acordar, olhar ao espelho e acreditar que o meu reflexo é o único. Muitas ilusões cansam-me porque a única coisa que quero é as minhas filhas perto, mais do que tudo que se pode comprar ou receber. Muitos querem ter as certezas em detrimento das incertezas. Não sei dizer como me magoa sentir que ainda há quem quer ser mais do que outros… Eu daria a vida apenas para conseguir ser o que já fui. Muitos falam-me dos seus sonhos e eu apoio porque é a única coisa que posso fazer. Muitas vezes abdicamos de nós na nossa vida para abrir a porta para outros seguirem nas suas caminhas e festas fora da nossa vida e estes vão-se embora da nossa vida e nem reparam…Que foi uma decisão deles! A ilusão cansa-me porque nos tornam invisíveis ainda que nos digam a cada dois segundos quão fantástico poderia ser o nosso futuro. Cansa-me ouvir falar de dias que nunca hão-de chegar. Cansa-me ter de esconder o sonhador que sempre fui e pousar os pés na terra para que ao menos um de nós tente viver a realidade…As ilusões cansam-me mais do que estou disposto a admitir, mais do que saberia dizer-vos. Mas! Por favor, não deixem de sonhar eu apenas sou a pequenina parte do Universo que não conquistaram. Não posso deixar de vos dizer que voem eu ficarei aqui para vos agarrar se um dia caírem… E, se não caírem, serei sempre a pessoa que ouviu os vossos sonhos. Ainda que, depois, não arranjem um espacinho para mim dentro do vosso coração.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Hoje digo-vos que muitas vezes temos consciência que nem todas as decisões da nossa vida estão nas nossas mãos, e nas mãos de quem estão, não há consciência do tamanho do todo...Nem sempre as nossas escolhas são completamente feitas por nós, mas sim por algo sem paladar nem som, algo que nos habita e que nunca viremos a conhecer, mas somos nós...Às vezes não temos consciência que o tempo não é infinito mas comporta-mo-nos como se fosse. E um dia aprenderemos isso, de uma forma ou de outra, porque o tempo finda no fim de cada coisa e não avisa. Um dia olharemos para trás e daremos conta que , temos a consciência que nem todas as nossas escolhas estavam na nossa mão e as que estavam não as fizemos...Convém recordar como um dia olhámos a nossa mão e ela estava vazia e saberemos, como soubemos na altura, que a escolha que fizemos não era a nossa mas aquela que fomos forçados, pela a vida, a fazer. O Tempo é cruel ou generoso, dependendo da taça em que é servido!!! É uma água que faz sede, é despertar sem aviso... Podemos fingir por algum tempo, que o tempo não nos importa e que o longe se faz perto, que quem espera sempre alcança, que a esperança nunca é morta...Mas a realidade vem e o Universo corta vagarosamente a possibilidade que tínhamos de escolher as escolhas que nunca fizemos!!!

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Hoje não me permito ser decifrado, não é orgulho, presunção, nem jogo e muito menos necessidade de aparecer ! Apenas carrego o sentimento de não querer ser decifrado fora da hora, de não querer me sentir invadido, sem na verdade ser invadido de uma forma legitima.. . É difícil explicar isso para quem não tem o ouvido direccionado para o céu, para as  estrelas, o ouvido treinado, aberto as surpresas, aberto ao desequilíbrio dos sentidos! Para que de facto me consigam conhecer tem de saltar o passo do relativo. Roubar flores e declarações de amor, fazer alguém conversar sobre o segredo que oprime  também é uma questão de invasão, mas  docemente,  que quando se vê já está lá, naquele espaço que estava restrito , onde se podem  cortar com pétalas e abraçar com asas …Isso é conquistar, isso é entrar e decifrar… Não julguemos aqueles que por uma questão ou outra não se expõem , quando há amor e o espaço do outro não se forma de dentro para fora é sinal que estamos imóveis , suspensos há espera da sensação que nos seja letal, invasora  conquistadora e nos deixe docemente em êxtase…Decifrar-me é um enigma de muitas luas, fiquem apenas sabendo que cada pensamento que aqui decapito, o tempo não os apaga nem destrói!
Hoje se eu dissesse que acredito que o oceano parou,  que o Sol explodiu, e que todas as estrelas que compõem o vosso céu, não passam de um quadro num tecto tão velho como aqueles que  desabam…Então diria que é nas casas imundas pelas chuvas que nascem os rios e é nas madeiras que gemem com os nossos pés descalços que nadam os sonhos num norte confuso…Eu tenho uma bússola, mas partida! Trago-a na mão sem norte mas não são as  memórias  que me adormecem nas noites em que o coração me saí pela boca!  Neste rio que renasce dos escombros de uma casa que foi minha, cresce o solo firme o porto de abrigo, como se fossem vestes quentes que me perseguem, enquanto fujo na neve do frio que me gela e me faz esquecer do quão quente já fui por dentro. Conto-vos todos os dias uma parte da história,  de uma vida que poderia ser vossa!!! Hoje se eu dissesse que o oceano não teve corrente, não acreditem, tentem vocês reconstruir esse universo, sejam vocês o mar e o sol, sejam o céu de alguém, imortalizem as vossas palavras num livro, num rascunho de pedaços de vida de alguém, sejam o orgasmo escrito de um amor mesmo que descubram que as estrelas nunca existiram …

terça-feira, 13 de junho de 2017

Hoje acordei assim, vazio, como se o meu silêncio gritasse e apenas ouvisse o seu eco a  tempo inteiro.  Escuto esse som pelas portas, pelo corredor pelas  roupas que entre si conversam e se combinam esperando o meu corpo para lá se instalarem, os sapatos ensaiam os passos para o caminho , mas não ouso chegar mais perto… Vejo-te,  o meu corpo arde  como se fosse verdade, a lembrança que eu vesti de mentira!! Colori o meu corpo só para mim…Camuflei - me escondi-me. Ninguém me viu mas eu estava lá , sem palavras, sem um tom que me definisse …Sinto que usei as vestes certas,  deixei as cores prostituírem-me mas a minha rota mantém-se ... Eu já formulei  mil teorias, mas o  amor, quando é para chegar, se veste na forma de decepção, de onde menos se espera ele surge e quanto menos se espera mais ele se revela ! Agora vou chacinar as minhas palavras. Outra e outra vez; como se o som desse eco fosse forte o suficiente para depois perder-me, nos colos que me aconchegam de magia em frases construídas ao som de ritmos que me levam a voz, gastam os pés,  roubam a alma em e tornam fogo em folhas que incendeiam os outros…Prefiro ser assim como um átomo cheio de arte, em vez de ser um resto de corpo usado por mil mãos de nostalgia! Antes de juntar-me aos corpos quero partilhar palavras que são minhas , abrir-me e sonhar até ser dia!

segunda-feira, 12 de junho de 2017

 Hoje sei que crescer nos rouba muita coisa…A ingenuidade de acreditar por exemplo num porto-seguro. Mas!!! Não existem portos seguros, não existem sequer oportunidades para descansar, a meio de um caminho!  Criar um trono e descansar… Existem sim momentos,  sentimentos,  oportunidades de partilhar caminhos, ensinar, ser-se ensinado. Amar hoje é sem duvida  perceber-se que afinal, nunca se amou. Há sonhos que  imortalizam-se. Na mente ,  no coração …Seja onde for. Existem em nós  restos , pedaços e não há nada mais, além de restos de pessoas e pedaços de lugares que levamos connosco para onde quer que seja! Viajamos de lugar em lugar de forma  inconstante, enquanto incerteza. Levamos um amor ao jeito de quem já cresceu, nada de coisas felizes e eternas, nada de metáforas. Uma calma e uma tranquilidade associada a esta coisa de querer muito alguém. De  querer muito ser nem que seja um dia só feliz …Há sempre medo de cair e ali ficar, ao abandono. Entretanto viajamos em pensamentos de comidas, que cheiram bem e lugares que não conhecemos tornando-nos também  restos de pessoas, de lugares, alguns que já quisemos partilhar…Vamos crescendo e tornando-nos inteiros. Preenchidos e completos mas, sem precisarmos de portos-seguros, além de nós mesmos! Para que esta coisa dos encontros e desencontros, para que este sentimento de não eternidade, possa ser igualmente boa, mesmo quando se cresce, mesmo quando os sonhos de amores para sempre não passam da idealizações convenientes para o não nos sentirmos sós…Assim nós também somos restos de outras pessoas que por nós passaram…Vamos crescendo dividindo as nossas verdades os nossos  pedaços que apenas são ditos pela metade!

sábado, 10 de junho de 2017

Hoje sou apenas a nota de música, que suavemente se deixa soltar da corda esticada do corpo, sou um violino. E quem me ama um arco, que roça suavemente sobre a minha pele. Juntos podemos e compomos sinfonias, mares de sons e melodias que vibram no ar da minha madrugada. Já é tarde, o meu desejo ainda desperto, clama pelo toque suave, mas!!!, Sinto-me rendido ao prazer do vazio de silencio, mas!! Volto a tocar-te em novo concerto de abraços e apertos, gerando nos teus lábios o gemido perfeito que acorda a Lua e desvanece a névoa nua que me envolve. Invento mil formas para sentir os ecos , onde e como me tocam, aproximo-me vindo do nada e sobre tua pele já molhada descanso, de novo, o meu corpo em arcada, só para ouvir de novo o som encantado, que é o silêncio abafado dum grito inflamado de dor e não de prazer. É assim que o amor devia de ser, louco até insano e conturbado ...Mas!!! perfeito de melodias de encanto, complemento pleno entre a dialéctica do violino que sou eu e o arco que me toca e me faz música.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Todos os seres voariam se fossem anjos e iriam ás nascentes dos rios sagrar nas águas seus sonhos,  lá lapidariam nas pedras os seus nomes... Mas!!! como anjos não somos , voamos , assim, como homens, e de heresia em heresia, toldamos as águas, destruí-mos as matas, matamos sonhos, que sangram na terra ao semearem a tristeza . Voariam os homens como anjos se escalassem ao ponto mais alto da montanha e lá escutassem palavras sagradas de sonho e com elas escrevessem um livro repleto de verdades que nem todos vêm!!! Na realidade, voamos com asas de homens e por vezes buscamos destruir pelo caminho, toda e qualquer evidência da vida que soa nos sonhos que desejava-mos um dia viver. Voariam todos os seres com o som da fragrância de sonhos vividos se fossem anjos ...Somos apenas homens temos que nos reduzir à nossa insignificância ...

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Hoje sinto a pressão constante que é a de escrever, a necessidade de dar palavras ao nada, aquece-me a alma numa contradição protagonista da infinidade daquilo que sou. Ao contrario do verão, o inverno sempre me trouxe a inspiração necessária para escrever. Sem que fosse isso sequer uma escrita criativa, são, apenas pensamentos de fácil colocação em papel…Sabem estou cansado de viver algo que não me é totalmente dado! Viver algo só porque fica bem ou porque está na moda a mim não me agrada de todo! Chega uma altura da vida que nos apercebemos que bebemos o mesmo chá de sempre, e que apenas as mossas mãos mudaram na forma de pegar a chávena…Esse dia acaba sempre por chegar a todos, usamos sempre as mesmas palavras, contamos as cartas que escrevemos e ainda assim foram escassas, para guardar numa cómoda de um coração que nunca te esperou…Quando chegamos à conclusão que não vão existir mais céus a não ser o  que te vai receber na hora da partida,  então olhas para os teus livros, e para os teus retratos na parede de uma vida, e,  fechas os olhos e prometes-te a ti mesmo voltar a visitar os mesmos lugares e a amar as mesmas pessoas que amaste …Então o que faltou nesta vida? Talvez memorias de um amor que não chegaste a dar-te ao trabalho de viver! Vou adormecer agora, ai sim eu tenho asas para poder viajar pelas nuvens e guardar nelas o egoísmo do coração …

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Hoje sentei-me na rocha que se erguia ao longo do céu, do tamanho de um monstro. Tentei-me equilibrar delicadamente, mas, senti o fio de vida que se apresentava entre a rocha e o nada… Eu já senti adrenalina que ultrapassava o gosto de ter um coração nas mãos, eu já quis ser a salvação possível para o presumível pé em falso…Já mandei  calar a água, em silêncio, já supliquei que os mares não se revoltassem e não fossem banda sonora de nenhum desastre,  já pedi para esta rocha me suster, mas hoje apenas ergue-se o céu em forma de um labirinto que se espelha na orla quase óbvia deste mar que envolve a minha rocha…. Descubro-me no virar das esquinas, das escarpas que se cumprimentam, quebro a tensão que imaginei previamente... Os caminhos cruzam-se ainda que em sentidos opostos, na adversidade das marés adivinhadas, de quem já percorreu o mesmo mapa inúmeras vezes. Vou saltar desta rocha e embrulhar-me nesse mar que me banha, este eterno medo, onde mais um naufrágio seria apenas mais uma lenda… Afinal nada vejo, nesta noite não há horizonte… 

terça-feira, 6 de junho de 2017

Hoje venho dizer que  tudo que temos de bom escondemos! A ternura, o encantamento, o agrado em ver, acariciar, em cooperar, a gentileza, a alegria, o romantismo, a poesia, sobretudo os sentimentos. Para mim nem tudo tem de ser sério, respeitável, comedido, fúnebre, chato, restritivo, contido...O sistema sentimental é sem duvida a  máquina mais complexa e neuro-mecânica do Universo conhecido. Eu sinto-me uma metamorfose ambulante, acredito em todas as velas acesas, sei que elas vão derreter enquanto existir cera...A vida nos prepara, nos arma, nos desarma, abre a guarda... Há quem diga que o tempo está sempre a favor das nossas escolhas e do nosso ritmo, mas isso serve apenas como consolo para um coração já cansado.. Desgastado!   tantas vezes o coração sai pela boca, parece ter sido engolido desatando o nó na garganta, dilacerando, cortando, impiedosamente o que nos resta... .Não sei quem inventou que amor, mas ele é baseado na reciprocidade. Mas  muitas vezes essa é a receita da solidão, nunca recebemos o que damos, nem damos o que recebemos….Amar não é retribuir, é entregar sempre! Independente do que tenha sido recebido, amar é devolver só amor e em dobro, em doses imensas, até paralisar , amar é paralisar, Paralisar o medo, a insegurança e ser forte a ponto de não se importar se vai ser retribuído, se vai durar, se vai acabar numa rua qualquer ou vai recomeçar a cada fim de tarde…. Se não é assim, não é amor, é qualquer sentimento que conforta o coração mas não é o amor!  Estar sozinho é, muitas vezes, querer abandonarmos-nos…E eu, fui obrigado abandonar-me...

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...