terça-feira, 22 de agosto de 2023


Hoje, de tudo, os espelhos,  são a invenção menos impura que o ser humano já realizou ! O espelho não engana reflete a verdade que lhe é apresentada, e isso,  imortalizou a confiança entre o ser e a imagem projetada ... A confiança não se consegue fingir, conquista-se e é algo de tão delicado e frágil que nunca a podemos por em causa, porque é uma sorte acha-la, assim como uma estrela cadente , que seguimos encantadamente até onde mais não nos couber no olhar ! Hoje quando as estrelas iluminam o meu quarto eu vejo-me sentado a falar com a lua, porque o tempo é uma fortaleza de papel, todos os passos se resolvem por caminhos esquecidos em horizontes que se erguem como livros guardados. Hoje tenho de ler tudo o que me cerca , como se tivesse o silencio a comandar este caminho,  o meu mundo, se fez orbita, sento aqui as minhas noites que outrora se moviam noutras latitudes...Sinto a minha pele nostálgica, esconde na sua imobilidade dramática um diário intacto de viagens não cumpridas ...Os arranhões apenas traçam os mapas impossíveis dos seus nomes que já não brilham na recompensa de um destino...Os deuses, esses,  divertem-se a rasurar, baralhar biografias e sonhos, fazem-nos caminhar mas, os passos não parecem certos, talvez haja fissuras nesses sonhos, onde os comuns comunicantes derramam-se por percursos e misturam os dias pela esperança em ver o aro de fogo da entrega num perpétuo instante. Rasgo a minha face para que a vossa se encha desse minuto sobrenatural que nem sei classificar...Hoje tenho a certeza que fecharia os meus olhos sobre os anéis dos astros e entre o cair e o nascer do dia descobriria a ardente ideia, que transformou a minha vida... Uma coisa eu vou dizer , o Amor que vamos despejando neste vinificar de Uva, entorna o copo da vida! Mesmo que pudesse  beber um pouco, no fundo do copo veria  o Vinho turvo, com um final de boca amargo! Pergunto onde está a transparência desse vidro ,  onde está a pureza desse liquido inicial que me esvazia por completo a garrafa… A garrafa essa , deve ter sido jogada ao largo das berlengas , os seus cacos de festividades que cortam as mãos , deixaram  a alma suja,  de palavras vans … Um dia voltarei há primeira hipótese ao amor,  mas sem despejar tudo de uma vez,  para que o copo se possa erguer à luz  de um ser que veja através dele,  mais que apenas o seu reflexo...

quinta-feira, 17 de agosto de 2023


 Hoje dispo-me, pelas palavras mais do que na pele. Sinto o sangue a correr dentro do meu corpo de forma descompassada , escrevo sem  nomes nas rochas que o mar foi dando forma . É esta  a consciência que os meus olhos trazem no coração, que  derramou o sangue que outrora estava enclausurado no mergulho dos discursos vazios,  das decisões, das opções caiadas  por máscaras dos corações empedrados ... Quem quer decisões a solo  pode  reclamar direitos, mas poucos se comprometem em ter deveres…Outros cobram por posturas, ainda assim são incapazes de se responsabilizar pelos seus próprios atos; outros rogam por justiça e compreensão , apontando e condenando tudo e todos , lastimando a violência mas  eximem-se da educação  e gentileza… Sinto que não há uma assepsia moral , não há mudança de valores pessoais , os abraços serão sempre laços, filhos da saudade, esperanças, palavras de amor em silêncio, brindes de carinho que emanam do corpo, traços do universo que delineiam as reticências do encontro a dois…Poderia aqui falar em tanta coisa mas troquemos apenas palavras como quem abraça um corpo, e quando a noite descer em nós vamos todos deixar a espuma escorrer pelas sílabas onde enviaremos um novo poema que tenha a pergunta e a resposta , que seja decidido a dois porque há quem abrace e quem abra apenas os braços para o amanha…Hoje deixo-me violar pelos demônios, deixo o centro nervoso do meu interior fechar-se novamente porque hoje já nem sei quem procura quem! Se eu o mundo, se o mundo a mim, porque sei que não sou ilustre nem brilhante e o mundo diz-me tudo de forma agressiva, expõe-me de uma forma arrogante, torturando-me, esbofeteando-me mas ainda assim eu procurei, a luz a magia, lamentavelmente o mundo não me viu ou melhor, fez como se eu não existisse, não pensasse, não sentisse, como se eu fosse a pedra ou apenas uma pedra suspensa noutra! Só tinha dois caminhos, optei por não ser uma sombra...A imposição não vai ornamentar o caminho da legitimidade, nunca! Que a luz desacomode e finalmente intervenha pela mudança estritamente imprescindível à minha alma com destreza e delicadeza, sem causar vandalismos na pátria que construímos dentro de nós mesmos ao longo dos anos! O mundo é reflexo de nós, sua manutenção nem sempre é espelho das nossas ações. A dor é como uma pandemia como a que já vivemos, é uma revolução que nem sempre tudo o que gira em torno dela seja autêntico, ficamos ancorados de coração e sonhos cada vez menos ativos! O peito devora me jogando o silêncio  para as minhas profundezas adormecendo todas as memórias, reciclando outras para obter paz. Nem sempre há abraços,  temos sempre falta deles, ou de quem os deu, nem sempre há beijos, e dedos entrelaçados, nem sempre há falta de afeto ou carinho, nem sempre há respeito pelo outro nem sempre...O amor não é só sentimentos, é  viver nas trevas e servir a luz...


sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Hoje era o dia que precisava de todas as fantasias e de todas as presenças , mesmo dentro do eco do silencio e das ausências! Porque estas passeiam-se em mim ao perdermos a capacidade de rir dos outros, por muito  que se floresça não temos o direito de renovar as pétalas fracas , já cansadas por outras novas, eu sei que um dia eram brilho , hoje são conotadas de baças por revelarem os maus tratos do tempo da vida , esse desgaste faz perder o colorido e isso revela-se em nosso redor . Enquanto pude fui flor, refleti delicadeza e o encanto em tudo o que a vida me concedeu no amor...Agradeço a quem notou nas minhas cores e teve a capacidade de me refletir nos seus olhos, porque o bom é viver e desenhar momentos lindos e dignos de ser lembrados! O pulsar do coração de uma flor é um som misterioso, enigmático que passa despercebido a quase todo o universo, fazendo apenas eco dentro de nós instigando-nos e silenciando-nos,,, Dentro de nós nascem perguntas, sem respostas que nos inquietam deixando-nos sem respirar e como uma flor, adormecem no nosso caule nesse endurecedor silencio que cada vez mais é o barulho do mundo...as palavras que me formaram enquanto um ser finito rasuram-se como uma escritura que só é firmada com uma carta com destino comungado, no bem e no mau!

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Hoje como se o amor tivesse outro nome no teu nome, chamo por ti, e nesse som  proferido soa a silaba única de uma eclosão de uma flor . Como um poema as brumas dos meus últimos sonhos fazem-me ser imóvel, tátil, como uma criança que teme o mar…Deixo-me guiar pelos seus passos, será ser ambicioso ? Tateio poemas com a linguagem pura dos sentidos, saindo de mãos eternas que me levam a ver imagens sem palavras, paro as águas dos sonhos,  como o rosto das rosas que é diferente em cada pétala,  retenho o perfume do orvalho que derrama de cada sonho na caneta que insiste em transfigurar o folha de papel…hoje deixo a alma evaporar-se como se entra-se de ferias e se instalasse no silencio, deixo abrir uma fenda no  corpo e ao mesmo tempo a alma também fica sem nós! Os anjos não possuem asas e vivem entre nós , custa-me olhar e não os ver... Estou entre a percepção da estrada antiga e as braçadas a braços fortes contra a maré das novas e tortuosas ondas que sustentam as multidões cheias de nada e padecentes de essência própria… O mundo está repleto, mas de poucas pessoas, sim , tudo parece vazio de vida sistémica,  que sem refletir aceitam e vestem as máscaras para poderem ser aceites e inseridos em círculos que não os caracterizam, limitando-os na sua existência. Vivemos neste Circulo de meras e repetidas cópias incansáveis de pobres paradigmas, tão superficiais quanto os sorrisos que esboçam… Porque caímos nesse declínio? Porque nos esvaziamos de nós mesmos,  na perplexidade do eu, cheios de orgulho por sermos, meros atores da realidade, que se regem dum coletivo que nada mais é do que um conjunto de outros vazios!!  Porque tentamos procurar nos outros aquilo podemos encontrar apenas em nós mesmos? Hoje vivemos num clima desmedido de Orgulhos. E o que nos fere o orgulho, será  ficar triste que nos tratem por seres inferiores ou apenas por não notarem na nossa existência? O que quero deixar claro é que o orgulho também pode ser competitivo no ser humano por natureza própria de cada um , ao passo que  os outros sentimentos só o são acidentalmente ! É que o sentimento do orgulho não está só em ter algo, mas sim, em ter mais e melhor que as pessoas do lado… Podemos ser ricos , inteligentes ou bonitos , mas as pessoas podem dizer isso sem ter uma base mínima de riqueza e beleza e inteligência ? Penso que não, porque se fossemos igualmente  todos bonitos ricos  e inteligentes  não havia  orgulho em sê-lo.  Porque temos de fazer comparações, não estaremos a ser covardes e a descer a dignidade dos outros e de nós mesmos? É esta ditadura do orgulho que corrói a possibilidade  do ser humano,  se elevar a um nível espiritual que dignificaria o bom senso, é por isso que me jogo nas palavras, porque faço-me vento, , maresia, brisa , tornado …Umas vezes doce, outras vezes um sopro que eleva a terra aos céus. Continuo preferindo jogar-me nas palavras , estas são o abrigo da escuridão, na memoria e na promessa negada do obstáculo superado ….

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Hoje vos relembro que na vida vai sempre  haver dois caminhos,  serão eles sempre o certo e o errado , o bom e menos bom o bonito e o horrível o alto e o baixo, o direito e o esquerdo, o da ação e o da reação o continuar e o desistir… Esta é uma realidade constante da vida somos “obrigados” a escolher pela intuição… Temos nos dias sol, chuva, dia, noite , luz, escuridão, todos juntos criam a dialética dos dias ! Temos momentos de riqueza , momentos de pobreza, alegria, tristeza, satisfação, insatisfação . A pobreza pode ser de nos doarmos mais aos outros, e isso transforma-se em riqueza , na bondade na clarividência e na gentileza… Á vista desarmada a vida trás muitas barreiras, não é só fabulas de alegria e cor, porque, podem haver incertezas, contradições, manipulações…No caminho vai haver muitos momentos de perda de variadas índoles, nem vale apena refletir sobre isso,  temos sim que nos preocupar com as escolhas! Dizem que o ar é uma espécie revitalizante rejuvenescedor daquilo que um dia ousamos de chamar de amor, nesse mundo de nomes, mora o silêncio na terra dos sonhos e há de facto a necessidade crescente de gerar leveza no nosso caminho, porque o mundo tornou-se numa bomba relógio prestes a eclodir, e essa tensão reflete-se em nós de uma forma permanente! Prefiro sem duvida, que a vida se desfaça no ritmo poético,  sei todos os nomes que se pode usar nas atitudes mas não vale apena os usar …Diz-se também que o ar é uma espécie de livro da vida,  onde basta qualquer sopro, qualquer brisa , que por mais recôndita e obtusa que se queira, para registar uma linha na história impossível do ser contada em seus detalhes! Os  Suspiros uivam como cães moribundos, as brisas  parecem  coaxar  de sapos, nas folhas que suavemente caem despindo as arvores da vida como trovões nervosos em noites escuras, deixando um eco vil nas palavras que compõem o livro do amor que algumas vezes nos escapa por completo… Nós intitulamo-nos por humanos, Mas!! Somos uns bichos que creem possuir tudo, e tudo querem, como se o que tem não fosse suficiente ! Há um limite  sempre um limite imposto pela noite aos sonhos,  há sempre um amor procurando seu nome na solidão do livro dpos tempos. Mas a saudade é só uma forma de perceber o tempo envelhecendo e, nas costas de um dos anéis de Saturno, podemos ainda  sentir um cometa de ventos que sopram dos vívidos sonhos barrados pela aurora dos dias ! Mas ai só conseguimos alcançar o cume da nossa impotência ! Há rostos nas nossas vidas que só precisam ser desenhados uma vez, das mães , dos filhos, dos nossos companheiros , da família em geral  que formam um vasto amor e deixam um rasto no nosso caminho único que nos leva a voltar sempre a encantar-mos as palavras que desenhamos, por muito que voltemos a trocar a sua ordem , continuaremos a pensar ...Nada é proibido no amor , seja amar alguém com toda a nossa essência e dizer-lhe que a amamos muito ou apernas esperar que igualmente nos digam que nos amam também ...

sábado, 15 de julho de 2023

Hoje eu não sei ao certo o que há nas bocas do mundo, de um lado vê-se a rapidez e lentidão, de outro a segurança e incerteza que formam um tudo e um nada. Em qualquer das partes há  ternuras irresistíveis que provocam sustos vivos dentro das paredes das fronteiras nasce a  impiedosa sintonia que se esgrima na pele num tom de outra cor. Há sempre olhares presentes nas emoções que sobem da alma, num salto, ao cume da vida, tal como nas tristezas que gotejam lentamente até aos pés descasos e gastos de tanto caminhar …Mas!! Também há apatia, real e aparente, de bocas bem desenhadas sem adereços  que dormem como livros numa  estante do salão da saudade que seguramos no peito como se, de alimento se tratasse para a nossa alma. Amarro a mim mesmo a desordem dos dias , entrelaçando os dedos para que seja mais forte esta corrente que a prende, numa saudade vadia que me pulsa no colo da eternidade. Sinceramente não sei o que vai nas bocas do mundo, mas sei que é vida, que se espalha pelo corpo a partir de qualquer boca…É de cima do intimo que movo a esperança de que todos os rios desaguem na alma e parem o tempo e a incerteza, retirando as túnicas que escondem os jardins como espécies em vias de extinção ! Ás vezes a vida agita-se e trocamos palavras  como pedras em nome da paz, a guerra é pior que a dor predominante no sossego do silêncio  mas a sua eminencia chega a ser atrativa para muitos ! Cada alma vê o mundo de forma diferente, embora a vida vivida se torne num bailado de verdades e mentiras, sonhos, realidades e , é nesse mar de antíteses que o ser se expande avistando inevitavelmente o seu horizonte apenas sendo ele próprio dentro de si mesmo…De todos os seres e seus predicados  deste universo que partilhamos,  o mais antigo talvez seja um DEUS, o maior o espaço infinito, o mais imperfeito de todos o espirito que chega a ser o mais rápido também , o mais forte é a necessidade, e o mais sábio o tempo que se fez , se faz e se fará!  É-nos impossível conhecer verdadeiramente alguém em toda a sua génese , mas podemos ir além daquilo eu o nosso consciente nos diz, embora vejamos sempre as coisas segundo o nosso ponto de vista , e é esse ponto de cista que nos limita e faz desacreditar  muitos fatos assistidos… por mais que tentemos desconfiar do que os outros dizem ou nos tentam transmitir através da linguagem dos seus gestos, nunca chegamos a saber aquilo que dizem por absoluto … As ideias muitas vezes são só pensamentos dentro das palavras, que não passam de aparências e é por ser humano e viver num mundo onde as aparências ganham, cada vez mais forma e cor iludindo as realidades é que de nós apenas nasce um mar infindável de duvidas e opiniões ...Mas!! Lembrem-se Love is a Feeling, not a decision!

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Hoje a madrugada está a ficar profunda , sempre que olho dentro dela, encontro sempre algo de novo, por isso irei  amar através de todos os bons momentos e  erros, irei amar  para além de toda a eternidade , e se este lugar que se chama de terra , acabar eu irei  amar pelo espaço , mesmo,  até nas lutas que já sei que não irei vencer, em cada dia que vamos envelhecendo eu irei amar  como se fosse o primeiro dia desta vida.... Hoje deixei de ver com este nevoeiro que se adensa a praia que ficou encoberta pelas dunas  de sal que as marés encarquilham na vida, deixei de reaver  a verdura do inicio dos dias, tudo foi ocultado pelas águas que se interpõem poluídas entre os dias , tornando-me escravo de feições silenciosas…Há frias  emoções, sinto pela primeira vez emoções frias, não têm toque, não têm som, não sei se são de amor que tanto preso, luto para as ignorar , mas com o observar dos dias, vejo que insistem em manter-se lá, e lá... Eu não chego…Emoções frias trazem-nos noites geladas, emoções frias trazem-nos noites sem sono, emoções frias não podem ser emoções, não me  consigo espelhar nelas, que mais parece um espelho velho, descascado pelo tempo onde não nos veem por inteiro ! Há pessoas que deveriam querer saber da nossa alma, na constante busca de calor, do afeto, na constante busca de emoções e trabalharem para a nossa paz…. vivo porque me acho amado, mas não reconheço amor de emoções frias. Hoje estou neste mundo , que apesar de tão concreto, me deixa virado para o espelho do futuro, olho a vida que passa nas raízes que ardem para iluminar este caminho. Suplico por pilares que ,mesmo que obscuros, segurem as brisas oriundas das paisagens simples ,mas das minhas veias os búzios só entoam os maus presságios por isso de cabisbaixo deixo de ser eterno no tempo sem sinceridade…Nunca é um erro acreditar em outro alguém, nem tão pouco devemos olhar para trás com o rasgo da ideia que idealizamos mal! Continuará errado sim, quem usa uma alma clara por achar que ao ser clara, é ingénua. Todos os dias me sinto grato por ser assim, embora no nosso caminho haja sempre quem não seja assim, porque só morrera de alma quem assim não viver! O amor é um estado de espírito, uma condição natural no processo de crescimento interior de cada um de nós , é ai que as  emoções relevantes podem ser repartidas como quem ilumina e  distribui luz na sombra de outro alguém . Amar não é transformarmo-nos  em  exemplo para ninguém, assim, como devem compreender o quanto é difícil é  alguém libertar-se  daquilo que provocamos de desagrado que também os perturba… Amor, que  das brumas sonâmbulas que com um simples olhar tentam segurar os alicerces deste luar…Sinto a verdade de um sonho, que vem desse mistério, onde as mãos abafam o fogo das raízes no mesmo espelho que desenha o futuro. Busco a terra por baixo da sola dos meus pés que sulcam a noite pelo vazio do sabor que o vento ameaçava , deixo esquartejar-me  na lembrança  dos cabelos caídos pelo caminho…Fico vendo os mares que se agitam neste pontão onde as caravelas não atracam,  deixam-se ficar presas pelas ondas dos mapas astrais que o meu corpo marcou… Reciprocidade é um momento de ser serio… Como diz a gíria popular  errar é humano, todos erramos e magoamos, mas só alguns de nós temos a capacidade de o verbalizar…As minhas palavras são claras no seu epicentro, vivem os sonhos e tudo o que nasce deles, se quebrar todas as algemas e ainda assim se viver em esforço, em breve se tornara em dor e para mim isso não é amar é servir...  


domingo, 2 de julho de 2023

Hoje que se tirem à sorte as palavras entre a nossa constelação, há palavras gentis, palavras que refrescam  as mãos, palavras ditas com o avesso do seu sentido, palavras enigmas, palavras de logro, porque não significam o que o seu portador intui. Joguem-se as palavras no tabuleiro do futuro, onde só há palavras por dizer, palavras à espera de serem ditas. Essas palavras não têm  nas nossas vidas uma ordenação sempre logica! Jogam-se ao acaso, atiradas sem critério para um poço onde são matematizadas na oposição das equações diligentes da vida. Hoje como se houvesse uma roleta “russa” e os circunstantes estivessem à espera das palavras saídas na lotaria da ocasião. Então que esperem, pode ser que do amontado de palavras surta um poema, ou um manifesto, ou apenas um texto sem outra razão que não seja o imperativo de não guardar as palavras numa parede de silêncio. Como as palavras podem ser cruas e vagas… Podem sair da boca atemorizadas pelos efeitos sísmicos dos sentidos que provocam, em quem as ouvir ou até mesmo,  em quem for seu destinatário. Mas !! Hoje elas são apenas  um inventário anónimo, amontoando-se umas nas outras segundo um critério desordenado assim como a vida se desordena...Há palavras que procuram significados, respostas, sentidos até! Outras  são janelas entreabertas para avenidas por descobrir, mas ainda temos algo para descobrir? Outras, contrapõem-se, selando os rostos desmaiados pelo esgotamento da matéria sensível do ser, nos vocábulos admitido um concurso  inventariado e espiolhado dos acasos, as palavras dele constantes descruzam-se no descrédito  empossado pelos  circunstantes que se deixaram jogar a concurso… Hoje  rivalizo no conhecimento dos significados, que em mim esgrimem sinónimos, antepõem figuras de estilo na esgrima erudita das pessoas. Sinto as palavras em mim exauridas,  fogem da boca e refugiam-se no silêncio. Perdem serventia, ficam ocas de tanto serem vulgarizadas pela arrogância do ser. Tenho-as dentro de uma caixinha que reclamo nos silêncios estruturais descritos no meu rosto deixando-me num estado de espírito, de promessa para memória futura. Talvez seja melhor fazer palavras cruzadas, como quem tem tempo por revelar, preso na incógnita sabedoria daqueles que querem ser tudo o que você nem sabia que estava procurando…

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Hoje sinto que me escondo das palavras, esqueci-me do verbo que me desnuda  na saudade da lua minguante …Esqueci-me dos socalcos da maresia que em mim sussurram a falésia do olhar, na cegueira da lua branca,  nua,  que sempre me deixou na praia de silêncios…O que podemos fazer com as palavras, no meio da indiferença? O que podemos fazer com os sorrisos se estes não cabem nas gavetas? O que fazemos com as palavras que tentamos escrever,  essa é uma liberdade que nos pode empurrar para a luz quando o nosso corpo respira sombra. Hoje reflito sobre esse socalco de vida, e ele pode ser feroz. Invade as artérias da nossa casa como  uma lâmina afiada cortando a esperança pela raiz…É como a água a desbravar caminhos,  derruba defesas e passa. Há palavras que se sentam  à nossa mesa dormem na nossa cama grita-nos ao ouvido até obrigar a alma a sair apropriando-se do corpo, silenciado a voz. Hoje ouvi uma palavra “desconhecida", enquanto reparava uma linha ténue de vida, achei por bem agarrar-me apenas à vida de mãos cheias de ansiedade e com apenas a minha voz  unir silêncios para que se possam ouvir, de repente como se de mais não precisasse a esperança  choveu-me  inteira nos olhos. Hoje posso filtrar o que digo de corpo inteiro, mas não posso controlar a interpretação dos outros! Habitamos um corpo para que haja gestos!!!Eu sei que mora em mim uma força desconhecida, que alimenta  moinhos da imaginação, faz mover as folhas das árvores como se fosse uma brisa silenciosa que se propaga pelo infinito, não consigo explicar este mistério que brota nos meus silêncios sob a forma de palavras, pensamentos,  sensações...Mas!!! Tenho medo da incongruência  do vazio, que me invade quando nada tenho a dizer, sinto que desgastei as palavras para algumas pessoas…Sinto que nasci para antever luz por trás das nuvens mais escuras, para sondar o insondável, e perscrutar o que não é visível ao olhar…Nasci para aprender a aprender, sou apenas humano,  sei que tudo está por descobrir, nasci para lutar em todos os momentos pela liberdade e saboreá-la, com o insaciável desejo do fruto de cada estação, nasci para ser livre num mundo repleto de  fronteiras que nos sacode a mão que nos quer subjugar, nasci para ser criança na cristalina partilha dos risos do incansável jogo lúdico do que se faz e desfaz e se volta a fazer na fulgurante cumplicidade do amor. Há em cada um de nós  cumes do dever singular esculpidos pelo criador como quem se  perde e se acha para  além de todos os limites estabelecidos.  Hoje opto por deixar que a vida me aconteça livremente sem o  prevejo nem o planeio porque temos de aceitar o que é imutável, contestando nas lutas as injustiças porque caminhar  à beira do abismo é algo que já me habituei a fazer, mesmo quando ouso com coragem  transpor e conhecer o lado de lá, nasci para gostar e sei como gostar de alguém! O ser humano é um autentico universo de desconhecimento, somos todos muito diferentes e por muito que haja fios condutores que sustentem a razão, há sempre o inesperado e o permanente … O caos muitas vezes vive hospedado na logica dos sentidos  é como dizer adeus, nesse mero apontamento temos a inquietude e o alivio do desapego! É tão fácil olhar o chão de alma apertada não é! Até espalmamos as pedras da calçada quando passamos, dizer adeus tornou-se numa coisa vulgar no ser humano, é sustentado pelo pensamento inquebrável , como uma ponte que resiste mesmo com uma multidão a atravessá-la de mãos erguidas a conter o sangue da vida! Eu não digo adeus, a nada, nem sequer ás flores sazonais,  apenas direi adeus à vida quando ela me disser chega…Há muito que me deixei de ver ao espelho, aquilo que já primário , nem tenho habito de ir ver fotos de uma vida , pois nelas não me consigo encontrar, lamento muito mas não me sinto lá onde sempre estive ! A verdade é que há pessoas diferentes e ainda bem que assim é , mas há uma diferença que é muito importante …Umas são o que são porque leram muitos livros de grandes autores, poetas , pensadores, foi com eles que aprenderam a valorar os seus sentimentos… Outras são o que são, apesar de nunca terem tido influências de ter lido ou lidado com pessoas com uma sensibilidade elevada …Simplesmente são o que são porque tem a capacidade em transformar as suas palavras no que vivem e sentem. Como qualquer ser humano , posso me tornar incontrolavelmente frio, mas hoje estou assim e quando assim estou tenho sempre algo a dizer!

 

sexta-feira, 2 de junho de 2023

 Hoje disfarço a sede …Rendo-me, de  boca  fechada, visto o silencio  para deixar as mãos discursarem por mim, provocando a fome enquanto guardo na gaveta os sonhos ….Sinto-me,  oceânico,  encontro as formas do mar, nos limites da minha vontade,  ancorando as margens do desejo salgado que se vestiu nas  ondas, que,  atormentam este rodopio de sonhos e pensamentos seduzindo-me,  vergando-me, fazendo render-me…Crucifico-me nas preces, que não entoam nas mortalhas da memoria que deixei por despir, transcrevo ecos do meu querer, nos sussurros audíveis,  onde vou recuperando os aromas do  vibrado dos meus pensamentos …Peço permissão aos anjos, que me elejam juiz deste labirinto de espelhos que me roubam a luz , que quebrem a distancia com ventos , palavras de fogo, disfarçadas em quilómetros,  que me furtaram uma fatia da sanidade deixando-me este sabor salgado a maresia sem bússola,  no alpendre desta assoalhada vazia! Quis arrendar este espaço, com versos que me secam a boca  de horas cheias de gente impaciente, do pouco tempo que lhes espera…Hoje estou eu nesse precipício...  Há pessoas indecifráveis, jogam formalidades com olhares de fogo, quebram gelo com mãos gélidas,   alimentam a alma com a capacidade de ler o que não está escrito no nosso olhar e coração, abrem a porta de lugares  eternos, enchendo as mãos de frutos para substituir a duvida pela certeza , só assim conseguem esquecer o sonho esquizofrénico  do amor,   que amnésia do passado tanto adiou...Como diz o ditado popular a vida são dois dias e o de hoje já encerrou o silencio das cores no meu olhar! Eu já construí uma dinastia que nem os céus podem abalar por isso,  se tudo ruir é porque adormeci nos meus pantanais e não sou capaz de estar eternamente acordado... Hoje me pergunto o que a vida tem tão de bom se estamos todos esperando para dançar nos céus ? Eu acho que ja lá estou, quando atravesso um portão contigo! todos dizem que lá nos céus deve ser muito melhor, mas como seria se todos tivessem um amor de verdade aqui, tenho a certeza que não chamariam aos céus de paraíso,,, Eu quero ficar aqui...Se só vou ficar aqui mais um tempo , então quero esquecer que o tempo não para!




quinta-feira, 1 de junho de 2023

Hoje ando ás voltas com a minha sanidade, e esta,  vem do querer, mas!!Tem vezes que foge de mim, corre para esquecer e a sobriedade me inebria…Já é dia  e a tela da manha  vem impor os seus ritmos, fingindo estar ao meu dispor, mas não está! Há tanta coisa que me intriga, não consigo arrumar toda a tralha que tenho, todas juntas fazem parte de muitas peças fora do lugar , que durante tanto tempo tentei encaixar dentro do tempo inteiro que se faz invisível dentro dum mundo que aos poucos se isola…Dizem que as paredes se erguem para suster algo, nunca para isolar , parece um mito que aos poucos se desfaz como areia…Sempre acreditei que podemos tatuar o mundo com amor, que um abraço,  faz esquecer tudo,  que as mãos dadas , fazem a força , que  olhar toca, que o sorriso dá vida, que o colo, nos abriga, que qualquer gesto do coração, cura, que o coração é uma casa, que o amor salva-nos …E continuo a acreditar! Continuo acreditar , quando mesmo te fazem sentir que acreditar é sinónimo de fragilidade, continuo acreditar, mesmo quando o mundo cai . Temos de acreditar que há sempre o pedacinho de amor que chega para nos iluminar , para nos envolver, para nos tatuar nos corredores profundos e secretos do nosso coração é ai que existe uma enorme sala. Ela é chamada de Sala da Admiração. É para esta sala que vão os  pensamentos quando nos deparamos com coisas positivas e encorajadoras a respeito das pessoas com quem nos  relacionamos. E com frequência, gostamos de visitar esse lugar especial, ai, nas paredes estão escritas palavras gentis e frases que descrevem bons atributos de quem gostamos . Elas incluem características como "honestidade" e "inteligência “ ou "olhos bonitos". São coisas que  descobrimos sobre as pessoas que  amamos e que ficaram gravadas na memória. Quando  por exemplo, pensamos apenas nas coisas boas, de fato, passamos meditando nesses atributos positivos, mais gratos ficamos por estar onde estamos…A maioria das coisas da sala da admiração é escrita na fase inicial dos nossos relacionamentos. Nós as resumiríamos nos aspetos que gostávamos e respeitávamos nas pessoas que conhecemos. Elas eram verdadeiras, honrosas e boas. Então, passamos o tempo habitando com elas nesta sala…Mas já devem ter notado que  não visitamos essa sala especial com tanta frequência como fazíamos no passado. Isso acontece porque existe outra sala competindo com esta. Mais adiante, outro corredor no nosso coração leva à Sala da Deceção e, infelizmente, visitamos esta sala também. Nas paredes deste salão , acomodamos  também frases , palavras que descrevem  aquilo que  fazem que nos deixam tristes. Essas palavras foram escritas lá como resultado de frustrações, sentimentos feridos e expectativas não correspondidas. Esta sala tem ligação com as fraquezas e falhas  de nós e das pessoas que admiramos e consideramos. Seus péssimos hábitos, palavras grosseiras e decisões erradas estão escritas em letras grandes que cobrem as paredes de um lado a outro! Algumas pessoas escrevem coisas detestáveis nesta sala, onde censuras são ensaiadas para serem usados como argumentos no próximo,  desentendimento. Ferimentos emocionais se inflamam aqui, fazendo crescer as observações negativas nas paredes. É aqui que as munições são preparadas para as próxima “lutas” e a amargura é espalhada como uma doença.  As pessoas param de amar, de se respeitar e de se considerar aqui. Mas não se esqueçam de uma coisa,  gastar tempo na Sala da Depreciação destrói qualquer relacionamento. Este processo tem início no momento em que  passamos pela porta desta sala, já que todas as vezes que uma marca é deixada lá nos podemos questionar , Mas!! O que escrevo lá é verdade. Sim é, mas o que está escrito na Sala da Admiração também é verdade. Todos falham e possuem áreas que precisam de crescimento. Todos têm questões não resolvidas, feridas e cargas pessoais. Eu sei que é sermos  humanos assim. Todos nós erramos. Mas temos essa tendência infeliz de potenciar os  atributos negativos enquanto colocamos os do nosso próximo sob uma lente de aumento. A verdadeira questão aqui é que, o amor tem conhecimento da Sala da Deceção e,  não vive negando sua existência. Mas o amor escolhe não viver nela. Hoje escolho estar onde me permitem ser equilibrado numa linha entre a compreensão e a paz, hoje prefiro estar onde aceitam as minhas limitações e as condições atuais sem abrir mãos do que sou...

quarta-feira, 24 de maio de 2023

Hoje  a cada minuto que nos seja roubado à rotina estende-se uma artéria que percorre todo o corpo, como a língua na ponta dos dedos antes de virar uma pagina, mistura-se o mel com o fel , palavra a palavra e por apenas uma virgula respiramos …Cada passo que damos , deixamos a memoria engasgada, talvez deva ser assim não sei! Quando esquecemos, perdemos o verbo, deixamos para trás o coração a palpitar pela estrada fora, como um comboio que passa sem parar …Não sei palavras que sirvam, para atenuar o peso dos lugares que vão ficando vazios á mesa, nem tão pouco tenho palavras para aqueles que se sentam a sentir a ausência a nosso lado… Na realidade , não há palavras magicas, ou formulas milagrosas que nos salvem das tragedias da vida, eu pelo menos não tenho, nem sei quem as tenha. Dizer o quer que seja , parece inútil, porque nada do que digamos , mudará uma vírgula no orgulho de cada uma das pessoas e o mundo não para… Não há guerra ou luta que consiga estancar as dores, nada impede o frio de cada um nem mesmo os cobertores perfumados de quem nos bem quer… Podemos até adormecer no chão à espera do amanha, observando as solidões a que cada um é submetido, mas fica sempre patente a descrença, os julgamentos precoces a violência gratuita , não consigo encontrar a palavra que independente da religião, da força das crenças todos partilhem, porque no final de contas somos todos , espirito, luta, esperança, sonhos … Posso dizer até, deixem que a luz brilhe, que a luz vos olhe, que a luz vos colha, como quem se  deixa arder e regresse galopando nos mistérios de veias abertas para o dorso do mundo. Mas! Ninguém escuta… Para falar preciso de focar-me nas palavras , nos nomes  das coisas , de janela escancarada  , de porta entreaberta,  ainda assim,  todos dirão onde está a chave para entrar! Para falar, tenho sempre que saber qual o som de um trovão e ao mesmo  tempo, saber se o seu som é maior que o clarão do relâmpago! Mas!! Nada é vazio ou sem nomes,  até uma tempestade, um cometa têm um nome! Tudo toca o nosso chão, o nosso céu o nosso caminho, os olhares esquecidos são como pétalas delicadas, são sinais de sentidos envergonhados nas singelas visões dos dias de ti… O amor transforma-se como a vida do sol e da lua! Quando estes se viram pela primeira vez nos primórdios do universo logo se apaixonaram, desde então o seu grande amor prevaleceu,  foi essa luz que cada um emanou que fez com que os deuses lhe dessem o seu toque final …O Brilho! Mas, também decidiram que cada um iluminaria uma parte das 24 horas que os dias tem, foram obrigados a viver separados e isso fez abater-se sobre eles uma enorme tristeza pois jamais  conseguiriam encontrar-se …A lua  foi ficando cada vez mais amargurada pois nem o brilho que os Deuses lhe deram impediu que se tornasse solitária , já o Sol, mesmo com o nobre nome de Astro Rei,  não achou suficiente para se sentir Feliz…Reuniram-se com os Deuses e estes apenas concederam que a lua tivesses estrelas para não se sentir solitária …E o Sol?! Bem este apenas esquenta a paixão com a escuridão da noite…Se algum dia olharem o Céu e virem que o Sol cobriu a lua , então foi porque ele adormeceu no seu colo e, a isso hoje,  chamamos apenas eclipse…..

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...