sábado, 30 de julho de 2016
Quando eu for um sonho de anjos transparentes no cais da minha madrugada, arrastem-me na sombra das minhas águas, para um porto irrequieto no infinito das vossas noites. Transformem-me no vitral que emoldura os tédios, na verticalidade das nossas misteriosas cores, que transportam o seu estranho vulto, numa consciência ausente onde os ventos de agitam na floresta dos silêncios. Abram-me a porta por onde entram as brisas que falam de mim, perfumando o salão da minha alma, entoando alegrias orvalhadas,num cortejo de violinos tecido pelos teus dedos nesta escrita atrapalhada....Deixo aqui o vulto do meu olhar imóvel de lábios frios que procuram a sedução no silencio das horas mortas da intensidade dos entardeceres pois serei sempre , mas sempre uma metáfora escrita no inconsciente da alma iluminada pelas estrelas de cortinas de saudade, no claustro de uma noite que se junta ao nevoeiro incógnito...
segunda-feira, 25 de julho de 2016
Uma coisa é ter um sonho , outra coisa é persegui-lo sem medidas. Acreditando que ele é a única maneira de nos realizar humanamente. Acreditando que através dele silenciaremos todas as grandes perguntas em troca da plenitude de um momento, de um único segundo em que nossa imagem no espelho reflectirá numa progressão infinita todas as nossas impossibilidades...Por vezes na busca de um momento desses á a perda de nós mesmos!!! É tão trágica a nossa realização!!! Digo-o porque a realização é sempre a realização de algo que quando se realiza não se sabe por que, não se pode voltar, mas por melhor que seja, não se pode ficar... Quem acredita que encontrou algo por que lutar nesta vida sabe o que significa ter que se dobrar, se curvar, desviar, esticar, e sentir em seus pés a deformidade escondida, provocada pelos giros em torno de seu corpo e suas ideias, pela tentativa de saltar para o mundo. Sabem o que é acordar todos os dias sentindo as dores da inconstância, das dúvidas sobre todos os passos dados e aqueles que ainda se quer dar??? Sentes o peso da responsabilidade em suas costas, ombros, braços e cabeça, sabendo que este peso não é só teu. E se há amor, o medo não é apenas de não conseguir dar mais um passo. É também o medo de conseguir. E conseguir, enfaixar as feridas. E se retorcer, sentir doer, e se encolher um tempo. E tornar a se projectar para além de si mesmo. E conseguir. E ir conseguindo até o passo final: o salto para a profunda escuridão e silêncio.
Não procuro ninguém no infinito, porque por vezes nada encontro!!! Encontro-te sempre no meu coração, onde a paixão e o amor voam de mãos dadas de tal forma que vejo o mundo há minha volta como um espelho!! Sinto o que não tenho o que desejo e que tenho o que não quero…Mas é aí que chego ao limite do infinito, é ai onde te procuro mas apenas te tenho encontrado no coração! Posso até morrer por amor, e viver apenas de sonhos de amor, sonhar que a lua é a minha casa, e o mundo o mar… Posso até sonhar que as estrelas são o meu lençol e acreditar nos contos de fadas ao me perder em sonhos de amor, que saberei sempre destrinçar a realidade da fantasia…Um dia passaremos a amar não se encontrarmos uma pessoa perfeita , mas sim se soubermos perfeitamente ler uma pessoa imperfeita… Eu sou apenas um ser imperfeito. ..
Quando se ama alguém que perdeu a capacidade de nos amar a meio caminho morremos para sempre, e todos os dias somos apenas mais um pouco sozinhos... Quando se tem nas mãos o sangue, da morte da denuncia de um amor, que se tem deveria-mos cozer a boca e os olhos para não dizermos mais nada e nunca mais chorar...Quando se tem amor por quem nos tem grande apreço e amizade tornamos-nos metade de algo, ao qual falta metade, quando se descobre que afinal as cores do arco-íris são todas preto e branco Sentimos-nos enganados pela vida que nos fez acreditar nas cores todas !!! Foi quando percebi que me amavam, que perdi, foi quando percebi que me desfazia por dentro enquanto me amavam que me perderam...Quando se ama alguém que não nos ama de volta, é como se o peito se enchesse de balões de ar quente que rebentam… rebentam simplesmente e magoam, e quando sabemos que éramos amados e estragamos isso com todo o peso de uma solidão anunciada e a solidão veio apenas porque pensámos isso…O amor é das poucas coisas que o facto de ser metade o anula não há meio amor como não há meias mesas e meias cadeiras como não há meias vontades de ir à casa de banho, não há simplesmente meio amor...Quando se ama alguém que não nos ama de volta e perdeu essa capacidade então somos apenas meia cadeira e meia mesa, meia vontade de chorar, meios feios meio bonitos, somos a incapacidade para amar...Somos resumidamente uma luz sem foco!!
Todos os dias recomeço em mim um novo dia como o movimento das marés. Revejo-me em satélites, cometas, meteoros que viajam livres em minha cabeça e nas pontas do dedos colecciono olhares perdidos que viajam na rota dos ventos!!! Sob os eclipses da lua meus olhos se fecham pois neles sim, posso voar leve em companhia dos suspiros da alma que chegam a mim como um exército envolvido na bruma dos momentos!!! Nesse passeio há momentos que me sinto um guarda, visto-me de milhares de borboletas que cobrem meu corpo, borbulham no meu desejo e me vestem de brilho e luz…Eu teço em mim fantasias que guardo nas conchas em leque trazidas do mar. Olho as estrelas e elas reflectem no meu corpo formas e gestos que deixam a minha pele húmida de tanto sentir …Olho as estrelas e elas voltam a desenhar corpos sobre mim!!!
terça-feira, 19 de julho de 2016
O amor devorou o meu nome, minha identidade, meu retracto. O amor veio e anulou todos os papéis onde eu escrevera meu nome... O amor um dia devorou a medida do meu corpo, o número de meus sapatos, minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos. Faminto, tudo comeu em mim ao ponto de beber as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água. O amor voltou para comer os papéis onde irreflectidamente eu tornara a escrever meu nome, roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos. O amor levou o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras . O amor afogou olhares, drenou a água morta dos rios, aboliu as marés. Não satisfeito eliminou até coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam o futuro de grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta desta sala vazia. O amor comeu minha paz e me colocou em guerra. O amor inverteu o meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão. Por fim comeu meu silêncio!!!
quinta-feira, 14 de julho de 2016
Há dois tipos de pessoas no mundo, aquelas que são autenticas pontes e os atravessadores. Pessoas pontes são aquelas construídas por forças maiores, com a finalidade de ligar um mundo ao outro. São feitas de concreto muitas vezes conotadas como pessoas que não possuem sentimentos, afinal, são pontes!!! Permanecem lá durante anos, usadas, sendo pisadas, sujas; eternamente sob os pés daqueles que passam. São de muita serventia, afinal, necessitam das mesmas para unir mundos que, a priori, estavam separados por motivos questionáveis, mas ainda separatistas. Mundos que foram determinados, classificados como diferentes e colocados em pontos opostos, através das pontes, passaram a se comunicar. Entretanto, há os atravessadores, aqueles que apenas levam as pessoas de um mundo a outro, seguram em suas mãos, entrelaçam seus dedos e ajudam a travessia, incentivando-as, motivando-as, destilando suas ideologias durante o percurso e aproveitam o momento para desnudar as mentes daqueles que buscam união de mundos. Os atravessadores e aqueles que precisam atravessar não irão se lembrar das pontes que ali ficaram sob seus pés, anos após anos, fazendo seu trabalho em silêncio. Lembrarão, pois sim, daqueles que seguraram suas mãos, que lhe deram um ombro. Mas elas continuarão lá, sem questionar, sem deixar de sorrir, vão criando em seus corpos espaço para o constante envelhecimento, mesmo sendo feitas de concretos. É claro, com certeza, que irão se lembrar dos atravessadores, que sabem separar a bondade da verdade, do futuro, do seu trabalho; pessoas que não se dão por inteiras, porque se guardam, se protegem, sabem dos perigos do mundo, do além, ao contrário das pontes que se abrem, esticam seus braços e dizem: Podem passar, eu estarei aqui sempre. Não vou fechar meus braços a ninguém!!! E o resto mundo passa por elas sem se importar nem em saber quem ela é. Todavia, não pisará nos atravessadores, pois estará segurando as mãos dos mesmos, olhará nos olhos deles, sentirá os batimentos daqueles corações. Os atravessadores tem importância para assassinar seu particular medo de misturar mundos, experimentar outros corações, saborear almas; eles existem para arrebatar o medo de viver. São eles que ao tempo da travessia plantarão sementes em sua cabeça, após o término da travessia, ninguém esquecerá quem o ajudou a passar , aquele que lhe o segurou sobre uma ponte calada. Desculpem-me, mas eu sou uma ponte ou um atravessador??
Hoje estou erótico ou melhor sinto-me como as bocas desorientadas, perdem-se na ânsia das línguas molhadas e inquietas…Sinto-me como as mãos enlouquecidas e trementes quando se guiam nos movimentos dos corpos sedentos, que se deslizam e tacteiam, na avidez do desejo de se terem!! É como se libertasse em mim sorrisos cúmplices, preenchidos de luxúria, contemplando-me apenas de olhares, calados pelos lábios que se querem tocar… sussurro em mim, palavras de Amor que não se escrevem, porque não existem para além de nós !!! Completamente perdido na busca da essência dum outro ser, transponho-me de alma e invadem-me carinhosamente o íntimo, numa conquista mútua de sensações únicas, que nos fazem estremecer os sentidos, e disparar o pulsar alucinado da nossa aura… Poderia eu selar momentos num abraço envolvente, que funda una carinhos, como se fossemos um só. O delírio pungente, latejaria por toda a nossa pele, a mente desassossegava-se , alvoroçava-se, e o êxtase chegava de mansinho, serenamente, como o dia que começa a clarear a noite, para lá da linha do horizonte...Mas eu disse que estava apenas erótico…
Eu costumava de ser uma pessoa espelho, já que cada um ganhava de mim exactamente o que me oferecia. Com o passar do tempo passei a ter na minha frente diversos tipos de pessoas, com índoles, mentalidades e valores completamente distintos. Percebi que de nada adianta rebater ofensa com ofensa, maldade com maldade e veneno com veneno. Aos poucos desgastei-me e gastei o meu “brilho” com quem não merecia. Com o passar do tempo a nossa nitidez vai-se perdendo, pois nem sempre sei o que cada um me mostra , e posso confundir reflexos. Hoje, mesmo com a pior das pessoas aprendi a ser mais, muito mais do que reflexo. Aprendi que educação desmonta qualquer ofensa, que não há maldade que vença minha postura, aprendi que o melhor remédio para veneno alheio é a indiferença. Aprendi a ser luz na frente de quem é escuridão, a ser sol quando insistem em chover em mim, a ser chuva quando tentam me secar e a colorir os dias que começam em tons de cinza. Acima de qualquer coisa, aprendi que independente do que estiver diante de mim, não posso deixar, nunca, de manter os meus valores, sentimentos, ideias, defeitos e qualidades. Quem quiser, que me reflicta de volta!!!
Não olhem para mim, não leiam o que escrevo, eu não guardo nada, apenas o meu rosto e um diário!! Vivo com a ilusão timbrada mas não conheço as palavras, nem procuro conhecer razões dessa ausência em forma, de certeza rabiscada...Moro numa redoma, de folhas brancas à espera de serem escritas, por seres eruditos com verbos já esgotados... Não sou a metade de nada nem o princípio nem o fim não tenho lágrimas só emoções a definir e um silêncio de sensações!!! Aqui estou sem mim neste diário feito assim num mundo virtual escrito com o vento que vem através de ti... Diz-me sem eu saber, o que chega da alma é um tudo e um nada desenhado numa voz sem horizonte nem brumas, cantadas num silêncio desconhecido...Não sei se este é o modo que deveria ter vivido ...encontro o desejo sem ter o seu prazer!! Será insano não perceber que este diário que escrevo tem silêncios que se compõem sem se poderem ler ou ver? Escrevo e penso palavras nunca ditas sem saber se algum dia se irão dizer...será este meu diário uma verdadeira convicção distinta de qualquer ilusão? será que os meus dedos fingem para minha alma não padecer? Mas para quê querer saber se o meu diário é uma crença? haverá alguma diferença? sem a certeza da incompreensão peço apenas a alguém por ai que seja ninguém. que acabe este diário e o mostre ao mundo.
Metade das minhas palavras sobressaltam-me sempre um grande desamparo, sinto que tudo me abandona, não há nada a meu lado, nem sequer os olhos que por detrás contemplam o que escrevo, não há atrás nem adiante, não há começo nem fim, nem tão pouco um muro para saltar...Estas palavras são uma esplanada deserta, o dito não está dito, o não dito é indizível, os olhares desaguam devastados num mar de sal negro, num reino cego!!! Não consigo deter-me, calar-me ou simplesmente fechar os olhos até que brote de minhas pálpebras um alfabeto ondulante sob o vento do sonho da maré numa valsa de onda e esta rompa o dique que me enclausura...Posso até esperar que o papel se cubra de astros e se revele de palavras enlaçadas, neste escrever sobre o já escrito e repetir a mesma palavra na metade do pensamento, em sílabas de tempo, letras rotas, gotas de tinta, sangue que vai e vem e não diz nada e me leva consigo...Sopro os gritos da alma pelos dedos numa poesia mal escrita estanco dor em prosa!!! Sinto-me palavras cuspidas num papel de qualquer jeito, um dia organizadas outros sem métrica alguma...Sou uma pagina marcada, um desenho mal acabado uma pintura ao acaso que tenta esclarecer o mais profundo, sou um rascunho do mundo que nada nem ninguém consegue passar a limpo!!
segunda-feira, 11 de julho de 2016
Se para amar de verdade temos que adormecer em silêncio e mergulhar nas palavras moucas que se alojam no nosso corpo; se amar de verdade é quando não dás por adormecer e num simples sonho vives envolvido nos braços do infortúnio pensando que estás a viver num paraíso e só assim te sentes digno de viver; se amar de verdade é quando acordas sozinho e sorrindo para o vazio preenchido dizeres: bom dia, meu amor! Se amar de verdade é acordares acompanhado e sorrindo por seres feliz ao lado de alguém que amas; se amar de verdade é sentires a alma acompanhada o teu corpo envolto num ninho mesmo quando estás no meio do nada; se amar de verdade é sentires que a vida que tens é curta demais para tanto amor que nunca chegaste a viver… A vida é curta demais para se perder tempo a pensar no que se poderia ter feito e não se fez!! Por isso digo que se amar de verdade é sentir falta de mim em outro alguém então eu direi que quero amar….
Hoje falo de desejo que provoca o inesperado encontro dos olhares… profundos e insistentes…Chamo-lhe a provocação, insana da negligência para as portas do céu! É um horizonte que se abre... Muitas vezes insólito...A mente devassa incita à dança, num jogo imprudente de sedução que não cansa! Os olhos se cruzam, se misturam, se penetram...Desmancham sussurros, suspiros soletrados em beijos ao ouvido, inebriando o desejo ardente, instigando e aclamando mais e mais...Com o desejo desnudam-se os pudores e abre-se o caminho que vai do ouvido à boca deliberadamente ! Os acordes dos corpos desprendem-se loucos da vontade suprema de possuir e a luz da lua subtilmente evidencia o contorno de dois corpos perfeitos, nus...Eloquentes! Despidos de vestes, medos e preconceitos... É impossível travar o ter coragem para recuar quando o anseio do toque avança...aquele que desnorteia e intensamente é sentido na ponta suave dos dedos. Lambidamente contornam-se círculos de prazer em harmonia e sintonia... Arrepiam-se os pêlos e pele ao toque… o cheiro libertado pelo toque frenético das mãos, da boca, da língua, que com preciosismo percorre cada curva, cada recanto... Cada concavidade dos corpos divinos, prendendo-nos os sonhos..É nos pequenos instantes que ecoam, gemidos que rasgam o ensurdecedor silêncio, que suavemente, é despertado o gosto do perfume exalado, fragmentado pelo espaço que os enlaça!!! é na entrega dos corpos que a respiração cresce descompassada..O desejo é o palácio dos sonhos onde os sentidos se tornam homogéneos e dão lugar ao amor
Hoje abri as cortinas da cidade, estremeci com a nudez, esta é presença nas ruas acorrentadas. Engulo horas geradas no ventre da noite que amadurecem na encruzilhada do meu nome!!!Espio pela fresta dum frio de extinção, toco o vazio nos dedos hirtos e inflamados pelos rostos densos de raízes, com faróis presos ao silêncio... O espelho é a minha idade , reflecte desejos húmidos em sonhos escondidos, que soam em vozes semeadas nos espaços da sobrevivência. Há traços no meu rosto traços de pensamentos, abarcados à saudade... Há um olhar baço , há vozes que se perderam, um verbo por conjugar no cansaço de quem amou e chorou... Há abraços desabitados, lamentos diluídos… no âmago da existência. Há o canto num peito naufragado em caminhos divergentes…Desafio as sombras no silêncio de mais uma noite em versos nos meus dedos que se diluem no tempo... Completo-me numa imagem!!! Sinto o ontem, o hoje e expressões sem rosto de um amanhã...Abre-se uma imprecisa fenda e no sóbrio fulgor desta vida é o mar que me abraça...
Embriagado em meus sentidos surge uma presença a me envolver, que vai dominando meus pensamentos...Nesta brisa aconchegante do amanhecer! Ela toca-me a minha alma...Acaricia a profundidade de todo meu ser num sopro de amor que me acalma e perfuma o jardim do meu espaço. Cerro os olhos e começo a reviver o seu sorriso e suas palavras de sedução que me olham como um anjo que adentrou meu coração. Adormeço fora do sonho ... Mas!!Acordo...Sento-me numa Rocha da falésia junto ao mar e escuto os seus mitos na sua imensa solidão, e ali fico...
Rasgo o infinito em mim nas meras palavras escritas derramando lágrimas que caem sem fim ao som das palavras não ditas. E nesse mergulho de versos que a saudade vai ecoando, revestida de sonhos dispersos murmurados de amor e verdade... Esta tristeza muitas vezes é aflorada com um turbilhão de sensações em tons de poesia que me revestem de emoções. Escrevo e transformo em letras meu sentimento que grita o silencio em minha mão traçando nestas folhas do esquecimento e o descompasso do meu coração. Um dia talvez possa compreender o quanto tentei alcançar... Um dia vou acordar de um sonho apagado, cheio de dores tatuadas em mim e ai, olharei as nuvens e verei o meu semblante desenhado...
A vida é muito estranha e quando esta nos priva de de realizar, a nossa mente vagueia pelo mundo dos sonhos pois é lá que encontra algum consolo que apazigua a alma!!! Quando os lábios do outro não nos podem tocar, quando o toque do corpo não nos pode alcançar, o prazer entranha-se no nosso corpo aprisionado pelo tempo... É esse corpo que nos pede mais e esse tempo que nos dá menos!! Sabem, o amor outrora fora meu e o tempo ousou roubar de mim. Para "longe" o levou e colocou reticências a um romance que não passou de um sonho e do papel...Não sei viver sem "muito" por isso lanço sonhos para o alto e monto uma escada para subir até eles Mas !! Sempre que tentei subir , a escada se mexia e me derrubava a meio, por isso subir sem alcançar o esplendor é muito duro e cansativo ...Entre palavras que escrevo e outras que nunca partilhei digo que este tempo todo continuei a subir as escadas que deveriam ser subidas a dois ...decidi partir, sim é verdade pois as escadas apenas me levavam a tombos... Sempre só uma vez que nem uma mão tive para me erguer ...Mas eu sei sonhar não custa nada mas é as palavras, quem tem o poder em mim por isso acabo por referenciar um pensamento de Gabriel Garcia Marques que é sem duvida o meu ídolo " É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós , onde os sentimentos não precisam de motivos nem de desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem sabe ver" Moral da historia a vida é uma sucessão continua de oportunidades!!
O silêncio é quase uma embalagem , imensa onde cabem e ressoam todas as palavras mas há que senti-las com cuidado ...Existem palavras redondas e macias , palavras que iluminam a boca de doçura e amor contrapondo com as palavras ardentes que nos matam os sonhos e estas é sempre melhor deixa-las habitar no fundo da caixa do mundo!!! dentro do Silêncio há palavras iluminadas que mergulham no oceano dos sentidos , adormecem-nos nesse oceano de solidão que arrebata a alma por isso escrevo!!! Escrevo para quebrar a solidão do dia, que vive abraçada a este mar de estrelas que entra na janela do meu olhar...Escrevo sem rimas , apenas escrevo em busca da alma, nos devaneios nocturnos de sentidos loucos. Escrevo e coloco as palavras numa embalagem que chamo pensamento ...Derramo-as nas águas à própria sorte neste rio de solidão!!!Com isto não quero ferir a sedução das palavras , nem tão pouco , arruinar os vestígios e ecos que se soltam ao vento traçando a linha infinita como caminho até à foz do meu olhar...
O melhor do abraço não é a ideia dos braços provocarem o encontro dos corpos. O melhor do abraço é a subtileza dele, a mística dele... A poesia do toque , o segredo de literalmente aproximar um coração do outro para conversarem no silêncio que dá descanso à palavra. O verdadeiro abraço é o silêncio onde tudo é dito sem que nenhuma letra precise se juntar à outra.O sentimento do abraço reside no charme de fazer com que a eternidade caiba em segundos, na mágica de possibilitar que duas pessoas visitem o céu no mesmo instante ...Um dia gostava de ter a idade destas pedras que o mar acaricia e abraça com língua salgada. Por muito que diga que não , acho que adoro quando o horizonte corrompido pelo fascínio da minha sombra suplica apenas um abraço!!!
quarta-feira, 6 de julho de 2016
Quem és tu…Que deixas o nome nos meus sonhos e o teu perfume a transpirar na minha pele? Hoje a minha boca traçou um trilho de palavras gemidas dizendo que sou teu sem nunca o ter sido...Quem és tu… Que me estende uma mão inquieta...Um coração… uma casa aberta… que os meus dedos invadem, até ao fundo dos sentidos…E sem medo chego ao fim para voltar ao principio, decorando o que já sei, e é sempre nova a leitura da pele… Quem és tu …que não escreve; sussurra…Que não fala; murmura…Que descreve em palavras secretas que não fecha a porta, retém-na aberta para a entrada triunfal do desassossego de passos desconexos, gestos perdidos em olhares e sentires de um poema ainda não escrito!!!?Quem és tu… Que soltas a mão e crias traços sem rumo no meu corpo…Dormes sobre o cansaço embalado pelo momento breve da esperança...Divides comigo os intervalos da vida. depois partes como qualquer ave de Verão....
domingo, 3 de julho de 2016
Hoje sei que nascemos na paragem entre o que nos transporta e o que é transportado... Entre a miragem do que inicia a dor e a dor do acabado...Nascemos na margem da vida... Nascemos na paragem do futuro incerto onde os minutos contados fazem o tempo...Nascemos na paragem ou à margem de um mar? O nosso nascimento vai do ser ao saber e do ter ao guardar... A nossa vida é um barco à vela, que não sabe navegar...Ficamos ali na margem desses mar onde tudo se há-de passar!!! Na margem, vemos crianças sentadas na paragem logo depois de nascerem, vê-se adultos já cansados acabados de nascer, vê-se um filme colorido que a preto e branco se viu passar...Na margem desta vida escrevo um livro, na margem, dizem que se ama muito mas nunca ninguém sentiu o abstrato do amor...Nascemos todos na margem e um dia acabamos por lá ficar numa tarde esperando o luar para quem sabe nos reinventar-mos...
sábado, 2 de julho de 2016
Ah!, como seria bom escrever um verso de amor interactivo que me permitisse rabiscar sobre um corpo sublime, com minhas mãos desmaiadas trémulas e soltas, por vezes firmes, mas sempre suaves, a percorrer os relevos, das margens, dos recantos, que promovem e excitam as pétalas do desejo...Ah!! como era bom que uma boca tocasse a minha nesta janela virada para o céu, e viesse calar meus suspiros, ávidos do calor delicioso do labirinto do fogo genital, esse amor, deslizaria a minha boca sobre a sua pele macia para cobrir de beijos molhados cada pedacinho sem véu!!! Tirar a roupa do corpo é uma tarefa fácil para o ser humano!!! Deixar a alma nua é para poucos …
A mim não me basta apenas ser o corpo que me pertence... Não basta querer algo sem pensar, não basta ser a alma e o coração não me basta amar... Se a vida fosse só uma forma de morrer, se a morte fosse tudo o que temos a receber , se nos bastasse o que sentimos, não nos poriam onde sei que estou...Há dias que começam no final e outros que terminam no principio!!! Há conversas que nunca foram tidas, saudades que nunca foram vividas ...Há uma lua no solstício de Verão, um sol que não pára de chover , há um beijo que nunca vou esquecer, nem deixar de sentir a urgência de saber o que é real ...Se me bastasse eu ser o que sou, se me bastasse ter o que não tenho, se me bastasse simplesmente amar, eu certamente seria a medida de alguém...tentei nomear esta dor mas não a consigo decifrar, já que podemos ser na vida uma muralha , pedra, betão mas um dia seremos apenas uma brisa no rosto de alguém...
sexta-feira, 1 de julho de 2016
Acaba-se a inspiração quando se esgota os sentidos!!! Parece um sintoma de uma vida em transformação!!! Gastam-se todos os suspiros de uma só vez, por não se ter mais nada a observar no futuro longe. É a vida que funciona a priori, intensa, até que nos expõe. Somos máquinas de colher solidão como aquelas que se usam para desbastar os campos!!!Deitado nas nuvens, vejo o homem que há em mim, dilui-se como água da chuva em terreno árido. Finda-se a ideia, em mim, de uma apnéia em seco !! O que aqui há dentro destas palavras não é leitura de se abrir os olhos, nem leitura de fechá-los à noite. Não é tortura de alimentar o ódio, nem saúde de curar os vícios. O que há dentro das minhas palavras , não é capricho de um corpo afoito nem sossego de um talento lírico. Não é rabisco de um papel marcado, nem um evento narrado em vida. O que há dentro das palavras não é sólido, nem líquido, nem gasoso, nem frutífero. Não é definido por sua natureza de estado, nem supostamente um estado de espírito. O que aqui escrevo é o que há em qualquer espaço, mas não é coisa química, nem mundo físico. O que há dentro das minhas palavras não é a métrica do quadrado, nem a convergência de um círculo. o que transpiro aqui são palavras inteiramente densas que de mim ver-to!
A vida é tão ritmada, que podemos escutar o som da nossa alma e sentir o pulsar do coração nas nossas veias. Na nossa infância, o som da alma era tão leve que parecia o mais belo e perfeito entardecer, era lindo ouvir bater um coração, tão inocente, e ao mesmo tempo tão poderoso, capaz de derrubar ou transpor qualquer adversidade, apenas com um olhar arrebatador. Logo veio a esperada,e tão sonhada adolescência,que por muitos nós foi desejada e por muitos odiada!! Não dava para decifrar se essa alma sorria, gritava, sonhava ou chorava , era uma mistura tão emocionante, até que chegasse o seu verdadeiro propósito, ou digamos, viver ou escrever a canção esperada!!! Hoje o nosso peito queima de ansiedade,de preocupação e de todos os sentimentos,que nos causam rejeição a uma vida adulta, e completamente transformada... E como todos os ritmos tem uma canção, e toda canção tem uma letra, a vida aproxima-nos disso, após viver e sentir todos os ritmos da alma ... Chegamos á conclusão que voltamos a escutar apenas o som da nossa alma, pois ela doma suas fantásticas utopias com chicotadas de embriaguez, onde não há pão nem poesia!Apenas há lâminas do palavreado em pequenos arrepios...
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

-
Hoje reflito com o pensamento de como juntar, aproximar quem se afasta, sinceramente não sei. Apenas sei que é o amor aproxima, que as div...
-
Hoje fechei a porta que em círculos e cercos, fechou as margens e estancou num pântano o silêncio, consumado na pálpebra cerrada que tranco...
-
Hoje até podiam sentar-se na minha cama e contar-me mentiras... Que o amor tem a forma da minha mão ou que os meus beijos são perguntas qu...