terça-feira, 19 de julho de 2016

O amor devorou o meu nome, minha identidade, meu retracto. O amor veio e anulou todos os papéis onde eu escrevera meu nome... O amor um dia devorou a medida do meu corpo, o número de meus sapatos, minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos. Faminto, tudo comeu em mim ao ponto de beber as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água. O amor voltou para comer os papéis onde irreflectidamente eu tornara a escrever meu nome, roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos. O amor levou o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras . O amor afogou olhares, drenou a água morta dos rios, aboliu as marés. Não satisfeito eliminou até coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam o futuro de grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta desta sala vazia. O amor comeu minha paz e me colocou em guerra. O amor inverteu o meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão. Por fim comeu meu silêncio!!!

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...