quinta-feira, 14 de julho de 2016

Metade das minhas palavras sobressaltam-me sempre um grande desamparo, sinto que tudo me abandona, não há nada a meu lado, nem sequer os olhos que por detrás contemplam o que escrevo, não há atrás nem adiante, não há começo nem fim, nem tão pouco um muro para saltar...Estas palavras são uma esplanada deserta, o dito não está dito, o não dito é indizível, os olhares desaguam devastados num mar de sal negro, num reino cego!!! Não consigo deter-me, calar-me ou simplesmente fechar os olhos até que brote de minhas pálpebras um alfabeto ondulante sob o vento do sonho da maré numa valsa de onda e esta rompa o dique que me enclausura...Posso até esperar que o papel se cubra de astros e se revele de palavras enlaçadas, neste escrever sobre o já escrito e repetir a mesma palavra na metade do pensamento, em sílabas de tempo, letras rotas, gotas de tinta, sangue que vai e vem e não diz nada e me leva consigo...Sopro os gritos da alma pelos dedos numa poesia mal escrita estanco dor em prosa!!! Sinto-me palavras cuspidas num papel de qualquer jeito, um dia organizadas outros sem métrica alguma...Sou uma pagina marcada, um desenho mal acabado uma pintura ao acaso que tenta esclarecer o mais profundo, sou um rascunho do mundo que nada nem ninguém consegue passar a limpo!!

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