terça-feira, 2 de maio de 2017

Hoje resvalo nos meus pensamentos,  debato-me tanto que os olhos vertem espasmos de uma noite mal dormida…. Arremesso sentimentos que a minha alma deixou de sentir. Doía-me o corpo da  incerteza. Doía-me o vazio que veio substituir esse grito constante da minha alma, que hoje me fez debater pela luz que se desviou do nascer do meu dia... Hoje acordei e parei há janela , como um animal, numa armadilha, que aceita, em plena consciência ou por mero instinto, que o caminho a seguir foi suspenso ali … Mas eu nunca me deixei cair sem erguer os braços aos Deuses , e reclamar uma mão amiga que se estenda a  tempo para eu lutar, para eu ter tempo para negar, para eu ter tempo para eu reprimir o tempo que não aceito…Eu acordei , eu sei!! Mas, eu esta noite também sonhei  por isso, reclamo aquele sonho que sempre se exibiu exoticamente mesmo à distância de um toque. Sim esse mesmo!! Aquele que estava um milímetro longe demais e, por um milímetro, não pude agarrá-lo e obrigá-lo a libertar-me das amarras frias e dolorosas que me mantinham cativo,  como se esse sonho, tivesse odor a  ópio  e me fizesse escravo de um passado,  memórias, que involuntariamente , condicionavam tudo à minha volta….Hoje resvalei no meu pensamento em palavras insensatas, que me vão escravizando o futuro, esse insano que demoradamente vou abraçando com a força inevitável de não o deixar escapar… Eu já me senti escravo do abismo. Como se as minhas correntes me arrastassem na sua direcção, afastando-me, passo a passo, de tudo o que sonhei um dia para mim…Eu já me debati numa luta mas hoje apenas choro! Choro  pelos passos que dei, choro, pelo  rumo que a queda no abismo me fez dar na esperança. Hoje choro na sombra do atalho,  no qual acabarei por mergulhar durante anos de tantos sonhos que deixei, de todas as pessoas que não esqueci e de toda uma vida que perdi! 

2 comentários:

  1. A minha maior intimidade acontece na tristeza. A fragilidade liga dentro de mim o que quase mais nada consegue. Faz-me pôr tudo em causa. Faz-me reavaliar o que me acontece e tudo aquilo que ainda não me aconteceu. Quando estou triste, respeito a minha tristeza. Sei que só se a respeitar é que vou poder entendê-la. Caso contrário, vou lamentá-la e querer negá-la. Vou sorrir sem saber sorrir. Vou trocar a tristeza pela pena de mim mesma. Vou fechar-me dentro do meu coração e não deixar mais ninguém entrar. Vou acreditar que a felicidade pode existir sem haver tristeza. Vou mentir-me para não pensar na verdade. Entre quem fui e quem sou, vou perder quem nunca me deixei ser. Beijo

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  2. Olá Paulo , sempre que resvalas nos teus pensamentos, quem te lê rever-se-a inevitavelmente nas tuas palavras.
    É sem duvida no silêncio que nós humanos resvalamos na nossa intimidade, sentimentos, frustrações ... Perpetuar esse silêncio como fases acho fantástico, ousado , equilibrado já que toca-me tanto ler-te e tenho quase a certeza que jamais terás a consciência da força do que escreves em quem está , deprimido, ausente, só, partido, esquecido.
    Amo ler estes teus pedaços que aqui vais emoldurando.
    O comentário desta senhora Helena Ribeiro também é muito profundo . beijinhos

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