segunda-feira, 8 de maio de 2017

Hoje  pergunto-me onde devo desenhar as minhas palavras. O eco desta pergunta é a única resposta que percorre o tempo entre o que fui e o que sou hoje. Talvez nesse vazio que deixei instalar na minha vida,  tenha perdido no meu mapa,  o norte,  que foi feito de dois braços em redor dos meus sonhos, abraçando um, após outro na esperança que, se calhar, tornassem-se reais! O silêncio que resta em mim  é feito do mais profundo vazio, o mesmo vazio que é feito da dor que percorre o  corpo em cada minuto que nos vamos desertificando.  Hoje olho em redor e não há nada. Olho para mim e vejo o caminho de quem já perdeu a rota, e,  talvez por isso tenha convertido os meus sonhos em palavras . No horizonte dos meus sonhos  há um fantasma  percorrendo do nada, daquele nada que há muito abriu mão da sua alma,  sua vida e apagou todas as palavras bonitas que tinha gravado para dizer... Porem não ouso sequer tentar arrancar do meu coração  as palavras  que apagaram tudo o que era importante proferir, escolhendo um mundo de ilusões efémeras. Talvez eu as tenha perdido quando me perdi no tempo, naquele tempo irreal que era somente a recriação fugaz de um passado que jamais seria futuro. Muita coisa circula  em mim! Sinto-o, sei-o! Tudo o que me leva a caminhar , cada passo,  cada pensamento deste mundo que, apesar de tudo, continua vazio. Tão vazio como os meus lábios onde secou a promessa de um amanhã,  onde morreram as palavras. Hoje é através das folhas que confesso, através de letras dolorosas com frente e verso os meus pensamentos. Não acredito num mundo sem palavras, sem frases , sem capas , sem dias letrados despejados nas vozes roucas que os nossos pergaminhos deixam resvalar  no coração.

1 comentário:

  1. Olá Paulo apenas para te dizer que é lindo o que escreves, desculpa ser tão repetitiva ...Adorei e sim, tens razão o mundo sem palavras não tem lugar para os nossos corações.

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