Hoje, perguntaram-me, porque
escrevo ? Discretamente esbocei um sorriso, mas acho que vos devo a
resposta. A vós, que também se vestem das palavras , as minhas , tantas vezes vossas.
Escrevo desde que comecei a não perceber as pessoas, e a mim mesmo, com isto, espero que saibam que os
guardanapos, também contam aqueles guardanapos de café e os cantos das toalhas
de papel dos restaurantes, não contam? Claro que contam! Numa primeira análise eu
sou igual a todos vocês, porque todos escrevemos para nós. Escrevemos para fora
o que sentimos cá dentro. Escrevemos, essencialmente, para nos conhecermos, a nós.
Nós que vivemos connosco, todos os dias, não nos conhecemos desde logo e desconfio que uma grande parte das pessoas
nunca se chegam, realmente, a conhecer. Nem mesmo dentro das relações... É quando
te conheces a ti que começas a conhecer, verdadeiramente, o mundo e a tudo o
que fizeste por causa de outros… E é, aí, que começa a grande viagem. É aí que
começas a fazer as pazes contigo mesmo, porque acredito que todos tenhamos
pazes a fazer connosco. Escrever permitiu-me isso e ainda me permite…. Hoje
mais que nunca…Por as coisas no sitio certo, sim porque muitas vezes dizemos
barbaridades que não sentimos, assim como outros nos dizem, e se refletirem,
não o sentem! Guardar o tem de ser
guardado, deixar o que tem de ser deixado e consolidar o que tem de ser
consolidado. Depois, bem, depois vem esta inquietude da alma. Esta insatisfação
natural que nos obriga a expressar, seja de que forma for. Acontece a todos
aqueles a quem não lhes chega só ser parte de algo ou estar literalmente no
canto da vida de outro alguém…Escrevo, quando o sentir é subcutâneo, quando me transborda, e não tenho a pessoa certa para
comunicar, quando não cabe mais no peito,
o que sentimos e temos de o deixar sair de alguma forma… Gosto de vestir as
palavras, mas já me vesti de pessoas dando-lhes cor, levando-as as tornar-se
leves ou de lhes conferir os sorrisos da vida…Gosto desta sensação de sentir
que são elas que me guiam, sim porque já me guiei por pessoas, e meus amigos,
perdi-me totalmente, assumo, estou hoje a pagar por isso, de uma forma
amargurante, mesmo que continue
convencido que sou eu que as encaminho uma a uma formando o meu pensamento… Por
fim vem a mensagem, porque tudo o que escrevo tem uma, poucos ou ninguém me
conhece ao ponto de o saber, de a
extrair, é ai que vem o ensinamento, eu extraio-a de mim … Encontramo-nos com
as respostas que nem sabíamos que lá estavam, encontramos aquilo que sabíamos que
estava lá mascarado, o essencial é dizer
o que esta latente em nós, no seu estado
mais puro, que é saber que escrever deixa de ser um ato de solidão a partir do
momento em que te apercebes que, afinal, escreves pelas mãos de tantos como tu…O
silêncio faz ruido em nós, as palavras, não, elas imortalizam a razão, num golpe
de alma em que a inquietude nos fere o coração…
quarta-feira, 20 de setembro de 2023
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

-
Hoje reflito com o pensamento de como juntar, aproximar quem se afasta, sinceramente não sei. Apenas sei que é o amor aproxima, que as div...
-
Hoje fechei a porta que em círculos e cercos, fechou as margens e estancou num pântano o silêncio, consumado na pálpebra cerrada que tranco...
-
Hoje até podiam sentar-se na minha cama e contar-me mentiras... Que o amor tem a forma da minha mão ou que os meus beijos são perguntas qu...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.