quarta-feira, 20 de setembro de 2023



Hoje, perguntaram-me, porque escrevo ? Discretamente esbocei um sorriso, mas acho que vos devo a resposta. A vós, que também se vestem das palavras , as minhas , tantas vezes vossas. Escrevo desde que comecei a não perceber as pessoas, e a mim mesmo,  com isto, espero que saibam que os guardanapos, também contam aqueles guardanapos de café e os cantos das toalhas de papel dos restaurantes, não contam? Claro que contam! Numa primeira análise eu sou igual a todos vocês, porque todos escrevemos para nós. Escrevemos para fora o que sentimos cá dentro. Escrevemos, essencialmente, para nos conhecermos, a nós. Nós que vivemos connosco, todos os dias, não nos conhecemos desde logo  e desconfio que uma grande parte das pessoas nunca se chegam, realmente, a conhecer. Nem mesmo dentro das relações... É quando te conheces a ti que começas a conhecer, verdadeiramente, o mundo e a tudo o que fizeste por causa de outros… E é, aí, que começa a grande viagem. É aí que começas a fazer as pazes contigo mesmo, porque acredito que todos tenhamos pazes a fazer connosco. Escrever permitiu-me isso e ainda me permite…. Hoje mais que nunca…Por as coisas no sitio certo, sim porque muitas vezes dizemos barbaridades que não sentimos, assim como outros nos dizem, e se refletirem, não o sentem!  Guardar o tem de ser guardado, deixar o que tem de ser deixado e consolidar o que tem de ser consolidado. Depois, bem, depois vem esta inquietude da alma. Esta insatisfação natural que nos obriga a expressar, seja de que forma for. Acontece a todos aqueles a quem não lhes chega só ser parte de algo ou estar literalmente no canto da vida de outro alguém…Escrevo,  quando o sentir é subcutâneo, quando me  transborda, e não tenho a pessoa certa para comunicar,  quando não cabe mais no peito, o que sentimos e temos de o deixar sair de alguma forma… Gosto de vestir as palavras, mas já me vesti de pessoas dando-lhes cor, levando-as as tornar-se leves ou de lhes conferir os sorrisos da vida…Gosto desta sensação de sentir que são elas que me guiam, sim porque já me guiei por pessoas, e meus amigos, perdi-me totalmente, assumo, estou hoje a pagar por isso, de uma forma amargurante,  mesmo que continue convencido que sou eu que as encaminho uma a uma formando o meu pensamento… Por fim vem a mensagem, porque tudo o que escrevo tem uma, poucos ou ninguém me conhece ao ponto de o saber,  de a extrair, é ai que vem o ensinamento, eu extraio-a de mim … Encontramo-nos com as respostas que nem sabíamos que lá estavam, encontramos aquilo que sabíamos que estava lá mascarado, o essencial  é dizer o que esta latente em nós,  no seu estado mais puro, que é saber que escrever deixa de ser um ato de solidão a partir do momento em que te apercebes que, afinal, escreves pelas mãos de tantos como tu…O silêncio faz ruido em nós, as palavras, não, elas imortalizam a razão, num golpe de alma em que a inquietude nos fere o coração…

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