segunda-feira, 13 de junho de 2016

Sabem pior ainda que a convicção do não é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase!!! É o quase que incomoda, que me nos entristece, que nos mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi... Que nos faz conjecturar sem certezas mas com convicções!! Na vida quem ousou quase ganhar ainda vai jogando, quem quase passou ainda vai estudando, quem quase morreu ainda vai vivendo, quem quase amor!!! Meu Deus!! Nunca amou...Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não me pergunto, contesto! A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na incoerência dos abraços, na indiferença dos olás!! Quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo esse trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são...Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados sem cor e o arco-íris em tons de cinza....O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Para os erros ainda vai havendo perdão para os fracassos, uma hipótese ; para amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma pois embora quem quase morra esteja vivo , quem quase vive , já morreu...
Ás minhas Noites são danças entre lágrimas, elas tecem caminhos, descem pela minha face em grupo para me morrerem nos cantos da boca, bailam ao som dos soluços e dos gritos silenciosos da minha alma. Movem-se baixinho para que ninguém ouça os seus movimentos, de vez em quando ainda se deixam pausar nos cantos dos olhos, ficam ali alguns minutos para depois caírem rapidamente rosto abaixo e já nem os soluços lhes servem de ritmo, nessa hora só querem cair com o corpo que fraco se estende neste chão de injustiças. Dançam ao bater acelerado do coração, mesmo ao anestesiante bombar do sangue nas veias, são fruto de muitas danças interiores, bailes inteiros de sentimentos que se misturam e coabitam . As vezes a mão não as deixa dançar à vontade e tem necessidade de as limpar antes que cheguem aos cantos da minha boca, faz parte da dor, faz parte do sofrimento ter esta mão no rosto a limpar as lágrimas, um gesto prodigioso. Ver depois as lágrimas secarem aos poucos na mão que as esmagou, ver depois o sol secar as lágrimas que não acompanharam a dança até ao fim e ainda me ficaram na face. Dançam as lágrimas, em mim!!! Sei que tenho uma espécie de dever de sonhar sempre, pois, não sendo mais, nem querendo ser mais, que um espectador de mim mesmo, tenho que ter o melhor espectáculo que posso. Assim me construo, em salas supostas, palcos falsos, cenário antigos, sonhos criados entre jogos de luzes brandas e músicas invisíveis de expectativas ofuscadas pelo desentendimento humano…
Hoje via-te com a pele. tocava-te com o pensamento. Beijava-te com todo o corpo, e o resto do mundo deixava de respirar. Reduzindo a "nós" todo um universo. Com flores e mares e luas repletos de cor e luz. De sentimentos bem amados sem sentidos. Por caminhos sem estrada. Todas as encruzilhadas deixavam de ter placas. Nada nos faria perder. Esvoaçávamos por entre nuvens de água, que deixavam cair gotas de alegria, na planície ávida de tudo. E tudo éramos nós… Sem saber de ser, sem ter que sentir, sem morar nos sentimentos perversos, humanos. Largados por entre o nada seriamos tudo. Tudo seriamos nós… Mas!! Não te tenho!! A idade fornece-nos a sabedoria, e como já pouca coisa importa, dá-nos a hipótese de dizer-mos sem medo tudo o que nos vai na alma. Em suma….. A partir de certa idade podemos beber pela garrafa tenho a aqui mas não tenho com quem partilhar…
Ainda não senti nada igual!!! Nunca me foi dado tanto "prazer", como o "ejacular", das palavras por dizer...Um misto de sabores num verdadeiro acto de amor, feito..nunca me excitei, alguma vez assim e em êxtase me"vim" no ato de derramar sentimentos silenciados ..Como nas palavras, que me saem pelos dedos, violentas e febris, como qualquer tempestade de satisfação. Acreditem, que não. É puro prazer, o que produzo com a mão e desvirgina no papel em sublimação de um olhar que me prende na arrogância de uma sede morta que não sacio ...Escrever é esvaziar-me , é sentir e depois dispensar é como sexo puro que desprezamos quando não querermos mais corpo!!! Escrever é um ato solitário onde não há livros de reclamações , facturas , ou devoluções , é sim uma dependência de criar um posto de socorro!!! Há sim dependências do corpo que as palavras escondem nos silêncios , podem vocês perguntar e qual é o silêncio que esconde o maior de todos os desejos. Eu responderei que é o silêncio do desejo de ser compreendido, pois acredito que desejamos tanto que alguém nos compreenda que nos tornamos egoístas , cegos aos desejos do próximo também ser compreendido!
Vou fazer-vos uma confidência!! aprendi o ofício dos sonhos em pequenos versos , que se colam ao corpo, no fascínio ardente de olhos teimosos que lambem as feridas do desconhecido... Há um espaço meu, dentro de cada palavra, um espaço verde e cheio de areia, um lugar de mudez, agasalhado de incertezas , onde eu aprendo a voar em linhas, indecisas no azul das canetas. Serei louco por ter aprendido i a decifrar enganos, nomes invernosos e pesados, por ter desfigurado névoas futuristas, por ter dedilhado a medo o roçar das pedras na rebentação das maré!!!. Parei no frio de uma manhã descobri as coordenadas dos meus sonhos: perto, perto como umas mãos nas minhas!!! Vou fazer-vos uma confidência: Uma presença em nós é o tempo que volta, é sinfonia que se cola ao corpo, no fascínio ardente de olhos teimosos mas abertos... Há um espaço meu dentro de mim onde queria encontrar as coordenadas do amor...
Sinto que já morri faz muito tempo, apunhalei-me quando o tempo era escasso e o que havia entre o tempo e o espaço era o de sempre, o escuro e os desertos que me acompanham!! Cortei-me e não há palavras que consigam estancar este sangue que vou tecendo na ausência deste corpo que me é necessário nos cortes que a gillete faz aos meus sonhos!! Ainda assim tento, deixando as mãos correr sobre o papel tentando captar os ecos de uma palavra , um sinal, de quem em alguma parte Cintila , e confia ao vento o seu segredo á minha precária eternidade !!!Estou sem respostas o silêncio saiu ruidosamente dos seus livros…Sentou-se entre nós. trucidou a minha confiança. Despedaçou cigarros para fora da minha boca, fez-me trocar palavras cegas, e chorei, implorei, mas a escuridão encheu os meus ouvidos, a escuridão atacou o meu coração, e algo que tinha sido bom, uma espécie de oxigénio bondoso, transformou-se em monóxido , e por onde quer que vá espalharei silêncios que não sei como apagar e sem o teu amor passarei a ser saudade escrita nas paredes…
Tenho muitos sonhos e desejos mas nesta quadra apenas desejo que minha árvore seja feita de silêncios. Silêncios que façam intuir felicidade, contentamento, sorrisos sinceros. Nesta quadra não enviarei cartões a ninguém... Tenho medo de frases prontas!! Elas representam obrigação sendo apenas cumprida. Prefiro a gratuitidade do gesto, o improviso num pequeno texto onde o erro de grafia e o acerto dos sentimento sejam uma constante... Neste Natal quero descansar de meus inúmeros planos, vou optar pela simplicidade que esta me faça voltar às minhas origens…Não quero muitas luzes. Quero apenas o direito de encontrar o caminho do meu olhar e nele me focar para não parar por ninguém e não me perder…Desejo a todos aqueles que como eu seguem a sua estrada que , descubram a beleza que as simples dispersões deste tempo nos insistem em esconder . deixem as vossas chaminés do olhar abertas pois valerá sempre a pena entrar pelas portas da frente mesmo que estas teimosamente estejam fechadas tentem sempre bater nela pois um dia ela certamente se abrirá …Sejam felizes em 2015 e tenham um santo Natal.
Hoje o mar não dança nos seus brandos sapatinhos de espuma…Contorce-se por entre novelos cinzentos num rugido de gemidos trazidos como lamentos… Cheira a sal, a maresia…E para lá do horizonte da minha janela O mundo passa veloz. Correm e choram as nuvens vergam-se os galhos, na rendição á dimensão que me silencia a voz…Serei lembrança fugaz e espaçada, flutuando na memória do tempo, uma obra escondida que de tão acovardada ancorou no cansaço que agora invento, sou a letra que encravou pondo fim ao toque ousado dos meus dedos nas prosas e rimas que Deus me segredou e que sucumbiram à força da mordaça e do medo…Sei que um dia deixarei de ser um verso batendo no charco ou a folha em branco onde me demarco em inquietantes silêncios do meu ser!! Serei então ponto final uma última linha de um livro que se fecha, de uma vida de pontos e vírgulas que o mundo esqueceu…Quando calo escrevo quando escrevo agrafo os meus silêncios ás palavras neste rio sem margens onde vagueio e rabisco traços de luz nas águas cristalinas onde lavo cada gemido meu sem sequer sussurrar…
Eis a primeira noite do ano,é, calada, como um rio roçando as margens dos meus sentidos e nesta aguagem silenciosa, leva os gemidos que se perdem no vácuo, escuro e frio...Vai fluindo este dormente caudal onde me navego insónia dos meus encontros, uma guarida onde afogo a madrugada entorpecida e com ela, os espólios do desassossego..Mas!! é quase dia, num chegar leve de olhares incolores no filamento do gelo que desliza na janela do meu olhar...Não consigo nem sei se é a raiz do meu mundo a perder a vida ou o fruto da Luz do meu encanto , mas é tão salgado como o mar…

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Muitas vezes sinto a sensação de não pertença. Percebo que de facto só pertenço aos meus pensamentos.Aliás todos nós pertencemos aos nossos pensamentos, para escaparmos do que somos temos de pensar de outra maneira. Mas!!!! Não há controlo em muito do que pensamos. Estamos condenados ao que somos capazes de pensar. Só não ouso dizer que somos os nossos pensamentos porque também existe o corpo. O corpo também nos individualiza chega a existir de forma independente do pensamento como um autónomo. É misteriosa a forma como corpo e pensamento se entendem ou desentendem, como convivem e negoceiam, tecem em cada nó rendado na alma do passado , a promessa entrelaçada do amanha… Em cada amanhecer nasce a possibilidade de um futuro que não irá conter mais que quem verdadeiramente és… A nossa essência por mais volátil que seja nunca desiste do fogo que é combustível dos mais ardentes sonhos que mantém acesa a chama do nosso ser!!! Gostava que os meus sonhos fossem realidades em construção permanente e executáveis… Por isso deixem-me dizer-vos que se sinto a solidão não é pela presença ou ausência de pessoas e digo mais odeio que me roubem a solidão sem que me oferecerem verdadeiramente uma companhia …

Hoje sinto e vejo que as palavras muitas vezes são como lâminas, elas são o corpo suicidado quando estas não se aguentam mais!!! As palavras atiram-se do pensamento uma a uma caindo nos corpos de papel, como se também lâminas fossem, laminam-no. Quando as lê-mos encontramos coisas que ninguém escreveu, assim aprendemos a interler, a ler o não escrito. É a escrever que as lâminas vem, cortam meus textos, estripam de si o que ninguém quis escrever, transporta-me em palavras suicidas em lâminas que revelam-me em sentidos não revelados l. Arrepia-me. E... O Novo advém dessa atitude. Gerado em sonhos, tratado em pequenas historias, poderá de chamar-se poemas à sua forma, mas sua essência não poesia. Lamino o pensamento, quando em outro texto me debruço no teclado cortando-o sem sons pois não quero levantar as palavras de ninguém... Há palavras que saem nervosas , pobres que apenas nadam em marés de alegria... Há palavras que domam suas fantásticas com chicotadas de embriaguez, sem cor que ignoram a sua trajectória... Partilho-as lâminas do palavreado em arrepios, lâminas continuam laminando meus pensamentos, meus sentidos... São as palavras que me laminam com escritos, nos ditos e não ditos, muitas vezes interditos que me embalam nas músicas de corpos, sentidos, relações virtuais ...As palavras fazem paz e guerra pensem bem antes de as laminar!!!

Gostava de ser apenas a beleza gracejante de uma folha ou ter asas de uma borboleta, que num audacioso, mas auspicioso silêncio voa-se, mas!!! Não sou , apenas consigo pairar ao vento, navegando na imensidão do tempo... Tenho um leve baloiçar no olhar que fazem as minhas asas ecoar, e confundem-me... usando as suas cores como um sonho de outrora, sinto-me deflorando o outono que passa... Escuto o sussurrar do vento, ele esta chamando por mim, por trás da névoa do outro lado do mundo, o coração da vida palpita, ela me chama, eu aceno .... Estou indo...Silêncio-me , deste faminto verbo que ansiosos segredos calam em minha alma , sôfregos de paixão aconchegam-me , deixem-me sentir pois já me revelei profetizando a minha essência...Sou aquilo que escrevo, sou parte do que sinto, sou sombra sem medo, sou chuva molhada, sou como vocês me vêm, como me descrevo, sou paixão e emoção, uma rima inacabada, sou metade de mim, sou prazer , sou cansaço, sou a fome do querer, sou o deserto sem água, sou o dia sem partida, uma manhã ensolarada, sou um crime cometido, um desejo consentido, uma noite enluarada, profetizo os sonhos, sou tudo e sou nada, sou a verdade expressiva, uma frase censurada, sou o poema de amor, sou o mistério, sou o limite, sou uma alma desnudada!

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...