sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Hoje falam-me sem voz, escuto  cá dentro, sopram-me ventos que se passeiam na escadaria dos meus dias. São sopros mornos em palavras, que me agarram por dentro e me avessam… Sinto-vos, quando olham o céu, quando erguem os braços aos céus e me chamam…As vossas palavras fazem gritar outras, que turbilhão, e são tantas que  não consigo responder a todas. Aprisionei-me cá dentro, fiz-vos parte de mim, ou talvez uma extensão minha, que nem sei onde começa, passeiam dentro dos meus passos, pisando assim o mesmo chão,  transportam-me ao longo do dia, para este mesmo sitio, mas em outro lugar. Quando chega a noite, já não há Saudade… Olho-me no espelho e é sem rosto que me vejo, toco o vazio da vida através da minha, abraço-me sem sentir braços e adormeço no conforto da sala vazia. Todas as noites tenho o mesmo sonho. Caminhamos descalços , vejo o rasto que nossas feridas deixaram. Olho para a frente, apenas um abismo, negro e profundo. Um vazio, a pedir a gritos que alguém o preencha. Tenho vontade de vos perguntar se há alguém que me queira estender a sua mão e se querem saltar comigo …Saltam comigo? Já não tenho medo das vertigens nem medo do salto, pois há algo maior, anterior à vida que une dois corpos numa única batida cardíaca. Despertem-me sempre com a carícia muda eu mereço um raio de sol e uma folha dourada!!!

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Hoje peço perdão  a todos os que não quiseram ficar, talvez por eu não me adaptar, por  não deixar as lágrimas cair, por ter perdido a lanterna que me guiava nesta escuridão ….Perdão a todos por não ser capaz de sonhar, por não conseguir vergar os joelhos diante dum altar que não acredito…Perdão por não ter sabido caminhar, nas cavernas do meu coração!! Hoje peço perdão  por não achar graça em dançar...por não me declinar a um bonito por de sol, por não ter medo de voar de avião, por ter sido tanta coisa em vão,  hoje peço perdão à poesia perdão por ter tido filhos e não ter sabido dar a eles meu sorriso quando foi preciso.. Hoje peço perdão por não ter sido nem soldado, nem bandido, nem coisa alguma que pudesse explicar qual objectivo de ficar olhando o mundo sem ver o seu motivo. Hoje peço perdão por não querer voltar, nem justificar minha estadia, eu só vim deixar meu corpo para servir aos vermes , peço perdão por me importar com os que ficam, com os que andam cegos em busca de um paraíso neste mundo de fúteis ideais como escravos  amestrados às suas conquistas inúteis e irreais. Hoje sei que um dia irei voltar, porque as vidas são cíclicas e as almas infinitas moléculas que se refazem e voltam sempre ao lugar de partida, só assim me é permitido sarar as minhas feridas!!!


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Hoje o dia amanheceu de tons escuros, ao longe os corvos cantam, enquanto as bruxas aproveitam o seu canto e dançam!!! Há almas perdidas nos ramos das árvores, elas vagueiam o seu luto chorando o nevoeiro que irrompe por entre a folhagem caída …. Elas vem receber um anjo que caiu das “alturas” , mas para um anjo errar é cair … Há pecados na terra , Deus vive desolado…E Eu !!! Vou pensar mais um pouco… Esse pouco é em ti… Esse pouco que vou pensar, será aí. Pensarei num beijo no sentir de lábios que não conheço… No salivar de um sonho… Vou pensar , que serei o único homem a bordo neste barco, por isso,  irei uivar nos mastros e abrir as brisas nas velas desta praia que há muito deixei repleta de grandes vagas onde cintilam as marés à espera que vaza as planícies do silencio…
Há seres que trazem o mar nos olhos, não pela cor, mas pela vastidão da sua alma…Trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos, ficam em nós para além do tempo, como se a maré nunca as levasse da praia onde nos fizeram felizes…Há pessoas que trazem o mar nos olhos não pela sua beleza mas pelo infinito modo como abarcam as nossas vidas ...O amor não é cego , mas tem falta de vista!!! Ele sacia a sua cede no avesso fazendo a terra estremecer, levando as árvores a sacudirem os ninhos de penas que envolvem o seu telhado…Há seres que trazem o mar nos olhos mas eu apenas estou a encontrar-me à medida que me perco e já houve um tempo que este me parecia infinito, agora há tempo em mim que parece finito e volúvel…esta relatividade aparenta-se a uma besta voraz onde as próprias circunstâncias perdem a convicção por isso não ouso escrever sobre a extensão do tempo! Há seres que trazem o mar nos olhos mas eu conheço os sentimentos de esferovite…Eles reflectem-se nos olhos de quem finge passear nos nossos sonhos. Basta-me essa dor para também eu sepultar as palavras nos vossos sonhos!

sábado, 26 de novembro de 2016

Hoje vi o cabelo ficar-me nas mãos esvoaçantes dos passos largos pela areia humilhada. vejo o pôr-do-sol. com os pés descalços que recolhem das algas segredos de uma onda seca, parada, inconsciente. Na mágoa de uma recordação, um simulo um beijo salgado, trocado ali mesmo, naquele pequeno  espaço, onde imagino palavras sussurradas  na esperança de um amor !! Mas apenas e simplesmente sinto as ondas de uma ternura regular, cuja espuma não reluz nem acende as velas da alma. Esta onda impaciente fere o corpo e repugna por presença. No seu olhar límpido permanece, porém, a imagem de um pseudo beijo ali mesmo simulado no vão de mais uma onda...O sol que se esconde eleva o mar violento que grita. A noite instala-se acompanhada de um frio de outono que amacia as lágrimas que sangram. As mãos desistem de querer voar!! Faço agora os passos  inversos, de costas para o mar aproveito o sopro de vida que vem do lado de lá da realidade. Os sentimentos parecem ter asas, solitários mas sempre fortalecidos, talvez seja essa a razão para termos um lugar reservado para as coisas mágicas. O coração!!

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Eis-me aqui debruçado sobre a muralha da vida construída sobre a minha alma em silêncio..Eis-me curvado pelo silêncio e pela fraqueza do meu ser, dependente do sentir! Eis-me vestido de lágrimas que me mascaram e lavam o olhar! Eis-me aqui sem eira imaginando um brilho límpido de feiticeira ...Eis-me repelindo o desejo que a cor do meu corpo quente me provoca. Hoje olho-me sem raiva para a incerteza e para o infinito incompreensível, por isso vivo em mim a essência que me eterniza...

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Hoje decidi falar e dar a minha visão sobre o silencio... O silêncio impõe-nos uma barreira entre o que somos e o mundo externo. O silêncio é o íntimo intransponível, em nós e pauta o nosso jeito de sermos. O silêncio é o fim, é o começo, é o momento único em que assumimos para nós e para o mundo quem somos e o que não somos. O silêncio não é o fim, mas pode ser a salvação para uma vida mais tranquila e mais digna, quando não queremos nos mostrar despidos para o que não vale  apena ou que não nos convém... Mas o silêncio pode ser,  quando um beijo interrompe as palavras. o silêncio pode  finalizar a nossa existência. O silêncio coloca um ponto final nas decepções da vida e nas tristezas que não tem soluções. O silêncio pode terminar em lágrimas escondidas, em pensamentos nunca revelados pode ser um talvez sim ou talvez não. Moral da historia o silêncio pode ser tão relativo quanto "ser ou não ser, eis a questão". O silêncio não é apenas o fim, mas pode ser também o começo... E pode não ser!

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Hoje peço-vos que me emprestem as vossas memórias! Esqueci das minhas, no virar da vida, entre o tempo do nada e num (quase) silêncio de quem outrora já fui. Digam-me , contem-me, acenda-me os olhos com a luz dos vossos e façam-me ter a consciência que arrisco escrever sobre a vossa presença... Poderia deixar aqui folhas reservadas para um nome em branco, mas acredito que a memória deve ser gravada com letras e olhares, digo-o porque a personagem criada por nossa imaginação, deve ser a atmosfera de um sonho descrito. Todos aqueles que pisam no chão, mas que voam até a altura das estrelas, tem lugar nos meus sonhos. É como se tivessem poderes de um anjo, e pudessem desaparecer assistindo a aurora próximos à janela das portas do céu... Descrever mais é exigir demais de minha capacidade de transformar meus gestos em palavras. Peço-vos que não desvalorizem as palavras, estas, não cabem na vastidão do mundo interior, perdem-se na agonia de não ser e acabam rompendo caminho pelos dedos, simplesmente por não saberem mais para onde ir...

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Hoje vou desfolhar a chuva, para soltar o perfume da terra que toquei para nada…Hoje vou criar novas palavras, aquelas que me faltaram no minuto em que talhei o sabor do sempre e para sempre!!! Hoje vou dar voz às minhas mãos, vou abrir os gomos do tempo, vou assaltar o mundo… Como é estranho vivermos neste doce engano de tudo sermos donos sem nada termos!!! À medida em que de dentro de mim vão cedendo as árvores e vão secando os ribeiros , eu vou compreendendo que nada possuo , é como se uma gritaria me invadisse sem que o silêncio se sobrepusesse …Olho-me de dentro para fora e de fora para dentro e entendo ser o homem que entendo ser não possuo mais do que o homem que habita em mim…Quando se retira o como , o quê, o porque e o quando e neles se mistura o mar e fogo , vivesse a demência , a alucinação como uma droga inócua e ao mesmo tempo forte, que me mostra que ada possuo, e nada mais posso apenas posso suportar o que possuo em meus sonhos , e os sonhos são a primeira forma de posse nesta vida…Hoje sei que os sonhos não partem de mim porque são anseios , desejos e estes fazem-me saber que sou mais que um sonho , sou a vontade de continuar a sonhar para sempre…

domingo, 20 de novembro de 2016

Hoje tenho as mãos trémulas , feridas de tanto escrever, numa escrita apressada, sentida, retida, onde as palavras se atropelam, onde o tudo que se quer dizer se disfarça por entre vírgulas e parágrafos mais ou menos previsíveis... Ou não...Mas na ansiedade desenfreada de conseguir desenhar castelos de papel em sonhos infinitos, esqueço o rumo dos sentidos e perco-me na irracionalidade medíocre de quem desconhece o rasto da verdade. Verdade Nua e crua!!!É essa verdade que procuro, que escondo de propósito e que arremesso contra o muro que me separa do mundo que queria alcançar. E vou vivendo das meias-mentiras que disfarçam sorrisos fáceis, do triste passar do tempo, do som sem cor...Sem luz...Mas vou morrendo aos poucos sem saber que a vida vive a meu lado, soltando gritos desesperados num vazio que ousei um dia construir e reter-me.... Tenho o olhar cansado de tantas imagens que o preenchem, imagens do ontem e do hoje que perseguem o meu dia atordoado, preso a tanta coisa que não me prende, infinitamente enclausurado numa memória de dias que já não vivo mais. ..Paro de escrever e escondo o olhar na escuridão de um silêncio que quero, hoje, mais do que tudo, escutar com alma..

sábado, 19 de novembro de 2016

Hoje a minha humilde vida são fragmentos que se espalham...Foram muitas as vezes que senti vontade de rasgar minha pele com as próprias mãos.Como se com isso minha dor mudasse o foco...Contudo; Aprendi que uma lágrima sincera nos alivia o coração...Aprendi que chorar, nem sempre é tão ruim assim...Aprendi que a saudade é algo que não podemos evitar...Aprendi que viver um sonho é bom...Mas que viver sonhando pode ser utópico.... Assim não posso mais deter-me, na verdade ninguém o pode!!

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Sabem!!! Eu hoje sei que todos trazemos escondidos na alma, pontos obscuros , inconfessáveis , que o sorriso de ocasião tenta camuflar . Todos Vocês são como eu , carregam um sorriso numa lágrima e escondida bem no fundo da gargalhada uma vontade dissimulada de chorar . Fiquem sabendo que todos escondemos na nossa alma pedaços de fantasias mortas, bocados de sonhos jamais confessados esperanças mortas , vestidas de branco . É no olhar escondido brilhante que temos as lágrimas retidas de um pranto que não ousamos deixar correr … Nada nesta vida é preto ou branco nem sequer o cinza ou mistura das duas cores, cada pedaço da alma , encerra tormentos , tristezas e desamores. Temos um sorriso perpétuo tão perfeito e social que enterra no seio da alma os medos que carregamos as dores que não mudamos e toda esta bagagem de sentimentos que nos fazem na vida calar e deixar o silêncio falar ao coração com uma linguagem que não se expressa pois há emoções que não sabemos traduzir assim como as insónias não nos deixam dormir!!!

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...