sábado, 26 de novembro de 2016
Hoje vi o cabelo ficar-me nas mãos esvoaçantes dos passos largos pela areia humilhada. vejo o pôr-do-sol. com os pés descalços que recolhem das algas segredos de uma onda seca, parada, inconsciente. Na mágoa de uma recordação, um simulo um beijo salgado, trocado ali mesmo, naquele pequeno espaço, onde imagino palavras sussurradas na esperança de um amor !! Mas apenas e simplesmente sinto as ondas de uma ternura regular, cuja espuma não reluz nem acende as velas da alma. Esta onda impaciente fere o corpo e repugna por presença. No seu olhar límpido permanece, porém, a imagem de um pseudo beijo ali mesmo simulado no vão de mais uma onda...O sol que se esconde eleva o mar violento que grita. A noite instala-se acompanhada de um frio de outono que amacia as lágrimas que sangram. As mãos desistem de querer voar!! Faço agora os passos inversos, de costas para o mar aproveito o sopro de vida que vem do lado de lá da realidade. Os sentimentos parecem ter asas, solitários mas sempre fortalecidos, talvez seja essa a razão para termos um lugar reservado para as coisas mágicas. O coração!!
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