È nas entrelinhas de um prazer secreto que me reencontro , esta herança que fica da espuma dos dias desdobra-se em rascunhos e letras... Reencontro-me nessas palavras coladas num post remetido a um universo distante sem leitores. Reencontro-te nos sorrisos que não toleramos e nenhuma máquina fotográfica regista na sua essência. Reencontro-me nessas lembranças quentes, quase cópias exactas do ontem que ficou entalado entre muitos hoje. Reencontro-me nessas pequenas partilhas que cabem numa caixa de papel. Reencontro-me na memória auditiva de uma gargalhada profunda e continuada, nesses reversos do passado de uma noite quase silenciosa, inquieta pelas letras que se derramam de fora para dentro. Sinto-me esvaziado, mais pobre até. Todavia, ultrapasso o impacto dessa primeira percepção, por isso nunca mais paro de escrever, percebo que nesta vida tudo não passa de um texto inacabado num livro branco, como aquele que existia antigamente nas escolas, que passava de mão em mão e cada um rasurava um suspiro ... este foi o meu!
sábado, 24 de junho de 2017
sexta-feira, 23 de junho de 2017
Hoje há uma mesa que nos separa, que nos divide, não há refeições suficientes para conseguir digerir toda a comida que se partilha. Mas!!! Há em todos nós engasgadas, algumas das palavras que se usam ao acaso, direccionadas aos estranhos que nos interrompem o caminho. Sabem, acho que nunca fiz triagem das letras por ser fácil aceitar que as que digo são as que me pertencem e circulam nas veias, enquanto os quilómetros dividem as vidas. Talvez nunca tenha dito que sou muito mais que fracos adjectivos a que muitos recorrem para me preencher. Certamente muitos ainda não tenham visto que me desenho de cores minhas em vez, de usar tons escuros para me esconder, e projectar bem ao longe a minha sombra… Lamento o exagero de muitos, e a pouca humildade. A tinta que tenho espalhado na minha vida é uma marca registada numa vida singular… Posso até ser dono das minhas rédeas mas não tenho trono, tenho sido guerreiro, sem vitorias , tenho a capacidade de me baixar perante a vida e de me erguer, perante a luta !!! Hoje consigo voar sem sequer me mexer ....
quarta-feira, 21 de junho de 2017
Hoje há nos olhares
húmidos a eterna vontade do quase nada … Pedaços sujos de pensamentos, expectantes da fama dorida…Sinto vestígios de egos
derretidos, perdidos em orgasmos múltiplos de livros rasgados em parágrafos
exagerados!! Escrevo uma fábula com
atores nus , de mãos geladas parindo palavras que derramam sangue pelo chão,
nos sorrisos falsos deste infortúnio que é homenageado
… Todos os dias pinto o sémen deste luto, neste nojo que me leva a escrever
sobre o vulto da masturbação lírica! Deixo as velas acesas, saturadas pela escassez
das cartas escritas em tom suspenso…Mexo os meus dedos nesta corrida às
palavras, fazendo-as pecar silenciosamente, fecho as persianas da
vida, quase num gesto imperfeito de auto mutilação delicada…Não me canso de
escrever palavras que ficaram por dizer, viver, hoje , apenas saem-me pelas mãos,
adormecidas no fetiche dos lábios …Hoje vivo esta embriaguez reduzida ao meu desequilíbrio, precipício de
quem já nada teme...
terça-feira, 20 de junho de 2017
Hoje não sei ser mais
transparente, neste trovão de palavras que ouso colocar em foco, na magia
ondulante que o vento provoca nos meus cabelos…Ecos uivam ao largo das minhas margens,
nas sombras que projecto em cada sonho que desenho delicadamente na opacidade
do meu olhar sob o horizonte desmaiado. Tenho a necessidade de colorir todos os
adjectivos que encontro nesta arte vulgar, de quem usa o resto das tintas , para colorir
as paredes já eternas …Trago no olhar o sorriso, misto, de quem engoliu os
planos atingíveis , possíveis , alcançáveis , dispo-me novamente de todos eles,
recuo, revivo pensamentos na expectativa em vão, de um mero olhar, mas a rua
ficou deserta …Porque me destruo assim ? Porque embalo as minhas cores num
universo assim! Respostas que não tenho, mas!! Há dentro de mim uma
cumplicidade hormonal que leva os meus impulsos a serem poéticos e me fazem
escrever como se cada palavra pudesse vibrar no sitio certo…Sim eu posso
continuar a ser transparente e fazer da
minha cumplicidade hormonal a conjugação eterna do sonho, mas, eu não
quero mais…Não sei ser rascunhos, apenas sei que és o titulo deste livro que
escrevo…
segunda-feira, 19 de junho de 2017
Hoje fico sem saber
até quando aguento desenhar por dois uma dança onde os sons se atrofiam no
batimento cardíaco que impele a
concretização linear de meros pensamentos. Imagino-me em breves suspiros onde as formas que me compõem são o motivo
para a hesitação, para a despida …como se dum mistério faltasse revelar aos
olhares curiosos que nos fitam imaginando que as histórias não se unem,
imaginando que não protagonizamos passeios cheios de segredos acumulados e
registados sem necessidade de lançar aos ventos , ainda assim ,
vislumbro-me em segredo. Há pessoas
que eu apenas imagino, e !!! Concluo-as enquanto crepúsculo possível de
alcançar verbalmente, como um momento para delinear objectivos respectivamente
concebidos em noites de ponderação coerente... Posso até as projectar enquanto
embriaguez, sob a lua cheia. Mas !!! acordo e volto a transformar-me em pôr do sol,
enquanto não exista capacidade para mais, lanço-me em cometas, que ardem
na criação dos astros, reconheço-me excessivamente romântico num segredo apenas
meu…Mas hoje como em todos os dias relembro,
de como existe um mundo para ver, relembro-me de como quero partilhar
este mundo com mais do que o meu indisciplinado espírito. Posso até jurar que
espero ansiosamente pela mera possibilidade de ter que fingir não ver e não "a" reparar na rua…
Hoje
reflicto e percebo que na vida somos na sua metade apenas, falsas identidades e momentos pouco
genuínos... Circunstâncias adaptadas ao conveniente da vida e nunca pelo nosso coração. Vou aquecendo as
palavras na fogueira que acendi neste esconderijo onde vivo as oportunidades…Ainda
que raras , são as minhas! Recuso-me a elaborar discursos de eternidades subentendidas, porque existe uma conotação romântica no porquê da minha escrita.
Não intitulo de ingénuas as palavras nuas de verdades, aquecidas pela rapidez
dos sentimentos e a fugaz certeza de futuros preenchidos… Hoje somos todos isto,
indescritíveis pela magia associada, é impossível de adjectivar a falta de
conceitos da trave mestre de tão grande vastidão que poderíamos ter sido ou ir sendo assim nos tivesse sido permitido…Tenho
em mim esta dádiva apaixonada e simultaneamente tão forte de vida ! Tenho em
mim esta possibilidade de amar, de
partilhar momentos de luta que até parecem os mais fáceis. Tenho em mim a capacidade de ler-vos nos olhos que o tempo vos tornou , o
pronome possessivo que daria lugar à necessidade de uma descrição longa mas não
quero ninguém que seja meu , quero alguém que seja apenas comigo!!. Deixo-vos ficar por ai acedendo fogos no peito
e deixando que nos seja aquecida a pele em noites de previsível tempestade na
rua de outros. Não escrevo musicas, mas já o fiz!!! Estas foram banalizadas
pela falta de bases…Faltava-me a Lua, faltava-me
um colo, ouvir, ver, sorrir perante silenciosamente, os sítios onde
se cria o amor!
domingo, 18 de junho de 2017
Hoje
levo nos bolsos poesia falada de noticias de sonhos
naufragados, remexo a terra com pedaços
de mim, que dão vida aos eternos silêncios que me compõem…Pedaços que compõe quem escreve são o eterno quase
sinónimo da palavra gasta, das pessoas gastas fustigadas pela solidão. Usadas
a troco de nada, largadas nos sete cantos do mundo onde nasce a inspiração. Não
sei onde perdi o amor, se nas ruelas
percorridas, se na água em que me mergulhei
da insignificância, do não ser protagonista que não sou! Hoje na minha vida não
há mais guerras a travar, nem bocas que gritam pela minha luta. Hoje se a infinita
conformidade do amor fosse isto, eu ergueria as armas em forma de letras, relembrava
a magia que é ser-se, existir-se, amar-se… Carregaria tudo nas minhas
costas, mas as bagagens não chegam ao destino, sem tempo as concretizar!
Mais vale entrar numa corrida rápida, sem muito destino, pois é isso que nos
resta do pouco mapa que ainda somos. Roubam-nos a história e
calam-nos a voz…Erguemos-nos inconformados, mas cientes de um rasgo de destino
não é nada , apenas mais uma reflexo de uma herança de palavras genuínas, de
pessoas, as únicas que algum dia amaram, das únicas que
algum dia quero ser…
sábado, 17 de junho de 2017
Hoje
escuto as ilusões dos outros e estas cansam-me. É como se ouvisse as palavras
carregadas de sonhos e projetos, e me fizesse compreender como superficiais são
os meus próprios desejos ao pé dos outros! Há quem queira tanta coisa! Querem
uma casa grande no topo da montanha, com vista para um mar ... Querem as
viagens e os hotéis e os jantares mais ricos que há na vida. Eu quero acordar,
olhar ao espelho e acreditar que o meu reflexo é o único. Muitas ilusões
cansam-me porque a única coisa que quero é as minhas filhas perto, mais do que tudo
que se pode comprar ou receber. Muitos querem ter as certezas em detrimento das
incertezas. Não sei dizer como me magoa sentir que ainda há quem quer ser
mais do que outros… Eu daria a vida apenas para conseguir ser o que já fui. Muitos
falam-me dos seus sonhos e eu apoio porque é a única coisa que posso fazer.
Muitas vezes abdicamos de nós na nossa vida para abrir a porta para outros
seguirem nas suas caminhas e festas fora da nossa vida e estes vão-se embora da
nossa vida e nem reparam…Que foi uma decisão deles! A ilusão cansa-me porque
nos tornam invisíveis ainda que nos digam a cada dois segundos quão fantástico
poderia ser o nosso futuro. Cansa-me ouvir falar de dias que nunca hão-de chegar.
Cansa-me ter de esconder o sonhador que sempre fui e pousar os pés na terra
para que ao menos um de nós tente viver a realidade…As ilusões cansam-me mais
do que estou disposto a admitir, mais do que saberia dizer-vos. Mas! Por favor,
não deixem de sonhar eu apenas sou a pequenina parte do Universo que não
conquistaram. Não posso deixar de vos dizer que voem eu ficarei aqui para vos agarrar se um dia caírem… E, se não caírem, serei sempre a pessoa que ouviu os
vossos sonhos. Ainda que, depois, não arranjem um espacinho para mim dentro do
vosso coração.
sexta-feira, 16 de junho de 2017
Hoje digo-vos que muitas vezes temos consciência que nem todas as decisões da nossa vida estão nas nossas mãos, e nas mãos de quem estão, não há consciência do tamanho do todo...Nem sempre as nossas escolhas são completamente feitas por nós, mas sim por algo sem paladar nem som, algo que nos habita e que nunca viremos a conhecer, mas somos nós...Às vezes não temos consciência que o tempo não é infinito mas comporta-mo-nos como se fosse. E um dia aprenderemos isso, de uma forma ou de outra, porque o tempo finda no fim de cada coisa e não avisa. Um dia olharemos para trás e daremos conta que , temos a consciência que nem todas as nossas escolhas estavam na nossa mão e as que estavam não as fizemos...Convém recordar como um dia olhámos a nossa mão e ela estava vazia e saberemos, como soubemos na altura, que a escolha que fizemos não era a nossa mas aquela que fomos forçados, pela a vida, a fazer. O Tempo é cruel ou generoso, dependendo da taça em que é servido!!! É uma água que faz sede, é despertar sem aviso... Podemos fingir por algum tempo, que o tempo não nos importa e que o longe se faz perto, que quem espera sempre alcança, que a esperança nunca é morta...Mas a realidade vem e o Universo corta vagarosamente a possibilidade que tínhamos de escolher as escolhas que nunca fizemos!!!
quarta-feira, 14 de junho de 2017
Hoje não me permito ser decifrado, não é orgulho, presunção, nem jogo e
muito menos necessidade de aparecer ! Apenas carrego o sentimento de não querer
ser decifrado fora da hora, de não querer me sentir invadido, sem na verdade
ser invadido de uma forma legitima.. . É difícil explicar isso para quem não tem
o ouvido direccionado para o céu, para as estrelas, o ouvido treinado, aberto as
surpresas, aberto ao desequilíbrio dos sentidos! Para que de facto me consigam
conhecer tem de saltar o passo do relativo. Roubar flores e declarações de
amor, fazer alguém conversar sobre o segredo que oprime também é uma questão de invasão, mas docemente, que quando se vê já está lá, naquele espaço
que estava restrito , onde se podem cortar com pétalas e abraçar com asas …Isso é
conquistar, isso é entrar e decifrar… Não julguemos aqueles que por uma questão
ou outra não se expõem , quando há amor e o espaço do outro não se forma de
dentro para fora é sinal que estamos imóveis , suspensos há espera da sensação
que nos seja letal, invasora conquistadora
e nos deixe docemente em êxtase…Decifrar-me é um enigma de muitas luas, fiquem apenas sabendo que cada pensamento que aqui decapito, o tempo não os apaga nem destrói!
Hoje se eu dissesse
que acredito que o oceano parou, que o
Sol explodiu, e que todas as estrelas que compõem o vosso céu, não passam de um quadro num tecto tão
velho como aqueles que desabam…Então diria que é nas
casas imundas pelas chuvas que nascem os rios e é nas madeiras que gemem com os
nossos pés descalços que nadam os sonhos num norte confuso…Eu tenho uma bússola,
mas partida! Trago-a na mão sem norte
mas não são as memórias que me adormecem nas noites em que o coração
me saí pela boca! Neste rio que renasce
dos escombros de uma casa que foi minha, cresce o solo firme o porto de abrigo,
como se fossem vestes quentes que me perseguem, enquanto fujo na neve do frio
que me gela e me faz esquecer do quão quente já fui por dentro. Conto-vos todos
os dias uma parte da história, de uma
vida que poderia ser vossa!!! Hoje se eu dissesse que o oceano não teve
corrente, não acreditem, tentem vocês reconstruir esse universo, sejam vocês o
mar e o sol, sejam o céu de alguém, imortalizem as vossas palavras num livro, num
rascunho de pedaços de vida de alguém, sejam o orgasmo escrito de um amor mesmo
que descubram que as estrelas nunca existiram …
terça-feira, 13 de junho de 2017
Hoje acordei assim, vazio, como se o meu silêncio gritasse e
apenas ouvisse o seu eco a tempo inteiro. Escuto esse som
pelas portas, pelo corredor pelas roupas que entre si conversam e se
combinam esperando o meu corpo para lá se instalarem, os sapatos ensaiam os
passos para o caminho , mas não ouso chegar mais perto… Vejo-te, o
meu corpo arde como se fosse verdade, a lembrança que eu vesti de
mentira!! Colori o meu corpo só para mim…Camuflei - me escondi-me. Ninguém me
viu mas eu estava lá , sem palavras, sem um tom que me definisse …Sinto que
usei as vestes certas, deixei as cores prostituírem-me mas a minha
rota mantém-se ... Eu já formulei mil teorias, mas o amor, quando é para chegar, se veste na forma de decepção, de
onde menos se espera ele surge e quanto menos se espera mais ele se revela !
Agora vou chacinar as minhas palavras. Outra e outra vez; como se o som desse eco fosse forte
o suficiente para depois perder-me, nos colos que me aconchegam de magia em
frases construídas ao som de ritmos que me levam a voz, gastam os pés, roubam a
alma em e tornam fogo em folhas que incendeiam os outros…Prefiro ser assim como
um átomo cheio de arte, em vez de ser um resto de corpo usado por mil
mãos de nostalgia! Antes de juntar-me aos corpos quero partilhar palavras que
são minhas , abrir-me e sonhar até ser dia!
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Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

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Hoje reflito com o pensamento de como juntar, aproximar quem se afasta, sinceramente não sei. Apenas sei que é o amor aproxima, que as div...
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Hoje fechei a porta que em círculos e cercos, fechou as margens e estancou num pântano o silêncio, consumado na pálpebra cerrada que tranco...
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Hoje até podiam sentar-se na minha cama e contar-me mentiras... Que o amor tem a forma da minha mão ou que os meus beijos são perguntas qu...