Hoje pergunto-me onde devo desenhar as minhas
palavras. O eco desta pergunta é a única resposta que percorre o tempo entre o
que fui e o que sou hoje. Talvez nesse vazio que deixei instalar na minha vida, tenha perdido no meu mapa, o norte, que
foi feito de dois braços em redor dos meus sonhos, abraçando um, após outro na
esperança que, se calhar, tornassem-se reais! O silêncio que resta em mim é feito do mais profundo vazio, o mesmo vazio
que é feito da dor que percorre o corpo
em cada minuto que nos vamos desertificando.
Hoje olho em redor e não há nada. Olho para mim e vejo o caminho de quem
já perdeu a rota, e, talvez por isso
tenha convertido os meus sonhos em palavras . No horizonte dos meus sonhos há um fantasma percorrendo do nada, daquele nada
que há muito abriu mão da sua alma, sua
vida e apagou todas as palavras bonitas
que tinha gravado para dizer... Porem não ouso sequer tentar arrancar do
meu coração as palavras
que apagaram tudo o que era importante proferir, escolhendo um mundo de
ilusões efémeras. Talvez eu as tenha perdido quando me perdi no tempo, naquele
tempo irreal que era somente a recriação fugaz de um passado que jamais seria
futuro. Muita coisa circula em mim!
Sinto-o, sei-o! Tudo o que me leva a caminhar , cada passo, cada pensamento deste mundo que, apesar de
tudo, continua vazio. Tão vazio como os meus lábios onde secou a promessa de um
amanhã, onde morreram as palavras. Hoje
é através das folhas que confesso, através de letras dolorosas com frente e
verso os meus pensamentos. Não acredito num mundo sem palavras, sem frases ,
sem capas , sem dias letrados despejados nas vozes roucas que os nossos
pergaminhos deixam resvalar no coração.
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Olá Paulo apenas para te dizer que é lindo o que escreves, desculpa ser tão repetitiva ...Adorei e sim, tens razão o mundo sem palavras não tem lugar para os nossos corações.
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