Hoje tentaram pintar-me o olhar
em retrato ... Esse retrato frio e pálido, de preto e cinza sobre
branco amarelecido pelos anos, no qual me olho com o tempo que não soube esbater. Pintei a carvão, os olhos negros, os sorrisos cinzentos, os rostos com tons de
palidez eterna. Julgaram-me sem me ver!!! São apenas loucos para julgar que olhavam para mim e captavam a alma
nesses tons forçados… Traíram-me tanto quanto a arte consegue trair alguém. Foi
insensatez, essa linha certa e perfeita que nos traçou os bustos, pois jamais
serei apenas um retrato a carvão! Há vestidos a vermelho, rostos de uma pele clara levemente marcados pelo sol e pela idade, eu
lembro-me bem, que a vida não tem cor se os nossos olhos não forem sérios honestos
para reflectir apenas a cor que cada um reluz . Os nossos olhares, podem ser
verdes, roxos, amarelos e cor-de-rosa…Ter a cor do vento, a cor do céu, a cor
do mar, a cor da eternidade de um amor de sangue. Sabem , todas as cores do arco-íris, se podem ver ! As que não
se vêem são aquelas que escondemos nos nossos baús , são as que envolvemos em mistérios
que só nós víamos… Podem até tentar
pintar a carvão a minha morte…Mas!!! Esse dia em que as estrelas se
apagarem e os pássaros não puderem cantar, o Outono ficará gélido, como o Inverno,
e o tempo perde o seu fundo onde as memórias são
apenas papeis amarrotados sem nenhum conteúdo...Sei de cor todas as angústias, e
pesadelos mais profundos. Eu sou o silêncio, aquele que pacientemente, escuta,
que não interrompe a lamuria e deixa que conduzam as palavras para os lugares
certos, fazendo da oração uma prece que prova devoção. Sei que há pessoas que sempre viveram
na luz, mas hoje escondem-se nas sombras porque temem demasiado o brilho, temem não ser de todo entendidos, porque afinal, são alma e corpo, são diferentes de todos os demais , que apenas
são humanas como eu…Hoje pintaram-me um retrato que ficou na parede branca do
meu quarto, este ultimo reduto onde cada palavra dita quebra o ar e agita a
energia que sustem a minha raiz, nesta
intimidade do meu silêncio onde abraço barcos abandonados no cais da eternidade
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Olá Paulo, muitas vezes aparecem seres do nada que nos pintam de cores que não temos nem nunca tivemos , chamo a isso passageiros do vazio, pessoas que nada tem para dar aos outros a não ser, apropriarem-se de coisas que não são deles.
ResponderEliminarHá sem duvida seres que vivem na luz por nunca terem sido confrontados com dificuldades , mas isso não os faz nem mais nem menos que nós...Abraça o teu silencio esse te acolhera sempre e te vai projectar para um caminho sábio e de cumplicidade. Beijo paulo mais um texto magnifico , ímpar que me amarra no teu cais a todo instante .