quinta-feira, 18 de maio de 2017

Hoje acordei o monstro a meio da noite e senti que esse monstro não dormiu…Ficou à espera anos pelo amor, esperar mais umas horas por um sonho, não podia ser difícil…Os sonhos agitam-se a dor ameaça-o apenas fazendo-o entoar um uivo, que podia ser uma lágrima ou um grito, percorrendo as esquinas, ecoando pelas ruelas vazias e assustando os seres encantados que, tal como o Monstro, estavam agora condenados à solidão… Ouviu um barulho lá fora no quintal, seria imperceptível a qualquer outro  ser mas!! Ouvi claramente o som doce da humidade a cair no solo, formando uma camada húmida sobre a relva seca do jardim…  Agora que a solidão impera é fácil amar tudo em redor…Olho-me ao espelho, esse mágico, que tudo reflecte e nada pergunta limita-se a fixar o  reflexo, procurando nele qualquer réstia de humanidade. Não vislumbro o que anseio… Tenho voz de feiticeiro, curvo-me em tom de serventia à vida que um dia sonhei ….Ainda me recordo quando o que sonhava era só meu, mas!!! Aos poucos vi o mundo a mudar, nada posso fazer Já não consigo descongelar o gelo com o meu olhar...Sinto uma fome obscena, grito mas sigo na procissão dos homens calados velando o coro cego dos Deuses...

1 comentário:

  1. Noites em claro...Quem não as tem, quem não conhece o seu "monstro" !! Quantas vezes nos deparamos com esse animal dentro de nós, sufocando-nos . Talvez esse monstro seja a solidão desconsentida!É verdade Paulo quando a solidão nos ataca tudo a nosso redor é de fácil encanto... Chamo a isso fragilidade carência que gera essa fome obscena em nós e leva-nos a ter vontade de devorar aquilo que surgir...Adorei tocas-me tanto...

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