quarta-feira, 11 de maio de 2016
Hoje deixo-me cair sobre o meu passado e chego á conclusão que já fui nota de música, que suavemente se deixou soltar da corda esticada do teu corpo de violino. Fui e sou arco, que roça suavemente sobre a pele em ti. Juntos compusemos sinfonias, mares de sons e melodias que vibram e entoaram nos nossos sonhos nas madrugada frias... Hoje é tarde, o teu desejo deixou de estar desperto, não reclama pelo toque suave das minhas mãos, e eu, já rendido ao prazer da tua silhueta que se desenhou durante eternidades no meu silencio, volto a tocar-te , num novo concerto de abraços e apertos, gerando nos teus lábios o gemido perfeito que acorda a Lua e desvanece a névoa nua que nos envolve pelo amor ignorado!!! Inventei mil formas para sentir de ti o amor que não tocaste, aproximando-me vindo do nada sobre tua pele morena molhada, de novo, no meu corpo em arcada, só para ouvir de novo a tua voz encantada em mim, que se revela no silêncio abafado dum grito inflamado de abafado por covardia e egoísmo. É assim que o amor, louco e insano, perfeita melodia de encanto, complemento pleno num som , dum corpo.
Hoje recordo-me como é bom acordar ao lado de outro alguém!!! Engraçado, como se desvaloriza o acordar, sendo no entanto um dos momentos mais sinceros entre duas pessoas. mesmo as que acordam mal. Porque é quando se acorda que se é mais puro, mais transparente. entre cabelos despenteados, preguiça no corpo e pele amassada, é nesse momento que se é verdadeiramente bonito para quem se gosta. porque é quando se acorda que se dizem as maiores verdades, às vezes mesmo sem falar. especialmente quando não se fala. por exemplo, quando se foge da cama, entre pressas, desculpas e fugas repentinas. ou, pelo contrário, quando apenas se fica lentamente a sentir o outro, ali ao lado, próximo. porque o primeiro abraço, o primeiro olhar, o primeiro beijo, nunca enganam. dizem tudo da união que ali se vive. tão simples. Gosto de acordar. mas gostava mais de saber acordar-te... Porque o saber acordar quem gostamos implica uma intimidade grande. um respeito mútuo no momento mais cru da nossa personalidade. ali, os botões ainda estão meio desligados: o botão da simpatia, o botão da boa disposição, o da vontade, ou de coisas simples, como o botão da capacidade de se deixar tocar. acho mesmo, que a evolução de como se acorda é o verdadeiro avaliador de uma relação. a forma como se encaixa, se molda, se aprende a gerir. uns dias mais carinhosos, outros dias mais práticos. umas manhãs em que se ama, ou outras em que o melhor é mesmo nem falar, apenas dar espaço. mas é esse equilíbrio, essa capacidade de fazer da manhã sempre um momento bom, ou, pelos menos, um momento nosso, que prova muito do quanto se quer. Gosto de acordar. mas gostaria mais de acordar na tua pele.
Hoje penso na intensidade com que se vive e como nos entregamos - aos dias, ao trabalho, a um amor. mas aqui, a entrega, mais que vontade ou dedicação, tem a ver com a forma como absorvemos o que vivemos. assim, a intensidade tem apenas a ver com o número de sentidos que pomos ao nosso serviço. temos cinco, mas nunca fomos treinados para os usar em simultâneo. Por exemplo um pôr-do-sol vê-se, ou será que se ouve também? Ou será que tem cheiro a mar ? E uma música, ouve-se apenas? ou fica diferente consoante o sabor da bebida, ou conforme a luz da sala... Ou tem influência com quem se partilha a música? Porque o digo , talvez porque acho que intenso, é quando se encontra alguém que nos dá ainda mais sentidos. ser puramente feliz por provocar os sentidos dos outros..Mas todos nós temos um sentido escondido, a memória! Viver com intensidade na forma mais poderosa é quando a um sitio, a uma música, a um momento, juntamos a memória do que já se viveu ás vezes choramos de saudade, ou de dor. outras vezes rimos sozinhos, apenas por nos lembramos do que já vivemos naquela música, naquela varanda, naquela rua. como agora, por mais longe que estejas, é a memória de te ter aqui, que me acrescenta força aos sentidos. é sentir o teu cheiro ainda na minha roupa, é ouvir uma música e ver-te a dançar pelo corredor, é ficar em silêncio no teu lugar onde te sentaste a meu lado ainda ouvir o teu respirar de paz sossegado. é ver o nascer do sol no quarto e tocar a memória da tua pele nua ao meu lado. é fechar os olhos, e ter-te em todos os meus sentidos. isso sim, é viver de forma intensa, ser-se honesto é ser verdadeiro não só nas palavras mas nos actos ...
Todos os dias que sonho com um beijo, nasce uma erupção iminente solto o desejo e a minha boca parece desmaiar. No meu olhar há uma chama que me incendeia, como um rastilho por queimar, como uma bomba por detonar. Todos nós, parafraseamos risos contidos, palavras atrevidas , toques sentidos na proximidade estática de corpos que se inclinam sobre este abismo de vontade de experimentar. Queria tanto ser capaz de ousar num qualquer instante, uma brisa que despoletasse o choque dos nossos mundos, quando nem os olhares já suportarem o peso da pálpebras, e as bocas não conseguirem conter a sede e as peles não permitirem mais um único arrepio... Todos nós já vivemos um momento desses em que tudo em nosso redor ruiu , até o tempo perdeu-se no vazio dos minutos e a luz explodiu num inimitável sonho, de proporções cósmicas. Já quis fazer do corpo terramoto , da alma um abraço desmedido estilhaçando o luar , do silêncio uma musica desconcertante...Nenhum dia jamais será igual, a fome jamais será saciada, a sede morrerá afogada, as minhas formas fundir-se-ão numa única escultura de escombros, o meu grito dilacerante delimitará e o meu corpo e chamará o teu, como se tivéssemos sido moldados pela criação para nos contermos, um dentro do outro, num orgásmico universo acabado de criar da explosão da saudade, da vontade simples de amar a pessoa certa..
Hoje o meu corpo é apenas mais um, no meio de tantos outros que deambulam por esta camada física a que chamamos mundo. Mas !!! Não me permito a uma entrega leviana e oca de sentimento. Deitar-me com alguém pela mera necessidade física de me satisfazer é completamente diferente de permitir que alguém me dispa com o olhar e me transporte para um outro mundo, esse sim, talvez metafísico, de um nós, e não de um eu, em que a entrega é apenas a tradução física de um amor sentido e consentido... por dois!! se Amar é: “sentimento que induz à aproximação, afeição e Protecção da pessoa pela qual se sente afinidade.” Tal como diz no dicionário. Será assim tão simples? Se o é, porque sofremos e cometemos os atos mais vis e cruéis para com quem sentimos afeição? Porque nos afastamos? Porque infligimos dor e angústia em nome de uma qualquer razão ou um qualquer ideal? A complexidade que acompanha tão mui nobre sentimento é de tal ordem avassaladora que o ser humano não é capaz de uma total compreensão de si mesmo, e por isso age das mais variadíssimas formas nos momentos mais diversificados. Agimos sob a forma de anticorpo quando o dito sentimento se comporta como um vírus em nós. Se ao menos existisse uma forma única de como e quando amar, um guião que nos auxiliasse. Amar é a forma mais egoísta que o ser humano tende em ver realizadas as suas expectativas num alguém que não ele próprio. Projectamos no outro o que tanto precisamos e esquecemos-nos de certificar se o que se encontra projectado em nós exerce perfeita simetria para quem amamos. Ninguém está totalmente preparado para ceder, para perceber se dançamos ao mesmo ritmo; e por isso tropeçamos, pisamos, infligimos dor com a desculpa de que somos desajeitados e que dançar não se nos afigura uma virtude. Amar consome-nos a alma, amar é mais do que um verbo, amar é a perfeita antítese de tranquilidade e controle de nós mesmos, é querer sem poder, é ter sem direito, é saber e descurar, é ouvir e negar, é desejar sem limites, amar surge como desculpa para quebrar todas as regras moralmente feitas pelo homem. O Grande dilema é saber porque razão amar nos doi mais do que nos faz felizes...
Pressinto os ventos que sopram de outro quadrante , nesta imensa sede por sentir a vida que se desmorona em cores de música...Vivo na fé do milagre, da paixão contida, como um barco navega sobre incertos rumos, abro a porta da madrugada, abro os olhos de esperança mas não te adivinho... Não pressenti as coisas maiores que a vida me deu, mas, num instante tudo acontece, de repente tudo acontece, mas!! mais um dia que nada sucedeu !!!Toquem-me com o sorriso o meu olhar cansado vejam-me caminhando nesta ilha , sobre a lava arrefecida onde desenhei o mar ao escrever como um naufrago nesta ilha perdida... Hoje dou por mim a contar as ondas assistindo à chegada das gaivotas , que entoam o sorriso que tenho na mão ao deixar cair as conchas que outrora adormeceram no meu areal...pinto o céu de letras enfeitiçadas pela paixão , vejo passar um anjo de olhos inquietos de voz calada , junto o meu amor sem eira nem beira aguardando o herói sem espada que me leve desta batalha ...
Hoje revivo as minhas viagens pelos corpos que deixaram o seu sabor na minha pele… Hoje reclamo detalhes dos mais escondidos recantos, das mais exuberantes montanhas, dos mais húmidos vales que ousei percorrer. Eles são memórias escritas nas pontas dos meus dedos, nas curvas do meu olhar, no sussurro suave da minha voz, que em murmúrios do Outono descrevem nas folhas das árvores. Assim, os retratos destes meus destinos são como pedaços de ninguém que levo inscritos na pele, tatuados no horizonte fazem do meu legado, a forma mais doce de vida que descrevi, que dancei sobre o corpo em ondas subtis, que desenham traçados de uma dança da qual conhecemos cada movimento, porque nos está tatuado nos genes, no corpo e na alma em palavras de amor que fazemos sobre a cama desta vida… Hoje, guardo tudo num livro, só para ficar escrito, descrevo cada curva que as palmas das minhas mãos, traçaram em folhas de papel descrevendo o vício regado com o mel do olhar, com a seiva da solidão, recordando o reflexo de luz, o corpo que nos seduz, que nos induz cada dança sensual a que nos entregamos. Os meus escritos jamais serão iguais serei em mim e por todos os demais, o modelo perdido no tempo, grito abafado entoado pelo vento!!
sábado, 7 de maio de 2016
Hoje penso que nunca poderemos ser totalmente de vidro, permitindo que nos vejam de todos os ângulos, que nos descortinem a alma e os desejos mais íntimos , hoje sei que os segredos são a nossa protecção, o nosso muro, a separação entre o nós e os outros! Alguns deles, após revelados, parecerão pequenos e insignificantes, comparados com uns quantos que esconderam enormes segredos, de amores, de enganos, de crimes passionais, de roubos de identidade e de tudo o que nos permita a imaginação, mas que atormentaram quem os possuía, impedindo-os de se partilharem. Todos nós somos parte de um grande nós!!! Onde temos o que mais ninguém conhece ou sequer sonha, onde viajamos pelos astros que nos impedem, muitas vezes, de enlouquecer, esses serão os e as melhores partes dos segredos, e o jogo que mantemos para que também eles se mantenham a salvo, é absurdamente estimulante…Se eu tenho segredos? Sim, claro que tenho. Se me poderiam manchar a reputação, conspurcando a imagem e fazendo com que todos se espantassem perante a minha capacidade de ser TÃO diferente do que aparento? Pois, não conto, não posso, é segredo! Mas!! Sabem porque aqui estou ? Estou aqui, porque o que comecei a dois, só terminará quando terminarmos nós …. Ninguém adivinha mas o segredo está ai!!
Todos nós rejubilamos com a suave nudez da pele ela é o bálsamo que impregna e derrama em nós o desejo…É esse fogo ardente que vislumbro num olhar, aquela vontade de abraçar, acender o lume em mim que as intempéries acalmaram !! Hoje os lábios húmidos, são um convite para delírios. A simples boca entreaberta mostra-me e desnuda-me. Persigo sombras e nelas não te vejo… Elas , querem tomar o meu corpo, apossarem-se das minhas vontades mas não consigo em liberdade entregar-me apenas ao prazer de me fazer sentir cobiçado. Persigo as sombras elas circundam e percorre cada reentrância do meu corpo, despem-me, seguem-me mas…É a ti que quero dar de mim a beber. Persigo sombras que se movem em vagas e o meu corpo nu, que abandonaram ali na esquina onde o encontraram ficou fechado como uma concha!! Não entro nem deixo entrar apenas, deixo-me ficar ali, onde lentamente me absorvo num âmago quente, húmido, e frio…Suspiro, deliro ao sentir-me preso em alguém…, respeito o ritmo das oscilações que me detém o corpo, este, que tanto me impõe por fazer o amor que desejava em meras palavras... Este ultimo grito, devora-me, com a vontade de quem tem fome, com o desejo que nada me acorde, levem-me ao êxtase, nesse momento pleno em que vos escrevo como se as minhas letras derramassem no fluir dum amor que apenas guardei para mim... Persigo sombras e tu não vens…
Hoje recuso-me a ser metade de confuso quando a outra metade é de certeza … Metade de mim é amor e outra metade é desilusão, metade de mim permanece a outra metade cresce…Metade de mim caminha e outra metade fica…Metade de mim é o que quis e a outra metade é do que fugi…Metade de mim é ouro e outra metade é lata , metade de mim foi o que percorri a outra metade apenas é um horizonte …Hoje sei que metade de mim é o que escrevo, e a outra metade é o que apago…Metade de mim ficou, a outra metade partiu…Metade de mim eu entendo mas a outra choro!!! Metade do que passei foi felicidade, mas a outra metade foi maldade…Metade do que quis foi o que tive ma a outra metade ainda estou reconstruindo…Metade do que escrevo é sonhos mas a outra metade são delírios!! Metades do meu todo eu já tive a outra metade deixei voar, metade do que tenho , eu quis ter mas a outra metade foi obrigação…Metade daquilo que pisei deixei marcas a outra metade apagaram-me o rasto…Metade dos meus olhares foram de amor, a outra metade foram de dor…Metade de mim quero esquecer e outra metade escrever…
quinta-feira, 5 de maio de 2016
Hoje é daqueles dias em que ergo os braços ao céu e agito no ar os dedos, como se quisesse moldar o vento, criar do nada um pensamento um caminho uma verdade... Imagino na tridimensionalidade do vazio que o vendaval arrasta a forma que gostaria de lhe dar, o espaço que queria desenhar ou até a personagem que queria encarnar e viver planando nesta represa de palavras que em mim jorra de forma ininterrupta... Mas a vida não é feita de vazios moldáveis pelo simples facto de pensar, a realidade gera-se de formas, de matérias e de sonhos que nos atrevemos a sonhar, porque a mão que nos guia nos impele, nos auxilia e nos compreende, e, num rasgo de vontade, nos faz criar até de sentimentos estéreis uma vida!!! Continua a existir esperança para os que acreditam que não há limites para os horizontes, só assim a entrega incondicional dos que amam gera criação. Respeito o meu Criador, mas desafio-o constantemente, como se fosse sempre possível dar mais um passo, mesmo percebendo que o abismo está à frente. Se quiserem olhar o céu eu tenho uma escada …Fechem os olhos e subam!!!
Hoje mesmo sem ter inspiração apetece-me...apetece-me escrever só por escrever, deixar a tinta derramar correr, alastrando nesta pagina virtual vazia num desfile preguiçoso e lento onde os meus dedos brotem rebentos sem conexão , sem limites!! Escrevo apenas por instinto já sem qualquer pretensão , pois nem tenho em conta as linhas, os pontos, as rimas as frases elaboradas, não me importo se estão as vírgulas bem ou mal aplicadas...Não me indigno ou reclamo sobre o que escrevo muito menos me interrogo sobre se devo ou não devo...Mas não escrevo ao acaso como quem espalha sementes em solo árido, apenas reajo a cada nova reticência… Estou habituado a viver de areia, aquela que sempre me escapou por entre os dedo e de horizontes que não consegui alcançar, a pintar telas vezes sem conta; a orar o que não quiseram ouvir; a sorrir para esconder a lágrima depois…Hoje aceitarei de vez a solidão, pois ela é a minha parceira de caminhadas. Não faz perguntas quando mal tenho fôlego para respirar…
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