Hoje há nevoeiro, o
dia acordou cego, na minha Rua as
pessoas andam estranhas, de costas viradas para o caminho. Tropeçam, caem e
levantam-se, sem nunca tirar os olhos da imagem desfocada deste dia, que lhes
atraiçoa o percurso…Que profunda cegueira, não se distinguem os passos que
dão, mas cada vez estão mais longe uns dos outros, separados por mais
muros de betão. Coleccionam mentiras e desapego, as suas
únicas verdade penduram-nas nas janelas, como se fossem cortinas!!! Não há
flores. Está frio. Mais lá dentro do que cá fora. Há cegueira e frieza
na minha rua. Só os gatos dizem bom dia. Ainda há pouco um
enroscou-se nas minhas pernas. Trazia uma chapa pendurada ao pescoço que dizia quero o meu dono…Há em muitos de nós uma alma
que chamo , alma dos “diferentes” que é feita de luz, onde estrelas sem morada , deslumbrantes , vivem guardadas para aqueles poucos capazes de
sentir e entender!! Nessas moradas há tesouros de ternura humana dos quais só
os “diferentes” são capazes de valorizar… Meus amigos não mexam com o amor de
um “diferente” a não ser que sejam suficientemente fortes para o viver…
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
terça-feira, 6 de dezembro de 2016
Hoje sinto o incêndio que queima cada pedaço do meu cio, olho o céu estrelado que penetra no meu profundo vazio e é por esse caminho que sigo, por entre o olhar e o brilho das estrelas…Olhem-me sou uma chama intensa, sou um mar de lava adormecida, sou, o eclodir dum corpo nu sobre o horizonte , sou a água fervente que inflama a mente na devassidão e na tempestade. Eu já fui a força dum vulcão em plena erupção!!! Hoje sou apenas o despertar da letargia, que os meus dedos transpõem em pura magia. Hoje em dia amar é esculpir uma obra de arte, é pintar o céu com os tons da lua, como se tudo em nosso redor crepitasse num fogo suave que nos derrete os sentidos. Hoje amar não é só desejo é também conhecer todo e qualquer segredo, descobrir todos os lugares onde nos guardamos, é libertar as loucuras que escondemos nas fantasias a sete chaves fechadas. Hoje já não sou capaz nem quero quebrar os limites que fundem corpo e alma, desejo e luxúria, que fazem dos sentimentos a mais profunda sensação. Prefiro percorrer o silêncio dos meus gemidos, percebendo as curvas que os contraem, a ondulação cadente com que os sonhos ficaram suspensos nas minhas mãos…Muitos de vós Dir-me-ão que escrevo apenas letras, descrições , utopias , ilusões mas nesta amalgama de sonhos vocês todos sentem-se parte integrante do meu presente narrado nesta saudosa viagem que não me canso de inventar…
domingo, 4 de dezembro de 2016
Hoje gostava que me dissessem em que dia estamos e em que mês , pois o relógio da minha vida nunca me pareceu tão vivo! Não consigo prosseguir muito mais, mas também não consigo desistir perante tudo o que já perdi... Sabem hoje ainda somos eu e vocês, e todas as outras pessoas que me lêem e estão aqui como eu, sem ter mais para onde ir! Não vos quero perder ainda sinto que tenho muita coisa para vos dizer mas nem sempre as palavras saem como mais desejo. Entretanto vou trespassando "nelas" sem mais ter para onde ir por isso amigos hoje somos só nos aqui!!! A todos os que me lêem sem mais ter para onde ir eu vos desejo um Santo e Feliz Natal junto daqueles que de certa forma os confortam e acompanham, já que não fomos colheita nem tão pouco permitimos que nos arranquem pela raiz, preferimos ser abraçados como barcos abandonados no cais nesta eternidade que nos juntou...
sábado, 3 de dezembro de 2016
Hoje vejam como passa o tempo, como a chuva teima em esconder a luz, que deixam quando passam. Hoje vejo como são longe os caminhos, como as distâncias queimam todas as pontes entre nós deixando as margens numa solidão aguada... Basta ver como tudo se altera, como tudo muda ou como tudo regressa a nós se uma pequena brecha na memória se abrir e um pequeno vento se escapa e sopra uma suave melodia antiga...Inventamos uma rua regressamos ao início de um tempo sem tempo onde o dia fecha-se no escuro das nuvens , não sei se há ainda estrelas que guiem caminhos ou um caminho mas se parto não me despeço, se chego, chego sem que me notem...Sempre que ouso caminhar levo um lugar atado nos dedos, nunca sei se vou, se venho, ou se alucino. Desconfio que as melhores viagens, foram entre as paredes deste quarto. Seja como for, há sempre um voo que se derrama numa folha de papel... Caminho assim lado a lado com as palavras
sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
Hoje falam-me sem voz, escuto cá
dentro, sopram-me ventos que se passeiam na escadaria dos meus dias. São sopros mornos em palavras, que me agarram por
dentro e me avessam… Sinto-vos, quando olham o céu, quando erguem os
braços aos céus e me chamam…As vossas palavras fazem gritar outras, que turbilhão, e são tantas
que não consigo responder a todas.
Aprisionei-me cá dentro, fiz-vos parte de mim, ou talvez uma extensão minha, que nem sei onde
começa, passeiam dentro dos meus passos, pisando assim o mesmo chão, transportam-me ao longo do dia, para este mesmo
sitio, mas em outro lugar. Quando chega a noite, já não há Saudade… Olho-me no espelho e é sem rosto que me vejo, toco o
vazio da vida através da minha, abraço-me sem sentir braços e adormeço no conforto da sala vazia. Todas as
noites tenho o mesmo sonho. Caminhamos descalços , vejo o rasto que nossas
feridas deixaram. Olho para a frente, apenas um abismo, negro e
profundo. Um vazio, a pedir a gritos que alguém o preencha. Tenho vontade de vos
perguntar se há alguém que me queira estender a sua mão e se querem saltar
comigo …Saltam comigo? Já não tenho medo das vertigens nem medo do salto, pois
há algo maior, anterior à vida que une dois corpos numa única batida cardíaca. Despertem-me sempre com a carícia muda eu mereço um
raio de sol e uma folha dourada!!!
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
Hoje peço perdão
a todos os que não quiseram ficar, talvez por eu não me adaptar, por não
deixar as lágrimas cair, por ter perdido a lanterna que me guiava nesta
escuridão ….Perdão a todos por não ser capaz de sonhar, por não conseguir
vergar os joelhos diante dum altar que não acredito…Perdão por não ter
sabido caminhar, nas cavernas do meu coração!! Hoje peço
perdão por não achar graça em dançar...por não me declinar a um
bonito por de sol, por não ter medo de voar de avião, por ter sido tanta
coisa em vão, hoje peço perdão à poesia perdão por ter tido filhos e
não ter sabido dar a eles meu sorriso quando foi preciso.. Hoje peço
perdão por não ter sido nem soldado, nem bandido, nem coisa alguma que
pudesse explicar qual objectivo de ficar olhando o mundo sem ver o seu motivo.
Hoje peço perdão por não querer voltar, nem justificar minha estadia, eu
só vim deixar meu corpo para servir aos vermes , peço perdão por me importar
com os que ficam, com os que andam cegos em busca de um paraíso neste
mundo de fúteis ideais como escravos amestrados às suas
conquistas inúteis e irreais. Hoje sei que um dia irei voltar, porque as
vidas são cíclicas e as almas infinitas moléculas que se refazem e voltam
sempre ao lugar de partida, só assim me é permitido sarar as minhas feridas!!!
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
Hoje o dia amanheceu de tons escuros, ao longe
os corvos cantam, enquanto as bruxas aproveitam o seu canto e dançam!!! Há
almas perdidas nos ramos das árvores, elas vagueiam o seu luto chorando o
nevoeiro que irrompe por entre a folhagem caída …. Elas vem receber um anjo que
caiu das “alturas” , mas para um anjo errar é cair … Há pecados na terra , Deus
vive desolado…E Eu !!! Vou pensar mais um pouco… Esse pouco é em ti… Esse pouco
que vou pensar, será aí. Pensarei num beijo no sentir de lábios que não
conheço… No salivar de um sonho… Vou pensar , que serei o único homem a bordo
neste barco, por isso, irei uivar nos
mastros e abrir as brisas nas velas desta praia que há muito deixei repleta de
grandes vagas onde cintilam as marés à espera que vaza as planícies do silencio…
Há seres que trazem o mar nos olhos, não pela cor, mas pela vastidão da sua alma…Trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos, ficam em nós para além do tempo, como se a maré nunca as levasse da praia onde nos fizeram felizes…Há pessoas que trazem o mar nos olhos não pela sua beleza mas pelo infinito modo como abarcam as nossas vidas ...O amor não é cego , mas tem falta de vista!!! Ele sacia a sua cede no avesso fazendo a terra estremecer, levando as árvores a sacudirem os ninhos de penas que envolvem o seu telhado…Há seres que trazem o mar nos olhos mas eu apenas estou a encontrar-me à medida que me perco e já houve um tempo que este me parecia infinito, agora há tempo em mim que parece finito e volúvel…esta relatividade aparenta-se a uma besta voraz onde as próprias circunstâncias perdem a convicção por isso não ouso escrever sobre a extensão do tempo! Há seres que trazem o mar nos olhos mas eu conheço os sentimentos de esferovite…Eles reflectem-se nos olhos de quem finge passear nos nossos sonhos. Basta-me essa dor para também eu sepultar as palavras nos vossos sonhos!
sábado, 26 de novembro de 2016
Hoje vi o cabelo ficar-me nas mãos esvoaçantes dos passos largos pela areia humilhada. vejo o pôr-do-sol. com os pés descalços que recolhem das algas segredos de uma onda seca, parada, inconsciente. Na mágoa de uma recordação, um simulo um beijo salgado, trocado ali mesmo, naquele pequeno espaço, onde imagino palavras sussurradas na esperança de um amor !! Mas apenas e simplesmente sinto as ondas de uma ternura regular, cuja espuma não reluz nem acende as velas da alma. Esta onda impaciente fere o corpo e repugna por presença. No seu olhar límpido permanece, porém, a imagem de um pseudo beijo ali mesmo simulado no vão de mais uma onda...O sol que se esconde eleva o mar violento que grita. A noite instala-se acompanhada de um frio de outono que amacia as lágrimas que sangram. As mãos desistem de querer voar!! Faço agora os passos inversos, de costas para o mar aproveito o sopro de vida que vem do lado de lá da realidade. Os sentimentos parecem ter asas, solitários mas sempre fortalecidos, talvez seja essa a razão para termos um lugar reservado para as coisas mágicas. O coração!!
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Eis-me aqui debruçado sobre a muralha da vida construída sobre a minha alma em silêncio..Eis-me curvado pelo silêncio e pela fraqueza do meu ser, dependente do sentir! Eis-me vestido de lágrimas que me mascaram e lavam o olhar! Eis-me aqui sem eira imaginando um brilho límpido de feiticeira ...Eis-me repelindo o desejo que a cor do meu corpo quente me provoca. Hoje olho-me sem raiva para a incerteza e para o infinito incompreensível, por isso vivo em mim a essência que me eterniza...
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
Hoje
decidi falar e dar a minha visão sobre o silencio... O silêncio
impõe-nos uma barreira entre o que somos e o mundo externo. O silêncio é o
íntimo intransponível, em nós e pauta o nosso jeito de sermos. O
silêncio é o fim, é o começo, é o momento único em que assumimos para nós e
para o mundo quem somos e o que não somos. O silêncio não é o fim, mas pode ser
a salvação para uma vida mais tranquila e mais digna, quando não queremos nos
mostrar despidos para o que não vale apena ou que não nos convém... Mas
o silêncio pode ser, quando um beijo
interrompe as palavras. o silêncio pode finalizar a nossa
existência. O silêncio coloca um ponto final nas decepções da vida e nas
tristezas que não tem soluções. O silêncio pode terminar em lágrimas
escondidas, em pensamentos nunca revelados pode ser um talvez sim
ou talvez não. Moral da historia o silêncio pode ser tão relativo
quanto "ser ou não ser, eis a questão". O silêncio não é apenas o
fim, mas pode ser também o começo... E pode não ser!
terça-feira, 22 de novembro de 2016
Hoje peço-vos que me emprestem as vossas
memórias! Esqueci das minhas, no virar da vida, entre o tempo do nada e num
(quase) silêncio de quem outrora já fui. Digam-me , contem-me, acenda-me os
olhos com a luz dos vossos e façam-me ter a consciência que arrisco escrever
sobre a vossa presença... Poderia deixar aqui folhas reservadas para um nome em
branco, mas acredito que a memória deve ser gravada com letras e olhares,
digo-o porque a personagem criada por nossa imaginação, deve ser a atmosfera de
um sonho descrito. Todos aqueles que pisam no chão, mas que voam até a altura
das estrelas, tem lugar nos meus sonhos. É como se tivessem poderes de um anjo,
e pudessem desaparecer assistindo a aurora próximos à janela das portas do
céu... Descrever mais é exigir demais de minha capacidade de transformar meus
gestos em palavras. Peço-vos que não desvalorizem as palavras, estas, não cabem
na vastidão do mundo interior, perdem-se na agonia de não ser e acabam rompendo
caminho pelos dedos, simplesmente por não saberem mais para onde ir...
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