Hoje relembro quando era pequeno, que existiam mulheres que trabalhavam em casa de outros. O termo era , andar aos dias , e isso era fazer de tudo um pouco em casa alheia, numa condição de gente de fora. Desse tempo guardo a estranheza da expressão, a fragilidade dos vínculos e do contínuo vaivém. Quando homem me tornei, resolvi essa estranheza dentro de mim. Compreendi que na vida andamos todos aos dias, ensaiando entradas e saídas, agarrando por dentro e por fora aquilo que podemos, sabemos e sonhamos. Tem dias que são sínteses do que somos. Parecem criados para nos confirmarem e chegamos à noite convictos que as horas, todas as horas do dia, somadas, traduziram a nossa identidade e ao mesmo tempo a nossa fragilidade…É esta que nos faz ser aquilo que somos, únicos e imperfeitos, únicos e ignorantes, únicos e acutilantes, únicos que vivem aos dias!!! Sem forma de traduzir o que o nosso coração sente, pedimos emprestadas as palavras a quem escreveu um dia, aquilo que neste dia experimentamos, condensar em meros suspiros a nossa identidade!!! Hoje dói que as coisas passem, sem marcar as pessoas e é por cada instante que de mim foi vivido que busco um bem definitivo em que as coisas do amor se eternizem para todo o sempre…
sábado, 16 de setembro de 2017
quinta-feira, 14 de setembro de 2017
Há uma força qualquer que me atira para o fundo, que não me deixa emergir e expirar demoradamente. Tento perceber o que me agarra os pés e não me deixa ver a claridade de um novo dia, que já deve ter surgido no horizonte. Olho para baixo e uma névoa embriaga a minha visão , vejo de um modo afunilado e isso faz com que a minha razão desista pouco a pouco de lutar contra a falta de oxigénio deste interior de um nada que amedronta os meus movimentos pela vida fora…. Há uma qualquer energia que solidifica os pingos de sentimento do meu coração e me insensibiliza de tal modo que só o negro do vazio estremece enregelado junto ao meu desalento. Há uma dor hemorrágica que não falece, há uma dor, que vagarosamente serpenteia no interior do meu corpo. Os dias nascem em mim mas vejo-me embriagado , obrigado a esconder o sangue que me escorre pelo olhar com o recurso a um sentimento paliativo, que me é concedido pela necessidade imposta de não chorar jamais. E assim vou perdido pelo resignado penar dos dias!!! Mas, não choro porque mais vale aparentar a força do que transparecer uma fraqueza que sempre nos trai porque é verdade. Arrasto-me com um simples olhar por falsos sorrisos e abraços imperfeitos. Dou o nada que é tudo o que tenho para dar e espero que essa força desista de me fazer fraco e me deixe encarar o meu próprio insucesso, sozinho, na sombra vacilante de uma luz no horizonte... Fico expectante na sombra assassina dos sonhos que desenho timidamente em folhas brancas de papel, ergo os olhos aos céus e suplico que essa cesse a sua vocação aniquiladora da minha existência e que, um dia, me deixe emergir e respirar o suspiro de um amor…
quarta-feira, 13 de setembro de 2017
Hoje, acordei e caminhei descuidado na rua furtiva da ditadura que não
desmorona com a revolta... Sigo os passeios da guerra abrupta da desordem
embriagada nas revoluções em curso, faço este passeio como um fugitivo, um mendigo, pedinte de tantas juras ! Há rezas
perdidas nas confrarias do desejo, há fome de palavras proibidas,
mensagens interditas que os deuses rogaram na revolta do sol que nos incendeia!
Fica a vontade democrática da paz, sem direito a fome, sem direito a olhares,
neste céu azul inacabado que entra pelo mar…É neste caminho descuidado, que...Meu Deus, deixei rasgar as teias dos meus silêncios, vesti-me
de uma selva magra, consciente de passos imprecisos …Escondo a rota, resultante
da palha seca que queimou e secou os sonhos! Eu não temo pelas curvas da
estrada, eu teimo pelo findar da estrada, nunca tive medo de labirintos, devia
ter mas !! É no pânico que me acho , é na perversidade das castas que eu loteio
o suco que vai dando cor ao rosto que espelho
na revolta, desta guerra onde fiquei , esperando!
domingo, 10 de setembro de 2017
Hoje o meu corpo é apenas mais um, no meio de tantos outros que deambulam por esta camada física a que chamamos mundo. Mas !!! Não me permito a uma entrega leviana e oca de sentimento. Deitar-me com alguém pela mera necessidade física de me satisfazer é completamente diferente de permitir que alguém me dispa com o olhar e me transporte para um outro mundo, esse sim, talvez metafísico, de um nós, e não de um eu, em que a entrega é apenas a tradução física de um amor sentido e consentido... por dois!! se Amar é: “sentimento que induz à aproximação, afeição e Protecção da pessoa pela qual se sente afinidade.” Tal como diz no dicionário. Será assim tão simples? Se o é, porque sofremos e cometemos os atos mais vis e cruéis para com quem sentimos afeição? Porque nos afastamos? Porque infligimos dor e angústia em nome de uma qualquer razão ou um qualquer ideal? A complexidade que acompanha tão mui nobre sentimento é de tal ordem avassaladora que o ser humano não é capaz de uma total compreensão de si mesmo, e por isso age das mais variadíssimas formas nos momentos mais diversificados. Agimos sob a forma de anticorpo quando o dito sentimento se comporta como um vírus em nós. Se ao menos existisse uma forma única de como e quando amar, um guião que nos auxiliasse. Amar é a forma mais egoísta que o ser humano tende em ver realizadas as suas expectativas num alguém que não ele próprio. Projectamos no outro o que tanto precisamos e esquecemos-nos de certificar se o que se encontra projectado em nós exerce perfeita simetria para quem amamos. Ninguém está totalmente preparado para ceder, para perceber se dançamos ao mesmo ritmo; e por isso tropeçamos, pisamos, infligimos dor com a desculpa de que somos desajeitados e que dançar não se nos afigura uma virtude. Amar consome-nos a alma, amar é mais do que um verbo, amar é a perfeita antítese de tranquilidade e controle de nós mesmos, é querer sem poder, é ter sem direito, é saber e descurar, é ouvir e negar, é desejar sem limites, amar surge como desculpa para quebrar todas as regras moralmente feitas pelo homem. O Grande dilema é saber porque razão amar nos doi mais do que nos faz felizes...
quinta-feira, 7 de setembro de 2017
Hoje adorava
pesar verdades, abrigar um olhar a maturar, a crescer a dar fruto e
semente para voltar a semear...Adorava descobrir as luas seguras, que fintam as
estrelas no reflexo da pintura do sorriso polar! Cada vez sinto, que é
mais raro atirar pedras ao lago adormecido, por muito que nos questionemos,
jamais teremos as respostas que nos faltam, os sorrisos sem trevas, o
cortar das searas no entardecer das palavras, a vertigem do sonho a
renascer e a espuma das ondas reprimidas que não ousamos surfar... É neste
jardim à beira mar plantado onde vacilo entre a luz e as sombras, entre as
verdades e mentiras, entre as danças de corpos e a cama de metáforas que faço,
onde me deito espiando aquela estrela, lá bem longe brilhando e tatuando a sua
embriaguez no mais puro poema de amor sem corpos…
terça-feira, 5 de setembro de 2017
Hoje sei que os dias foram expulsos do seu tempo e não corrompem nas noites de lua envidraçada de escuro...O tempo perdeu o seu compasso,
deixou-se prender à liberdade datada nos finitos sinais da luz no olhar!
Deixo-me rodar sobre os risos amargos, reflectidos em espelhos
quebrados ...Sinto esse vírus a intoxicar, deixando por terra os sorrisos
abertos, neste barro que amasso e de que sou feito tapando-me os
poros, deixando-me à deriva sob os sentidos dormentes que o barro
aderiu nos meus segredos!! Hoje se os dias em mim , não tivessem sido expulsos
eu moldaria o verão da fantasia , o outono do desejo, o inverno do sossego e a
primavera dos sabores nas nuvens de algodão mas!!! Para quê moldar um mundo
novo se apenas tenho as minhas mãos para o fazer? Deixo-me ficar inerte de mãos vazias neste cais onde os dias foram expulsos e a lua envidraçou o escuro da
noite…
segunda-feira, 4 de setembro de 2017
Hoje, criamos florestas,
desenhamos árvores sem idade, criamos a noite nos gestos em vão de
procura do tempo em nós perdido, ausente na espera do amanha! A fortaleza
em meu torno é uma areia movediça, um oásis de sede florescente
de água derramada nos olhos...Cego de mim, movo o leme do caminho, percorro
nevoeiros de ventos parados em sombras sem terra à vista! Procuro arpoar o
afluente deste mar navegado, berço de muita gente naufragado. Avisto aves ao
longe, intactas de mim, alagam o rio escuro da nudez divina onde o meu destino
habita, sussurro mais uma onda, iço a vela, atiço o rastilho da
ultima pólvora escuto lobos marinhos, neste horizonte de tristezas
que a madrugada de magoas deixou à deriva nas nuvens maturadas de
graus inconstantes que ousei pintar na face do
luar...fecho mais uma noite nesta aurora que se avizinha de
palavras que o equinócio quis trazer até à minha Janela...
sábado, 2 de setembro de 2017
Todos nós
gostamos de saber se nos amam! Porque, ainda que assim não seja, preferimos a
ilusão cariciosa e doce, à verdade cruel que cobriria de cinzas do nosso mundo
, preferimos encantarmos-nos com a beleza das estrelas, ainda que não as
possamos tocar, do que sentir o escuro de céu opaco, vazio como a minha vida
sem amor...É melhor ouvir a melodia harmoniosa e distante que o vento traz aos
nossos ouvidos, do que suportar o peso insuportável de um silêncio que reflecte
na tristeza da solidão. Mais vale correr o risco de um desengano, do que viver
a segurança monótona de dias iguais, sem o carinho e a paixão que só conhece
aquele que entrega o coração. Para que todos saibam a mim pouco me importa
saber quem mais nos ama pois também há quem não se deixe amar...Por vezes seria
bom pensarem que a sombra não beneficia apenas uma árvore, ela também beneficia
quem sob a copa se instala . Gosto de pensar e sentir que me amam porque não me
imagino viver sem amor...
sexta-feira, 1 de setembro de 2017
Hoje, bem!!! Isto aqui está um caos
tanta incompetência junta , mas eu aprendo no meio desta confusão. Eu sou muito
calmo , embora seja um poço de stress!!! Mas não exteriorizo, é que só assim
posso sobreviver. As palavras muitas vezes começam a faltar mas !!! Elas
nunca podem faltar, senão, sufoco-me delicadamente e sufocam-me o olhar onde
todo o Sol , músicas, olhares que falam por mim, explodem fazendo-me acabar por ser como uma teoria do
Universo. Acabo-me por me transformar numa matemática não exacta no meio da
ciência, onde os átomos, hormonas se reflectem na respiração, nesta
arte abstracta no meio da matemática que nunca é exacta, hora
pulsa, bate, chora, grita numa mistura, numa confusão... Dois paradoxos! Muitas
metáforas! O meu caminho parece-me tão óbvio... Tenho tanta vontade de pintar
os quadros que nunca pintei, se ao menos conseguisse tocar com os olhos, olhar com as mãos
os cheiros do amor certamente que no final de um dia destes , conseguiria
escrever coisas que ninguém vê, silêncios escaços onde pintaria o dia e a noite
em simultâneo …Seja como for , eu penso tanto eu sonho tanto, mesmo que em
palavras, frases rápidas onde consigo sempre descrever o obvio …restam os
suspiros , as imagens ilustrativas do
quanto suave tento desenhar-vos em mim!
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
Hoje
aprumo os meus gestos largos de juiz, de braço cego na lei que persiste e
divide a robustez do chão que sulcamos. Hoje as searas que me agarram à vida,
afagam com a distância de um perfume de mulher! Imagino esse olhar, num verbo
que enfeitiça , que sopra e desembruma a espessura destas noites mal dormidas…Já
cai orvalho de luz na aurora que arrasta a lua, pela pele seca de sabor a nivea
que humedece a minha guerra interna, solitária que
de braços erguidos que travo…Há silencio no horizonte que verte em mim como uma
cascata as cores da tela que pinto! Tom a tom desvendo feridas nos olhos de
corpos despidos de magoas nas madrugadas
sem abrigo. Hoje decido eu, fiz-me juiz do amor, opto por amar nas pedras da
praia, tornando-as areia, arrastando-as no eco dos lobos marinhos que entoam no
leme à deriva! Quando não tiverem a quem
desvendar as feridas nos olhos , sei que irão saber como sorrir de vocês mesmos
…assim como eu hoje decido !
terça-feira, 29 de agosto de 2017
Hoje
acordei muito cedo mesmo, ainda era noite fui ao quintal, sentei-me no chão com a cabeça entre os
joelhos. Precisava de ar. Sentia a garganta apertada como quem tem um desejo
demasiado profundo de se enterrar na própria dor para a transformar
noutra coisa qualquer , pois ela queimava-me a pele… Meus olhos gritavam mesmo
fechados sem que uma lágrima os preenchesse. E foi então que a senti entrar.
Sorrateiramente, como se tivesse medo de acordar os meus sentidos dormentes ou
de atiçar simplesmente a minha fúria. Entrou lentamente, pé ante pé, demorando
dois segundos a compreender que eu sabia que ela estava ali…Meu Deus a minha
pequenina dizendo que estás a fazer pai!!? Bem apenas lhe disse que estava a
ver as estrelas …Ela não se conteve e disse Pai hoje não há estrelas o avô zé
ainda não acordou…Sem contestar as suas
palavras. O vazio da minha resposta era
o silêncio de sempre a percorrer-me as veias, como se pudesse chegar a todo o
lado e preencher cada célula do meu corpo….Como vi que ela não me compreendia
aproveitei para lhe explicar que tinha saudades do Avô Zé, ela exclamou só
agora tens saudade dele?! Fiquei de olhos secos que contrastavam com a minha cara pálida
da minha dor que não parava nem abrandava um pouco. A saudade, no entanto, já
se tinha alojado em mim, tomado de assalto o meu corpo… e ela queria que eu
chorasse. Abanei a cabeça a custo, respondendo aos seus desejos. Peguei na
minha Marianita e entrei de novo para dentro, a porta bateu violentamente
quando o vento soprou mais intenso. Por mais forte que seja a saudade ela não
era mais forte que o meu amor por ela. Não era mais forte que as minhas
promessas e não era mais forte que as minhas palavras quando um dia, há muito
tempo atrás, o meu Pai partiu eu prometi
não chorar e cuidar dos que ficaram…Sei que não é fácil compreender este tempo dilatado , este espaço que diverge entre dois mundos, nem sempre há resistência anímica de te ter apenas durante o sono, sonhos, por isso guardo-te como um anjo...
domingo, 27 de agosto de 2017
Hoje ninguém sabe das vezes que me silenciei, quando minha vontade era gritar, rasgar os verbos, sem os masturbar!!! Ninguém percebe!!! mas de vez em quando eu relevo algo, e finjo que não vejo, que não ouço nada. Tento agradar, mas a maioria só vê parte ... Quero mostrar a parte de mim, mas limitam-se a apontar minhas cicatrizes, abrindo-as mais, mais e mais. Não vivo nessa de querer agradar a todos, só tenho um medo absurdo de ferir alguém. Eu sei como dói...Nunca estive antes tão velho, os relógios giram-me na alma derramando ampulhetas de calma, tenho muros , em meu redor mas nunca me senti tão vasto nesta história contada por mim. Tranco-me nas palavras que me encerraram, faço silêncio para escutar , fico suspenso disperso esbarrando nas muralhas da fome do sentir que vai sendo o meu sustento...
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Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

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