quarta-feira, 3 de abril de 2024
Hoje a emoção que escorre, que se esvai. Foi a emoção morna, que deslizou, que lavou, que sujou, que não aflorou. Emoção que dissolveu, que misturou, que se cristalizou para então se liquefazer novamente. É essa força de vida que insiste em negar sua frialdade orgânica, equacionada. São as lágrimas de um ser há muito tempo incredulo pelos sentires... Um ser que não é, não chora copiosamente em sorrisos de chuva serena e imparcial. Vertendo as suas gotas de Existência... É que só és feliz quando não exiges nada da vida, mas sabes agradecer tudo o que a vida te dá, só és feliz quando reconheces pessoas especiais no teu caminho e fazes questão de as guardar no teu coração... Por isso digo, que somos felizes quando compreendemos que ser amigo é ser fiel, é ser companheiro e é ser presente, mesmo quando a outra parte se resguarda...Somos felizes quando percebes que vencer na vida é ser genuíno, é ter a consciência tranquila e ter paz interior, mesmo que isso te faça dobrar perante as adersidades ... És mesmo feliz quando aceitas que a vida te tira o supérfluo e te dá apenas o que precisas para gerires. Somos felizes, quando entendemos que temos muitos defeitos, e eu sei que os tenho, mas, também temos qualidades e que tudo junto origina alguém impar numa luta para sermos todos os dias melhores...É mesmo assim, as pessoas felizes, não tem tudo, mas tem o melhor da vida amor e paz...O resto batalhamos para conseguir, porque temos alguma força, otimismo e resiliência! É possível encontrar a chave da felicidade! O sentido de vida, a paz interior, porque há coisas que não estão à venda! O amor é sem duvida o nosso mais estranho hóspede, quanto mais nos tiram mais nos enche e eu, passei metade da minha vida amando os outros, esperando também essa retribuição que é uma dádiva, ser amado! Mas acabei por me dar conta que esse tempo, passeio desperdiçando-o e por seu turno, eu acabei des-pe-da-ça-do...Hoje sinto-me completamente imerso no silencio, deixei-me mergulhar nas suas águas, arrastado pelo seu curso de forma imóvel , impercetivel como palavras que se amontoam no nosso silêncio ferido! São os afetos engolidos na silenciosa implosão do sentir, fazem cair os desígnios nas recordações timbradas na vida. O que se ouve, são apenas ecos de portas que se fecham, mas que ainda permitem a passagem de esperanças e desculpas... Imperam os destroços. Não há vencedores nem vencidos, o respeito e o desrespeito apenas dizem de que lado é que o vento vai soprar...
sábado, 30 de março de 2024
Hoje desnudo o sentido do semblante, este é sempre o primeiro dos mistérios, num mero afago de alma para o meu olhar! Ele Atiça, perscruta, incomoda, estimula ou destrói. Há tantas possibilidades por detrás de um olhar ou de dois instantes trocados, onde tudo pode ser um título de eternidade... Eternidade essa a ser pequena ou grande, objetivamente, pouco importa, na instância de um fascínio sempre se basta por si mesma...Hoje sou um frágil obervador, deste semblante que apenas vê, como um escape de alma, a alegria de um corpo que se sente vazio demais para contemplar universo particular que se tornou tão infinito...Tenho traços valorosos, traços humanos contempláveis, vejo o semblante apaixonado como traços divinos. Mas!! Perdi a mão dos Deuses como quem lança o pó ao vento, e não passa das miragens. Este semblante é um paradoxo ambulante, pois se fascina, mastiga e edifica, consegue constranger, esmagar e fazer evanescer...Levo nas redeas das agruras de um tempo vivido, um semblante que acaba sendo nada mais do que um semblante... Por essa lógica, de mim, redunda a sanidade do fracasso retumbante dos apaixonados, porém, o semblante sempre será a mais divina e perfeita criação do Cosmos! Ingrato e frio que seja, nessa destinção uniforme e tão particular como um véu no olhar, reúne em mim todas as arestas perfeitas, notas de sonhos de todos os outros signos capazes de trazer o Céu à Terra... Esse é o unico porteiro nas portas da imaginação que me destrona e me faz ler e reler a minha ata de vida ... A beleza é uma instância que há-de perdurar para todo o sempre... Da Beleza nasce o Amor que, como fruto da nossa eternidade, não pertence a nós mortais como bem de posse, e jamais nos pertencerá de tal maneira. Questionar as razões de um semblante é incorrer em absurdo. Pena é quando, por vezes, aceitamos puramente os seus desígnios, incorremos na condenação de um sonho a um orgasmo infindo de Morte. O Amor, transtornado, também é capaz de matar em tristeza. A paixão testa, o amor prova. A paixão acelera tudo, o amor retarda... A paixão exalta o corpo, o amor cria o corpo. A paixão incrimina, desacredita, o amor perdoa... A paixão convence e desconvence ... o amor dissuade. A paixão é desejo das vaidades, o amor é a vaidade dos desejos. A paixão não pensa, o amor simplesmente reflete.... A paixão vasculha o que o amor descobre! A paixão não aceita testemunhas de nada, é individualista, o amor é testemunha de tudo... A paixão facilita o encontro e por muito estranho que pareça, o amor dificulta. No semblante de todos nós meus estranhos amigos, a paixão começa rápido,mas, o amor jamais termina...
quinta-feira, 28 de março de 2024
Hoje vejo bem, as pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui para satisfazer as delas…Embora muitas vezes tenhamos tentado! Temos que nos bastar, nos bastar sempre, e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém. As pessoas não se precisam, elas se completam, não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida... O maior elogio que eu poderia fazer a uma pessoa era dizer, gosto de ti muito além da minha imaginação, não porque aprendi a gostar, mas porque por mais que eu sonhe, há pessoas ainda melhor que o sonho, estão muito além da minha capacidade em imaginar…Mas!! Para ser sincero o que gostaria mesmo era de viver no próximo milénio, sim ai mesmo onde a felicidade for uma pequena pilula que se ingerem antes das refeições...Hoje sobrevivo deste sapateado nas palavras, que se formam alinhadas, ruidosas, metálicas, sensuais, quentes, serenas, leves , tornam-se reciprocas , sentidas, silenciosas portanto faço amor com elas todas, trocando olhares nas esperanças e incertezas envergonhadas nos sentimentos de felicidade que se tornam cada vez mais subtis ao sustentarem o olhar mesmo que este não seja de sorrisos …Hoje não consigo rimar nas palavras, nem fazer que se copulem nas diversas posições onde se leem de forma inversa em varias línguas, as silabas não gemem, mas fazem amor com as palavras , beijando-as , inventando-as no derramar dos segredos explícitos no acariciar das suas linhas sem metafisica …Sinto a voz, o cheiro, a cor, imagino-as simplesmente nos tremores dos sentires que em cascata se desfazem em versos neste rio onde desagua o cio das verdades! Esta monogamia entre os deuses é como enviar uma carta a alguém, ainda que esta se perca, ficam as velas acesas como pontos de luz no epicentro das condutas do olhar , pintando o amor como quem o colhe, degusta cheira ao encaixar cada palavra nos seus sonhos…Hoje opto por transpor cada palavra de mim neste livro sem folhas que a vida me levou a erguer os meus castelos, desenhar a utopia registado em cada suspiro , cada momento como um sonho de cristal...Espero que esse heroi consiga transpor esse castelo de cristal, feito de sentimentos, onde vou recriando as palavras qe a minha vida rasgou em cada pensamento que escrevi!saudade existe, como uma ruga na pele, aparece com o tempo, confunde-se com todo o nosso saber, nos foge das mãos, impregna-se com relevo no nosso corpo deixando marcas, profundas...
segunda-feira, 25 de março de 2024
Hoje o que resta é talvez, a minha sombra, essa espécie de vulto com que a alma dá guarida ao descanso improvisado. Digo sombra, como quem diz ousadia, que se realça como uma madeixa muito antiga, que o medo fez perder o tino, e a memória que nos guarda, quase impunes perante os desenhos de um corpo meio inteiro… O egoísmo ergue muros, onde o amor constrói pontes. O orgulho compara-nos aos outros, o amor coloca-nos no lugar dos outros, é uma justiça que nos pune e repara, resgata e redime, sem ética mas movimenta-se na direção do bem…Por isso o Amor é o bem em constante movimento! Há códigos de condita nos sentimentos mas o amor dispensa-os, não há nenhuma filosofia que tenha o sentido correto nos sentimentos , sejam eles quais forem, mas no amor, é ele o próprio sentido de vida para tudo! A sabedoria nas relações , sabe, descobre, ensina, abre portas mas é o amor que sente e ensina a amar, pois há muito boa gente que nunca amou nesta vida e não consegue valorizar um sentimento desses, por isso tem de se ser muito corajoso, para se viver nesse medo, ao contrário do que se julga habitualmente, o medo nem sempre é um assunto de cobardes… Para se viver no medo é preciso ter, de facto, muito valor…Quando estou só tenho medo de me virar demasiado rápido, para o que está nas minhas costas, no fim de contas, há palavras que não carecem de ação, e ações que não carecem de palavras, em silêncios que quase tudo falam chegam a parecer uma oração! O Amor chega a parecer egoísmo, ofende-nos, prende-nos, fere-nos e lá no fundo tem uma mão que te puxa lá do abismo mas faz-te alguém melhor para o mundo… A vida e o mundo de hoje em dia são, inevitavelmente, stressantes. Nós sobrevivemos, claro, cada vez desenvolvemos mais e melhores ferramentas para cuidarmos de nós próprios, para aproveitarmos ao máximo a nossa própria companhia, para cultivar o amor próprio que palavra cliché, não é? Parece que agora pegou moda, mas nem nunca devia ter saído de circulação, para sabermos namorarmo-nos e gostar de nós porque, se não gostarmos de nós quem gostará, mas!! Ninguém sobrevive completamente sozinho, hoje sinto-me como um medíocre sonhador, que nunca soubera sequer sonhar...
sexta-feira, 22 de março de 2024
Hoje prefiro ficar entre o frio da solidão e o calor de um sonho. Não quero que me acordem desta ilusão em que me deixei embalar. Eu caminhava perdido no meio de uma solidão sem nome. Já nem sequer me lembrava de quem era. Tinha todos os nomes que me pudessem vir à memória e não me conseguia identificar com nenhum deles. Testei o calor de um sonho, onde me encostava para fugir do frio. Era nesse abraço em que me perdia e não te encontrava…Tudo parece confuso, mas deixa-me ficar aqui no meu canto, não me acordes, deixa-me ficar entre o oito e o oitenta, deixa de contar os minutos. Não percas o teu tempo para parar o meu relógio. Ele já está tão atrasado que dificilmente irá um dia caminhar ao ritmo do vosso, deixa-o estar assim, deixa-o continuar no seu compasso. Ele já está habituado a este passo. A vida depois, no momento certo, logo o acerta. A vida é que lhe vai ensinar qual é o tempo certo para ele despertar. O que tiver que ser acontecerá numa qualquer hora. Afinal, sempre foi assim que vivi, entre o nada e o tudo. O nada que todos os dias acontecia, mesmo sem eu pedir. O tudo que eu visitava nos sonhos e que se esquecia de entrar na minha vida. Ainda que haja estradas, elas podem não se ter cruzado, eu sei que elas se olharam... E quero guardar um olhar como uma luz, no meio do caos escuro. Queria poder dizer que sonhar me faz bem, que parar de procurar nos olhos dos outros, uma certa parte de mim, e é ai que quero muito mergulhar, sem volta, nesse céu claro, em nascer do sol. Há nomes que se tornam como um doce preferido, que toda noite ansiamos por provar na imaginação que nos fertiliza. Não quero guardar mágoas, de sabores que não senti. Só quero lembrar da leveza do sentir, e de ser grato, pelo bem que me imaginaram fazer, mas sem querer me fizeram sentir. Se o que eu digo fosse arte, não seria de censura e é esse o nó que me confina a liberdade. Há ardência do vinagre nas feridas abertas da ausência, a luz, fere como um laser, teima em cortar a audácia dos sentidos, como palavras mutiladas pelo sufoco que não se ouve... Hoje colo com os olhos na bússola do tempo que se desgoverna, como a agulha magnética num Triângulo das Bermudas...Detenho-me na utopia do futuro organizado, que não existe, este corpo naufragado por onde me esgueiro, onde conheço o percurso em frestas e esconderijos, onde me aquieto em escuros, onde deslizo em algas, ondas, vagas, correntes e me transformo no casco, proa, mastro, porão, onde bebo em profundezas e me afogo! Sou uma mistura de sentimentos...Sou pedaços de céus com um punhado de terra, sinto-me oceano azul e o verde da montanha.Fico com a sensação que ás vezes estou muito perto outra sou deserto, porque sou antídoto e sou veneno, outras vezes sou presença e em outras sou ausência... Mas sou inteiro, metade, saudade, reflexo, breu e acabo por ser apenas eu...Devoro sorrisos e às vezes sou a lágrima ...Sou essa mistura de sol ardente com trovoada...Sinto-me tudo mas acabo por náo ser nada!
quarta-feira, 20 de março de 2024
Hoje vos digo que por vezes damos de caras com a coisa certa apenas quando fazemos a coisa errada. Da mesma forma que as palavras encontram sempre o seu lugar exato num texto, a vida tende a nos surpreender até nas esquinas mais inóspitas e sombrias. Procuramos ferozmente o grande esquecendo o minúsculo que nos surge por entre as linhas da vida. É certo que ambicionamos a grandeza, e está tudo bem com isso, mas adulteramos o simples, o pequeno e as amostras de luz que a vida nos dá. Durante esta fase em que tudo é tão temporário e impermanente, busco, tal qual muitos outros, manter o equilíbrio, a sanidade e não cair no esquecimento do que verdadeiramente se está a passar... Sofro por antecipação, cancelo planos, refugio-me na esperança em que a cura aparece tão depressa quanto a minha vida foi alterada... Mas!! Também equaciono-me, na tentativa de também eu me salvar, por meio de questões tão íntimas, mal amanhadas por falta de clareza e, possivelmente, sem capacidade de resposta. A vida não está a acabar, nem o céu, nem a terra, nem o universo, nem ninguém. Porém, há uma certa tendência para nos protegermos como que toda a vida ficasse suspensa por um fio. A montanha não é o seu topo. A montanha é a composição de toda a matéria que a constitui. Vou escalá-la, o topo é apenas o ponto mais alto que tem. O restante reside na base e que inclui toda a vida e não vida que nela habita. Apontamos muitas vezes o nosso olhar apenas para cima. É onde pretendemos chegar, eu sei! Todavia, teimamos em não honrar com a mesma intensidade a base e as pequenas coisas. Uma das coisas que aprendi ao longo da minha vida é que tudo conta. Os pequenos e os grandes. Os altos e os baixos. A força e a fraqueza. A queda e a ascensão. E que a vida, tão sábia que é, nos presenteia com o pequeno da mesma forma que nos incentiva com o gigante. Um ponto de luz, por mais pequeno que seja, tem a capacidade de iluminar toda a escuridão. A aprendizagem que estou a adquirir com o que estamos a passar de momento dita-nos em quem nos estamos a tornar. Talvez precisemos de reparar mais nas pequenas amostras de luz que a vida nos está a dar. É tempo de encararmos o simples. De transformar o complexo no acessível e ver, por mais empenho que isso signifique, a beleza única das pequenas coisas. Uma das coisas que mais cumpre bem o seu propósito da minha vida é a simplicidade, talvez essa Arte de Ser menos me faça ser mais...Não vou temer as sombras, elas só significam que há uma luz brilhando, ter luz não é sobre brilhar, é sobre iluminar e a alma tem um peso gigamte nessa luz. Tem o peso da música, tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita, tem o peso de uma lembrança, tem o peso de uma saudade, tem o peso de um olhar, que pesa como pesa uma ausência uma lágrima que não se chorou e esta sim tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.
segunda-feira, 18 de março de 2024
Hoje aparo os espinhos nas ruínas do tempo, arrastam-se pelas margens dos rios medido o sobressalto das encostas... Há palavras que latejam em nós, clandestinas germinando na nossa amargura elevando o alvoroço em percursos inóspitos dos nosso passos! Vamos soletrando as migalhas em gestos que nos vão fazendo erguer o olhar, como ânforas antigas que se enchem das sedes que de mão em mão, se vão tornando gloriosas. Os dias são fecundos, amadurecem como o trigo expectante que aguarda as a passagem das aves que chegam ao cais erguendo promessas… A mágoa, essa pode apoderar-se de nós nos passos incompreensíveis da vida por diferirmos, por discordar dos objectivos manipuláveis que alguns preparam com a vontade de nos asfixiar, mas!! Acredito que os caminhos da vida podem ser como a relva abundante dos prados verdes da Primavera, e que lá na frente a luz acabará por brilhar para todos os que chegarem de olhos abertos ao cimo da colina...Creio que o mais importante e simples do ser, é o que te constrói e revigora, sempre que deres um passo em frente nas linhas retas da existência vai haver um sopro para nos cativar!Mas hoje é nas intermitências do tempo que me sinto, opto por desbravar caminhos e, em silêncio, colho alvoradas suspensas nos sorrisos, com que me fecho, de olhos brilhantes quando me fixo, numa profusão de cores primaveris, como a que se instala no abraço dos dias...Os meus sentimentos são firmes, deixam rasto por onde sigo, continuarei a acreditar, mesmo que todos percam a esperança. Continuarei a amar, ainda que os outros gotejem ódio, continuarei a construir, ainda que os outros optem por destruir, continuarei a falar de Paz, ainda que assista a guerras, continuarei a iluminar, mesmo que me sinta no meio da escuridão, continuarei a semear, ainda que nada brote, continuarei a gritar, ainda que os outros se calem, continuarei a desenhar sorrisos, mesmo que no meu rostos resvalem lágrimas , transmitirei alívio, mesmo que sinta dor, convidarei a caminhar aqueles que decidiram parar, estenderei os braços, aos que se sentirem exaustos, porque no meio da desolação, sempre haverá alguém que nos olhará, querendo algo de nós...Mesmo num dia encoberto, haverá um lado onde sairá o sol e em qualquer deserto crescerá uma Flor...Mas!!! Se algum dia virem que já não caminho, não sorrio ou me calo, apenas aproximem-se que aceitarei, um abraço ou sorriso, isso será suficiente, pois seguramente me terei esquecido de que a vida é dura e me surpreendeu por um momento. Sei que sou uma das peças do caos da minha imaginação, estou de porta fechada, sem saída onde tudo acaba e começa, como um puzzle se faz de duas peças apenas, à margem dos sentidos que me mantêm cativo , lutando entre si como palavras que me querem decifrar para me dividir indignamente...
domingo, 17 de março de 2024
Hoje o que gostaria era ser totalmente absurdo, se é que sei o que significa ser absurdo! Talvez seja apenas mais um rotulo - que importa? talvez deixe de pensar tanto e, possa começar a rir de quem me rotulou. Eu adoro ser absurdo apreciar uma flor e e sentir-lhe a alma. Contar-lhe uma história, ou melhor, escrever-lhe uma, descrever o aveludado das suas petalas e pensar, enfim que a minha pele é ainda suave e que alguém a gostava de acariciar...Eu sei que vivemos um período de mudanças exponenciais a todos os níveis. Um tempo em que, se quisermos avançar, temos de fazer como a águia, fazer um voo encarpado de transformação profunda. As mudanças que enfrentamos não têm precedentes na história da humanidade nem na nossa, para lidar com elas precisamos, libertar de costumes, ideias, tradições, medos… O medo… Uma das grandes amarras que domina as nossas vidas nestes tempos de incerteza, quer a nivel profissional, emociaonal , social,medo do que nos espera no futuro, medo da mudança, medo da perda… O medo, como a dor, é um reflexo natural indispensável para a sobrevivência, pois permite detetar, de antemão, circunstâncias perigosas. No entanto, em nós humanos, o papel do medo evoluiu e expandiu-se para lá da sua missão de anteciparmos perigos tangíveis. Angustiamo-nos não só pelos nossos problemas, como pelos dos nossos familiares, amigos e desconhecidos, antecipamos situações, danos imaginários, ameaças futuras. Quanto sofrimento humano causado por males que nunca ocorreram! O nosso medo mais profundo é saber que somos mais poderosos do que qualquer expectativa, todos podemos brilhar, tal como o fazem as crianças. Quando deixamos que a nossa própria luz brilhe, damos inconscientemente aos outros a oportunidade de fazerem o mesmo, conforme nos vamos libertando dos nossos medos a nossa presença liberta automaticamente os outros, e isso sim é dar um passo para o amor...Investir no sossego do próprio coração é algo tão complexo por causa da sua simplicidade, por ser simples é uma das coisas que mais dificulta a nossa vida... Hoje quero apenas investir no sossego do meu próprio coração, e isso passa por não abrir uma brecha, que poderá virar uma represa, para alguém que não está disponível afetivamente para me amar...Isso passa por prestar atenção nos sinais e indícios que a pessoa dá, não te valorizar ou simplesmente te vulgarizar...O tamanho do seu sofrimento ou da alegria que ela poderá te proporcionar é muito descritivo do que tem para te oferecer... Posso até me sentir so , mas mesmo acompanhado, vislumbro as consequências das minhas escolhas e essas serão absolutamente sempre nossas. Investir no sossego do próprio coração é coisa que não vem com a idade, mas com a ideia de que se pode vivenciar um momento de paz e repouso, é desocupar o peito para abrir espaço para o novo, é entregar-se ao desconhecido com inocência e totalidade, é não ter medo de pronunciar verdades, é ser honesto consigo, com o outro, porque a pior tristeza no ser é aquela que não nos permite, encontrar uma resposta, algo que te faça entender as coisas...
sábado, 16 de março de 2024
Hoje recordo -me quando era pequeno, nessa altura, não entendia o choro solto das pesssoas ao assistirem a um filme, ouvir uma música ou ler um livro. O que eu não sabia é que as pessoas não choravam pelas coisas visíveis. Elas choravam pela eternidade que vivia dentro deles e que eu, na minha infantilidade, era incapaz de compreender...
O tempo passou e hoje me emociono diante das mesmas coisas, deixo-me tocar por pequenos milagres do cotidiano, que é na memória que a vida de faz contrária ao tempo. Enquanto o tempo leva a vida embora como vento, a memória traz de volta o que realmente importa, eternizando momentos...Pessoas, situações...As crianças têm o tempo a seu favor e a memória ainda é muito recente. Para elas, um filme é só um filme, uma melodia, só uma melodia. Ignoram o quanto a infância é impregnada de eternidade...
Diante do tempo, envelhecemos, nossos filhos crescem, muita gente parte. Porém, para a memória, ainda somos juvenis, atletas, amantes insaciáveis. Nossos filhos são crianças, nossos amigos estão perto, nossos pais ainda vivem, nem que seja em nós! Quanto mais vivemos, mais eternidades criamos dentro de nós. Quando nos damos conta, nossos baús secretos…estão recheados daquilo que amamos, do que deixou saudade, ddo que deixa saudades, do que doeu além dos dias, do que permaneceu além do tempo...
Hoje sinto esta capacidade de me emocionar na ponta dos dedos, sinto-me sensivel, vulneravel como se todos os meus compartimentos estivessem escancarados de alguma maneira. Fico sensivel com aquela música que ja ouvi no carro como se fizesse parte de mim, mesmo que passem anos, ha lugares, ha pessoas que a sua memória afetiva não obedece a calendários, não caminha com as estações, volta no tempo e faz-nos reviver sentidos...Dizem que o tempo cura tudo, mas não é assim tão simples, mesmo que o tempo nos leve daqui, seremos eternamente lembrados por aqueles que um dia nos amaram. O que a memória ama, fica eterno! Abrimos o caderno onde apontamos o futuro, Fazemos uns traços coniventes nas metas não cumpridasque sonhamos, fingimos para nós próprios, querermos erguer a bandeira da mudança, e projetamos um futuro para todos os sentidods, mas para o corpo juramos apenas os abandonos que a nossa alma deixa como arrependida...A par dos sonhos o fogo é inconsistente de esperança, a resiliência é discreta na letargia da pouca força que me resta...
sexta-feira, 15 de março de 2024
A noite começou a resvalar na escuridão. Os passos dão-se de uma forma frágil , na sombra que ofusca o céu . O ar esse , torna-se irrespirável, e por muito estranho que pareça, sobrevivemos na mesma, mas não queremos crer nessa simples possibilidade. À nossa volta o cenário da destruição extrema, começa a imperar, percebe-se que aconteceu uma catástrofe a nível global, social, emocional, porém, os pormenores os detalhes estão á vista de todos mas as verdades escasseiam. As pessoas escondem-se nos recantos cheios de sombras, longe dos cheiros, apenas inalando o arrepio do medo… Porque é no corpo e nas nossas necessidades que tudo começa e acaba. É o corpo que é real, e, paradoxalmente, só o compreendemos quando o perdemos ou quando ficamos reduzidos a ele, já pensara nisso? Sinto que a cada dia que passa, estamos, lutando pela sobrevivência da nossa liberdade é assim, passo a passo, segundo a segundo, pulsação a pulsação, vamos dando cor ao que não vemos mas que nos afeta ! É um tempo onde nos movemos sem rumo, sem saber a direção, sem saber nada. E não há ninguém para perguntar o caminho, é um caminho interno e solitário. Uma luta renhida pela lucidez, que começa nos gestos mais banais. E, ao mesmo tempo, o desespero de preservar a memória porque, acreditem, sem ela morremos de facto… Para um sobrevivente, a morte pode ser um consolo, quase um alívio. Para um sobrevivente, cada movimento dói, como uma chaga permanente na vida. Mas, em vez de se render ao abraço da morte, da desistência, o sobrevivente continua em frente numa obstinação que tem tanto de desespero como de instintivo.Percebemos, assim, que o mundo está cheio deles. Sobreviventes. A luta começa a estar no rosto do mundo. Podemos então olhá-la de outros prismas, conhecê-la, interpretá-la. Não com raciocínios, mas com as emoções à flor da pele. Não encontramos respostas nos livros, esses apenas contam histórias fazendo a história. O mundo começa a estar invertido o preto transforma-se em branco e o branco em cinzento. Todavia, temos mãos, temos tintas e pincéis, mas não há nesta vida quem saiba pegar neles e pintar… Sinto que estamos num novo começo, começamos a ver o mundo como se fosse a primeira vez, um ponto de partida, onde nem temos como mostrar o passado, o que foi destruído, nem há como trazê-lo para o presente, como oferecê-lo às novas gerações… Hoje percebo que o cenário mudou. Abre-se uma porta, para que surja uma luz, e devolva a crença onde tudo começa a parecer ruinas , porém, tudo fica diferente. Seria bom as pessoas voltarem a trocar sorrisos e palavras, coisas simples, alegrias, tristezas, estados de alma, talvez ai descobrissem o poder da partilha! Não sei se iremos ainda presenciar o renascimento do mundo, da vida, como se a vida fosse uma coisa abstrata, exterior, a nós humanos, que tanto experimentamos os sentimentos básicos dessa vida, como quem prova pedaços tímidos de sabores desconhecidos, do amor, da amizade, da mulher, do homem, da agressividade, da luta, da coragem, da partilha, do egoísmo, da solidão, da solidariedade, da cumplicidade… O medo, esse, é aquele que já conhecemos de cor, de tanto o vestir e levar pelos caminhos.
O medo, esse animal que se esconde na toca, encolhido, assustado, e que, ao sentir-se encurralado, se pode tornar comunitário, primeiro por desespero, depois,
por não termos como lhe fugir…Hoje estou assim porque o medo de perder me retirou a vontade de ganhar!
quinta-feira, 14 de março de 2024
Hoje trago as mãos fechadas, como se já não abrissem por ninguém, como duas asas paradas que não tem céu para bater…Vejo rugas marcando as minhas mãos, parece que vão deixando a alma presa a desenhar caminhos vãos... Vou aprender o caminho, sim aquele que vem do mar e vai dar a casa, onde a areia se desfaz, apagando vestígios das nossas pegadas no areal! Há sentimentos que chegam com as marés, á nossa ilha deserta , não trazem rotulo , memoria ou remorso, apenas sons que nos fazem recordar o como somos vazios e ao mesmo tempo náufragos de pedaços de céu… Todos queremos o nosso pedaço de céu, trazemos nas mãos notas de um som só, de um ritmo apenas! Há
anjos que se erguem dos sonhos, outros de asas erguidas voam rumo aos céus. Usam mascaras nas suas viagens, flores no olhar e dias claros de sol cortados a meio, fazem as primaveras, umas atrás das outras. Desenham dias redondos de luas em quarto crescente, projectando bocas abertas em busca do ar que nos escapa, partes de todos nós, sonhos que mantemos, prazeres de instantes em silencio, que nos rasga a pele de ausências em notas de um só som! As minhas mãos afagam a doçura e estendem-se gentis e tranquilas pelas horas infindáveis de muitas coisas passadas em anos vividos, abraçados num destino que transporta consigo pedaços de uma vida.Mas! Hoje as minhas mãos afagam a doçura e trazem sonhos e abraços de lua cheia, buscando ansiosas e aflitas o consolo da pele macia que retarda 0 prazer abraçado de tanta delícia sentida...
As Minhas Mãos, e não sei o que têm para contar... Estiveram tanto tempo sozinhas, que têm medo de falar...Do prazer que é tocar noutras mãos..Do calor que se espalha pelo corpo...Do toque nos lábios de alguém, e sentir um beijo na palma...Talvez estejam a sonhar...Talvez seja uma fantasia...Mas eu senti o beijo suave,macio, quente
na palma das minhas mãos...Que se fecharam para o guardar...Há dias que ficamos a saber que há mãos que assassinam a fé no amor!
quarta-feira, 13 de março de 2024
Hoje procurei-te em tantos sonhos ruidosos, sem que tenha percebido que tu eras o meu silêncio do amor. Andei por aí, tropeçando nos pedregulhos que a vida me ia colocando na estrada e nunca percebi onde estavas, mesmo ao meu lado, e hoje sei isso… Procurei-te onde não existe nada que me pertença e reclamava daquilo que a vida já me tinha dado. São as cegueiras que a razão nos impõe e que não nos permitem ver a realidade que está à frente dos nossos olhos. São o gritos da mente que não nos deixa escutar os conselhos da alma. E na verdade, só mesmo a nossa alma é que conhece o sentido exato da nossa vida. Tudo o resto são ruídos e sombras que temos que aprender a decifrar. O teu sorriso embriagava-me, mas a cegueira na vida é tanta que nem tu nem eu nos via-mos…Porque cada um só vê a sua realidade! Passamos os dias fazendo com as lágrimas um rio sem sal, um rio que nunca chegará ao mar. Afogamos tudo num sofrimento sem cura, e sei onde está o remédio … Procurei-te no deserto do mundo onde tu estavas na solidão da minha existência, tornaste te o pastor dos meus sonhos. É sempre assim quando não queremos ver a realidade que é tão nossa que já nem a valorizamos. Sofremos de dores imaginárias, que encontramos nessa floresta negra, que nos rouba a nossa própria luz e não nos alimentamos do amor que, nos estica os braços a cada esquina, que contornamos sem sequer reparar nele… Somos tão injustos com tudo o que a vida nos dá, que por vezes quando nos curamos desta cegueira louca já é demasiado tarde para vivermos a doce arte de sermos quem somos mas!! Procurei-te, procuro-te e só te encontro quando, tropeço num dos sonhos… Olho-me bem para dentro do sonho e percebo que tu nele habitas. Reconheço o teu olhar, reconheço o teu cheiro , o cheiro dos teus sentimentos e imagino-me a apanhar boleia nos teus sonhos, que me transportam a lugares que nunca havia estado, tu que me seguraste na mão para evitar a minha queda, fizeste-te de estrela dourada no meu céu…Eu já chorei de dores e nada me doía. E é essa a pior dor de que podemos sofrer, a dor de não sabermos onde nos dói. Quantas vezes levamos anos a fio a chorar pelo que ainda não temos, pelas dores de que não padecemos, sem perceber que só irá doer quando soubermos onde mora a dor. Eu pedia à vida tudo o que ela me destinara e que eu ainda não me dera ao trabalho de aprender. A lição da vida estava ali e no entanto eu não a compreendia, não entendia tudo o que ela me dizia. Hoje é nos pequenos detalhes que está a diferença das pessoas, são eles que nos mostram o verdadeiro carácter de uma pessoa, tanto para o bem como para o mal! Nas grandes ocasiões o Ser Humano mostra-se como lhe convém ser, nas pequenas coisas mostra-se tal como é, por norma é nos detalhes que mais reparo, defeito não sei se é mas característica é sem dúvida e acompanha-me desde que me lembro de existir. Tenho tanto de despassarado como de observador , tenho tido surpresas fabulosas de pessoas que não contava, e essas surpresas têm aparecido nos tais pequenos detalhes, muitas vezes em momentos nem sempre importantes. Mas ficam gravadas, pela surpresa positiva. Depois também há aqueles detalhes que surgem e que nos levam a descobrir pequenas mentiras e omissões, que muitas das vezes nem são mensuráveis e absolutamente desprovidos de lógica mas que nos dão uma leitura mais exata da pessoa e da sua essência , tenho assistido a pessoas a mentir "por da-cá-aquela-palha" e não consigo perceber a razão pela qual o fazem...para manterem uma aparência? Para se enganarem a si próprias? Não entendo de todo e como também não me diz respeito uma vez que sou mero espectador do triste espetáculo não questiono sequer o porquê da atitude...apenas me vou afastando cautelosamente porque quem mente num detalhe também pode mentir numa coisa importante...Acaba por ser com estes tais detalhes ...que vou fazendo uma seleção natural de quem quero ter por perto. sempre tive a certeza que a nossa liberdade termina exatamente onde começa a liberdade do próximo. Sempre tive esta leitura linear, sem grandes dúvidas.
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