sexta-feira, 22 de março de 2024
Hoje prefiro ficar entre o frio da solidão e o calor de um sonho. Não quero que me acordem desta ilusão em que me deixei embalar. Eu caminhava perdido no meio de uma solidão sem nome. Já nem sequer me lembrava de quem era. Tinha todos os nomes que me pudessem vir à memória e não me conseguia identificar com nenhum deles. Testei o calor de um sonho, onde me encostava para fugir do frio. Era nesse abraço em que me perdia e não te encontrava…Tudo parece confuso, mas deixa-me ficar aqui no meu canto, não me acordes, deixa-me ficar entre o oito e o oitenta, deixa de contar os minutos. Não percas o teu tempo para parar o meu relógio. Ele já está tão atrasado que dificilmente irá um dia caminhar ao ritmo do vosso, deixa-o estar assim, deixa-o continuar no seu compasso. Ele já está habituado a este passo. A vida depois, no momento certo, logo o acerta. A vida é que lhe vai ensinar qual é o tempo certo para ele despertar. O que tiver que ser acontecerá numa qualquer hora. Afinal, sempre foi assim que vivi, entre o nada e o tudo. O nada que todos os dias acontecia, mesmo sem eu pedir. O tudo que eu visitava nos sonhos e que se esquecia de entrar na minha vida. Ainda que haja estradas, elas podem não se ter cruzado, eu sei que elas se olharam... E quero guardar um olhar como uma luz, no meio do caos escuro. Queria poder dizer que sonhar me faz bem, que parar de procurar nos olhos dos outros, uma certa parte de mim, e é ai que quero muito mergulhar, sem volta, nesse céu claro, em nascer do sol. Há nomes que se tornam como um doce preferido, que toda noite ansiamos por provar na imaginação que nos fertiliza. Não quero guardar mágoas, de sabores que não senti. Só quero lembrar da leveza do sentir, e de ser grato, pelo bem que me imaginaram fazer, mas sem querer me fizeram sentir. Se o que eu digo fosse arte, não seria de censura e é esse o nó que me confina a liberdade. Há ardência do vinagre nas feridas abertas da ausência, a luz, fere como um laser, teima em cortar a audácia dos sentidos, como palavras mutiladas pelo sufoco que não se ouve... Hoje colo com os olhos na bússola do tempo que se desgoverna, como a agulha magnética num Triângulo das Bermudas...Detenho-me na utopia do futuro organizado, que não existe, este corpo naufragado por onde me esgueiro, onde conheço o percurso em frestas e esconderijos, onde me aquieto em escuros, onde deslizo em algas, ondas, vagas, correntes e me transformo no casco, proa, mastro, porão, onde bebo em profundezas e me afogo! Sou uma mistura de sentimentos...Sou pedaços de céus com um punhado de terra, sinto-me oceano azul e o verde da montanha.Fico com a sensação que ás vezes estou muito perto outra sou deserto, porque sou antídoto e sou veneno, outras vezes sou presença e em outras sou ausência... Mas sou inteiro, metade, saudade, reflexo, breu e acabo por ser apenas eu...Devoro sorrisos e às vezes sou a lágrima ...Sou essa mistura de sol ardente com trovoada...Sinto-me tudo mas acabo por náo ser nada!
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