domingo, 5 de junho de 2016
Sabem eu gostava que me poetizassem silenciando-me com beijos nus, sedentos, crus, e me enlaçassem em braços , gentis, de ânsia de contornos famintos e cobiçosos... Peço-vos falem-me das vossas ausências, das vossas carências, entretenham-me com nuances e enredem-me pelos verbos ansiosos dos vossos segredos, calem-me esta alma que me segrega os sentidos, deixem-me amanhecer em vós, aconcheguem-me, amem-me... Deixa-me acariciar-vos com o olhar... deixem-me sentir o sabor à romã nos suspiros, deixe-me ser a lua, revelem-se ... Poetizando a minha alma nua ...Eu sou espera eu sou infinito profetizo a minha essência nas reticências do além ... não sou indulgente sou apenas a luxuriosa sombra do êxtase dos meus pecados....
Afinal a vida foi, é...e será sempre um desafio na sequência sólida de percorrer caminhos que se ajustem à reflexão equilibrada e tolerante, onde os projectos nunca acabem, e se definam cada vez mais naquilo que queremos ser, e não no que os outros querem que nós sejamos... Perceber que reflectir e concluir são actos que não podem estar confinados apenas ao reflexo daquilo que experimentamos sozinhos, ou obcecadamente vemos nos outros, caindo assim na tentação de criar verdades absolutas agarradas a pressupostos com falta de equilíbrio identificativo da nossa própria vontade...Não podemos nem devemos querer para os outros aquilo que foram momentos nossos, e ajustados apenas e só para nós próprios...Eu sei que o Amor assusta muita gente ..Quer seja a falta dele quer vivê-lo!!! Muitas palavras que aqui escrevo vem de longe , passam por mim como se nada fossem , como flechas a rasgar o ar à minha volta … as palavras que aqui escrevo são vossas muito antes de serem minhas , são vocês que as escrevem em mim ao percorrerem o silêncio das minhas palavras…
Deixem-me despir a minha alma nos farrapos da vida, não vale a pena chorar por ninguém no fogo das silabas despertado pelo laranja da noite que transcende a mortalidade do sentimento...Quero a cor dos afectos no sorriso de cada letra quero a brandura do olhar em cada mensagem de paz quero a luz da fome em cada linha desta fonte incessante sempre inquieta em mim!!! Poderia eu deambular como um insecto na saliva do pólen , podia eu inventar mensagens que escondem segredos no sussurro trémulo da aragem...Podia até o diálogo perde-se na boca turva das dúvidas transpirando incertezas e então questionar-me onde moras liberdade? TALVEZ SEJA MELHOR NÃO SABER A RESPOSTA pois, se soubesse ficaria surpreendido pelo bolor dos sorrisos rasgados no mofo de bocas sem memória definhando falsidade vazia, sem história só lama e lodo numa trajectória única...
Solto as palavras à toa…elas pairam sem tempo indefinido no branco imaculado de uma folha como um borrão disforme, sem encaixe nem compreensão…Fogem de dentro de mim num sentimento que tem tanto de calmo e agitado, como de luz e escuridão. As trevas do que não sei cerram-me o olhar desviando as cortinas dos meus olhos. Não alcanço, não vejo, só sinto. Nesta dialéctica aberta, quase surreal vagueio pelas frases desconexas que almejo entender e rendo-me tantas vezes à evidência de nada ter e pouco ser…Magoa a impotência que se alonga e engrandece à medida que reduz a minha insistência a um mero esforço que aos poucos padece...E só quando exausto quase rendido encosto à margem; é que olho o deserto que me faz tropeçar nas fendas ressequidas dos seus trilhos...Fico assim despido de raciocínio e me aprisiono e me abandono ao rosto amargo do declínio, aceitando o fim da viagem…Tudo acontece...Cheira-me a terra molhada, este tapete de sementes vivificadas onde caminho regadas pelo mar em plena maresia. Antigamente esta energia arrepiava-me a alma…Hoje, acorrento-me à luz do entendimento que me agita, definindo bordados reluzentes soprando meras palavras…Os meus dedos espezinhados balançam frenéticos de confiança. Ignorando as cicatrizes, eles dançam traçando um rasto de esperança, e das palavras à toa a ferro e fogo lavradas, Permanece a certeza tão boa de que elas são o “TUDO” Dos meus insignificantes "nadas"!!!
Todos nós nesta nossa pequena passagem passamos um portão para o lado de lá , mas!!! Outras vezes ficamos no portão do lado de cá a espreitar o lado de lá do portão. É uma dor pois sentimos saudades no lado de cá do portão, sentimos medo do lado de lá do portão, choramos no lado de cá do portão, sonhamos com o lado de lá do portão... Esperamos no lado de cá do portão!!! Andamos de cá para lá, do portão. Parados na imensidão dos caminhos...E hoje pergunto-me quantos passos são precisos para fazer uma caminhada? Quantos gritos se ouvem quando a alma vai calada? Quanta força me resta à espera à beira da estrada? Quantos ventos sopram por dentro de uma madrugada? Quantas lágrimas correm na face beijada? Quantos calos tem uma mão calejada? Quantos rios correm na direcção errada? Quantas palavras se rompem sem sorriso ou morada? Quanto de mim me resta, se navego apenas numa jangada jangada? Quantas interrogações mais me vão chegar entre a saída e a entrada deste portão de vida...
Todos os dias sobe o tempo na ampulheta da vida em nós, e é nesse pó esférico que as palavras sobram debelando estáticos sentimentos que à deriva dão forma aos nossos pensamentos. É nesta dialéctica que os nossos olhos entrelaçam a luz, é nesta vertigem que entrelaço as mãos e ouso pensar numa pseudo presença do amor!!! Vivo num misto de música e poesia descrevendo a ausência de laços na porta que se fecha dentro de uma casa vazia! Fiz-me um dia céu neste regresso rasante de ternura , fiz-me um dia água nas correntes que o coração fecunda nesta natureza de tecelão de palavras, fiz-me silêncio que hoje ouso esvaziar em cada raio de luz que se expande no céu no turbilhão de cores que o meu olhar revela...
Hoje falo de desejo que provoca o inesperado encontro dos olhares… profundos e insistentes…Chamo-lhe a provocação, insana da negligência para as portas do céu! É um horizonte que se abre... Muitas vezes insólito...A mente devassa incita à dança, num jogo imprudente de sedução que não cansa! Os olhos se cruzam, se misturam, se penetram...Desmancham sussurros, suspiros soletrados em beijos ao ouvido, inebriando o desejo ardente, instigando e aclamando mais e mais...Com o desejo desnudam-se os pudores e abre-se o caminho que vai do ouvido à boca deliberadamente ! Os acordes dos corpos desprendem-se loucos da vontade suprema de possuir e a luz da lua subtilmente evidencia o contorno de dois corpos perfeitos, nus...Eloquentes! Despidos de vestes, medos e preconceitos... É impossível travar o ter coragem para recuar quando o anseio do toque avança...aquele que desnorteia e intensamente é sentido na ponta suave dos dedos. Lambidamente contornam-se círculos de prazer em harmonia e sintonia... Arrepiam-se os pêlos e pele ao toque… o cheiro libertado pelo toque frenético das mãos, da boca, da língua, que com preciosismo percorre cada curva, cada recanto... Cada concavidade dos corpos divinos, prendendo-se entre abraços e pernas...E num instante ecoam-se gemidos que rasgam o ensurdecedor silêncio, que suavemente, é despertado o gosto do perfume exalado, fragmentado pelo espaço que os enlaça!!! é na entrega dos corpos que a respiração cresce descompassada..O desejo é o palácio dos sonhos onde os sentidos se tornam homogéneos e dão lugar ao amor ...
Sou um ser em constante devir , já morei dentro de bocas, construí camas nos olhos salgados das conchas, dormi e acordei vezes sem conta entre virilhas suadas e pedintes …Mas!!! Nenhum lugar do corpo do mundo me parece melhor para ficar, do que enrolado nos olhares que mostram fome selvagem tomada pelo instinto humano… A vida é muito breve mas vejo que nela cabe muito mais do que estou a conseguir viver … Eu viveria em paz a plantar minhas frases no olhar de alguém vendo-as nascer como espirais na ponta dos seus dedos, em letras borradas que falam de coisas, em reticências eternas, que falam de amor pois a minha eternidade é apenas um relógio sem ponteiros que nos faz viver na sombra de expectativas por isso vou escutando o que o silencio me tem para dizer…
sexta-feira, 3 de junho de 2016
Hoje queria olhar as asas que guardei no armário secreto da minha existência. Queria neste silêncio apenas seguir uns passos, resguardado na invisibilidade de um anjo que protege o teu destino. Mas não apenas assisti ao pôr-do-sol ali sentado, com o olhar mergulhado no silêncio e repleto de palavras que esvoaçaram pelo horizonte . Hoje queria ser de novo a protecção de alguém, a voz que fala no eco da mente, sim essa quando se pensa, quando se escolhe os caminhos que se vai trilhar. Queria ser a alma, no derradeiro momento de pesar cada vontade, cada escolha acertada. Ser espiritual é bem mais intenso que ser corpo, é bem mais profundo que ser tudo, sendo assim nada...Mas!! estando em cada detalhe desse caminho. Não ambiciono a eternidade, apenas a presença constante que meu corpo não me vai poder dar. Ser vento seria tocar em ti apenas um momento, ser ar, seria apenas reflexo de um inspirar, ser anjo que guarda seria sempre poder estar. Afinal não nos tocamos, não existo na realidade ambígua que afasta os corpos dos destinos já traçados, então, que seja algo que sempre possa seguir contigo, que seja apenas aquele amigo, que cuida e protege a tua alma. Hoje só queria ser o teu anjo da guarda mas sou apenas uma chamada para o céu...
Muitas vezes procuro soltar o corpo e deixá-lo cair, como se fosse feito de nada... Procuro a eterna leveza que possa fazer-me atingir os céus num único bater de asas. Tenho a insustentável vontade de ser vento, pois muitas vezes dou por mim a pairar sobre a multidão, como uma alma perdida envolta num turbilhão de gente. Escuto lamúrias, ouço pedidos daquele que desesperam por soluções e tantas vezes me precipito em direcção ao abismo desses corpos em agonia…Tantas Noites me pergunto, questiono o sentido desta missão que tenho, gostaria de perceber os porquês, de entender os propósitos que fazem de mim um rol de letras, um manto de esperanças. Porque escrevo? Porque não me limito ao silêncio? Porque as minhas letras atingem as almas com a força duma tempestade? As questões sucedem-se, numa espiral de inquietações que agitam o meu mar interior, onde as tormentas são agora vendavais que o corpo não sustenta, esperando a cada instante pelo colapso total do espírito. Hoje estou assim num sítio nem sei onde perdido neste recanto do pensamento onde tenho valido aos outros a troco de nada, contudo persisto, insisto e mantenho-me vivo, alimentando-me apenas do brilho remanescente dos quadros pintados na parede esquecida da alma e fico assim procuro-me apenas!
Sabem quando o amor acaba? Ele acaba quando poesia desiste dos olhos, quando uma janela se torna janela apenas, quando as estrelas são apenas pontos no céu; quando o sonhar se faz tão-somente no intervalo entre os dias… O amor acaba pela reincidente aridez dos olhares, pelos laços que endurecem, pelos espinhos que se cativa, e pelas ferida que se cultivam… A distâncias que nascem entre nós e a vida, entre nós e o outro são a resposta!!! E o que dizer do amor que jamais morreu por não ter fim mas que hoje deixou de ser? Qual é a linha a palavra ou a essência que traça o limite entre o que éramos do que não mais seremos? Talvez o amor só deixe de ser por nunca ter sido o que havia de se tornar: amor…Sei que a minha poesia não tem o timbre de outros tempos e que quando a minha alma adoece, este mundo padece de dor, e tudo em redor se desmantela como castelo de cartas em dia de vendaval. Não faz mal, um dia a luz virá e do nada surgira de novo o caminho que desconheço o destino! Perdi-me do tempo em que facilmente encontrava o caminho hoje em mim reina apenas silêncio...Deus é mudo eu sou apenas seu seguidor…
Hoje apuro os sentidos estendendo os braços, como quem quer sentir o ar, saboreio o vento fecho os olhos e deixo-me voar. Deixo o corpo deambular pelo espaço vazio, percebo o nada como uma vaga que me contorna e se abre ao passar por mim. Ainda espero pelo encostar da tua alma, como um barco aguarda no cais…Reclamo aos céus pelo abanão suave desse choque terno entre peles arrepiadas de prazer de amor…Quem és tu que existes em mim, e vens, de dentro de mim, como grito, remexendo os meus sentidos, revolvendo a minha terra, como se semeasses o meu corpo com o teu fôlego. Não há espaço em mim para mais ninguém, confinei em mim a mais estranha intimidade de apenas te querer a ti mas…Hoje estou colado pelo inverso, pois somos agora uma só existência, uma única fragrância que paira no santuário do meu inconsciente. Enquanto te espero vivo neste infinito momento, em que nada mais há que o silêncio dos afagos… Por isso me recolho, neste berço de letras, por isso te escrevo todos os dias, alimentando a tua vontade, para que vivas em mim para toda a eternidade...Busco-te mereço-te amor que não encontro!!
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