terça-feira, 30 de agosto de 2016

Procuro-te nas cinzas do meu fogo que se extingue, mas numa réstia de esperança que me corre nas veias, grito na solidão que ninguém ouve nas minhas estradas onde se passeiam!!! Procuro-te…Nos restos perdidos da noite fria, lenta, de palavras abafadas que não me disseram ...É no fundo da minha alma cinzenta que solto a escrita que jamais leram, porque , procuro-te neste porão onde encovo as minhas lembranças, onde, desperdícios de goradas tentativas, vislumbram infundadas teorias de exercícios, de buscas a que me obrigas amor tardio ... Procurei-te em toda a parte em qualquer lugar… Se te algum dia encontrei foi num tom desajeitado de fazer de amar. Nas minhas juras despejadas com fulgor e nos gestos espontâneos que não me prenderam Até que um dia… O vento seque o sal da minha dor e disperse as sementes que de secura, permanecem em mim!!!Não me arrombem a entrada nem me tranquem a saída , sou como terra lavrada pelo arado da vida...

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Meus amigos sabem que é no silêncio das palavras que nos construímos? E quando estas são  escritas, e descritas em forma de sentidos é que a comunicação se faz!  . Sabem é nesta euforia da imaginação, nessa leve dedução, que arquitecto o mundo, ergo os meus braços aos céus e é ai que  roço os meus dedos no vazio, nas cores com que te pinto e crio, neste vazio chamado ilusão, onde todos os universos nascem da emoção. Mas nada é bastante, porque a sede é real. Não chega, alimentar-mos-nos de utopias, porque a carne clama a água abundante que a pele mantém por entre os poros suados…
Como eu gostaria de ser menos criação e mais palpabilidade, como eu quereria ser real e poder viajar num ápice e sentar-me bem junto a uma alma gémea, pegar-lhe nas mãos e desenhar a  nossa própria perfusão, excitação e com os corpos nus construirmos o êxtase que a ausência não consegue debelar. Áh!! como eu queria revelar-me, desatar-me e desenlaçar este novelo de sentimentos que ainda não vivi… Mas, este silêncio sufocante, este frio confiante  adormece-me nesta roda delirante que é a busca. Onde andas aparece e adormece em mim…

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Hoje sinto-me um mapa, e sigo as partes do meu corpo onde foram depositados beijos e isso é suficiente para chegar ao final em tom de memorias...Não sei o caminho de volta , procuro-o e tento confundir o adocicado do perfume dos beijos que outrora vivi, hoje sobre as frias palavras faço do amor um sexo de camuflagens...eu sei muitas vezes cresce, como semente plantada num chão ao acaso, a vontade de um beijo! E enquanto consciencializo esse desejo, estranho a agonia de uma fome, neste sentimento que se torna enorme e impreciso, preso entre a dor e um sorriso… Eu uma vez amei, eu uma vez beijei, e sempre o fiz com a verdade que trazia na alma. Era doce, lembro-me eu, ou arrebatado cheio de paixão, mas nele levava servido, o meu coração. Recordo-me assim agora, quando tudo pára e se agiganta à minha volta o pensamento e a minha cabeça fica à nora… sinto saudade, por ter sido verdadeiro, que num beijo cabia o mundo inteiro. Sinto a falta desse momento, dessa pequena eternidade na boca...que se calava porque mais parecia que todas as palavras seriam poucas…Não se reproduz, não se iguala, esta vontade que não se sacia nas palavras. E infelizmente esta fome não se cala.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Hoje amanheci na praia caído e olhei não para o céu mas para bem dentro de mim abri os braços ao vento, senti o coração bater com força. O vento sacudiu-me o corpo, soprou-me delicadamente e devolveu-me as asas. A vida tem me deixado de mãos vazias, com o coração cheio dor em lágrimas!!Grito-as e perco a voz no infinito, absorvi-as com as palavras que me beijam!!!As palavras são fieis ficam comigo nos inumeráveis e duráveis momentos que permaneço só...deixo-vos apenas o silêncio de um último olhar ...Mas !! até posso contar um segredo mas vou dizê-lo baixinho, como se as palavras fossem de silêncio e esse silêncio, som possuísse. Conseguem ouvir as minhas palavras? Não? Que pena!! Não posso falar mais alto... 
As palavras morreram?!Tresmalharam-se no turbilhão da vida, perderam-se nas sombras do desapego...Calaram-se as canções do meu coração.Triste mas sem lágrimas! Coração vazio...obscurecido...roga ainda por uma simples palavra, uma luz secreta que vive na memória do horizonte..Silenciaram-se os olhos que já não sabem sorrir... já não há paisagens de futuro a nascer na primavera dos sentidos... já não há poesia a visitar-me no silêncio das minhas noites...Foge-me a vida e a dor tatuada no olhar...quero escutar ...
Na vida tudo cabe nas nossas águas, a desilusão a felicidade tudo...Sonhamos com o céu mas!!! um retalho de céu não é maior que a página do livro onde o escrevemos...paginas onde tudo cabe, tudo vive, tudo se move, até as sombras. Quando pensamos somos algo, existimos, sentimos e simplesmente amamos, somos mais que um...Sentimos desejo e invocamos-lo em tons de palavras que voam nas asas da nossa inspiração. Proferimos palavras com ternura palavras de dor e de fúria!! Escutamos os ventos que sopram em remoinho arrastando tudo á nossa volta árvores florestas pessoas...Vivemos um outono cheio de folhas pelo chão...escutamos as ondas do mar saudoso que rebentam ao longe, o riso impensado de uma criança, frases se amor e gestos suaves que descobrem nas sobras as mãos que cartografam os corpos, descobrindo os montes, planícies e os vales de encanto no prazer no roçar de lábios perdidos no tempo... Estendo neste areal de pensamentos algo que tem vida no meu silêncio...

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Eu tenho um sopro na voz engasgado na garganta, uma música que eu não ouso concretizar, lágrimas que acovardadas não rolam, face árida e sobreposta pela solidão. Tenho um poema apaixonado que perambula pela casa, e que volta e meia me assombra, diz que precisa nascer antes que eu o faça morrer... Tenho uma noite de paixão misturada aos meus guardados, veneno injectado em minhas veias, e por mais que eu negue a saudade é ela que alimenta o meu coração. Tenho uma cicatriz esquisita, do lado esquerdo do corpo, que na mudança de tempo incomoda, suas marcas em mim; seus rastros em mim; seu cheiro em mim, são paixão que eu não ouso confessar. Todos os dias desfolho o livro de contos e histórias que eu trago comigo, lembranças sentidas, numa tapeçaria de vida inacabada, palavras que eu não consigo pronunciar. O corpo fala o tempo todo umas vezes confirma ou contradiz, palavras que são ditas e outras apenas subentendidas. É esta prática nesse exercício de vida que faz o diálogo acontecer entre duas almas ...mesmo que em silêncio se toquem e se sonhem!!!

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Hoje eu escuto sons nas palavras exactas, palavras comedidas, palavras enjauladas, mutiladas, desafinadas, sufocadas que pouco a pouco, a cada acorde, penetram pelos meus poros, tomando meu corpo e minha alma de súbito, sem que eu possa controlar. Mesmo assim fecho os olhos e a viagem começa, longa e profunda, para dentro de mim mesmo... Perco-me em meus labirintos e me entrego aos meus instintos. Meu lado humano, pouco a pouco, cede lugar ao animal que em mim habita, louco para se libertar. Não, não preciso de nenhum alucinogéno, nem de nenhuma bebida alcoólica.Não preciso de nada que me turve ou entorpeça meus sentidos. Pelo contrário, quero-os cada vez mais aguçados, como os sentidos de um animal que busca a sua presa!!! sentindo cada odor, pressentindo cada perigo e segue em busca de seu território. Saio de mim mesmo e sinto o pulsar do sangue em minhas veias. É o sentir intenso; pela minha própria natureza. As palavras entram, vibram, uma a uma, fervilhando o sangue em minhas veias. Se espalham por todo o meu corpo como partículas sonoras de cores vivas e penetrantes. Agora aqui hoje, eu , sou um texto e nele me desnudo. Sou o sentidos a vibrar!!! Sou o cérebro que os comanda com agilidade e destreza. Sou alma pura que transcende a identidade, a dualidade do ser, o humano e o animal, o racional e o instinto. Sou meio homem , meio lobo, a correr livremente pelo pensamento de quem me ousa ler!!! Sou um sentimento que eleva e retrai como um coração a pulsar, em seu eterno movimento, em seu batimento que traduz a vida. Ah! Que poder as palavras exercem sobre mim, quando as sinto me liberto das amarras que me acorrentam, das grades que me contem o animal aprisionado que sou e me faz ter sentidos cada vez mais aguçados, o sangue a fluir pelas veias...quente. Por todo o meu corpo, posso senti-lo a correr acelerando meus batimentos cardíacos. Abro meu peito sem medo e com todas as minhas forças deixo sair de mim um grito mudo, que provêm das entranhas do meu ser. Um grito animal, selvagem, que se liberta... e ouve-se um uivo profundo que se espalha na noite em que no alto escuro do céu a lua se impõem ....

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Hoje escrevo o som da melodia que ecoa suavemente no dorso de um sonho imaculado no precipício do universo ...Escrevi nas assas da brisa palavras roucas de prazer que invadem os sentidos a alma e o meu mundo...Como hei-de gritar o prazer que os sonhos me dão, como partilhar o que o destino esconde de mim ? Leio as curvas a contornar os caminhos que cegamente, me encaminham para o leito da tua foz!!! longe no horizonte não te vejo mas sinto e encontro obstáculos, lágrimas soltas, gemidos reprimidos de prazer ou mesmo loucura... como anseio ter as respostas certas... a formula de conseguir atingir sem sofrer !!! Esta vida é uma maratona de conquistas e derrotas um turbilhão de sentimentos que num momento não estão e de repente o mundo se transforma ...E eu!!! Enquanto isso Não acontece, vou-me evaporando no tempo que me resta… meras recordações de fragmentos do tempo cansei-me de falar em amor torna-se monótono torna-se igual a sempre escondido nas lua, nas estrelas quero algo diferente enfrento o mundo mesmo o planeta ...sinto que sou diferente pois o meu sorriso nasceu comigo é inato e debaixo dos meus véus imaginários vou adormecendo os desejos que sinto...

sábado, 13 de agosto de 2016

O meu coração tem asas que apertam a ausência, tem saudade, tem boca que solta palavras de solidão...Quando escrevo não pretendo ferir a sedução das palavras, nem arruinar os vestígios dos ecos que se soltam ao vento, luto apenas por traçar uma linha no infinito como um caminho até à foz de um rio...Não irei jamais fugir, da natureza que emanava de mim, mesmo que com esta forma de estar venha a incendiar os momentos por trazer sempre o verbo amar nos dedos, para transfigurar a minha escrita!! Mas não me julguem pois minha pretensão não é transfigurar as palavras esse é o caminho dos poetas e não o meu!!! Sigo os meus passos degrau a degrau… como se o céu me chamasse num voo que um dia sonhei, transfigurando-me a meio de sonhos inacabados , deixo que o meu coração vá esvoaçando ,  que busca a liberdade, da forma que quiser, que busque as respostas que precisa para que não descompasse, para que pulse sempre no ritmo da paz e da verdade...

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Hoje acordei com uma sensação de ter despertado de um sono que não era o meu!!!Não havia dormido eu este sono!!! Descontrolado , respirei fundo e o ar entrou mas não no meu corpo...Nesta súbita ausência me pressenti embrulhado em farrapos caminhando numa estrada sem fim , fiquei curioso! que caminho seria este e o que ali faria eu? sem ter respostas tentei e em silêncio regressar ao sono que não era meu ...adormeci... Voltei a acordar e ali estava eu de regresso da minha fuga instintiva de um momento que não era meu!!! Todos nós pelo menos uma vez na vida temos esta atitude de levantar e tentar mudar o dia...Por vezes ficamos tão pesados com a vida que precisamos de ajuda para nos erguermos ...Mas tem outras horas que somos nós a ajudar outros e essa troca me fascina!! As atitudes na nossa vida podem pesar muito no nosso coração, assim como palavras também pesam... Umas pesam muito, outras voam por aí de tão leves... Ahhh o peso!!! Estamos sempre medindo as coisas... Medimos palavras, medimos atitudes... Tudo numa balança interna composta de, coração, carácter, pensamentos e sentimentos.... Muitas vezes silenciamos em sonhos o que desejamos , o que somos por isso ouso a entrar nos sonhos dos outros...Como dizia Martin Luther King "o que me preocupa não é o grito dos maus ... É o silêncio dos bons" Qual é mesmo vossa medida???
Caminhamos sob a superfície da vida de forma desordeira porém é debaixo dela que o real se esconde!! Por baixo de onde caminhamos vivem os segredos que se revelam nas mentes inquietas e contemplativas de ouvidos atentos ao inaudível...Nosso Corpo aberto vive à mercê das sensações que emanam de dentro da alma e se desnuda quando a boca emudece de sons...Sons do silêncio se manifestam em cores e relevos mágicos que se compõem em poesia no ar num profundo azul celeste que entoam em suaves acordes, numa melodia de sonhos das nossas mentes de postura erecta em profunda meditação... Meu coração desacelerou, tranquilo, embriagado ao som da música da alma, que numa única e só pulsação explode de vida. Neste vale de emoções sinto os sentimentos que afloram numa suave aguarela que um dia ousei pintar propagando a beleza no mundo transformando a escuridão em luz e a vida no mais lindo despertar ...

Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...