Tu és a minha acendalha ...
sábado, 25 de novembro de 2023
Hoje quando acordei já estavam no cais, os barcos adormecidos das águas sem vagas… Só
ai o olhar ampara o sopro do vento demorado, que arrasta os sussurros
primitivos a cada degrau da escarpa navegada! Não há margens aqui onde habito, as
calçadas são desertos, íntimos a preto e branco, os candeeiros repousam as mãos
famintas na luz que alumia o artesão a
moldar as águas deste mar revolto a baloiçar nas paredes da encosta da minha casa!
Não estou a profanar as metáforas, por uma dádiva dos céus, não… Nem tão pouco
me agarro à vertigem das sombras que se instalam nas minhas margens, sou fruto
de um despiste quase inocente, se for a ver, há tantos como eu, procurando nas outras pessoas a felicidade muitas vezes em mentiras e
sorrisos falsos rodeados de verdades enganadas de vidas destroçadas em areias
movediças que levam e trazem os navios parados nas praias, as barcas vazias de
peixe, as redes espalhadas nas margens do areal
dos pescadores por coser…Há miséria e desgraça nas mentiras, vivesse inventando
imagens, de sonhos que escutamos em eco nas palavras como se fosse um jogo que
quem encontra primeiro vence, mas eu até agora apenas tenho ficado no pódio,
encontro sempre em segundo lugar! Posso ate lavar os sonhos, banha-los no
pensamento e na espuma perfumada da maresia, que graças à inercia das palavras
me acomodo sem partir e sem voar.. Eu sei meus amigos, é preciso soprar na
fogueira muitas vezes , mas se ela se apagar não podemos insistir precisamos novamente de uma acendalha…
Tu és a minha acendalha ...
Tu és a minha acendalha ...
sexta-feira, 24 de novembro de 2023
Hoje assumo que não sinto poderes mágicos, sim aqueles que nos libertam da desmesura do frio dos novos trechos onde desenhamos as palavras desconexas. Busco frases de algodão onde o sentido se desfie do gume afiado que dilacerou um dia nas minhas palavras o derrame dos sentidos… Não me sinto vencido pela surdez do gotejar de palavras proferidas dentro de água, tudo que existe serve para construirmos a nossa fortaleza, até os frutos das arvores desmaiadas nos dão o que a vida nos pede a nós próprios enquanto humanos … Todos temos queixumes, não podemos todos habitar no Edam, sempre houve o bom e o mau e umas vezes sobrevivemos outras não! Não invento sorrisos de hipocrisia nem de faz de conta, não fabrico o meu ser nem deixo que o confundam com este espectro que alguns cultivam, poro a poro, prefiro ter mais dor mas mais vida de verdade, abomino aqueles que dizem ser o que não são, mentem tanto aos outros como a si próprios … Hoje queria mesmo era escrever uma carta de amor, e nela dizer o quanto te anseio e quanto receio te perder, esse sim é um mal indefinido que persegue os humanos, gerando saudade, lembranças, sentimentos doces dos carinhos, dos beijos selados, da sombra que projetamos na rua … A vida se renova a cada dia, contudo é mais no silencio e na ausência que ela se figura e falsearei se não afirmar que é nas palavras que me escudo, mesmo que vá suspirando pelo embriago de distancias, é na sua continuidade que me deparo sempre, ela me ampara nas noites mal dormidas, nas luas eclipsadas que reluz a luz do meu interior…Hoje há cometas que deixam rastos, e nos vestem apropriadamente para o ritmo que nos embala o foco do pensamento e é nesse invadir, que nos ridicularizamos em escritos que nos espelham e nos fazem expor os sentimentos contidos do descuido das aparências que nos protegem! De ti , jamais esconderei o meu olhar, porque é ele que mostra o que tenho para oferecer, e que desejo viver… Eu sei que tenho tendência a me sentir vulnerável. Medo de me expor à dor. Medo de se sentir desprotegido diante das adversidades. Todos criamos uma concha, com muito esforço e cuidado. Verificamos se não cai, se não quebra e, acima de tudo, acrescentamos camadas dia após dia. Até quando menos esperamos, alguém aparece. Alguém disposto anos separar de todo esse trabalho que tivemos. Uma pessoa que está pronta para remover camada por camada, para te deixar exposto... Exposto a sofrer, exposto a ser magoado. Mas também exposto a ser amado. Exposto a sentir. É um estado de alma estranho porque nos deixa felizes e ao mesmo tempo com muito medo... Medo da possibilidade de destruir os sentimentos novamente... Todos os dias entregamos um pouco...um pouco mais... até arriscar e dar tudo! Abrimos ou coração e de repente.. quase sem perceber... Permimimos não ter o controle dele. Eé ai que nos tornamos vulneraveis por não saber se esse alguém cuidará como nós do nosso coração! Ao arriscar, encontramos pessoas que valem muito, e que te lembram, com detalhes, que você também vale. Pessoas que com um beijo param o tempo por nós. Isso faz-nos esquecer, por alguns segundos, que existe um mundo exterior. Que com um abraço te façam sentir que nada de ruim pode te acontecer. Temos muito a perder mas muito mais a ganhar...É como começar a encarar uma nova página em branco, queê temos que escrever, e não sabemos como, e, realmente não sabemos porquê! Sabemos que essa pagina está ali e em algum momento temos que começar, e cada pagina tem um formato diferente , é sempre um trabalho especial, dificil mas que teremos algum dia de o começar a fazer de novo...Por muito que nos questionemos, há sempre mais perguntas que faremos, para onde vão as palavras que não dizemos, para onde vão os abraços que nunca ousamos dar, para onde vão aqueles beijos que antes negamos por orgulho, para onde vão? As respostas variam de pessoa para pessoa, mas!!! A vida é muito mais fácil quando apenas deixamos o corpo agir, isso acontece quando esquecemos o que os outros vão dizer, e apenas decidimos arriscar... Não escondo nada, nunca ousei, dizer algo que talvez amanhã não consiga voltar a faze-lo ...
sábado, 18 de novembro de 2023
Hoje nesta noite em que te invoco, busco-te ao pensamento, na tua chegada errante, que soa tão distante, mas como uma brisa que me veste a alma e o espirito! Invoco, vestindo-me do teu querer, tu que estás nesse lado, sempre a meu lado, sentido o meu chamado e escutando as minhas batidas cardíacas … Invoco-te fazendo das Estrelas um manto onde se possa sorver os beijos que calam os desejos, embalados pelo céu estrelado! Olho a madrugada, como uma entrega derradeira na noite por mim Sonhada! Há dias de desencontros, e o desencanto é maior! O mar cala a dor, tece-se duro o destino, os gritos que se calam, das palavras que não digo, fazem-me dar passos lentos, seguros para traçar este caminho. O silêncio que emudece, torna o Coração bravio, deixando lutas sem sentido silenciar-se em pequenas memorias que salpicam levemente os brilhos cintilantes das historias que escrevemos… Mas!!! Surges inesperadamente na minha vida, não sei de onde, de que lugar, mas num tom meigo, docemente incorporando o meu mundo sem pedir para entrar! Tenho rasgos de sorrisos que poucos ousariam, conquistar. Vamos crescendo nos afetos, que aumentam ainda mais a partilha… Há sorrisos que valem mil palavras, mesmo quando nos pensamos ausentes, basta um sorriso para nos tornarmos unos… Hoje nesta noite invoquei o teu olhar, sonhei que te passava as mãos no rosto num gesto de ternura com os dedos ávidos desse trajeto que envolve os teus olhos e me fazem desenhar os meus no compasso das esperas que demoradamente se fazem lentas! Sinto este desejo para que me saibas, não me é possível imaginar-me sem o teu olhar, sem o teu sorriso, apenas te beijo e deixo no teu corpo o meu cheiro a espraiar-se em ti…As minhas águas desaguam em ti nesse teu riacho onde os dedos se enrolam em palavras e suspiros consentidos na comunhão do sentir…Solto-me de mim para em tua alma depositar o meu corpo que mo teu olhar se entrega na ternura da incerteza do amanha! Neste mar onde desaguo, existem muitas conchas, umas bonitas e doces outras rugosas e desfeitas pela erosão…Procurei durante uma eternidade as boas, mas não as encontrei…Até que um dia! A Maré me trouxe a mim uma, colorida, transparente, que se abriu e me fez sentar dentro dela para toda a minha eternidade. Hoje apenas reclamo sorrisos de mil cores, sorrisos amplos, abertos e brilhantes, sorrisos que me façam renascer, fuzilando tristezas dentro de diálogos articulados, que, me falem de vida, de cada instante, de amor, do renascer, de sentimentos esculpidos de ternura em alucinante rotação, e nessa volta, sentir a carícia de um sorriso à deriva na ilusão, sem travão, de sonhos que descarrilham no sorriso do coração… Quero sorrisos rasgados, latentes, insanos, desmascarados, queimando-me de desejo num manso crepitar de alma embriagada pelo plasmar do azul celestial que acaba num simples abraço do tamanho do mundo com o fim dos teus olhos…
segunda-feira, 13 de novembro de 2023
Hoje corrompo o meu sangue, destruo a minha mente, nado furiosamente contra a corrente, fico cego com a pressão, emociono-me com a fragilidade do meu coração, finto-me num gesto inconsciente, resolvo reescrever o esboço do meu rosto. Deixo as lágrimas percorrerem os caminhos que sonhei e comovo-me com as minhas carências... E cumpro...cumpro estas linhas, violentando-me, atormentando a minha mente em todo este silêncio, apenas se escuta o meu grito! Nada imploro, nada peço, mas não se assustem com a minha franqueza, sou apenas imperfeito...tenho tanto medo… Estendem-me a mão, quero percorrer com meus dedos os caminhos que elas traçam. Quero tocar, quero segurar e guardar, quero então e apenas, fundir-me na nessa pele… Quero esse cheiro, intensamente em largos sorvos de paixão. Quero provar a pele doce, e embriagar-me com a essência do existir. Olho esses olhos, eles, derramam a sua luz no meu corpo apagado. Quero vida , pode ser apenas aquela que conseguir abarcar e que me consigam dar…Quero-a tanto... Façam-me apenas estremecer com o toque dos lábios. Quero sentir o calor a voltar ao meu corpo… Preciso-te! Fui eu que um dia te sonhei. Aqui. Agora. Para mudar a minha cor cinzenta, e inundar-me de luz. Foste tu que me desenhaste. Para ti. Aqui. Agora. Faz-me viver! Dá-me o alento. Quebro a minha pele efervescente rompendo as amarras que me prendem! Existem momentos em que o beijo parece demorar... Demora-se como uma tempestade que se aproxima, abolindo o tempo e a vida que sem ti, parece parar... Os momentos tornam-se pesados nesse instante e a saudade torna-se cansativa...Consigo esperar...Claro, que consigo suportar a dor da ausência e imagino esse rosto desenhado num muro onde te revejo quando estou a caminhar, pelos corredores vazios que impedem a chegada e dificultam a espera.... Consigo suportar todo este cansaço para te alcançar e não descanso sem te poder tocar... quero tanto o teu regaço, quero tanto o teu calor, o teu corpo preenchido de cor e toda a exaustão que esse embate possa provocar... Acelero os ponteiros do relógio, e continuo a ouvir os teus passos na imensidão ensurdecedora do silêncio... sinto-me extenuado, mas ansioso pela tua chegada...Apenas para te abraçar! Adoro-te nas palavras mais simples e procuro-te nos textos mais complexos... O teu cheiro aproxima-se com a distância que rebenta nas ondas do mar neste final de tarde, enquanto suporto a dor das minhas veias dilatadas e inflamadas foco-me na chegada do brilho das estrelas que se deixam cair nesta noite sem luar! Hoje sou feliz porque para o ser basta-me viver e sentir a dor e a alegria da mesma forma, sorrio da chegada e choro a cada partida…Sou feliz porque sinto em pleno cada compasso que desenha a minha alma e cada lugar que vou preenchendo dentro de mim e de ti! Ser feliz é ter partilhas, ter o mar e o seu horizonte espelhando as estrelas, bebendo água neste horizonte que é o limite da omissão, e a ponte do coração!
sexta-feira, 10 de novembro de 2023
Hoje estou mesmo na fronteira , onde os sonhos se tocam... É aqui , neste local que os sentires se espelham... Onde os sorrisos se invocam, e os medos não imperam... Aqui, onde a vida surge intensa, vivida, sentida, de uma forma desmedida...Aqui, onde ninguém mais se afoita...Em lugares onde apenas, a alma pernoita, sim ai , onde toda a melodia não tem conta, nem medida, onde eu balanço e dou os passos que escolhi para a minha vida. E é dentro do meu ser, que eu grito e me revejo, e coloco no sentires a entrega de do desejo! Aqui, no fundo de mim, onde me encontro e me abraço...sem escolhas, faço traços, marco e desmarco o meu compasso! Sob a claridade pálida do dia, Sinto a chuva que de mim rompe, serena, morna e fugidia, salgada como o mar, como um manto de seda fina, que me acolhe e abraça gota a gota que me na boca se refina como um novo despertar… Abro os braços e deixo-me embalar no meio de umas pinceladas de cores radiantes, dessa doce melodia! Olho o espelho das duas estrelas dos teus olhos, num voo tranquilizante pelos planaltos desse dia que rompe…A vida é uma selva de sentimentos, onde por entre todas as formas de vida que aqui existem, há só uma, que em muitos momentos, me penetra os pensamentos, baralha minhas ideias, torna a minha vida como teias, teias de contos, de sonhos, ocupa-me a alma, rouba-me a calma. Observo as suas formas, como se alimenta, como sobrevive, como me tenta...Como aquelas gotas, gotas de orvalho, que escorrem por esta planta, esta forma de vida, vivida, amada, perdida, achada, desejada rega-nos os sentidos ... Desejo ser sempre a humildade que paira no ar, e na doçura de um olhar , escorregar os meus sentidos nesta selva, que é a vida. Alimentar-te com toda a água, tocar teu caule das raízes mais profundas, conhecer, descobrir esse lado mais obscuro, entender, como que sente prazer ao devorar, sem parar, o seu desejo, que parece não terminar, e é essa forma de vida que continua alimentar a selva perdida, a selva da vida! Hoje pergunto-me se te tenho, se és minha , se já alguma vez te vive e se te amo, eu não te digo… Se não falo, não entendem, se me falam, eu acredito…se me beijam guardo o sabor, se me afagam eu guardo o desejo!! Se me embalam , eu repouso, se me sonham eu desperto, se estão longe , mais imagino, se mostram distancia mais perto sinto! Há magias que não se entendem, e sem dar por isso , outros sentires se tecem com encantos de feitiço…Deixem -me falar apenas de amor, desse núcleo de gestos e cor que nos derramam nos beijos que extinguem a dor! Deixem-me escutar apenas o coração, ele sempre falou tanto comigo que quando se cala sinto que comecei a desfalecer…. Os dias ficam para trás, todas as portas se abrem, diante do homem adormecido que sou, porque o tempo é uma árvore que não pára de crescer, deixando diante de nós uma porta enorme entreaberta que só os astros cegam, tudo termina, e recomeça, como uma ave abro as asas na aurora onde o mar beija a montanha registando a claridade total do sonho...
quarta-feira, 8 de novembro de 2023
Hoje sei que apesar de tudo a vida sempre foi boa comigo, verdade , bastou-me saber que o meu coração, quando carregado de sombras, só precisa de se alimentar de luz, e é essa janela no meu peito para que por ela possam entrar todo o fulgor das estrelas e o invisível arco-íris do amor… Sei bem quem sou e sei que ainda não fiquei pronto, a vida está me fazendo, devagarinho. Os maus momentos criam arestas, e os bons momentos vão aplainando, alisando tudo que ficou rugoso … Pode vir o Inverno pois sei bem que ele não me tingirá de negro, nem de branco como a vela de uma jangada perdida no oceano , sei que ele me tingirá de azul como o céu . Não irei desperdiçar o resto dos meus dias nesta vida, vou vivê-los com a mesma beleza dum pôr do sol que tanto amo… De todos os cantos do mundo, é no que mais amo que assistirei ao por do sol , é nessa praia que me extasia e me despe que me unirei ao mar, ao vento e à lua! A luz desse fim de tarde teima em entrar de novo na minha janela, essa janela nova onde já algum tempo me encontro me impele a escrever e a fazer-me perguntas difíceis… Há coisas que não se explicam, assuntos que não se escrutinam e palavras que não se repetem! Não se repetem não por estar gastas ou velhas, não, apenas porque a ampulheta do tempo é maior que eu, maior que todos nós e maior que todas as palavras que se possam perpetuar nos dias… Hoje da minha janela , vejo uma nova aurora uma luz diferente mas igualmente linda e eu que sempre amei as janelas da vida e a luz que delas advém e nos adentra pelos dias… O livro da minha vida esse não é novo, é apenas o meu livro de vida que, independentemente das janelas novas , das auroras novas, dos crepúsculos novos, das palavras que não se repetem, é apenas o meu lugar comum como tantos outros que não se repetem tal qual a minha nova janela que abro e deixo que os tempos de novas palavras possam arrastar a luz e mesmo que diferentes, traga novas palavras mas igualmente bonitas … Como todos sabem , adoro palavras … Por hora peço apenas o silêncio desta janela onde os dias me acenam e sei bem que ás vezes temos de escutar o nosso silencio para observar as coisas importantes dos nossos dias… Deram-me o silêncio para eu guardar dentro de mim, que não troco por palavras, guardei-o dentro de mim juntamente com as vozes verdadeiras, que sempre promoveram a verdade. Hoje é o dia que me doaram o silêncio como uma palavra impossível, nua e clara como o fulgor duma lâmina invencível na forja da vida, guardei dentro de mim, todas as palavras que serviram de disfarce e que ninguém profere, acabei cansado pelos labirintos da mente que nem tentei desvendar, porque os mistérios do amor formam a alma que me transformou no homem que sou! No dia que não se conseguir trocar sentidos por palavras eu os guardarei dentro de mim e farei do silêncio o meu cais de destino, mas hoje ao silenciar-me irei cobrir-me de um manto e procurarei no firmamento da noite sem nuvens, sem luar entre as estrelas, a mais cintilante e mais bela, e, lá estarás, porque somos talvez o confronto entre o proprio e o improprio, e é isso que escondemos com todas as nossas forças do nosso ser!
sexta-feira, 3 de novembro de 2023
Hoje cessa-se a inspiração quando se esgota os sentidos!!! Parece um sintoma de uma vida em transformação!!! Gastam-se todos os suspiros de uma só vez, por não se ter mais nada a observar no futuro longínquo. É a vida que funciona a priori, intensa, até que nos expõe. Somos máquinas de colher solidão como aquelas que se usam para desbastar os campos!!! Deitado nas nuvens, vejo o homem que há em mim, dilui-se como água da chuva em terreno árido. Finda-se a ideia, em mim, de uma apnéia em seco !! O que aqui há dentro destas palavras não é leitura de se abrir os olhos, nem leitura de fechá-los à noite. Não é tortura de alimentar o ódio, nem saúde de curar os vícios. O que há dentro das minhas palavras , não é capricho de um corpo afoito nem sossego de um talento lírico. Não é rabisco de um papel marcado, nem um evento narrado em vida. O que há dentro das palavras não é sólido, nem líquido, nem gasoso, nem frutífero. Não é definido por sua natureza de estado, nem supostamente um estado de espírito. O que aqui escrevo é o que há em qualquer espaço, mas nada tem de química, nem física. O que há dentro das minhas palavras não é a métrica do quadrado, nem a convergência de um círculo. O que transpiro aqui são palavras inteiramente densas que de mim ver-to! São elas que me habitam, neste tempo imemorável , escondidas no mais intimo espaço da minha alma que embriagam a essência de mim , transformando letras em palavras...este o dia anunciado, a hora da desesperança Hoje fomos expulsos de um tempo julgado sem fim, onde os corpos se banharam indolentes e incautos, procurando o caminho...há dias sem um fio de luz, sem alento, sem consolo. Os olhos, quase cegos choram, tardiamente, a memória ardida, prostrada perante as cinzas que de nós se apartam…Afastados da vida, num devir atormentado que nos lança as presas onde já não há carne, resta-nos cumprir a pena aceitando-a como um bálsamo. Os meus braços, nos teus braços, geram abraços, esmagados, ameaçados, extintos, de estátuas de pedra que tomam agora o lugar das árvores caídas…São estas as criaturas inumadas em que nos transfigurámos, quando o amor não vence e levianamente nos soterra em sedimentos do nosso desânimo, ora resignados, ora alarmados, seguimos...com a granada dentro do peito, e é isso que nos faz ser poetas, caçadores insaciáveis de emoções, que nos brotam da alma como a nascente do rio que desliza suavemente pelos socalcos da montanha, a perder de vista… O poema nunca está completo, há uma sede de palavras, que não se mitiga em qualquer fonte, as palavras têm asas que buscam, silêncios, sorrisos, alegrias, amor, mergulhados no mais profundo do âmago, do ser… As nossas palavras estão em constante conflito de ideias e ideais, porque o poema nunca está completo. necessita ser cinzelado, afagado, como se fora uma escultura, mas deixa sempre o caminho aberto para uma nova fonte, uma nova sede, uma nova emoção. Nós nunca seremos completos se continuar a existir para além das palavras, o silencio! Arde em mim a sensação dos minutos sem fim como se tudo fosse inspiração doce,como se eu fosse alma e coração e tu pedaço de mim! reclamo a evidência perfeita, dos abraços ancorados, na submissão desfeita, do poder dos corpos suadosem todas as palavras eleitas dos versos já amados. Hoje escondo-me do infinito na escuridão, lanço as mãos na periferia de pequenos gestos em sintonia, na esperança de ver chegar um momento de felicidade de verdade. São os gestos delicados que me fazem sonhar com as melodias escritas nas pautas dos abnraços...Hoje traço um rosto no horizonte que reflita a luz no seu olhar das auroras e manhas, porque há estrelas que não vivem no céu mas brilham para nós como se o seu foco fossemos nós....
terça-feira, 31 de outubro de 2023
Hoje é a simplicidade que nos ajuda a viver, como uma transparente gota de orvalho que rega e limpa as folhas e pétalas , sem fingimentos e demais hipocrisias. Sem essa simplicidade, vive em nós um ser louco, que está sempre pronto a saltar como uma mola, virando o mundo do avesso com uma guerra que destrói todos os passos dados…E a simplicidade que comprime, as forças desmedidas, como a como a prensa que esmaga as uvas pra fazer o melhor vinho. Será que há alguém que consiga dizer que nunca odiou? Que se sentiu enganado até à medula induzindo o desalento como uma ira? Penso que não, jamais somos atores a mascarar falas e princípios! Somos sempre racionais? Também acho que não , mas !! Tivemos, aqui e ali, uma vida de intuição como a dos ladrões e das feras, sem ponderar nem prever, até cairmos imoveis de barriga para cima, como se uma barata fossemos…Confessemo-nos, talvez então seja melhor sonhar, banir a estupidez, a hipocrisia, a falsidade, o egoísmo , porque quem inventa um sorriso, e uma mentira, acaba por fingir toda a sua vida… Isto são engenhos que acabam por ganhar cama nas vidas dos mentirosos, a ponto de confundirem o seu ser, com o ser que fabricaram, poro a poro. Tenho muita pena destas pessoas, não são quem dizem ser, chegam a mentir tanto a si próprios como aso outros, malditos mentirosos….Prefiro ondas de verdades que se misturam nas nossas veias como murmúrios que nos cercam num vai e vem de melodias como se fosse rios unidos por uma valsa que limpa qualquer alma…E se o mar se abrisse de repente, e ousasse destapar-se , onde todas as gotas do oceano se juntassem num de repente que refletisse tudo num só gesto, todos os seres marinhos se vestiriam de algas para receber o neptuno que se espuma nos rochedos intemporais dos sentimentos , porque o tempo será sempre o próprio tempo que não passa… Eu sei que são os furacões que arrastam os navios, mas é as brisas constantes e amenas que conduzem -nos ao porto de abrigo que tanto necessitam … Chega aquele dia em que abrimos os olhos e nos sentimos noutro mundo. O dia irrompe com um especto incomum, pouco familiar, suprimindo aquele bem-estar tão característico das manhãs. Nem o cheiro da rotina é capaz de despertar o frescor das memórias, aquela intimidade estabelecida com o que lhe cerca. Diante do espelho, a imagem é meio embaraçada. A procura por respostas é irrefletida, demasiadamente vã. Diante o desconhecimento, o silêncio faz-se mãe de todas as ações, superfície que apazigua brandamente tudo o que nos rodeia, o corpo nem sempre responde direito aos sinais externos, como em um ato de fuga, em que tudo responde apenas ao ato desesperador de correr. O momento, ao se prolongar, evidencia a apatia pela qual se vira refém. A vida transfigura e estranha-se inicialmente este “virar de página”. O mundo se apresenta como se fosse a primeira vez, igual dia em que você abriu os olhos, logo ao nascer. É-nos apresentado este ciclo que gira interminavelmente, período após período. O corpo sente a transição, e fica deslocado, simplesmente perdido. A mudança de um dia para o outro é abrupta, não soa a fugaz porque um sopro apenas , rasura as texturas do ontem. Ninguém esconde as nuances de outrora, da simetria enternecida das memórias, que davam formas à vida, mudar é sempre entrar em um estado de êxtase, em um novo cômodo jamais visto antes, como um espetáculo solitário, apreciado por ninguém além de nós mesmos. É preciso crescer, ganhando nova forma, amadurecer e mudar são eventos pelas quais inevitavelmente todos estão sujeitos a vivenciar, mas fazer novas escolhas, seguir e definir novos rumos e prioridades são sinais de que a nossa alma está se despedindo de resoluções velhas. Você se sente em outro mundo, pois está adentrando em uma nova caminhada, rodeada de novas paragens. O mundo segue sem esperar, cabe-nos apenas persegui-lo, agarrando as oportunidades de crescimento que surgem diariamente, deixando para trás os dias velhos e dando boas-vindas aos novos dias, que estão de braços abertos para cós… O que pode vir a doer não é o que há no coração, todos os dias me dispo um pouco mais sem que me perceba e por muito incrível que pareça , nuo sou muito mais puro, e hoje fixo-me nos 8.6!
sexta-feira, 27 de outubro de 2023
Hoje regressei
ao cais de pés molhados, de olhar
despido, Comecei a escrever uma história que rompe-se a cada tempestade, como
um eco na eternidade…Deixo o meu sorriso cheio de tempo e verdade, que cultivo
em canteiros secretos onde brota terra de jardim, germinando as flores onde descansa o meu coração cansado…Semeio
verdade, nunca me esqueço das janelas e dos laços, espero
que o mundo me aconchegue na ternura do meu cansaço e os sorrisos sejam
punhos na alegria de lutar… Neste meu
caderno que aqui partilho, existo mais do que em pensamento e rascunhos, mas é
na ponta da caneta que os meus dedos se tornam corrente que me transportam para
longe , longe demais, onde as palavras gritam silêncio, nesta caminhada que se
tornou prudente , instigando-me de maresia como se esta, fosse parte integrante das correntes que descansam
no areal de todas as marés … Fico por aqui, nessa maré entre o refugio e o abraço
terça-feira, 24 de outubro de 2023
Hoje como é difícil saber onde pertencemos, uns acenam de um lado outros de outro e o bater do coração abranda , cada noite o sono foge a mil e cada esquina me descubro cada vez mais pequeno…Já quis... Já quis que o amor fosse louco. Já quis tanto que, de tanto querer, o amor me sabia sempre a pouco. Já quis que o amor fosse apenas insano. Já o achei sagrado e de tão sagrado que era, depressa se tornou profano… Já quis amor que nem me cabia no peito. Era maior que eu, e isso não condiz com respeito. Já morei em amores de instantes, já respirei amores ausentes, já tive amores distantes, fraturantes. Já deitei amor fora, por não saber o que lhe fazer. É que o amor não consumido, azeda, não se deve manter ...Já transformei amor em raiva, já perdoei um amor não correspondido, já achei que para ser amor só valia se fosse um amor sofrido. Já dei mais do que devia dar, já me senti o mais amado, já achei que tinha tudo, e já vi tudo transformar-se em nada. Já morei sozinho no amor, por achar que amar bastava. Mas amar os outros esquecendo-te de ti, é dar amor e ficar com nada. Já quis que fosse tudo. Tantas vezes pedi que desse flor… Hoje, tranquilamente, vos digo, para mim, basta-me que seja Amor. Hoje apenas me torno passageiro, de um sopro, que se faça de paz e vivencia na beira desta praia onde me faço na textura, do que ainda desconheço, mas me reflete no seu semblante com uma determinação irrepreensível! Só há uma saudade má que não podemos sentir, é aquela que não podemos ir a trás...Tenho servido meus pensamentos com serenidade e calma, tentando dissuadir as circunstâncias do que vivo para ser capaz de seguir adiante. Cada passo que tento dar , faço-o numa pegada suave que direciono meus esforços no entendimento da dimensão dos dias, que chegaram a ser tão letárgicos. Sinto-me díspar, como se tudo ao redor fosse efêmero, apenas e cada dia seguinte seja apenas um esboço desfocado. Pareço meio fora do trilho, em desequilíbrio com a ordem vigente…Coisa de momento, situação essa que me desorienta e me larga à margem, perdido e sem direção, segrego sonhos em um fino desconforto, já acreditei tanto neles, mas estes não me foram fieis, o meu bom senso desorienta me mais que os sagrados passos, este desalinho me altera, buscando encontrar o rumo, a rota para minar os temores e o cansaço dessa paralela busca… Arduamente luto para realinhar a órbita do coração, equalizo a frequência dos meus pensamentos, da minha larga sinceridade e meu colo tão denso e farto descalça-se sem o amor! Ando sem sintonia, sem sentir a sequência das horas, a passagem dos dias e dos abruptos momentos que, por fim, ignoram a minha saúde. Hoje apelo à minha alma, sedenta pelo sorriso derradeiro e pelo abraço caloroso de raros sentimentos, um momento de glória, uma ocasião onde os braços possam vibrar pela cálida felicidade. Tudo tem me deixado distante, longe em algum lugar, que nem sei bem qual é ainda…Á parte do que se segue, do que flui e nasce. Mas é com destreza que me vou desvencilhando dos elementos que lesam a frequência do meu sinal no mundo, com a vida. É uma batalha diária e franca, para novamente voltar ao eixo e seguir adiante. Vou de peito aberto e esperar a honestidade de um único ser… Às vezes é bom desacelerar, apurar os olhos para o quadro bonito da vida e perceber o que de fato é essencial para nosso crescimento.Todos os dias me vou disciplinando a isso, porque a nossa felicidade não está nas mãos de ninguém, mas claro que está dentro de um amor, e para quem tanto busca um, é talvez a coisa que torna a vida mais aprazível e enriquece as alegrias. Podemos ser felizes por nossa conta, mas se aparecer alguém para compartilhar a felicidade, seremos muito mais...
sábado, 14 de outubro de 2023
Hoje o tempo transforma-se como uma fortaleza de papel, onde todos os passos se resolvem em caminhos esquecidos, por horizontes que se erguem como livros arremessados! Antevi tudo o que me cerca, como se tivesse que esconjurar silêncios, que guardei do mundo quando estes me traçaram a órbita. Tenho nas minhas noites e nos meus dias os amores das estações, mapeadas em latitudes e as longitudes...Guardei tudo aqui, os pontos fundamentais que me marcaram o norte e o sul e o perplexo...Hoje vou dar-me a esta ilusão de uma noite lucida e depois parto pelos dias dentro, interiormente, como uma maré de um sentimento. Tenho na pele a nostalgia de um lugar perdido onde emergem grandes navios adormecidos no horizonte azul ferido. A morte dançam-me no olhar pensativo silênciado. Esta coreografia de lágrimas finda, escondendo na imobilidade dramática das palavras mentidas o diário da falta de senso que se transformaram em arranhões no ferro que fundiu as linhas do meu Mundo no fim do amor que nunca brilhou a recompensa de um destino.Ah! Enquanto eu desejava essa recompensa outros se escondiam em massagens divergentes, ficticias, mas eu lutava no labirinto dos efeitos e das causas pela diversidade das franjas que apelavam honestidade ... Hoje sinto tudo ao meu redor, o ar, o som, o espaço, o vazio, até mesmo a gravidade, sinto pulsar em mim, quando oiço o sangue dentro de mim a circular nas artérias, tudo me impele os sentidos, sinto-os como se sentisse do meu passado a dor do crescimento dos meus ossos, hoje vejo tudo de forma diferente, a dor não nos deixa ter os sentidos apurados, e quando percebemos o calor das inquietações, acenamos envolver os mistérios, jogá-los ao céu com o intuito de desembaraçá-los. Porque há mentiras que não nos esquecemos, sabíamos da sua verdade, o comum mortal tenta aguçar o olhar, e ao fazemo-lo os erros ficam salientes como colinas no nosso olhar, já não os conseguem esconder... perdemos os sentidos, o desejo, o medo, nada existe em nós apenas a mudança de olhar, um virar de olhos, um passo à frente e qualquer gesto muda tudo ao nosso redor. Como se a atitude principia-se a alternância do mundo, qualquer palavra se tornasse órfã diante dos nossos demônios... Queria tanto guiar o bom senso mas, diante de tantas reflexões, caímos dentro da realidade, sinto que o mundo não precisa de um alinhamento, quem precisa somos todos nós, tudo aquilo que nos torna humanos são delitos interiores, que decididamente me desorienta e acomoda. Não dá para ficar à parte. As maiores mazelas moram dentro de nós, a doença adoece o mundo. nosso olhar fatigado anui o câncer que vive à custa de nossa inoperância. Será possível domar o que nos eletrocuta com doses significativas de apatia? talvez , não sei, ao menos se a luta fosse abalizada com ternura, colhida com a maciez propícia de quem realmente se propõe a se curar, a dar vida às cores desbotadas pelo tempo, e mudar as vestes, esta mudança ornamenta os caminhos com legitimidade, com a essência humana e necessária para dar novos tons ao que se pendura ao redor. Chega uma hora em que precisamos ficar de mãos dadas, e firmes para suportar tempestades e atribulações naturais rumo à felicidade, percebemos finalmente que cada pessoa depende da outra para sobreviver, e que a união é necessária em muitas ocasiões. Abrimos os olhos e então finalmente não há mais diferença social, nem cor de pele, nem preconceitos tolos e ridículos. O que nos ajuda a perceber que na busca pela harmonia, pela paz e pela felicidade, faz-nos descobrir ferramentas capazes de encontrar isso com facilidade, e tesouros dentro de outros seres humanos. Aprendemos que o nosso melhor poder é a partilha da alma, justamente o de se doar aos outros, assim como os outros se doam para nós, numa infinita troca solidária de emoções, numa saudável interatividade e socialização entre almas, que no fim, buscam as mesmas respostas. Hoje chuva, fraca, respinga morna em meu rosto magro, de semblante abatido. Deixando este calor embriagar-se até o coração. Percorri a penumbra de uma rua assaltada pelo pavor da madrugada. Foi uma noite fragilizada pelas badaladas de horas vagarosas e impertinentes as gotas pareces pesadas rastejam aos meus pés sem rumo, sem direção, carregando em suas mãos a culpa pelo ato desvairado e descomedido que me assolou…O coração palpita quase sonolento, sofrido pela tensão suscitada, treme do frio que preenche o íntimo. As nuvens recolhem-se como uma cortina fechando o espetáculo e a conclusão é épica, mas trágica, um desfecho como o fim de uma leitura, onde o fim não agrada, como uma trovoada, Que fecha um ciclo. Abrupto. Revelador. Assustador, deixando os meus dedos convalescer diante do que restou, sem alento, sem cor… Basta um deslize e escorregamos, tombamos da tênue corda onde nossa diminuta alma caminha. A cada choque com o chão, estilhaços de nós saem como fugitivos amedrontados. Diante de tantas testemunhas, o impacto no solo não é só doloroso, mas vergonhoso...Caimos sozinhos, e só conseguimos algum retorno com treino adequado e intenso. Apenas com muita disciplina encontramos o ritmo e a sintonia do equilíbrio.A vida não abranda,o espetáculo segue ininterrupto e a plateia não suporta pausas, a programação não se altera e nada se adequa às nossas limitações, tampouco há reestruturação na estrutura do palco, este mantem-se velho e usado! Algumas dores ecoam muito a fundo, atingem tecidos internos da alma, a engenharia íntima dos nossos sonhos sofrem fissuras, em efeito à realidade da superfície tão dura. O caminho para a tranquila passagem sobre os fios poéticos da vida é antecedido por muita reflexão, por embates que põe nossa consciência diante dela mesma, os limites espelham-se, caimos com o choro cristalino do descernimento e nunca aprendemos a olhar apenas por dentro porque era apenas extrair dos olhos o proprio alcance, por mais que certas condições frustrem e nos coloque solitários diante dos desafios e do mundo, apenas nos tornamos humanos ao persistir, nessa tensão que é estar sobre a corda laça em que a vida tanto nos põe. Culpo dezenas de sonhos desenhados a carvão, culpo os espaços entre a luz, culpo os sons que desafiam o silêncio de uma casa vazia, culpo o que evelhece mais pela desilusão que pelo tempo, culpo a noite que me levou para longe!
sábado, 7 de outubro de 2023
Hoje é daqueles dias que, ao abrir os olhos me sinto num mundo diferente. O dia irrompeu com um especto incomum, pouco familiar, suprimindo aquele bem-estar tão característico das manhãs. Nem o cheiro da rotina é capaz de despertar o fresco das memórias, aquela intimidade estabelecida com o que me cerca. Diante do espelho, nem me conheci. A imagem é meio embaraçada, até a procura de respostas é irrefletida, demasiadamente vã. Não há um impulso apenas a intuição entoando os cantos da alma. Não há nada, de fato. Entrei num estado quase mudo, numa imagem furtiva que acalenta a alma. Ante o desconhecimento, da imprevisibilidade o silêncio faz-se mãe de todas as ações, superfície que apazigua brandamente esta aflição. É um estado erradio, em que o corpo nem sempre responde direito aos sinais externos, como em um ato de fuga, em que tudo responde apenas ao ato desesperador… Tudo promove o prolongar, na evidencia do qual nos viramos reféns. A vida transfigurada impõem-se dia apos dia, o mundo apresenta-se como se fosse a primeira vez, igual dia em que abrimos os olhos, logo ao nascer. Somos confrontados e apresentados a este ciclo que gira interminavelmente, período após período, só que o corpo sente a transição, e fica deslocado, simplesmente perdido. Ninguém nos compreende, tudo é abrupto nem tempo poderemos ter de despedir de quem mais gostamos. É tudo muito fugaz. Somos apenas um sopro que se aparta nas texturas de ontem. Nem tempo houve para me desligar das nuances de outrora, da simetria enternecida das memórias, que davam formas à vida que tinha…As nossas sementes são regadas todos os dias, as quedas e experiências que moldam a alma, o corpo, mente, tornam-se professoras de diversos aprendizados... Todos os dias nos despedimos de partes que já nos representaram. Mudar é sempre entrar em um estado diferente como um espetáculo solitário, por ninguém apreciado nem mesmo por nós mesmos…Somos senhores de nossas reclusões, cegos desnorteados, de sensações impares, reféns dos delitos cometidos pela inconsciência, dos pecados vividos na mania de sentir e deliberar tudo o que se distingue pelo território que nos circunda. O tremor inconstante do imprevisível pousa dilacerante, estremecendo as bases do nosso peito. Somos frágeis na força, fortes na fraqueza, impávidos no amor, somos humanos apenas…Obrigado a todos os que por aqui estiveram… Uns de mim, dirão coisas imaginárias, outros, nem por isso, talvez porque não me sinta uma unidade de instantes mínimos, seja feito de vésperas e dias seguintes, sempre ciente da expectativa que a véspera me trás e da realização que o dia seguinte me pode trazer...
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