sábado, 28 de setembro de 2024
Hoje o tempo corre na nossa margem, e sem nos violentarmos, voltamos costas ás desordens pré-estabelecidas que as palavras e os seus multiplos silencios descompassados nos deixam nas mãos...Apredemos com essa forma de estar, a habitar, nas catedrais vazias do nosso olhar, no abstrato da vaidade que nos deixam infinitamente frágeis e pobres perante o imprevisto...Estou cansado, atingi hoje o mais um limite,que está continuamente a ser renovado, hoje gostava de comofecha os olhar, como quem dorme deixando de existir! O cérebro, não tem força para retomar o controle do resto do corpo órfão! Sinto falta do verde das árvores, neste caminhar que ignora a perfeição até de forma ofensiva, da cinza espalhada pelo caminho deste bosque... Eu gosto de me lembrar dos amigos, isso gosto, e sinto saudades deles todos, e é desse modo que diariamente lhes reafirmo a minha fidelidade. Assim, só em lembrá-los, os amo. Amo mais gente, como negá-lo mas excluo o adverso, ainda que, cada vez me sejas mais disperso e ilegível. Muitas vezes, embalo meus vivos, os meus mortos, muito junto do coração, e rio, e choro...Este misto de sentimentos que colidem no meu olhar quando , ouço música, vejo um filme, ou simplesmente naufrago na intensidade de tudo o que cabe num simples pensamento ou até mesmo num poema! Os poemas quase sempre estão a abarrotar de tragédias, pressinto-as, mesmo que belos, os versos sejam, por isso cada vez mais, admiro os poetas que leio que já li, são magníficas as cidades que os habitam, em momentos de lenta clareza é possível alcançar, sob uma luz imprecisa, a janela de uma dessas cidades...É ai que, julgo poder apanhar pequenos fragmentos da luz palavras que devoram o prorio criador...Somos feitos de palavras, elas são a nossa única realidade ou, pelo menos, o único testemunho da nossa realidade! As palavras são agora árvores altíssimas, tão altas que seus frutos existem apenas para além da extensão dos meus braços... A luz que delas irradia é sombria, mansa e misteriosa como os dardos luminosos que caem na floresta, ao sol pôr. É um inigma cada letra do alfabeto cada voz que se desnuda, lhes dá um tom diferente, junto todos estes ramos caidos destas árvores, como lenha para acender o lume do poema que percorre um manto de silêncios carregado, de vegetação rasteira, sob os meus pés indecisos...
domingo, 22 de setembro de 2024
Hoje com ponto por ponto, vou costurado, a fachada deste meu coração, mesmo sem nada ser espontâneo, mantenho.me no caminho sem ceder ao desvio, para no sinal de hesitação, mas… sei que não. Leio-me sem pausas e sem pressa , pois o trilho que percorro ainda tem luz para penetraer no meu coração... Imflamam-se os vitrais do olhar, desta vista cansada de espaços, numeros, silêncios onde as palavras nem sempre são juvenis! Deixo continuamente um espaço em branco, entre linhas como um verso em declinio nas estrofes que precedem o infalivel ponto final que com idade, são como espinhos ou pequenos ciclos que nos mostram diferentes visões de um mesmo caminho!
Como se apenas mudassem as janelas por onde espreitamos, mas fossem os mesmos momentos os visitados, bem como os olhares a visitá-los. Quando as mãos se reencontram
o tempo, ficara gravado por entre os dedos, sonhos que se não fizeram, sequer se ponderaram a pulsar de intensidade, como se chorar, assim, sem vergonhas oferecesse um amanhã, para, outra vez fazer tudo bem, ou talvez aprender mais um pouco... Sinto que somos donos de um privilégio, quando escutamos o nosso interior, e a isso eu chamo de, alquimia onde e teimamos em asfixiar o pensamento. É neste agora que perante todas as estradas só podemos decidir ir frente, por uma qualquer mas nunca esquecendo de onde viemos! Se conhecer-mos outra dimensão, que uns lhe dão nomes que não entendemos, como vamos conseguir juntar as peças todas e construir-nos de uma só vez?!
É tao confortável sentir-me em silencio, atirar as minhas mãos, e desafiar o vazio… fica mais fácil, desprendo-me do sentido e aceito-me por um momento, as mãos libertaram-se do momento e fizeram o passeio do tempo. Entre o nada e o agora, poucas coisas são tão belas como a liberdade. Um forte abraço com sabor a tudo percorre o sentido das letras que se juntaram, o imediato parece diferente, visto de perto! Sonhámos com montanhas, porque lá em cima tudo parece possível. Pois quando alcançarmos a planície seremos apenas uma memória. As mãos baixam, o peso dos dias, aniquila a imagem do sonho foi tanto e depois apenas tudo aquilo que é.
Hoje tenho em mim a cor dos tempos, desse feito de momentos, em que os sonhos eram querer e a vontade era poder. Tenho as lutas e os instantes, em que o exausto me quebrava, pelo medo dos passos que ensaiava. Tenho os risos e alegrias, dos momentos que busquei e o orgulho assumido, concreto e tão definido de tudo o que conquistei.
Tenho as dores do que perdi, dos meus sentires intrincados, das palavras mal empregues, dos sonhos alinhavados. Tenho universos de estrelas, em brilhos de amizade, partilho sentires feitos de verdade e isso para mim é morrer de amor e ainda assim, continuar vivendo!
quinta-feira, 12 de setembro de 2024
Hoje o rugido mudo das estátuas de pedra e ferro, na minha vida pulsam neste turbilhão de gente apressada, talvez seja o sol ou a sua Luz excessiva, talvez, não sei!
De súbito, espalha-se no ar o desalento de sonhos mal nascidos, mas, os passos passam, traçam roteiros nos olhares que mal se cruzam, que mal se tocam nestes mapas de vida onde as linhas pateticamente paralelas se refugiam, solitárias, ao som de pequenas notas musicais. Aqui na rua debaixo dos candeeiros desabrigados, que acendem-se em falsos sossegos e o chão, converte-se num imenso tapete rolante...É ai que as minhas utopias, descem dos céus pela gravidade que me amplia e abrevia na distância que o meu nome carrega na secura dos labios do desassossego ... Tem dias que engulo a vida como um chuvisco onde a voz derrama-se no coração num ruido de tudo debaixo de uma claridade de ti minha filha...E inspiro, e expiro mais devagar, não vá a aragem querer desdizer, como tantas vezes desdiz, a consistência do instante. Nenhuma palavra ousa a subida aos lábios. Fico imovel, como vidro frágil de candura e silêncio, que pouco me define...As minhas mãos mendigas, as nossas, agarram-se à insuportável ternura dos dias, que tanto tem faltado paulatinamente, apenas pergunto porque!? Sinto-me longe, do lado aveso do coração , mesmo estando na sombra do equilibrio das mãos que razam as folhas caidas que o vento arrasta nas vozes que nos libertam de uma existencia minima...
terça-feira, 10 de setembro de 2024
Hoje já dentro do setembro volto-me para trás e vejo-me e invariavelemte, tb vejo tudo o que levantou a mão e disse adeus, nas margens deste rio que corre a nossos pés e corre agora vasto entre nós sem nome, que qualquer um, porém, o nomeará com justeza exceto obviamente o do esquecimento. Ainda que alguns se julguém efémeros, sabemo-nos imortais enquanto de uma janela da memória, alguém na outra margem, nos acenar em sinal de presença... Nem sempre é fácil falar dos dias. Mesmo nos mais solarengos, gravam-se as sombras nos nossos pensamentos, ou nos meus, apenas! Os dias nunca se repetem. Qualquer pensamento em contrário, qualquer pensamento maior ou menor que contradiga a afirmação, ser-me-á completamente indiferente, porque os dias não se repetem...As lembranças dos dias felizes. Alguns, na eterna repetição de calendário, já são apenas tristes, ou muito tristes. As gargalhadas não se repetem, os silêncios não serão mais ouvidos, as partilhas... Nada nunca mais será igual! Ainda hoje ouço uma voz voz... Os dias não se repetem, nem as lágrimas, estas serão sempre renovadas, nas águas que correm no meu rio. É clandestino o destino, destinou-me a esse lugar, onde os céus invocam nomes, nas mãos das palavras ocultas, a tactear no silêncio de tanto lamber o mistério da eternidade que a cada segundo em que me ausento de mim mesmo, me faz com que me sinta a embalar até que adormeça uma criança....As palavras cansam, nos seres que são de outros mundos, só lá existem verbos à altura dos tempos que correm. Grandes, sábios, fecundos, capazes de fazer deslizar à superfície das frazes nas mais impressionantes ruínas do Tempo, à vista de todos, na sepultura do desmembramento humano. Que gume é este que nos fere a alma, à saída dessas páginas tão autênticas, tão verdadeiras, tão reais? Que gume é este? Apenas comparável ao absurdo, como um jardim sem rosas, um coraçáo vedado ao amor numa especie de extreminio no feitiço das palavras...O deslumbrado orgulho de alguns, mas poucos, faz-nos fracos, obrigando-nos a ajoelhar-nos perante , deuses que ora, aparecerem ora, desaparecem, como um sol entre nuvens. Esses, jamais os poderemos chamar de casa, por isso façamos de conta que nada mudou, agora que o verão está a findar, e as folhas mortas já se amontoam, nos cantos do pátio dos nossos sonhos, façamos de conta que tudo ficou como era antes, por fim, apenas como as palavras soltas que nunca souberam pronunciar...Façamos de conta… Afinal o verão acabará como tudo acaba e, imparável, o outono se tornará na estão do olhar...Hoje eis-me diante de vós, com um branco esvoaçante que a simplecidade alcança, neste meu jardim de palavras de fogo...
quinta-feira, 5 de setembro de 2024
Hoje sento-me à espera da passagem, na qual e de volta passaremos a ser apenas o pó da terra e a matéria que já não existirá! Hoje formatados em complexos e administrados pela competência do "Criador" inexistirá também a dor! Todas as dores. As das traições, aquelas outras das desconfianças, as das mentiras e ingratidões e outras tantas como a de nos sentirmos menores por não estarmos com um jaguar ou com aquela gravata exibida pelos milionários nos eventos nos quais os vinhos tintos tem gosto de sangue! Quando vier a tão falada e esperada, passagem, seremos apenas luz projetada no infinito do espaço. Só em pensar que nos livraremos dessas injustiças sociais que, no final de contas, caracteriza-se pelo absurdo de que apenas uns milhares de pessoas privilegiadíssimas possuírem tanto quanto o resto da população, basta vemos um continente como o Africano considerado pelas grandes nações como o vaso sanitário da humanidade, faz-nos a todos, torcer-mos o nariz, mas ainda assim vamos aguentando por aqui esses solavancos existenciais. Chega de hipocrisia, chega de ver aqueles que acumulam riquezas, subtraindo os outros para tal acontecer...Sinto que pessoas assim nem imaginam o quanto desqualificadas são! Não sei se o fazem já de forma inconsciente, mas era bom que ficassem plenos de que suas vidas tem tanto valor como outra qualquer...Hoje pergunto que outra liberdade psicológica temos nós senão a liberdade de sonhar, esse é o desvaneio de quem se sente livre, porque não nascemos para ser iguais a ninguém, náo crescemos a olhar para uma vida que não nos pertence, não vivemos a pensar num passado morto e muito menos num futuro sem amanhecer...Não julgo pela aparência e não comparo caminhadas incomparáveis, não acredito que tenha de carregar o mundo dos outros nas minhas costas, nasci para olhar em frente e viver apenas uma vida, presente sem o peso do passado e a ansiedade do futuro. Procuro conhecer o conteúdo das pessoas e amparar pessoas na sua caminhada, assim como me tem amparado a mim, desejo voar ao lado de quem me reconhece os defeitos e virtudes e assim, pousar onde consiga ser eu mesmo, porque a vida não é de todo um passeio, mas também náo é uma corrida... A sê-lo, vence quem aprecia tudo e não quem corta a meta em primeiro lugar...Hoje olho para a vida como uma escola, aprendo e ensino todos os dias, não quero uma vida perfeita, não quero ser vitima nem culpado, não quero ter medos, não quero ter planos a longo prazo, só quero paz interior para aguentar as tempestades da vida e coragem para aceitar o que não consigo mudar...Só quero manter acesa a chama à qual dou o nome de “acreditar”, porque as leis da vida, são as leis do coração...Tudo aquilo que me faz bem é lei da minha vida!
sexta-feira, 30 de agosto de 2024
Hoje nem tempo tive para me sentar na quimera do tempo mas, ainda assim!! Olhei a rua vazia de emoções, através da vidraça embaciada da minha janela, de onde posso ver o mundo, pequeno mundo que me cerca…Senti o frio da tarde acinzentada que me invadiu o sentir deixando-me desconfortável pensativo! Serenamente fecho os olhos e imagino ao som desta brisa turva na fascinante dança da natureza que entrelaça os ramos como se de magia se tratasse nas árvores no crepúsculo da tarde que se agita em meu ser feito coreografia … Parece um tango, quando os ramos se juntam neste sentir, rodopiando silenciosamente ! Que final de tarde este, onde os telefones não param mas!! Ouso ignora-los focando-me apenas nesta sonoridade fantástica que se desenlaça como um frenesim que me encanta… Abro os olhos e a noite começa a cair ininterruptamente e me faz retornar à realidade que nem o sonho me pode fazer ignorar, despertando deste momento que vivi sozinho no encalço da minha janela cuja vidraça está apenas mais embaciada… Olho para as minhas mãos...E não sei o que têm para contar...Estiveram tanto tempo esquecidas que têm medo de falar...Se ao menos existissem outras mãos...
segunda-feira, 26 de agosto de 2024
Hoje neste ínfimo lugar apenas reconhecemos, as distâncias implacáveis, os corpos e o cansaço, a estranheza que se entranha até só o escuro poder transmitir-nos alguma calma...As vezes gostaríamos de esquecer sentidos, e outros tantos que fizemos da noite um hábito imperioso...Servindo-nos de um foco de luz para ir soletrando, provando o espaço como quem bebe goles de vida! Antes tínhamos o perdão dos substantivos, a textura e os tumultos de impressões raras, nomes intrusos, e a resina de umas poucas imagens, hoje raspamos o pó que sobrou, para escrever a letra de uma canção, como se a ferrugem dos tempos, fosse uma espécie aguardando algo mais de outra, e é ai, que damos pela falta do mundo, ainda que o não saibamos explicar! A dor ensina a encher um copo de cada vez, e a bebê-lo como quem toca um instrumento, e depois tombamos melodiosos por aí... sem ter onde cair! Existem mundos, dizem-se povoados por choros de culturas antigas que depois do medo ascendiam ao fogo que se fazia crescer entre as mãos e seus reflexos na mais terna Doçura inconsciente dos objetos que se tornam selvagens pelo uso que lhe damos... Por iso eu peço o tédio para alcançar a simplecidade e esta que me faz estremecer perante mim mesmo e nenhum espelho ousa copiar! Que copie as cicatrizes, mas jamais a simplicidade do ser que bebe rastos de lua nas lascas do mármore restintuindo a luz secreta à vida...Tudo se converte na dureza do osso, eu igualmente me converto, em cada passo que atravesso na noite ferida por mil vozes recordando cançoes de água salgada, perdão a todos, por não conseguir sonhar, por não conseguir dobrar o joelhos diante do altar da vida, e percorrer as cavernas ocultas do meu coração! É clandestino o destino, destinou-me a esse lugar, onde as flores não têm nome, nas mãos das palavras ocultas, a tactear lágrimas no silêncio, no secreto mistério da eternidade. Hoje peço que se semeiem estrelas no areal para que o tempo não morra, a cada segundo de ausência. Que se sacie a sede, na água salgada e na ondelação das marés... A terra tremeu e o sol e a lua entrelaçaram os seus fios de luz, na teia dos sentidos, ficou o cheiro a vinho maduro, do mosto do meu meu corpo efervescente, que se tenta agarrar a palavras pela vida! Um dia virá, em que as palavras serão palpáveis, e os sonhos terão contornos definidos... Nesse dia o tempo irá parar, e eu, diluir-me-ei nas cores que sei de cor, e ai também eu farei parte do infinito...
quinta-feira, 22 de agosto de 2024
Hoje devo ter batido já um deserto inteiro, à máquina, cada grão uma sílaba, e não vejo o fim disto, nenhum eco me trouxe o que buscava, e, hoje seria uma ofensa se alguém o tentasse trazer! Tenho cinquenta, os pulmões cheios de musgo. Quem nos lê, vê-nos por aí entregues, aos restos mortais do impossível, a minoria de que fazemos parte, tu e eu e uns poucos mais, esforçando o ritmo, para atingir o âmago, tentando fazer saltar, o reverso da vida. Mas!! Para quê? Seguimos para o funeral de outro de nós, alguém que puxou a sua rede um pouco mais cedo...Hoje sinjo-me a lavar a loiça, os pratos estão alinhados, é apenas um! Sentido de ordem que antes levava alguns a viver de roda de um soneto, fico aqui no alpendre, enquanto acendo um cigarro e o deixo nos lábios do tempo, ardendo a sós, apreciando a colecção de garrafas, com as suas diferentes medidas como se fossem vasos com um pouco de terra e mais nada... Recordo, gestos vivos, perfis genuinos intactos, após três dias de terror, diante dessa esquiva graça, e se uns se desgraçam perseguindo formas, outros perderam o juízo entre murmúrios, parecem alimentar-se de sons, devorando as intimidades do idioma. Talvez isto possa ser o suficiente, mas!! Pelo pátio espalha-se a poeira, mal se escutam as passadas ofegantes, pouca coisa tem a dizer-nos este tempo, as grandes lições os triunfos a sabedoria que mais nos comove os sussurros da seda, as melhores vozes tudo o que vibrou e deu gosto aos dias está por aí enterrado, nos textos, e os amantes colhem toda a exuberância... No passado, os mais tumultuosos reflexos, ecos de flores, dos corpos, dão-se sacudindo o ouro, para que se possa de novo, respirar, para que os milénios passem por nós e nos ofereçam o seu abalo... Se somos velhos, essa paixão do que se respirou sobre a terra é o que fala ainda por nós! Hoje digo, se não fosse a compaixão que nos arrasta para dentro da terra e os devolve ao pó, se ela não se ocupasse nós, o que seria dos incapazes de obras ou de um sincero sorriso? Apenas restariam por aí, esquecidos de si próprios, sem esse gesto que afinal é doce e compreensivo! É essa a última dignidade, que alimenta a necessidade da recordação, libertando música que leva os fantasmas que ainda nos falam, perguntando pelos gestos de que vivemos suspensos, essa trama íntima sacudida assim é tudo o quanto ela nos tira, é disso precisamente que o ser humano num tempo tão desolado como este, deseja para erguer a sua árvore! A luz não nos obedece! É difícil segurar-nos e persistir, tão à flor de nervos desarmados, saber de nós nesta língua de farrapos, a rebentar de ecos, roncos, entre tantos remoinhos, regressos a outras idades, as misturas, e os estragos que isso faz num homem, a consciência zunindo com um gosto a tempestade, e mesmo desconfiando da própria respiração, vemos o que nos resta com toda a força, as evidências extraordinárias do que se abate contra nós, e se escrevemos é na ânsia de dar ordens ao tempo, humedecer-lhe os lábios, para deslizar entre essas formas leves esse modo de evadir-se, que deixa aos versos aquele tremor das grandes verdades...
domingo, 11 de agosto de 2024
Hoje pairei no vento, enquanto este elevava as folhas na promessa do final do veráo, não sei se o céu estava desprevenido na face da sua ausência, mas, confio na estação vindoura, como o arial, fosse um mapa, exposto na sua fina fragilidade do relevo imposto. Visto a armadura preparada para os contratempos, sei que as lágrimas são apenas a
tatuagem da angústia que emerge na pele nos dias sombrios, sei que os ofícios que me destratam não pedem favor, mas também sei onde está o refúgio em mim, nessa bússola que levanta o olhar para a paisagem oceânica onde são inventariadas as nossas vivencias. Eu há muito que descobri que a pele contrariada é apenas um peso medido pelos sobressaltos, como uma mão que ergue a meio da tempestade e a concilia… Sinto-me como um corpo que se mete no estuário deste rio, sem medo da maré-viva. Sou apenas mais um lugar da vida , mapeado de cicatrizes, que se reagrupa como moléculas que compõem os palcos de outrora onde um tempo se jogou. Mas , esse tempo está fora do jogo. Agora, sou eu que estou fora do tempo. Congeminando à minha intemporalidade. Sei que posso sair das fronteiras do tempo e procurar-me em qualquer mapa de vida, é como se tivesse descoberto a porta do tempo que me fornece múltiplas possibilidades de ser apenas eu. Não me escondo atrás de biombos que diminuem a minha estatura. Não fujo do que sou. A minha estatura é a dos mares todos juntos. Jogo as marés no propósito da minha viabilidade, não no propósito da minha visibilidade . Sinto que sou mais do que o corpo que o
espelho mostra. Não preciso de paradeiro ,sou um mapa que se reinventa. Todos os dias.
quarta-feira, 31 de julho de 2024
Hoje os nossos rostos surgem nos mais frágeis reflexos, como eles os recortam, não fazendo ideia do que somos apenas do que parecemos...As nossas vibrações são desmentidas pelos outros, tócam-nos de um modo que nem nos impela a sonhar! Somos como unma luz que não se deixa prender, com a alma que se cala, tornando-se indeferente ada noite que sobrevivemos, enchemos um copo entre os restos desse enorme dia que se tornou a mais estranha das viagem, onde uma e outra onda ainda nos revira, sacode, e o mar obriga-nos a beber esse gole glacial enquanto juntos levantamos a rede num mudo entendimento diante da vida e desse sol macio no esforço de ler a última linha que escrevemos! É tão pouco o tempo que temos, talvez por isso saiba a grogue, a bebida dos condenados, levamos um gole o mais longe que podemos, imaginando como seria bom provar ainda alguma outra coisa, um travo que abalasse a existência, de tal modo que a memória nos servisse de alimento como uma eternidade dilatando os poucos dias vindouros...Gostava de poder despedir-me do sentindo e a realidade coincidir uma última vez comigo mesmo, as árvores a respiração a gravidade em esses sítios assombrados, onde os anjos deixam nas paredes sonhos ...Há tantos gritos que se engole ao longo de uma vida tudo parece alheado, e então às vezes olhas para cima e o céu nocturno deixa-te a sensação de que todo esse brilho toda essa dispersão talvez seja uma lembrança, que se espalha após a queda de um anjo ! Toda essa luz capturada, esses ecos sem saída, e de algum modo é possível que seja este o efeito pretendido, olhar o mundo e a própria infância como uma civilização perdida, e que talvez só por isso nos cause uma tão grande comoção e saudade. Hoje pergunto-me porque nunca ninguém teve o cuidado de juntar todo o pó que já fomos, houvesse tempo, e certamente que as mãos resistiriam na berma dos sentidos entre o vazio e a dispersão da memória! Todos vão perdendo a capacidade de segurar a conrrente ou a luz dos gestos vagos com que um dia nos apropriámos da vida, sobre o reflexo dos astros nas águas...Ficamos fracos para o ritmo e para as visões que nos davam a posse momentânea e o gozo deste mundo. Hoje o absurdo prevalece, o idioma mal se toca, ou roça à sensíbilidade da matéria, e chegam a passar-se anos sem que uma só frase venha respirar à superfície, tome parte desse rumor que se ouve à flor dos caminhos... Parece confuso mas!!!Resta-nos abrir fossos, salgar o chão dizer pouco, o mais breve rasto, e pôr tudo num resto, fazer a guerra num detalhe, assim achamos os venenos mais íntimos dos homens, as sombras distraem-se em outras latitudes, mas deste lado tudo parece quebrado, frio. Se outros lavam a boca, nós preferimo-las sujas, o gosto revoltante de um beijo e assim voltamos ao embalo e à espuma dos dias que nos querem,cerveja, mar, essa canção que trazemos dentro como ossos e sangue, buscando o infinito na carne. É um modo de dizer, de o repetir de rasgar os últimos sinais e decorar a ausência, dispor os versos como ruínas e poeira junto dessas plantas secas firmando a névoa, e de invocar o desejo quando este se tornou a mais rara e a mais perturbadora das distâncias...
sábado, 20 de julho de 2024
Hoje não tenho palavras sábias se procurais essas palavras, esta não é a melhor porta para bater porém, o mundo está repleto de homens sábios de sentidos virtuosos que, certamente, vos dirão as palavras que os vossos corações doces e generosos, tanto procuram e anseiam! Estou a ficar cansado, serio! Não dos débitos e créditos, mas das alíneas dos números, dos artigos e leis dos decretos-leis, produzidos por juristas que tudo sabem... Mas hoje as circulares e dos ofícios-circulados, através dos quais os directores e patronato, debitam para o vulgar o que se deve entender que entenderam, repito, estes pensadores sem estatudo cansam-me... Mas,não me considero um mero funcionario triste, porque a um funcionário não se pede nem se paga para ser triste...Um funcionário é um funcionário, despido de adjectivos, como diriam os proclamados Juristas da palavra, a leitura e a mensagem das alíneas dos números nos artigos das leis e nos decretos-leis que regem os funcionarios absorvem e ocupam um espaço desmesurado na mente de todo e qualquer executante ...Objectivamente, sou um funcionário cansado e estranho que só agora me ocorra este cansaço, quando passei tantos dias, anos a atualizar-me, mas hoje arranjei coragem para mandar às malvas as alíneas dos números nos artigos das leis e nos decretos-leis e ir com as aves para bem longe! Pois é meus amigos, é assim o tempo tudo devora no seu fluir incessante. Muda o mundo em cada hora, e a verdade em cada instante. Passam as horas, vão os dias,
vão os meses vão os anos, e breves são as alegrias, pois os desenganos são tantos...Tenho resistido bravamente à vontade que tenho de falar, de escrever. Guardo uma caixa de rascunhos, cheia de Msgs escritas e não enviadas, como se ao escrever, eu pudesse exorcizar todas as situações, que me açoitam a alma e o coração, a minha pele, a minha boca, fecha-se e quarda todos os sentidos, teima em guardar os pensamentos com suavidade que outrora moraram em mim...! Como podem imagens vividas e pensadas nos assombrar assim? O vazio chega a ser avassalador. Ainda me perco nesta vontade quase constante de me abrir, de partilhar aquelas coisas pequeninas que nos habituamos a guardar só para nós! intermináveis pensamentos que nos correm no olhar do acordar ao som do silêncio da noite... Sinto saudades, claro que sinto saudades de descortinar um mundo encantado, diria que quase irreal, que muitas vezes nos propomos viver quando somos sonhadores! Mas o mundo é tão real em suas cobranças, em nos moldar ao seu jeito, em nos mostrar que sonhos são apenas sonhos... Talvez só ai vejamos que talvez tenhamos exagerado no nosso sonhar... Os sonhos na vida ficam na esmagadora maioria das vezes na gaveta, como que na esperança um caminho melhor por isso, me invade uma sensação estranha, que, me aterroriza o silêncio que fica em vez de ousarmos enfrentar os virtuosos pensadores das verdades nos ditos decretos leis que de tudo falam esquecendo o sonho de um ser...Rendido ao cansaço, por vezes sinto que essas lembranças, de momentos menos bons acabam como neblina no cálido calor do sol da manha, invadindo-nos como uma avalanche, que nada deixa pela frente, fazendo-nos frágeis, soterrados sob situações que vivemos e do quão pouco que restou desses sonhos que um dia sonhamos...
quinta-feira, 11 de julho de 2024
Hoje ressalvo que o Amor é, bem mais velho que o mundo, porque, é fascinação, tempo sem tempo, já que amor é, o sol que sempre regressa à sua fonte de origem e contempla o outro com os olhos do coração...Hoje sonho pela alvorada fora, nessa sede de absoluto abandono, mesmo que os dias sejam sempre azuis e a felicidade corra nos corredores da mente! Teço muitas palavras, deixo-as solitárias sem memória, assim nenhuma me interroga nas minhas lágrimas, onde há sempre uma ou outra que se afoga... Deixo-as sós ante o vazio, ignoradas, entre pensamentos azedos, fechadas, numa ânsia rendida de medos, sussurrando na solidão, sem que possam encontrar refugio numa outra paixão... Respeito-as muito mas!! Não procurem piedade em mim! Não ousem decifrar sem mim o tempo que a alma demora a se instalar...Deixem-me o caminho percorrer, nos tons aveludados que os versos abandonados tecem a cada passada! Haverá rasto de meus passos sempre, que é todo o consolo que guardo, de cada palavra, nua, lançada nas expressões que as atitudes não colheram...Ninguém consegue descobrir, desbravar novos oceanos se não tiver a coragem de perder de vista a costa! As grandes transformações acontecem quando ousamos atravesar o fogo, eu sei que é proibido; rir dos problemas, náo lutar pelo que se quer, abandonar tudo por medo, não transformar sonhos em realidade, não demonstrar amor, fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor, deixar os amigos, não tentar compreender o que já se partilhou com eles, Chamá-los somente quando necessita deles, não sermos nós mesmos diante das outras pessoas, fingir que elas não te importam, ser gentil só para que se lembrem de ti, esquecer aqueles que gostam de ti..Mas!!! Há tanta coisa proibida na nossa sociedade, há um nivel de exigencia absurdo em relação à vida, queremos que absolutamente tudo dê certo, e às vezes, por aborrecimentos mínimos, somos capazes de passar um dia inteiro de cara amarrada na perpeblicidade !Vou dar um exemplo, trivial, que acontece todo dia na vida de todo o comum mortal..Quando um vizinho estaciona o carro muito encostado ao vosso, em vez de simplesmente entrarmos pela outra porta, ou, sair com o carro e tratar da nossa vida, bufamos, praguejamos, esperneamos e assim acabamos por desgastarnos mais no resto do nosso dia.Será que me fiz entender? só nos acontece a nós ou aos nossos amigos também acontece? Mas, eles parecem felizes, será que nada dá errado na vida eles? Pois é dá aos montes, só que, para eles, entrar pela porta do lado, uma vez ou outra, não faz a menor diferença...Que audácia é contrariá-los em toda a dversidade que a vida nos coloca...Talvez a porta do lado seja, uma boa entrada ou uma boa saída...
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Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

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Hoje reflito com o pensamento de como juntar, aproximar quem se afasta, sinceramente não sei. Apenas sei que é o amor aproxima, que as div...
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Hoje fechei a porta que em círculos e cercos, fechou as margens e estancou num pântano o silêncio, consumado na pálpebra cerrada que tranco...
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