sexta-feira, 3 de junho de 2016
É nos portais da eternidade que existe um lugar iluminado pelo brilho constante dum céu sem Sol, há um perfume que invade o ar, e um vento quente que abraça a alma desenhada em tons de pastel. Ali, onde o tempo já não corre atrás de ninguém, limito-me a ficar sentado no papel divino, esperando que dum momento flua sem necessidade de parar ao passar de cada segundo, escuto o som morno do silêncio, envolto em cetim, nas notas que te escrevo. Na efervescência dos sentidos, tudo neste mundo é pormenor… A alma perdura como a própria temporalidade, só assim posso aguardar, na beira deste mar, pelo barco dos espíritos que um dia há-de chegar. Mesmo a Noite tem tons de azul-escuro, as estrelas brilham em sentido único onde pintam as vontades e contemplam-nas …É neste céu que vejo-te na saudade que conforta o meu ser, passo de verso a Magia pois a porta fechada com violência solta o pó em partículas. Nada será como era , levaram-me os sonhos que não vivi… Rebusco em todas as gavetas de todos os cantos de mim , talvez algum tenha ficado perdido, esquecido, escondido entre gotas de esperança...Encontro fotos antigas, dores amadurecidas, saudades novas …Foi apenas o que encontrei. Dos sonhos nem rasto…
Já houve muita gente que me pediu para lhe escrever o som da melodia que ecoa suavemente no dorso de um sonho imaculado no precipício do universo ...Acedi ao pedido escrevi nas assas da brisa palavras roucas de prazer que invadem os sentidos da alma no meu mundo... Mas como hei-de gritar o prazer que os sonhos me dão, como partilhar o que o destino esconde de mim ? Cinjo –me ler as curvas a contornar os caminhos que cegamente, me encaminham para o leito da tua foz!!! longe no horizonte não te vejo mas sinto e encontro obstáculos, lágrimas soltas, gemidos reprimidos de palavras pensadas... como anseio ter as respostas certas... a formula de conseguir atingir sem sofrer !!! Esta vida é uma maratona de conquistas e derrotas um turbilhão de sentimentos que num momento não estão e de repente o mundo se transforma ...E eu!!! Enquanto isso Não acontece, vou-me evaporando no tempo que me resta… meras recordações de fragmentos do tempo cansei-me de falar em amor …torna-se monótono torna-se repetitivo, mantenho-me Iluminado e escondido pela lua, olhando as estrelas peço algo diferente, enfrento o mundo até mesmo o planeta ...sinto que sou diferente pois o meu sorriso nasceu comigo é inato e debaixo dos meus véus imaginários vou adormecendo os desejos que sinto...
Hoje bastava-me um toque para o fluxo de energia em mim se espalhar como espasmos pelos corpos abraçados. Hoje suspendi o respirar, não vá o ar em mim agitar-se e desvanecer o instante em que um barco encosta ao meu porto de abrigo, hoje inspirei emoção duma despedida anunciada e também a chegada duma paz almejada. Pergunto-me de que traços é feito este desenho, que riscos revelam a curvatura da parábola que em mim crio, talvez sozinho, no meio da fértil utopia que é a imaginação possa descobrir... Será apenas fascinação pelo desconhecido? Empatia devassa de sentidos, gostos e perspectivas que se partilham? De facto é que por entre tecidos amarrotados, corpos comprimidos, o eco das palavras escuta-se como se num espaço único se propagassem, na infinita direcção da Alma que as recebe, com as palavras amplifica e afago, como só elas em mim o sabem fazer, como só elas sabem em mim pernoitar. Depois, fica o silêncio, o vazio, um certo descontentamento pelo fim do momento, e a música que soa baixinho, como melodia de fundo num vazio, o oco que permite o eco é também o espaço não preenchido que fica para sempre desprovido de pensamento... Não posso seguir por esse caminho, porque não quero enlouquecer nas contradições com que me confrontas, nas explicações que me apresentas sobre as minhas fantasias, ou, cairei morto no abismo, sucumbindo à sensibilidade de haver sido, sem ter de facto sido nada de mais…Em mim as palavras são os fios que conectam os sentidos do meu corpo!
Hoje em dia eu cultivo a palavra, a mensagem, de todos os que me trouxeram até este lugar onde fiquei inerte. Sou o mensageiro, aquele que fala em nome de outros e em nome dos seus silêncios, sou aquele que pronuncia o que lhe foi dito, que escreve o que já foi sentido e ainda é... Mas meus caros nada sou mais que uma folha de papel, pedaço em branco sem existência que apenas carrega a cor da tinta que alguém em mim imprimiu. Sou o silêncio, porque não falo com a minha voz, sou o anjo porque não sou salvador, apenas protector, apenas o que fala em nome de outro!!! Este não é o meu caminho, mas o trilho que percorro, algures no tempo alguém me instigou pelo objectivo de atingir o meu… O meu lugar! A minha eternidade. Estes não são destinos, são momentos que em vão percorro, e enquanto o faço arrasto aqueles que me escutam, que me seguem, que me lêem. Das palavras faço os sentidos que se propagam por tantos destinos, por tantas almas que, como a minha, são gotas de luz … Não temo a noite porque ela dá as estrelas que me hão-de conduzir ao destino, não temo a luz porque ela é a porta, não nego em falar sobre as imagens que guardo em meu coração! Se carrego alguma dor ela provem do inicio e não do fim das palavras…
Muitas vezes Pai, ainda te chamo, às vezes, durante o sono !!! A tua física ausência não te apaga como a bruma em meus sonhos por muitas esquinas que estes tenham. Há nos meus sonhos um território suspenso da tua dor vivida, há em mim um país aonde não chegaram as guinadas da tua morte… Mas ainda te sinto assim como todas as conchas da praia não trazem pérola...É ai que nos encontramos, quando vislumbro as estrelas a reflectirem-se no mar para dizermos um ao outro aquilo que pensámos ter, afinal, a vida toda para dizer…É aí que contigo partilho esta saudade de ter alguém para falar é ai que te chamo, quando a luz me cega na lâmina do mar, com lábios que se movem como serpentes, mas sem nenhum ruído que envenene as palavras por ti um dia tecidas… Um dia vais contar-me tudo depois de eu viver este lado da noite!!!Posso até gritar mas não é isso que me vai libertar do meu cativeiro escuro desse sonho. Enfim , ninguém sabe que o pesadelo é a vida onde já não posso dizer o teu nome … Esta vida é uma memória é uma fogueira dentro das mãos de mim tu onde estás também não me respondes como apagar este lume que em mim arde …Já senti nesta vida a solidão dos Oceanos , as palavras como laminas , os ventos bruscos na janela da solidão, já colori de cores infinitas o arco íris que deram à luz as estrelas , já desvendei segredos guardados no ventre da terra, já escrevi mil palavras mas não consigo esconder a saudade do teu amor em mim...
Explodiram as luzes das estrelas que me levaram a escrever… Rebentaram pela sua incapacidade, talvez por eu ser a intensidade em todo o meu ser… A intolerante voz que me domina e me transporta a vos dizer aquilo que escrevo, é a voz que rebenta com os desejos da carne, pela razão de um mero paladar que arde dentro de mim… tudo é posto em causa , tudo é questão… Mas o mundo este não é novo…Apenas a minha escrita evolui ou não!!! Ainda assim escrevo, mesmo que os meus tímpanos escutem à velocidade da luz, que se evapora de dentro deste carrasco de palavras que moldo e gero, deste servo da sombra, que se crava no chão reflectindo-se apenas pela luz dos olhos e são os olhos a luz que rebenta em mim!!!Mas…continuo e escrevo este ruído que faz a minha folha branca, parece gemer, deslizando agudos e estridentes sons da minha unha no teclado…Mas!!! Não tenho medo rasgo a pele e mostro a carne… Arde o cérebro que vos escreve… Ou ardo ardo eu…Mas , escrevo!!! Vou esperando pelo infinito da palavra que brota em mim, a luz que rebenta num amanhecer celestial, aquele que pelo raciocínio se faz na chuva e nos lava o rosto como as palavras constroem os poemas que rebentam deste animal que nasce em mim!!! São 5 da manha fecho os olhos e rebentam as luzes deste calor meu que deixo para vós e só por isso escrevo...
Perco uns minutos do meu ritmo cardíaco , na curvatura das letra detalhe cintado do teu corpo já em desalinho, como se o prazer pudesse escorrer-me dos dedos, numa nascente ardente de todas as minhas vontades. Sabem que dedilhar quem se ama é como criar alguém à semelhança do seu desejo, do seu fogo e do lampejo vislumbrado apenas nos olhos semicerrados dos beijos partilhados escondidos. Ouve o meu sussurro, um murmúrio que se propaga pela fenda estreita do vértice da minha alma, essa, vai dando cor a um mundo que adoraria beijar, tocar , sentir... Agora digam-me, será na vaga dos gemidos dos delírios que nos sentimos assim ?? Bem dizendo-vos dentro de todas as palavras que escrevo, acho que não!!! Assim como a caneta que irrompe sobre o papel imaculado, ou como vinho que se derrama na boca entreaberta... Tudo em mim é Óbvio... É nestas penumbra que assolo as sombras, assusto as luzes e afago as chamas , lanço as velas que em cera quente se derretem no meu corpo como chocolate quente em lábios ardentes de um beijo doce!!! Nesta escrita desenlaço o desatino e a vontade de quem ama se perde nos sentidos no delírio que é provar nas palavras, na escrita, tinta desta cor que te escreve.
Hoje atrevo-me a desnudar o pensamento, por que é nele que residem as controvérsias, é nele que habitam os medos e as prisões que nos inibem. Baixo todos os meus braços que como guerreiros defendem a minha libido, não para me impedir de entrar, mas para que fantasias possam ser libertadas no teu corpo. Atrevo-me a ser vulgar, a usar das mãos como palavras, a usar dos dedos como frases inteiras que em gemidos e sussurros, precisam ouvir-me no descalabro dos verbos, nessa forma louca com que conjugo as palavras fazendo abanar as estruturas delicadas do teu corpo... Quero estremecer, de dentro para fora, num arrepio que se faça sem controlo, na essência de pecado intenso que é o jorro de prazer que roça a essência animal que habita em nós no pé descalço da vida…Hoje queria-te no absurdo total de um corpo que se entrega às chamas com que a pele se veste, queria-te com olhar de prata nua, onde os contornos são evaporados pelo calor intenso do éter que entra em combustão espontânea do amor como uma arte pura. Quero vestir-me do suor que transpiras, da saliva que espalhas nos beijos oprimidos e sonhados, em abraços descompassados, de gritos alterados, quero envolver-me nas formas que assumes, nas sombras incandescentes me queimam o pensamento e me acendem os olhos na escuridão da Noite... Muitas vezes percebo como é difícil ser transparente, ser transparente não é apenas ser sincero, é mais que isso, é ter a coragem de nos expormos de deixar cair as mascaras e baixar a guarda...
Podia falar-vos sobre a essência da pele sem a tocar mas isso seria querer criar o Paraíso sem ter lá vivido. Pergunto-me tantas vezes se haverá palavras que descrevam com o detalhe preciso o delírio de percorrer com as pontas dos dedos os sulcos suaves da pele de alguém que queremos. Será possível que as minhas mãos viagem pelo espaço como sopros de vento de encontro ao desnudo desse corpo? Só posso estar louco ao querer recriar a minha presença, feita de letras e demência sob corpo ávido de ser lido pelo olhar presente do meu olhar nu...Abro a minha janela indiscreta onde me sento, onde te observo, como quem se debruça sobre uma varanda alheia, descubro-te neta verdadeira inocência dos sentidos, como se fosse essa brisa do Sado que acorda nos poros eriçados do teu olhar. faço-me acreditar que viajo pelo espaço à velocidade da luz, como cometa rasgando a fogo dos desejos proibidos, colocando-me no céu como uma estrela sem brilho. Será possível esta intimidade que, sendo já saudade, é igualmente magia, que faz da noite o meu dia e explode com todos os conceitos de amor que nos queremos impor... Depois tudo acontece numa fracção de segundos, tudo se perde num revirar de olhos e todos os conceitos espalhados pela vida fora perdem o valor com a lava incandescente que surge do vulcão ... Quantos amores morrem de respirações ofegantes, declarações distantes que nesta incongruência cósmica se amam, de corpo e alma apesar de todas as distâncias.
Hoje não grito neste amanhecer frio, mas fujo! Preciso de cuidar desta minha folhagem , hoje tudo começa do zero, é um novo recomeço por um caminho que fazemos no caminhar, não interessa por onde nem quando, nem o destino que se marca, só interessa o percurso que desbravamos sós. Todos os dias são um novo recomeço uma nova aventura em que nos encontramos … Há muito vivi o dia de descobertas, de trocas de olhares, de novos risos e tanta alegria, ontem foi um dia para preparar o dia de hoje, e o de amanhã mas o que de mim sobrou depois de fazer tudo como e deve supostamente fazer!!???. Hoje o princípio do dia começa do fim de uma noite que durou uma eternidade, mas que acaba num instante deixando tanto por fazer, tanto por dizer, eu visto-me sempre de acordo com os meus sentimentos, as minhas vestes acomodam-se em pedaços de fantasias , e viajo por momentos em sonhos desejados…Desejo transformar em real o imaginário ou até mesmo o contrario , estas vestes que uso adquirem verdade do que sou mas apenas mudo ao olhar de cada um, transcendo-me a esse mundo onde me escondo com as mágoas de corpos vestidos…Quem nasceu com a sensibilidade no olhar sabe bem o quanto é difícil perceber a vida , pois tudo nos devora e não importa o amor, as metáforas, as promessas o que importa é a verdade e se não podermos ser bons o tempo todo o que importa é que sejamos sempre bem intencionados...Esta simbiose mágica de sermos humanos, faz com que vivamos em compassos incertos, como quem se passeia pelo vazio ...
quarta-feira, 1 de junho de 2016
Sabem pior ainda que a convicção do não é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase!!! É o quase que incomoda, que me nos entristece, que nos mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi... Que nos faz conjecturar sem certezas mas com convicções!! Na vida quem ousou quase ganhar ainda vai jogando, quem quase passou ainda vai estudando, quem quase morreu ainda vai vivendo, quem quase amor!!! Meu Deus!! Nunca amou...Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não me pergunto, contesto! A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na incoerência dos abraços, na indiferença dos olás!! Quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo esse trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são...Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados sem cor e o arco-íris em tons de cinza....O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Para os erros ainda vai havendo perdão para os fracassos, uma hipótese ; para amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma pois embora quem quase morra esteja vivo , quem quase vive , já morreu...
As minhas noites são danças entre lágrimas, elas tecem caminhos, descem pela minha face em grupo para me morrerem nos cantos da boca, bailam ao som dos soluços e dos gritos silenciosos da minha alma. Movem-se baixinho para que ninguém ouça os seus movimentos, de vez em quando ainda se deixam pausar nos cantos dos olhos, ficam ali alguns minutos para depois caírem rapidamente rosto abaixo e já nem os soluços lhes servem de ritmo, nessa hora só querem cair com o corpo que fraco se estende neste chão de injustiças. Dançam ao bater acelerado do coração, mesmo ao anestesiante bombear do sangue nas veias, são fruto de muitas danças interiores, bailes inteiros de sentimentos que se misturam e coabitam . As vezes a mão não as deixa dançar à vontade e tem necessidade de as limpar antes que cheguem aos cantos da minha boca, faz parte da dor, faz parte do sofrimento ter esta mão no rosto a limpar as lágrimas, um gesto prodigioso. Ver depois as lágrimas secarem aos poucos na mão que as esmagou, ver depois o sol secar as lágrimas que não acompanharam a dança até ao fim e ainda me ficaram na face. Dançam as lágrimas, em mim!!! Sei que tenho uma espécie de dever de sonhar sempre, pois, não sendo mais, nem querendo ser mais, que um espectador de mim mesmo, tenho que ter o melhor espectáculo que posso. Assim me construo, em salas supostas, palcos falsos, cenário antigos, sonhos criados entre jogos de luzes brandas e músicas invisíveis de expectativas ofuscadas pelo desentendimento humano…
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Hoje vos digo que muitas vezes criamos um paradoxo em nossa rotina diaria, podemos até ter feito de tudo, virar os dias do avesso, quebrar ...

-
Hoje reflito com o pensamento de como juntar, aproximar quem se afasta, sinceramente não sei. Apenas sei que é o amor aproxima, que as div...
-
Hoje fechei a porta que em círculos e cercos, fechou as margens e estancou num pântano o silêncio, consumado na pálpebra cerrada que tranco...
-
Hoje até podiam sentar-se na minha cama e contar-me mentiras... Que o amor tem a forma da minha mão ou que os meus beijos são perguntas qu...