sexta-feira, 3 de junho de 2016
Hoje bastava-me um toque para o fluxo de energia em mim se espalhar como espasmos pelos corpos abraçados. Hoje suspendi o respirar, não vá o ar em mim agitar-se e desvanecer o instante em que um barco encosta ao meu porto de abrigo, hoje inspirei emoção duma despedida anunciada e também a chegada duma paz almejada. Pergunto-me de que traços é feito este desenho, que riscos revelam a curvatura da parábola que em mim crio, talvez sozinho, no meio da fértil utopia que é a imaginação possa descobrir... Será apenas fascinação pelo desconhecido? Empatia devassa de sentidos, gostos e perspectivas que se partilham? De facto é que por entre tecidos amarrotados, corpos comprimidos, o eco das palavras escuta-se como se num espaço único se propagassem, na infinita direcção da Alma que as recebe, com as palavras amplifica e afago, como só elas em mim o sabem fazer, como só elas sabem em mim pernoitar. Depois, fica o silêncio, o vazio, um certo descontentamento pelo fim do momento, e a música que soa baixinho, como melodia de fundo num vazio, o oco que permite o eco é também o espaço não preenchido que fica para sempre desprovido de pensamento... Não posso seguir por esse caminho, porque não quero enlouquecer nas contradições com que me confrontas, nas explicações que me apresentas sobre as minhas fantasias, ou, cairei morto no abismo, sucumbindo à sensibilidade de haver sido, sem ter de facto sido nada de mais…Em mim as palavras são os fios que conectam os sentidos do meu corpo!
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